
Deixa-me...
Sérgio
Deixa-me amar-te em meus silêncios,
na calmaria do teu coração que não me quer mais,
de onde se desprendem meus sonhos
em vôos etéreos de plena liberdade...
Deixa-me amar-te em minha solidão,
ainda que meus labirintos te confundam
e que teus fios generosos de compreensão
emaranhem-se no tapete dos meus enigmas...
Deixa-me amar-te sem qualquer explicação,
na ternura das tuas mãos que me sorriem
escrevendo desejos em versos despidos
na minha alva tez que te cobre e descobre...
Deixa-me amar-te em meus segredos
para que desvendes o que também desconheço,
a alma dos meus abismos, onde anoiteço
e meus olhos adormecem embalados pelo mistério...
Deixa-me amar-te em tuas demoras, longas horas
em que meu corpo se veste de céu à tua espera
e minhas mãos em frenesi acendem estrelas
para alumiar-te, ainda que ausente estejas...

Fernanda Kato

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