Poema sombrio

 


Me embriago de rimas
nos bares obscuros de versos...
Componho entre taças de um vinho interminável
que nunca sacia minha sede,
tampouco minha fome que não é da carne...
É uma fome de sonhos e de poesia
por ti, composta de versos extremos...

Porém nas tintas da boemia
te invado a alma e te exponho
mesmo que por sonetos corrompidos
e por versos que te roubam a calma,
que abrem chagas e fendas profundas,
que te levam a cantar o que de mim soube,
e que exalem meus perfumes
impregnados de teu rancor e meu ciúmes...

E que um dia por esta lenda poética sucumbas,
forjando uma faca de dois gumes.
Onde aqui há lágrimas e há dor,
aí há risos soltos e há amor...
E entre os escombros de meus rabiscos,
e as chamas consumidas do nosso ardor,
restem retratos do que em nós ruiu...
Dois corações esmaecidos
pela fumaça de nosso fogo,
e nossas cinzas espalhadas
nas linhas de um romance sombrio...

 

 

Fernanda