É um exercício de desapego.
As pequenas coisas o levarão muito mais longe do que seu espírito imagina.
A questão é mais complicada quando o problema é a falta de dinheiro.
Mesmo assim, existem alternativas, como:
Você pode preparar sua própria comida. A maioria dos albergues tem cozinha equipada. Convide alguns peregrinos para ratearem as compras. Em geral sempre tem alguém que cozinha bem e sugere bons pratos típicos de seu país.
Faça as compras, de preferência em supermercados onde os preços geralmente são bem menores que em pequenas tiendas.
Atenção para os horários da siesta; o comércio fecha entre as 13 e 17 horas. Nos domingos e dias festivos dificilmente encontrara algum lugar aberto.
Se estiver sozinho, minha sugestão e preparar uma boa sopa de lentilhas. É rápido e fácil. Você certamente encontrará alguns condimentos que as pessoas deixam nos albergues, (sal, alho, cebola, Etc.). Use todos. Leve um pouquinho, você nunca sabe o que vai encontrar no próximo albergue. E deixe um pouco do que tem em excesso para os que vierem atrás.
Não se esqueça de comprar alimentos para o café da manhã do dia seguinte: pão, queijo, iogurte, frutas, etc.
É importante comer uma banana por dia, pois possui alto teor de potássio, e evita cãimbras. Compre laranjas apenas para consumir no momento, assim não vai carregar peso.
Use e abuse de frutas.
Evite tomar café em bares, geralmente não custam menos que 1 €uro. O melhor é comprar saquinhos de “Nescafe” solúvel, são leves e não irão pesar no bolso nem na mochila. Se você não gosta de café, pode usar achocolatado “Cola Cao”, também em saquinhos.
Faça um bom desayuno e saia para caminhar com algum alimento na mochila.
Levar um ou dois ovos já cosidos são uma boa pedida. Rapidinho você descasca e mata sua hambre.
Entre em todas as padarias que encontrar pelo Caminho. Você notara as diferenças e as nuances do pão enquanto caminha pelas varias províncias da Espanha.
Em pequenos pueblos, onde não há panaderias, uma van costuma entregar o pão pela manhã. Informe-se do horário, decerto você ouvirá sua bocina tocando ao longe.
Compre uma baguete, quebre ao meio e ponha na mochila. Compre também um queijo tipo Polenguinho feito na França chamado “La vache qui rit” (a vaca que ri) você encontra em todos os supermercados da Espanha.
Compre maionese em potinho ou saches e fatias de presunto (Jamón cocido ou Jamón York), não confundir com Jamón ibérico ou serrano, que são bem mais caros.
Assim você terá todos os ingredientes para preparar, de forma rápida e barata, um riquíssimo bocadillo durante suas paradas para descanso.
É aconselhável parar pelo menos 10 minutos a cada hora ou hora e meia.
Sombras de árvores, fontes e margens de rios são excelentes lugares para comer e recuperar a energia perdida.
Beba muita água, mesmo que você não tenha sede.
No início da caminhada compre duas garrafinhas de 500 ml de água mineral.
Leve cada uma nos bolsos laterais da mochila, com isso evita que um lado pese mais que outro.
Complete a água em cada albergue ou fonte do caminho. Mantenha as garrafinhas sempre cheias.
Vez por outra almoce em um restaurante que prepara uma boa comida regional e que tenha o “menu del peregrino” com preços promocionais para quem apresentar a credencial.
Não deixe de provar alguns dos excelentes vinhos espanhóis.
O Caminho de Santiago segue pelas melhores regiões produtoras da “Rota do Vino de España”. Navarra, La Rioja, Palencia, Bierzo e Galicia.
O melhor é adquirir diretamente da bodega de algum produtor ou em uma cooperativa a beira do caminho. Certamente comprará a um custo bem menor.
As bodegas são pequenas adegas cavadas na terra, a maioria possui uma mesa onde o dono geralmente toma seu vinho com os amigos.
Experimente o Vino Joven, aquele que deve ser consumido no ano de fabricação.
Já o Crianza tem envelhecimento de dois anos, sendo pelo menos seis meses em barris.
Por sorte você será convidado a tomar sua botella na própria bodega, acompanhado de ricos chorizos, boa conversa e muita musica.
Uma experiência imperdível.
Ao sair de Estella, conheça a Fuente del Vino, da Vinícola Irache. Uma fonte com dois grifos, uno sacia la sed (sai água fresca) el otro alegra el camino (sai puro vinho).
É de graça. Esplêndido!
"¡Peregrino! Si quieres llegar a Santiago
con fuerza y vitalidad
de este gran vino echa un trago
y brinda por la felicidad".
Em Grañon Participe da grande ceia dos peregrinos (tudo gratuito). Antigamente oferecida por Don José Ignácio, hoje cura em Santo Domingo de la Calzada.
Em San Juan de Ortega, Don José María Alonso mantinha a tradição, há mais de trinta anos, de no final da missa ele mesmo servir pessoalmente cada peregrino com a sua famosa sopa de alho. Ritual que infelizmente não sei se continua, pois Don José Maria faleceu em Fevereiro deste ano com oitenta e um anos.
Tive a honra e o privilégio de ser por ele escolhido para carregar o caldeirão de sopa e ajuda-lo a servir aos peregrinos.
Em Manjarin, Tomás o grande Hospitaleiro Templário estará sempre com a mesa posta invitando aos peregrinos a matar a fome.
Em Villafranca del Bierzo, o druida Jesus Jato rateia custos para a ceia. E todas as noites prepara a Queimada e recita o Conxuro.
Estranhamente são estes albergues os mais pobres do caminho. E curiosamente dos poucos que cumprem a tradição do verdadeiro espírito de “Hospital de Peregrinos”.
Sobrevivem de donativos. Por isso, deixe um pouco mais do que pode dar.
Afinal, você já economizou demais.
Em Santiago, o imponente Hostal dos Reis Católicos, situado na Plaza do Obradoiro, oferece desayuno, almuerzo e cena grátis por três dias, aos dez primeiros peregrinos que chegarem e apresentarem na porta da garagem a fotocópia da compostelana.
Será servido em uma copa só para peregrinos, o melhor prato que os hóspedes podem escolher e uma botella do mellor vino.
Fique atento aos horários. Desayuno as 9:00. Almuerzo as 12:00. Cena as 19:00.
