Num
instante de coragem
e confesso, temor também,
fiz uma nostálgica viagem
aos olhos d'alma.

Lá
encontrei ramificações
obscuras e inférteis,
caminhei nos labirintos secretos
do desamor e do mal-querer,
passei pelas paralelas frágeis
dos sonhos e das ilusões,
andei pelos becos fragmentados
da solidão e da dor.

Senti
o lamento desafinado
de uma história inacabada,
e entre conquistas e derrotas,
encontrei espaços vagos,
paralisados, desfalecidos
no pudor infame da crença.

Mergulhei
nas lágrimas cristalinas
do meu pranto mudo, sufocado
por mascaradas lembranças
refletidas na mendicância órfã
da complacência e auto-estima,
que um dia pensei ter tido.

Chorando
e sorrindo, percebi
que a música melancólica
de juras e promessas,
já não existia, que o passado
lírico e lúdico, cedera lugar
ao frescor viril de uma nova canção
rimada em versos de amor.

Por
lá também encontrei
uma luz ritmada pela expansão
de um bem-querer, que me fez,
finalmente, renascer...

Fernanda
Kato |