Ao silêncio

 

Não quero o silêncio culto e tácito
das bocas caladas pelo medo;
não quero ouvir os que choram
e os que lamentam em segredo...

Não quero minha voz embargada
pela pressão silenciosa
da solidão que não diz nada
e da razão que se faz muda...
Eu quero o mundo em polvorosa;
quero a canção, quero o sorriso...
Quero gritar, se for preciso...

Não quero o silêncio assim imposto
como um tapa que arde no meu rosto!
Eu quero o silêncio sim, mas quero ainda
poder falar tudo o que sinto;
poder sentir tudo o que falo...
Eu quero decidir quando me calo!

Não quero a minha voz presa no peito
enquanto o mundo grita ao meu redor!
Eu quero decidir; é meu direito,
e não lutar por ele é omissão!
Silêncio! Não consigo ouvir direito!
Há um barulho estranho no meu peito
e não parece ser meu coração!

Fernanda