DOUTRINA CATÓLICA

PRONUNCIAMENTO DO REITOR DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA

A Igreja da Santíssima Trindade não será um «templo ecuménico» !

1- Os leitores da «Voz da Fátima» estarão recordados de um Comunicado da Reitoria do Santuário, publicado em Janeiro 2004, com o título «Fátima Santuário de todas as religiões?».

2- Os movimentos que então se salientaram na oposição ao nosso Congresso de Outubro aí recordado, aproveitaram agora a vinda de um grupo de hindus ao Santuário, noticiada na «Voz da Fátima» de Maio 2004, para se relançarem na sua campanha maciça de carácter anti-ecuménico e mesmo contra o diálogo inter-religioso.

3- Dado que nos chegam pedidos de esclarecimento, e a fim de encontrar uma forma de a todos responder com celeridade, redigimos este breve comunicado, dando por conhecidos os princípios já apresentados quanto ao acolhimento de irmãos de outras confissões ou religiões, e fixando-nos nos dois pontos agora em foco: a vinda de um grupo de hindus e o destino da nova igreja da Santíssima Trindade.

4- O grupo hindu escreveu-nos com antecedência, dizendo que desejava «reconstituir a visita efectuada pelo Sr. ‘Morari Bapur’, que precedeu a de Sua Santidade o Papa João Paulo II», em Maio de 1982.

5- Até junto da Imagem de Nossa Senhora subiu o sacerdote que traziam consigo e um tradutor, tendo os restantes membros ficado em baixo.

6- O sacerdote cantou uma oração durante alguns minutos. Não fez qualquer gesto, não realizou qualquer rito, sobre ou fora do altar. O tradutor explicou que ele pedira «à Santíssima Mãe que desse aos governantes das nações sabedoria e discernimento, para que no mundo pudesse haver paz, paz, paz».

7- Anotamos que esta intenção da paz, por ser universal, é a mesma, ao que supomos, que vem trazendo ao Santuário outras personalidades não católicas, como por exemplo o Dalai Lama, o Presidente da República da União Indiana, e as esposas dos Presidentes Clinton e Arafat. Os grupos cristãos não católicos virão também com a intenção de pedir a unidade da Igreja. Embora não com grande frequência, têm sido acolhidos alguns altos representantes das Igrejas ortodoxas. Recentemente umas dezenas de sacerdotes anglicanos, acompanhados do seu Bispo, realizaram um retiro espiritual, numa das casas do Santuário.

8- Feita a oração na Capelinha, os peregrinos hindus foram recebidos, numa sala, pelo Senhor Bispo de Leiria-Fátima e pelo Reitor do Santuário, a quem disseram que vieram por devoção para com a «Santíssima Mãe». Não falaram em semelhança, ou transferência deste nome para qualquer entidade da sua religião. Deve por isso ser dado o devido desconto a aproximações que tenham sido invocadas pelos media, cuja presença não pudemos preparar, por dela termos tido conhecimento tardio.

9- Quanto à igreja da Santíssima Trindade, e uma vez que persiste a vontade de a chamar «templo ecuménico», podemos dizer que esta denominação, aliás susceptível de interpretação católica, não é do Santuário, e não temos, nem nunca tivemos, intenção de realizar, na igreja em construção, quaisquer celebrações que não estejam previstas nas directrizes da Igreja Católica. O Santuário procura ser fiel à mensagem de que Deus o fez depositário, e não pode deixar de notar o carácter nitidamente católico que a mesma inculca, tanto nas aparições do Anjo, que nos inspiraram na escolha do título da futura igreja, como nas de Nossa Senhora, que contêm alusões dramáticas ao papel mediador do Papa e dos Bispos, na unidade da Igreja, e para a paz do mundo.

10- Na esperança de que nos compreendam todos os irmãos que desejam e rezam pela união possível de todos os cristãos, de todos os crentes, e de todos os homens, elevamos também nós a nossa prece a Nossa Senhora de Fátima, para que nos fortaleça na vontade de unir e nos livre de todo o espírito de dissensão e polémica.

Santuário de Fátima, 29 de Junho de 2004, solenidade de S. Pedro e S. Paulo.

O Reitor: P. Luciano Guerra