Página poética de Marilza
(Carvalho Branco)

Marilza (Carvalho Branco)

Ao conhecê-la, senti a música alegre do seu sorriso, e o inicio da nossa amizade.
Você é uma pessoa que estabelece com a vida, contatos mais humanos, transmitidos pelas suas mensagens e belíssimas poesias de otimismo que só você sabe fazer tão bem.
Conte sempre comigo para tornar visível o seu próprio mundo!


Dilene Maia



HÁ PAZ E AMOR EM TEUS BRAÇOS

Se não quero o que desejas,
se não desejo o que me ensejas,
não me digas que estou errada.
Se creio em crenças
em que tu não pensas,
não me chames de obstinada.
Se o meu amor é maior ou menor que o mundo,
se, ao doar-me, vou pouco ou bem fundo,
não tentes limitar-me a emoção.
Se agir eu diferente do que agirias,
que será que me dirias?
Não busques modificar ou impedir-me a ação.
Deixa-me viver, ser eu mesma,
caminhar com meus próprios pés,
construir com minhas próprias mãos,
sentir com meu próprio coração...
Não me desejes rastejando, a ti, como uma lesma...
Deixa-me erguer meus castelos, minhas sés...
ter meus próprios pensamentos sãos
e viver todos os meus sentimentos, nobres ou não!...
Não te peço, por ora, compreensão...
ela chegará, dá tempo ao tempo,
será quando, abrirás teu coração
e será de luz esse momento!...
Por agora, entendo-te eu,
com o amor que Deus me deu...
sei que somos diferentes,
duas individualidades, dois entes,
meu amigo, meu amante, meu irmão,
meu esposo, filho, pai, parente...
Respeito teu sentimento, tua fé, tua razão!
Tracemos, cada um, seu próprio caminho...
Juntemo-nos para conversar, comer pão, beber vinho,
discutir idéias, tirar as próprias conclusões, fazer carinho...
sem precisar que um de nós o outro vença,
curtindo toda a nossa diferença!...

HÁ PAZ E AMOR EM TEUS BRAÇOS



Eu

É tarde.
Estou sozinha.
Só o próprio lençol frio me acarinha...
Na cama, na madrugada,
não há quem me aguarde...
E assim tão quieto o corpo,
como navio ao largo, sem porto...
enquanto a alma, desassossegada,
pelos desvãos da janela,
sorrateiramente, se esvai,
com a leveza da gazela,
com o sussurro de um ai...

Vai em busca de teu carinho,
vagando,
de caminho em caminho,
divagando...
aproveitando a magia
de uma estrela que luzia,
caindo vertiginosamente,
soltando faíscas
que viram semente
no solo do infinito...
E o coração, aflito,
busca por algumas pistas,
palavras que tu rabiscas
e soltas nas asas do vento,
que venham a aplacar-me o intento
de entregar-me à atitude tão insana...
de cair no desvario,
de flutuar no vazio,
de mergulhar no Nirvana!...

É talvez cedo
para qualquer revelação...
mas... macero meu medo,
dou linha à imaginação... ... ....
Amor, onde estarás?
Talvez... no teu cantinho?....
Lá, onde existe a paz,
onde o pintassilgo faz seu ninho...
Lá, onde saltita o rio
pelas pedras do caminho?
Onde o grito do bugio
ecoa pelas matas virgens,
onde a cachoeira despenca em vertigens...
e sua espuma desmaia
nas águas da lagoa
e amanhece na areia da praia,
enquanto, no horizonte, o Sol coroa...

É a Natureza em todo o seu esplendor!
É um hino de amor!...
É um culto à vida,
E eu, que estava perdida,
invadindo tua paisagem,
encontro-me em tua imagem,
banho-me em tua ternura...
e, enquanto perdura
a minha fantasia,
o tempo não tem limite...
Entre teus braços sempre será dia;
tua boca, um eterno convite
a provar teu mel,
a ofertar-te meu céu...
a viver em felicidade,
pelo resto da eternidade!...

24/06/2001


O REVERSO DA HISTÓRIA

Quando no céu soaram os trovões,
na Terra, a noite fez-se eterno dia...
Adeus quimeras, sonhos, ilusões!
Desmoronara o Mundo, a fantasia!...
Dá-se o troféu a quem teve a vitória...
Nada é mais triste, vil, enganador
do que o contexto desta minha história:
admiração, desejo, fé e amor...
Com tal receita não se sola o bolo.
O bem em mal se transformou... Perverso!
Talvez me possa servir de consolo
saber que, enfim, por artes de magia,
o errado transmutou-se no reverso
e o amor floriu, abriu-se em poesia!...



EU SOU?

Sou apenas uma mulher,
com coração de poeta
e alma de manestrel...
Uma andarilha dos tempos,
sacerdotisa dos templos,
deusa da antiga Creta,
literata de cordel,
da própria vida chanceler!...

