SÁ-PRATES contra OTONIS

( Teófilo Otoni )

Em fins do século passado, elementos da família Sá-Prates transferiram-se para Teófilo Otoni e ali desde então disputam a chefia local com os parentes do fundador do município, o grande líder liberal do Império. Nos primeiros anos da República, o senador Carlos Sá foi o chefe situacionista do município, prestigiado por Crispim Jacques Bias Fortes. Silviano Brandão, no entanto, prestigiaria em seguida, os Otoni, dando a chefia local ao deputado Epaminondas Otoni que durante um quarto de século a manteria firmemente. Morto Epaminondas Otoni, a chefia de sua facção passaria a seus filhos e genro, Manuel Esteves Otoni, Otávio Otoni e Teodolindo Pereira. Mas os Sá-Prates, com a chegada de Artur Bernardes no poder, acabaram por Ter a sua oportunidade. Alfredo Sá, filho de Carlos Sá, seria chamado para o governo, juntamente com um jovem advogado Tristão da Cunha, filho de antigo educador do município, ligado por casamento aos Versiani e Mata Machado e que cedo se aliara aos Prates na luta contra os Otoni. Recomeça daí por diante o domínio dos Sá-Prates. A Alfredo Sá, deputado, senador, vice-presidente do Estado, segue-se na chefia o seu cunhado e deputado José Martins Prates, a este o seu sobrinho, Pedro Martins Abrantes, atual chefe pessedista do município. Entretanto, há intermitências nesse domínio dos Prates, inclusive durante a Ditadura, em que os Otoni tiveram por vezes a prefeitura local. Atualmente, a luta entre os Otoni e Sá Prates continua, mas com quadros alterados. O antigo anti-Otonista Tristão da Cunha tem agora os Otoni como aliados, sendo ainda o seu maior cabo eleitoral um Sá Prates, que assina Petrônio Mendes de Souza, atual prefeito do município.

Vale acrescentar que atualmente todas as duas famílias adversárias estão representadas na Assembléia Legislativa.

 

 

MONTEIRO DE BARROS