Volúpia do beijo

Cálido, suave, demorado...

Foi teu beijo a sandice mais

lúcida que me aconteceu nos

últimos quarenta anos de atribulada existência.

Na sublimidade desse anseio,

encontrei o lenitivo para as feridas expostas,

pelos amores errantes, sofridos e amargas derrotas.

Nesse contato mais íntimo, na mistura dos

hálitos que despenderam a pura hortelã das

matas virgens, após um alvorecer encantado,

encontrei a paz prometida em sonhos de glória.

A ternura transformava-se em volúpia, quando

ouvíamos a água da chuva batendo no telhado,

com gotas translúcidas, em ritmo cadenciado,

tornando o colchão lasso cúmplice e amigo,

testemunha de uma entrega prazerosa,

sem limites, sem pecado e sem mácula.

Quando nossos corpos sequiosos uniram-se na busca

do prazer orgástico, acentuado pelo entrelaçar convulso

de pernas e mãos, ressaltando os sons dos gemidos

sutis emergidos dos corpos entorpecidos pelo desvario...

Não percebemos o tempo que passou, queríamos eternizar

aquele instante mágico que enfebrecia nossos corpos...

Em nossa volta excedia o cheiro de desejos extremados,

que anunciavam um  alvorecer novo e edificante,

na parceria ansiosa pela volúpia do beijo.

Wilson M. Pereira

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