Quem Era Aquele No Chão



Quem eras tu, quem seria aquele
Que eu vi, tarde feita,
No chão,
Figura contrafeita,
Cabeça caída no paredão?

Quem eras tu, quem seria aquele
Menino,
Que, a quem passava,
Nada lembrava,
Em seu corpo pequenino?

Quem eras tu, quem seria aquele
No chão –
Ele e o seu cão –,
Quando a tarde já se ia,
Inda mal nascera o dia.

Do chão que te cobria,
Aos olhos que te cegavam,
Nascia a noite, morria o dia,
E eras tu e mais nada.

Que a outra,
Que ao longe espreitava,
No alto da sua pequenez,
Era a famigerada cobardia,
Sem face nem honradez,

Tapando os olhos à evidência,
Engolindo estupidamente
A surdez,
Na sua lide de aparências,
Quando nada quer ver,
Preferindo parecer-se, do que ser.

Quem eras tu, quem seria aquele
Que eu vi?
Menino de rua, certamente,
Que já não tens sorriso pra gente.

Jorge Humberto
13/03/05
No Acaso da Poesia
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