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TURISMO
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Saiba mais sobre a Fundação
Os paulistas de Piratininga passaram pela região da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso muito antes da data fixada como fundação da Freguesia, em 1774. No decorrer de toda sua história, a atual Campinas, acolheu uma vasta discussão a respeito da data de fundação. Tal discussão gerou diversas pesquisas, debates e facções que, praticamente, se digladiavam até poucos anos atrás. A dúvida era: será que Campinas comemora seu aniversário na data correta? O debate não poderia perdurar sem definições e a dúvida no ar obrigou ao Legislativo campineiro a tomar uma posição. O curioso é que os documentos colhidos e analisados pela Câmara municipal davam a certeza e, talvez a segurança, em fixar o dia 14 de julho de 1774 como data oficial da fundação da Freguesia, futura Campinas. De um modesto bairro rural, depois a Freguesia, Vila e Cidade, apenas em 19 de abril de 1971 a Câmara Municipal de Campinas aprovou a lei de no 3984, promulgada pelo então prefeito Orestes Quércia que oficializava o dia 14 de julho de 1774 como data da fundação de Campinas. Em 1939, grandes solenidades e uma exposição foram realizadas em Campinas para comemoração do bicentenário da fundação da cidade. Após as comemorações um monumento homenageando a fundação da cidade de Campinas foi construído na Praça Guilherme de Almeida e causou desaprovação por parte do jornalista Jolumá Brito, que publicou na imprensa local uma série de artigos contestando a data de fundação. O jornalista e historiógrafo afirmava que Campinas fora fundada em1739.
No cenário político campineiro do final da década de 30, os vereadores Antônio Rodrigues dos Santos Júnior, Romeu Santini, Luis R. Lot, Adalberto Von Zuben, Lucídio Cazotti, Amerígio Piva, Alfredo Gomes Júlio e Ademar Nascimento Lemos apresentaram à Câmara Municipal um requerimento que solicitava uma comissão especial para esclarecer a dúvida sobre a data da fundação da cidade e, em seguida, que a data verdadeira constasse no monumento da fundação de Campinas, localizada na Praça Guilherme de Almeida, em frente ao Palácio da Justiça. Comissão Especial A comissão Especial ficou composta por João Batista de Sá (Jolumá Brito), Teodoro de Souza Campos Júnior, José de Castro Mendes, Alaor Malta Guimarães e Alfredo Gomes Júlio (presidente da comissão). Em 19 de dezembro de 1963 foi apresentado o primeiro relatório, que apenas confirmava a data da fundação e não contou com a assinatura de Jolumá Brito, justamente por discordar da decisão desse relatório. Indignado, Jolumá Brito enviou ao então presidente da Câmara, Romeu Santini, um ofício extenso, no qual apresentava seus argumentos contra a opinião dos demais membros da comissão. A Câmara Municipal pediu que o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo nomeasse outra comissão composta por T. O. Marcondes de Souza e Tito Lívio Ferreira, que em parecer divulgado em 10 de setembro de 1964, confirmou a data de 14 de julho de 1774. A comissão do I. H. G. S. P. declarou que os documentos apresentados por Jolumá Brito não serviam de base para modificar a data da fundação de Campinas. A comissão especial composta pelos vereadores da cidade encerrou seus trabalhos apresentando seu relatório final baseado no parecer da comissão do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo que confirmou a data de fundação e também não contou com a assinatura de Jolumá Brito, um dos membros da Comissão Especial. Datas, o que são datas? Deu para notar que a fundação de Campinas esteve essencialmente ligada à datas e cada um, sejam lideranças políticas, jornalistas ou historiadores tinham opiniões formadas. Como se não bastasse, o vereador Antônio Rodrigues dos Santos propôs a oficialização do dia 15 de novembro de 1732, como data de origem da cidade. Mas não contava com um porém. No projeto de lei, o redator substituiu a expressão data de origem por fundação e são expressões bem diferentes, de acordo a análise do jornalista Benedito Barbosa Pupo. "Nesse caso, a concessão de sesmarias pela Coroa Portuguesa aos requerentes poderia ser tomada como ponto de partida, que levasse à fundação e desenvolvimento de um núcleo urbano aqui nas paragens conhecidas como as "Campinas do Mato Grosso".
O "Caminho de Goiases" foi aberto em 1722 e levava os paulistas do Planalto de Piratininga às minas de ouro. Com a concessão de sesmarias, iniciou-se o povoamento na área onde hoje está localizado o município de Campinas, num sítio conhecido como Campinas do Mato Grosso. Na realidade, Campinas do Mato Grosso, ainda não era considerada uma cidade, mas sim um bairro rural, cujos habitantes, em 1773 obtiveram licença dos líderes eclesiásticos e do governador da Capitania de São Paulo Dom Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, para a construção de uma igreja no singelo bairro. Mas as obras estavam muito lentas, então os moradores do bairro resolveram pedir outra licença para a construção de uma capela provisória e foram atendidos. Em 27 de maio de 1774, o governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus (1765 a 1775) mandou fundar no sítio uma povoação que quisesse se expandir e Francisco Barreto Leme ficou encarregado de por em prática o plano. Ele era líder e morador do bairro rural, foi Barreto Leme que intermediou as negociações para a obtenção da licença para a construção da igreja e, depois da capela provisória no bairro e futura freguesia. No dia 14 de julho de1774 foi celebrada a missa que oficializou a data de fundação de Campinas, pelo Frei Antônio do Nascimento de Pádua. Assim, o bairro rural de Campinas do Mato Grosso transformou-se em Freguesia de Nossa Senhora da Conceição.
