CENTRAL DE QUADRINHOS BRASILEIROS - Super-heróis brasileiros 2
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Acima: O histórico RAIO NEGRO nº 1 (1965), seguido pela capa do nº 2. Uma coleção completa da revista da GEP está avaliada em uma quantia bem alta.
Abaixo: Os dois primeiros desenhos são de Gedeone, sendo o 2º mostrado sem o
uniforme, onde sua identidade era sempre envolta em mistério. Nunca era
mostrado seu rosto. As duas últimas artes são, respectivamente, do autor
destes textos e de Felipe Meyer (autor de uma das cartilhas de sugestões da
CQB). |
Capítulo 3:
RAIO NEGRO
(Por Antonio Luiz Ribeiro)
O surgimento do RAIO NEGRO, em 1965, foi uma espécie de
marco na história dos super-heróis brasileiros. Enquanto seus predecessores,
como Capitão Sete e capitão Estrela, eram calcados em personagens americanos
da Era de Ouro (Superman, Flash Gordon), RAIO NEGRO foi o primeiro do gênero a
se pasear num super da Era de Prata. O modelo em questão era o Green Lantern
Hal Jordan, que fazia sucesso nos States, publicado pela “Showcase” e em
revista própria.
RAIO NEGRO foi criado por Gedeone Malagola, quadrinista de cerca de 40 anos de
idade na época, que já tinha uma certa experiência no gênero (foi um dos
primeiros roteiristas do Capitão Sete). Tudo começou quando a GEP encomendou a
Malagola a criação de um super-herói. O desenhista apresentou o Homem-Lua (que
veremos futuramente) mas, como esse herói não tinha super-poderes, foi
rejeitado como personagem-título, ficando para complementar a revista, apenas.
Foi dito a Gedeone, então, que desse uma olhada no Green Lantern e, às
pressas, surgiu o RAIO NEGRO – não confundir com o Raio Negro (Black Bolt) da
Marvel.
Talvez devido à pressa requerida, Gedeone não teve tempo de bolar algo
original para a estréia do novo herói. A origem do RAIO NEGRO, lançada no nº
1, era toda baseada no Green Lantern. Assim como o clone americano, RAIO NEGRO
também era piloto aéreo, o oficial da FAB Roberto Sales. Na época, a corrida
espacial estava a todo vapor e o Brasil não podia ficar de fora. Assim, Sales
foi o primeiro astronauta brasileiro lançado ao espaço. Uma vez fora da
atmosfera, Sales fez contato com um disco-voador avariado. Se ocupante, Lid,
de saturno, estava incapacitado devido a ferimentos e orientou o terrestre
para que ligasse uma espécie de piloto automático que levaria o disco de volta
ao planeta dos anéis.
Agradecido por ter se arriscado para salvá-lo, Lid presenteou o astronauta com
um estranho anel, uma arma, na verdade, chamada Anel de Luz Negra, feita com a
energia magnética de Saturno, capaz de tornar o terrestre um verdadeiro
super-homem.
Malagola roteirizou e desenhos raio negro em 24 aventuras, sendo publicadas
também em almanaques e na revista “X-Men” (em duas aparições especiais). O nº
9 foi produzido por Rodolfo Zalla (desenhos) e Luis Meri (arte), enquanto o nº
12 foi produzido pelos irmãos Edmundo e Luiz Rodrigues. Além de Raio Negro e
Homem-Lua, a revista também trazia, volta e meia, um terceiro personagem,
Hydroman, também de Gedeone.
Com o cancelamento da revista, Raio Negro ficou no limbo. Mas, Raio Negro foi
um herói de sucesso, um herói que marcou a mente de muitos leitores da época.
Em 1982, muitos fãs ainda lembravam do personagem. Foi quando a editora
Grafipar, de Curitiba, que só trabalhava com quadrinho brasileiro, decidiu que
já era hora de trazer o herói de preto de volta. Fizeram um teste e lançaram
uma coletânea de algumas histórias da década de 60, com uma nova capa pintada
por Watson Portela. Infelizmente, a cirse econômica (recessão) da época acabou
falindo a Grafipar. Isso sem contar que a Abril começava a expandir seu
Império Marvel, monopolizando os leitores mais jovens (leia-se alienados).
