Sérgio
Desejei nosso
encontro como quem deseja
romper a suculência do fruto doce da videira...
Vesti minha aura de púrpura,
caiei o coração pulsado,
lavei ladeiras com água de cheiro...
Pintei de
carmim molhado a boca afoita...
Procurei no baú do peito minhas melhores letras...
E rodeei de pérolas versadas meu colo de arfar esperas...
Você chega e solta frases,
como quem solta pombos ao açoite do vento...
Recolho-as em
cestos de guardar espantos bons.
Olhos mareados nem continham mais... vertiam vontades...
Mas tão rápido como chegaste, partiste...
Cortando ao meio a romã,
que há muito de teus sucos ansiava sedenta...
Restaram as
luvas rendadas e úmidas,
que cobriam minhas trêmulas mãos,
silenciadas sobre as letras de nosso poema fugaz,
um tanto afoito e precocemente inacabado...
Fernanda
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