Sou como estrela cadente,
sou ave de arribação,
sou parte de uma canção...
sou como criança carente,
sou o mais puro sentimento;
sou feita de cada momento
de vida: dor, alegria, prazer...
Eu sou? Eis a questão: ser ou não ser?!



ESTRELA-GUIA
(à "Maestrina da Palavra", Larissa Loretti)

No palco, bastidores, camarins,
flores exalam seu doce perfume...
Arcanjos tocam banjos e clarins...
Antares, Céu Maior, meu grande lume!...
Na Terra, inspiras músico e poeta...
És chama aquecedora do Universo!
Estrela-Guia, tema que projeta
bênçãos de luz, na força de teu verso!...
Se a Morte hoje ao Reino me levasse,
Alegre, bem feliz eu partiria,
guardando assim comigo tua face
-memória grandiosa da amizade,
o som de tua voz e poesia,
teu nome iluminado, Potestade!...



TROVA

És graça, luz, poesia...
És imagem, som e tom.
És a própria Estrela-Guia!
Arte e bondade é teu dom.
Rio, 08/11/2001.


DIVAGAÇÕES
(Carvalho Branco)

Silêncio!... Nostalgia...
Mas uma voz sussurra a meu ouvido...
É a lembrança do passado, do que vivi sem ter vivido, 
do que amei sem ser amada!...
Os ideais perdidos, as ilusões, os desejos não realizados,
frustrações...
O primeiro amor, o primeiro namorado...
Tempos de infância...
minha mãe, meu pai, meu tio, meu primo...
Não: minha mãe, meu tio, meu primo...
meu pai... a casa com quintal, gansos,
galinhas, cachorros... 
flores no jardim, frutas no pomar... 
solidão... silêncio... Eu gostava de ouvir o silêncio ,
escondida entre os ramos de uma
goiabeira, bem no alto... Portão da frente trancado... 
prisão... Minha mãe chorando... 
Bonecas, livros de história, papel, lápis, lápis de cor...
histórias que eu criava...
Tudo se foi... só lixo...
Quem sou?...
Fui artista!... Microfones, palcos, praças públicas... 
Um caminho de
glória... Acabou... 
A glória era minha, não era dele... era preciso
derrubar... Caí da altura do meu sonho...
Fui professora... Quanto ideal!... 
Quarenta e um anos lecionando...
Quanto me doei... quanto aprendi...
Fui esposa... eu fui?... maridos, amores... 
escoaram-se pela vida...
Fui mãe!... Amor... 
Felicidade, alegria, saudade, dor e pranto...
ausências... palavras loucas de sentimentos que não sentem... 
sorrisos falsos... solidão...
Sou gente... sou mulher... carente... 
sofrida... sozinha... amiga, irmã,
amante... da vida, da terra, do céu, 
do mar, do sol... do outrem...
Sou poeta!...


TEMPO SEM SENTIDO
(Carvalho Branco)

De que é feito o tempo?
É ele um composto de cada momento
passado em solidão,
mais aquele que se esvai pelo vão
de entre grandes momentos da vida:
entre a chegada e a partida,
entre o ganhar e o perder,
entre o ser e o não ser...

Somado tudo
a cada instante
de sonho interessante,
a cada segundo
em que, à súplica do mundo,
eu não existo;
a cada momento
em que, à esperança do outro,
eu fico mudo...

Levando-se em conta
que o tempo passado
é como campo sem arado,
como cavaleiro que não monta,
como fio interrompido...
Não faz sentido!

E que o tempo futuro
é tal quarto vazio e escuro,
é como tépido ninho
que não abriga passarinho...
Desconhecido...
Não faz sentido!

Um tempo que está ausente...
Só me resta o tempo presente.
Tempo em que,
enquanto ser,
fico dividido
entre o meu eu e o do outro;
entre cavalgar nas asas do vento
ou sobre a terra, no lombo de um poldro;
entre ter objetivo, um intento,
ou seguir andando ao léu,
seguindo as estrelas do céu...

Tempo em que fico perdido,
isolado, carente,
desassossegado,
ausente, faminto
e com sede...

Tempo em que,
pressinto e sinto,
nada faz sentido!...


CINDERELA-POETA

Fascinada por teus encantos,
perdi a noçào da vida:
se era noite, se era dia...
Sonhei, fiz planos tantos!...
Ao toque de tua magia,
de amor, fiquei perdida!...

Ao soar a meia-noite,
o vento tomou-me de açoite;
invadiu-me uma agonia,
arranquei de mim a fantasia:
voltei para meu borralho,
tirei cartas do baralho...

Logo de primeira mão,
percebi que havia um corte...
A seguir, veio a tal MORTE,
vaticinando transmutação!...
E, novamente, a "bruxinha"
sentiu-se triste e sozinha!...

De Princesa à Cinderela...
Já não tinha carruagem,
cocheiro virara jia!...
O príncipe tornara à tela,
não passando de uma imagem...
Os sonhos, ela, de novo, adia!...

