Volta ao passado®


(Inverno em Ettlinger)

Em minhas viagens de aprendizagem fora do Brasil em comunidades, tínhamos sempre que dividir o quarto de dormir com alguém, e este alguém era uma francesa que se chamava Aretheta, assim como eu buscava o seu Eu interior. Em noites frias de Ettlinger, não conseguindo dormir, ficava a ouvir histórias que ela tanto gostava de contar, músicas de Piaff, à espera da luz do dia para queimar nossos corpos amaldiçoados com a solidão eterna. Uma das histórias que muito contava, era sobre os Índios americanos das planícies, que acreditavam numa bela lenda sobre a passagem de um adolescente à idade adulta. Ele deveria perseguir um gamo, sozinho e de pé, até que o animal desabasse morto por esgotamento. Além disso, precisaria guardar energia suficiente para absorver espiritualmente o gamo, inalando seu ultimo suspiro só assim teria sua agilidade.
Ela falava:
"Há apenas dois tipos de mulheres neste mundo - aquelas que são boas esposas, donas de casa, boa mãe, e as que são fora da lei".
Discutíamos que tipo de mulher era ou queríamos ser. Ela dizia, ser uma fora-da-lei desajustada com o mundo, com a família, e principalmente com alguém com quem eu travava um exaustivo embate físico e psicológico. (um roteiro a ser dirigido por Sem Penn).
Você, dizia Aretheta, uma heroína outsiderà à procura da montanha onde construiria uma casa em companhia do seu grande amor, e teria filhos, um cão chamado boy, uma espécie de marginal conservador preocupado, em primeiro lugar com minha família, (um roteiro a ser dirigido por Robert Zemeckis).
Quase sempre chegávamos a conclusão que éramos duas Bond Girls, sem traumas existenciais, que nos fizessem de fato, densas, abissais ou... loucura de verão vermelho. "Uma guerra no Vietnã? Perguntava.
Seria pedir demais para mim um homem, humanamente humano? Já seria o suficiente, respondia eu... Ela sorria...
Passado algum tempo, Aretheta me apresentou a um amigo, que passei a gostar em minha vida. Com ele fui feliz durante algum tempo. Eram para nós, dias de compreensão, palavras de carinho quem não teve um grande homem, não sabe direito o significado de nada temer no mundo, é voltarmos para casa, depois de uma grande pressão, naqueles dias em que tudo deu errado, desde o momento que você pisa na porta do elevador e volta a casa já fora de hora, e é recebida por ele, com aquele sorriso, e um jantar quietinho. Com nossa convivência, ele me ensinou que mulher não chora, nem por amor nem por dor, que na verdade não existe razão alguma para dor - não fomos feitas para sofrer ou pagar com sessões de psicanálise, basta um grande amor, filhos e um bom motivo para se acreditar em Deus. A vida é divertida!
Escrever o passado é uma forma de sacralizar parte da minha vida que foi vivida é uma forma de deixar um legado...

Dilene Maia
1998






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MEU JEITO LOUCO DE SER

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Salvador/BA-Brasil