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Coroa-de-cristo
Nome Ciêntífico: Euphorbia millii Des Moulins
Família botânica: Euphorbiaceae
Outros nomes populares: dois-irmãos, bem-casados, coroa-de-nossa-senhora, duas-amigas
Sinonímia botânica: Euphorbia splendens Bojer
Originária da Ilha de Madagascar, a espécie Euphorbia millii Des Moulins é muito difundida no Brasil, onde duas variedades (var. hislopii, com folhas de ca. 7cm de comprimento e a var. beoni, com folhas de ca.15cm de comprimento) são cultivadas como ornamentais e como cercas-vivas.
Há uma extensa literatura relatando o potencial efeito moluscicida de várias espécies do gênero Euphorbia. Teoricamente, estas plantas representam uma solução de baixo custo e ecologicamente correta no controle de vetores da esquistossomose. Porém, as propriedades tóxicas apresentadas pelos látices diminuem a viabilidade do uso das mesmas. Vários estudos com ratos e com coelhos estão sendo realizados por muitos autores na tentativa de encontrar diluições apropriadas do látices, para que estes sejam aplicados em lagoas sem prejuízos para seres humanos e outros animais.
Muitas espécies do gênero Euphorbia são causadoras de intoxicações, principalmente E. pulcherrima Willd (bico-de-papaguaio), E. lactea, E. tirucalli L. (árvore-de-são-sebastião) e a própria E. millii Des Moulins (coroa-de-cisto). Estas contêm em seus látices compostos que são irritantes para a pele e para as mucosas (Freitas et al., 1991). O látex destas plantas é um fluído leitoso que contém um aglomerado de materiais de baixa densidade, comuns aos látices, e várias enzimas (conhecidas como forbaínas), bem como terpenos, alcalóides, vitaminas, carboidratos, lipídeos e aminoácidos livres (Lynn & Clevette-Radford, 1987). Não está esclarecido o princípio responsável pela ação cáustica do gênero, no entanto, alguns autores (Lynn & Clevette-Radford 1986/1987; Evans & Edwards, 1987; Schall et al., 1991) relatam a presença de ésteres de forbol em todas as espécies.
Os ésteres de forbol são uma complexa mistura do diterpeno tetracíclico, e são responsáveis pela ação irritante de algumas plantas como, por exemplo, a espécie Jatropha curcas L., pertencente a esta mesma família, e que será abordada mais adiante. Estes compostos apresentam atividades promotoras de tumor em exposições crônicas (Evans & Edwards, 1987). Um dos maiores ésteres de diterpeno existentes, a resiniferatoxina, é encontrada no látex de E. resinifera, e em várias outras espécies de Euphorbia. A resiniferatoxina é um potente irritante, e tem ação semelhante à da capsaicina, excitando e então dessensibilizando fibras nervosas aferentes primárias. Esta propriedade tem sido usada na medicina para aliviar a dor através de aplicações tópicas (Norton, 1996). Além da ação dos ésteres de forbol, a presença de proteases e o baixo pH do látex (4,5 a 5,5) podem agravar a irritação.
As criançcas com idades ente seis e nove anos de idade são as principais vítimas dos casos de intoxicação com esta planta tóxica.