Se o amor é ficção,
chora meu coração!...
Resta ainda a amizade,
também é, ela, felicidade!...
Farás sempre parte de meu mundo...
Com meu amor, guardar-te-ei, lá no fundo!
Meus lindos cabelos de arminho,
dá-me sempre teu carinho!...


AMOR E DEVOÇÃO

De que são feitos sonhos e quimeras?
De nuvens brancas, rosas, azuladas?
De instantes breves e algumas esperas?
Das ilusões perdidas, sufocadas?...

Os sonhos nascem, como nascem os rios...
de solo rico e fértil... cristalinos...
brotam dos ventos, como assobios...
seguem seus cursos, como peregrinos...

Alguns se perdem, ficam no caminho,
deixam, na boca, um amargo sabor.
Outros, suaves, como doce vinho,

seguem buscando realização;
pelas esquinas, vão perdendo a cor:
são meus sonhos de amor e devoção!...


TELA DA ALMA
(Carvalho Branco)

Pecadora sou e pecando temo
a todo aquele que me condena...
A este receio me algemo,
ocultando-me a face às feras, na arena...
mas meu olhar assustado,
qual garoto travesso e ousado,
salta por sobre a cerca de meu véu
e percorre a multidão ao léu...
Um frenesi perpassa-me o corpo...
sinal de que ainda está vivo,não morto!

Sinto calafrios, tremores,
desejos de grandes amores!...
Meu pecado, porém, é franzino, pequeno...
mas corrói-me as entranhas,
como autor de maquiavélicas façanhas,
como se fora fortíssimo veneno;
ele, simplesmente, consiste
em ser eu, nada mais nada menos,
que uma pobre mulher triste,
faltando-lhe, dos bons fados, os acenos... 

Tremores de superfície!...
Se formos, de meu eu, mais fundo,
encontraremos verde planície,
lugar onde reside a esperança,
onde brinca minha eterna criança...
origem, fonte de um novo mundo!
Teremos, pois, transposto o liame, o Portal,
atravessado seu arco triunfal...
a tela da entrada de minha alma...
sem receio, sem conflito, sem trauma!...

Essa é a zona do equilíbrio,
por mais que se esteja, de ilusões, ébrio,
seu magnetismo nos torna sóbrio,
desaparece o eu, o individual...
prevalece o eterno divinal!
E tudo que vejo é o reflexo
de minha efígie, que se espelha
no mais belo, brilhante e puro cristal...
Bela tela!...Sendo alma, sou centelha
e, como tal, sou ígnea, sou sexo,
personificação do Amor Universal!...


PRECE

Conflitos interiores...
O homem com seus extertores
de dor... mágoas, ressentimentos...
de ódios e lutas, múltiplos fomentos...
e o homem retorna à guerra,
história que nunca se encerra!...

Senhor!
Deus do amor!...
Deus da bondade!
Apazígua os ânimos,
faz expandir a luminosidade
na mente dos insanos
Chefes de Estado...
Que neles possa ser transmutado
o desejo de vingança
em sonho de esperança...
faz com que floresça, em cada coração,
a semente da fraternidade
e que, no lugar de armas,
haja rosas em cada mão
para ofertar ao irmão,
queimando, assim, todos, nossos carmas...

Pai!
Que aprendamos a lição do Cristo:
"Amai!"
E, para isto,
dá-nos força, alegria mais...
dá-nos a PAZ!...


ÁGUAS VITALIZADORAS

(Água é vida, preserve-a)

De quantas gotas de orvalho
são feitas as chuvas, as borrascas?...
De quantas gotas de chuva
são feitos os rios, as fontes?...
Qual terá sido o atalho
percorrido, através colinas, montes,
pingo a pingo, lentamente,
cortando, como que quebrando cascas
de nozes, penetrando a terra, como semente
pequena de fruta, talvez de uva,
até chegar ao subsolo e, todas juntas,
irmanadas, deslizarem deitadas,
formando sua própria cobertura:
os chamados lençóis d'água,
origem de cada fonte futura?...
Mas... Quais eram mesmo as perguntas?
Não importa, basta saber que, afloradas
à superfície da velha mãe-terra,
as gotas seguem por novos caminhos,
cortando através de matas,
descendo encosta de serra,
caindo em cachoeiras ou cascatas,
formando pequeno ou grande rio,
que logo, à frente, no mar deságua.
Na corrida desenfreada, rodamoinhos
se criam e ondas, no mar bravio...
No percorrer dessa estrada,
sua energia vai serndo utilizada
na iluminação das cidades...
vai ela matando a sede de plantas,
animais e pessoas quantas...
previne tantas enfermidades,
ao promover a higiene, a limpeza
do corpo, dos alimentos...
As águas, são elas fomento
à preservação da Mãe-Natureza!...


Poesias de Marilza
(Carvalho Branco)





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DILENE MAIA, (autoria) - C.I.C - 812.801.495-15
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