Tudo o que falo...

 

 

Tudo o que falo parece-me
tão óbvio que calo.
Sou tão evidente,
tão transparente,
meus olhos não conseguem esconder,
não existe jogo,
não existe regra.
Sou aquilo que consigo sentir.

Por vezes sou amor,
um amor profundo e intenso,
com a fúria que o amor tem
cego e simples,
como os olhos do desejo
 de ser todo e tudo,
sem busca,
sem procura,
apenas deixando que meus poros transpirem
as lágrimas da minha emoção.

Não há medo.
entrego-me e bebo a esperança,
se a esperança existir.
E nas vezes,
nas muitas vezes que sou só,
minha dor é mansa,
minha angústia cálida.
Sofro calada
a voz que não consigo gritar.

Fernanda Kato