Que sou eu?


Que sou eu agora?
Já não sei quem sou...
Se sou vida...
Se sou alguém...
Sempre brincamos as duas
pelas linhas das minhas mãos,
ironizando as dores,
chorando alegrias,
cada dia aprendendo a morrer.

Pensei, certa vez,
que poderia viver metades,
deixar a velocidade das horas
levar meus sonhos inúteis...
Viajei delirante por mundos irreais.
Eu não precisava sentir,
eu vivia e só !

Meu sorriso angustiado
bailava para bocas estranhas,
meu corpo era o templo de orações profanas.
E a paz que eu tanto buscava
clareava num relâmpago
em algum lugar distante do meu horizonte.
Adormecia meu corpo cansado
aquecendo-me em lágrimas brancas.
Que importa se hoje estou só ?

Quem me acompanhará quando daqui eu partir ?
Para quem deixarei meu último olhar ?
Quem cerrará meu olhos e depositará
em meus lábios um beijo de adeus ?
Não terei preces clementes,
nem proporcionarei choros convulsos.
Apenas levarei a lembrança
daquilo que nunca consegui ser.

 

 

Fernanda