Anos mais tarde, uma nova tentativa foi feita, desta vez pela editora ICEA, de
Campinas, SP. Infelizmente, também fracassou. Em 1998, a revista “Metal
pesado”, especialista em quadrinho brasileiro, publicou, em seu nº 6, uma
aventura de RAIO NEGRO. Era uma boa oportunidade de retomar os super-heróis
brasileiros, já que a revista também publicou VELTA. Infelizmente, como era de
rotina, a revista foi cancelada e, pior, Gedeone não recebeu pagamento (assim
como Emir Ribeiro e outros quadrinhistas).
Gedeone, já com 74 anos, doente e cansado da falta de profissionalismo dos
editores nacionais, decidiu apagar de vez a luz do anel de RAIO NEGRO.
(originalmente publicado no fanzine ZONA TOTAL nº 6, de novembro/1998)
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Capítulo 4:
HOMEM LUA
(Por Antonio Luiz Ribeiro)
Tudo começou
quando a editora GEP encomendou a Gedeone Malagola a criação de um
super-herói. O desenhista apresentou o HOMEM-LUA, mas, como era um herói sem
super-poderes, foi rejeitado como personagem-título, ficando apenas para
complementar a revista. Gedeone veio então, às pressas, com Raio Negro,
personagem à la Green Lantern, que usava um anel que lhe concedia poderes
fantásticos.
E assim, o HOMEM-LUA estreou como tapa-buraco da revista “Raio Negro” nº1, de
1965. Foi o primeiro herói brasileiro a beber nas águas do The Phantom, de Lee
Falk. Porém, ao contrário de seus sucessores, pelo menos o HOMEM-LUA tinha um
uniforme que o diferenciava do herói americano, como capa e um estranho
capacete redondo, que os detratores apelidaram de aquário (gozado... ninguém
fala isso daquele inimigo do Spider-Man, o Mysteryo – talvez por pertencer ao
império Marvel).
Nas aventuras do Homem-Lua, a identidade do herói era envolvida em mistério.
Sua identidade civil era ignorada pelos leitores, e, quando aparecia sem
capacete, seu rosto nunca era focalizado claramente. Sabe-se que seu
quartel-general e residência ficava na cidade de São Paulo. Para resolver
casos ao redor do mundo, Homem-Lua contava com seu “Jato-Lua”, um potente
avião que levava a qualquer parte do planeta em questão de horas.
O personagem tinha como armas apenas uma pistola e faca, esta escondida
estrategicamente na bota. Mas, a principal arma do Homem-Lua não era nenhum
arsenal tecnológico, e sim sua poderosa influência sobre diversas tribos
indígenas ao redor do mundo, que, por acreditarem ser ele uma entidade
imortal, estavam sempre dispostas a ajudá-lo nas missões.
HOMEM-LUA foi cancelado nos anos 60, junto com o colega Raio negro. Só em
1982 ele voltaria, dessa vez com o selo da editora Grafipar. Foi numa
tentativa de relançar os heróis de Gedeone numa nova revista do Raio Negro,
que, infelizmente, não passou do primeiro número. Curiosamente, nessa época, a
Marvel veio com um tal Moon Knight (Cavaleiro da Lua), trajava capa, não tinha
poderes, usava como meio de transporte um jato e tinha a Lua como símbolo.
A partir da experiência da Grafipar, Gedeone se concentrou em trazer o Raio de
volta, primeiro pela ICEA e, mais recentemente, pela Metal Pesado.
Infelizmente, devido à falta de seriedade das editoras brasileiras e já
cansado devido á idade, o mestre Gedeone decidiu aposentar de vez seus heróis.
Ah, já ia esquecendo... o tal Moon Knight, ao contrário do HOMEM-LUA, continua
sendo publicado e aplaudido pelos marvetinhos aloprados brasileiros, que não
reclamam dele ser cópia de seu primo pobre.
(originalmente publicado no
fanzine ZONA TOTAL nº 7, de fevereiro/1999)
- A seguir:
Hydroman e Escorpião.
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