GRANDES MESTRES DA POESIA

 

CRUZ E SOUSA

Na poesia do mundo


Fenômeno simbolista alcança reconhecimento. Poemas são traduzidos e publicados em diversos países. Recentemente foram editados na China
Cruz e Sousa já foi traduzido e publicado em pelo menos em oito idiomas. A internacionalização da poética começou logo depois de sua morte. A primeira manifestação sobre a grandeza do trabalho foi publicada na revista "El Mercúrio de América". Trata-se de uma conferência proferida em 1899 em Buenos Aires, na Argentina, pelo poeta boliviano Ricardo Jaimes Freyre.
O estudioso brasileiro Andrade Muricy, na apresentação de "Obras Completas", escreve que, em 1899, em Buenos Aires, líderes do Modernismo hispano-americano interessavam-se vivamente pelas "Evocações" de Cruz. "Ruben Dario, tão pessoal, por sua vez foi contagiado. Alguns de seus poemas mostram o cunho indisfarçado do vocabulário e da temática Cruz e Sousa", escreve Muricy. Ainda na América, o peruano Ventura Garcia Calderon comparou Cruz a Baudelaire "sem que o mundo soubesse sobre o poeta, porque escrevia em português".
Tríade
Na história da poesia do Ocidente, o ensaio do sociólogo e crítico francês Roger Bastide define e situa o poeta de Desterro, incluindo-o na tríade composta ainda por Mallarmé e Stefan George. Em recente estudo publicado pela Biblioteca Folha, Tasso da Silveira lamenta que no Brasil "é preciso que o estrangeiro nos venha dizer, surpreso, que em nós encontrou algo de surpreendente e admirável. Sem o que não acreditaremos nunca".
Para Iaponan Soares, pesquisador especializado na poesia e vida cruzsouseana, Cruz e Sousa é a metáfora empreendedora do homem catarinense. Além de ter exercido fortes influências no exterior, deixou marcas irrefutáveis na poesia brasileira, marcando a produção de Augusto dos Anjos, Carlos de Fernandes e do catarinense Ernani Rosas, que chegou a publicar "Rictos da Cruz", em alusão ao Poeta Negro.
No Rio Grande do Sul, o poeta Alceu Wamosy teve em Cruz e Sousa seu maior ídolo, estimulando também ensaios da crítica gaúcha.
Na última semana, o senador Esperidião Amin, um apaixonado pelo poeta catarinense descobriu via Ministério de Relações Exteriores um livro da "Antologia da Poesia Brasileira" publicada em Pequim, na China, em 1994. Com seleção de poemas de Antônio Carlos Secchin e tradução de Zhao Deming, o livro destaca os poemas "O Assinalado" e "Cárcere das Almas".
Em Chapecó (SC), berço da confraria do esperanto no Brasil, foi publicada uma edição bilíngüe dos "Sonetos da Noite", com seleção de Silveira de Souza e xilogravuras de Hugo Mund Júnior.
Na língua espanhola há publicações em pelo menos três países. Uruguai, Argentina, Peru e Espanha. No Uruguai foi editado "La Poesia de Cruz e Sousa", em 1950, do Instituto de Cultura Uruguaio-brasileiro com estudos de alguns poemas. No Peru há uma antologia com 26 poemas do simbolistas brasileiro. O livro, com tradução de Javier Sologueren, foi publicado em Lima pelo Centro de Estudios Brasileños. Em Buenos Aires foi publicada, em 1922, a "Antologia de Poetas Líricos Brasileiros", com os poemas La Hija de Mis sueños e Domus Aurea, traduzidos por Francisco Soto y Calvo.
Maior acervo
Nem Iaponan Soares, que reúne o maior acervo sobre a obra de Cruz e Sousa, possui todos os poemas do poeta publicados no exterior. Não há nada, por exemplo, de publicações em inglês, "embora seguramente ele tenha sido traduzido e editado na língua americana". Soares também tem conhecimento de publicações na Alemanha e na Romênia. Na Itália, o poeta catarinense foi publicado pela editora Casa Editrice Maia-Siena, no livro "Un Secolo Di Poesia Brasiliana", com traduções de Mercedes Valle e Enzio Volture. Na França, entre outras publicações, foi editado o "Poèmes du Brésil", em 1985. Com traduções de Bernard Lorraine, Cruz e Sousa aparece com o poema "Âme Blessée".
Na França há outras publicações. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), há também 15 poemas traduzidos para o francês pela estudante africana da Costa do Marfim, Anasthasie Adjoua Angoran, que podem ser publicados ainda este ano pela Editora da UFSC, embora a tendência seja a publicação dos 26 poemas editados em Lima, em 1989, com tradução de Javier Sologuren.
(AN)


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