A POESIA ETERNA

Por Marco Dias

JOÃO MAIMONA

Biografia

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Poesias Eternas

Arte Poética

As Muralhas da Noite

Memória

 

 

 

 

 

 

ARTE POÉTICA


Que erosão
no choque genésico das marés
de encontro às pedras habitadas.

Cai areia na areia.

Assim o gasto da palavra
limando os duros conformismos
libertando as verdades mais remotas
tão necessárias ao fruir dos gestos.

                    (1979)

 

AS MURALHAS DA NOITE



A mão ia para as costas da madrugada
As mulheres estendiam as janelas da alegria
nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.

Entre os dentes do mar acendiam-se braços.

Os dias namoravam sob a barca do espelho.
Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.
E da chuva de barcos chegavam colchões,
camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas
onde cantavam soldados de capacetes
por pintar no coração da meia-noite.

Eram os barcos que guardavam as muralhas
da noite que a mão ouvia nas costas
da madrugada entre os dentes do mar.
 

MEMóRIA


Baloiçando nos escombros de teu itinerário
saberás que os gados constroem estradas.
E quando a mão dezlizar pela margem
das cicatrizes que se afundam na noite
saberás que a tua mão viaja para a
colina dos dias sem escombros
e saberás que no berço da noite jaz a luz
drogada e ouvida pela cruz sobre quem viajaste.

 

 

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