Nada é por acaso, tudo tem um motivo, um por quê. Com a cidade de Campinas não foi diferente. Campinas foi uma cidade que nasceu dentro dos padrões de um plano urbanístico muito rudimentar, mas que não deixava de ser um plano diretor estratégico. O jornalista e historiador campineiro Benedito Barbosa Pupo é da seguinte opinião. "Campinas se originou da capela", tese que defende desde 1968. "Campinas foi planejada e traçada previamente. Não cresceu ao Deus dará, ao longo da estrada de tropas como outras cidades do país, como Cotia, que foi o exemplo escolhido por Luis Saia, autor do livro Campinas, seu berço e juventude para mostrar o núcleo urbano que se fez sem objetividade de urbanização, mas ao acaso de interesses particulares dos viajantes e dos problemas", conta Barbosa Pupo. Luis Saia, em seu livro concluiu: "É impositivo, pela verdade histórica, que se exclua Campinas dentre as cidades que nasceram ao longo da passagem dos caminhantes". A Freguesia das Campinas do Mato Grosso foi a última obra a ser criada por Morgado de Mateus, dois anos antes de ser deposto e voltar para Portugal, onde o Marquês de Pombal foi processado por abuso de poder e caiu em desgraça. A criação da Freguesia foi considerada o encerramento com chave de ouro do plano estratégico de Lisboa, que coincidiu com a política da região liderada por Francisco Barreto Leme sob as ordens da Coroa Portuguesa. Barreto Leme não era um simples sesmeiro nascido no Vale do Paraíba, de onde saíram tantos desbravadores dos sertões paulistas e mineiros. O fundador oficial de Campinas descendia de uma das famílias que melhor representaram os interesses econômicos, políticos, militares dos ricos financistas europeus durante cinco séculos de expansão portuguesa em três continentes: América, África e Ásia que começou no séc. XV.
Luis Antônio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, não era um simples neófito em relação ao Brasil. Quando o rei de Portugal, Marquês de Pombal, o indicou para ocupar o cargo de governador da Capitania de São Paulo, levou em consideração seus antecedentes. O nome Morgado de Mateus representava um título de nobreza portuguesa, justamente porque era membro da aristocracia, além disso, era parente distante de Dom Francisco de Sousa, governador geral do Brasil de 1951 a 1611 e ligado a Martim Afonso de Sousa, fundador da primeira vila do Brasil, a de São Vicente, em 1532. Toda essa familiaridade com o Brasil, rendeu a Morgado de Mateus um conhecimento razoável sobre o país e pelo interesse espanhol sobre o território que iria governar. O curioso é que um dos integrantes da equipe de Dom Francisco de Sousa era o espião espanhol Manuel Juan de Morales, um especialista em mineração e, inclusive, participou dos primeiros trabalhos de exploração mineral próximos da região de Campinas, como: Araçoiaba da Serra e Sorocaba, no final do século XVI. Os detalhes da viagem do espião Juan Morales ao Brasil seriam mais tarde, relatados ao rei da Espanha em 1636, onde sonhavam com a potencialidade econômica que vislumbravam no território paulista. Quando soube que conduziria a Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus já sabia do interesse dos espanhóis pela área paulista. Para executar o plano geopolítico criado em Lisboa, o Morgado procurou reunir toda a bibliografia e cartografia da época sobre o país e sobre a Capitania que era construída pelos atuais Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e partes do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Neste momento, Luis Antonio de Sousa Botelho Mourão soube da localização de uma comunidade que habitava na região, hoje conhecida como Campinas. No período de 1743 e 1758, o governador da Capitania paulista recebeu um mapa elaborado por Francisco Tosi Columbina, onde o nome da atual Campinas aparece, talvez, pela primeira vez em outros documentos. Campinas é caracterizada no mapa como um arraial, que era a designação para núcleos em estágio inicial de povoação. O mapa e outros documentos, como as próprias informações de Manuel Juan de Morales o espião espanhol que vai orientar o projeto urbanístico de ocupação da Capitania de São Paulo. Morgado de Mateus governou a capitania durante 10 anos (1765 1775) e chefiou o processo de criação de aproximadamente 20 cidades entre as regiões Sul e Sudeste do Brasil, que permanecem até hoje. A grande obra de Morgado de Mateus foi a construção de Vilas e Freguesias como Lages, em Santa Catarina, Fortaleza de Iguatemi (região correspondente ao sul do Mato Grosso do Sul), Piracicaba, Campinas, entre outras. A última povoação fundada por determinação de Morgado foi a Freguesia de Nossa Senhora das Campinas do Mato Grosso, que recebeu esse nome porque na época ainda estava totalmente coberta com florestas. O plano praticado por Morgado de Mateus supriu as expectativas da Coroa Portuguesa e coincidiu com a eclosão de um movimento de senhoras de terras locais pela emancipação do bairro das Campinas de Jundiaí. Francisco Barreto Leme, um desses latifundiários, foi confirmado em 27 de maio de 1774 por Morgado de Mateus como fundador oficial da nova Freguesia. Campinas, naquela época Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Campinas do Mato Grosso. Após informações prestadas pelas Câmaras de Jundiaí e Mogi Mirim, Martim Saldanha confirmou em 3 de agosto de 1775, Barreto Leme no cargo. Morgado de Mateus ajudou a restaurar a economia da Capitania de São Paulo durante a economia, incentivando a lavoura canavieira, em franca expansão, principalmente no chamado "Quadrilátero do Açúcar", que corresponde a área demarcada pelas linhas que ligam Sorocaba, Piracicaba, Jundiaí e Mogi Guaçu. Com a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso que revelava grande vocação para a exportação de açúcar. |