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Filme ou realidade?

 "A realidade, com seu sentido mal interpretado e a ênfase mal colocada, não é senão a ficção". Rabindranah Tagore

 A velha idéia de que os filmes podem ser considerados apenas como diversão ou arte, é atualmente encarada com crescente ceticismo. O cinema não vive num estado de sublime inocência ou com seus enredos recheadas de grandes romances que se eternizaram a história do cinema. É mais do que isso! O cinema retrata o mundo, as diferentes sociedades, seus costumes, religiões, etc.

Desde que o cinema se tornou arte, seus pioneiros passaram a intervir na história com filmes, documentários ou ficções, que, logo no início, sob a aparência de representação, doutrinam e glorificam personagens, o público e os próprios atores. Observem: Na Inglaterra, mostram a rainha e seu vasto império, sua frota; na França, preferiram filmar as criações da burguesia ascendente; um trem, uma exposição, as instituições republicanas. Sem contar os filmes de propaganda nazista, fascista, soviética, comunista e socialista.

É difícil medir ou avaliar a ação exercida pelo cinema. Certos efeitos são, pelo menos, distinguíveis.

O filme Judeu Süss alcançou enorme sucesso na Alemanha, independentemente das ordens do alto escalão nazista. Logo após a projeção deste filme, em Marselha, os judeus foram molestados.

Nos Estados Unidos, os filmes antinazistas e os de exaltação da solidariedade patriótica só tiveram sucesso por dois motivos: não glorificar a Resistência nos países ocupados nem a luta contra as instituições legais na Alemanha e não questionar sob pretexto de coordenar melhor a produção de acordo com o apelo do presidente americano Franklin Roosevelt.

"O fato de até agora não termos ainda dominado o cinema prova o quanto somos desastrados e incultos, para não dizer idiotas. O cinema é um instrumento que se impõe por si mesmo, é o melhor instrumento de propaganda", disse Leon Trotski, em 1923.

De fato, o cinema educativo, científico e de animação ocupa um lugar privilegiado no programa cultural posto em prática após a nacionalização na ex-União Soviética. O cinema, até então, não era visto como objeto cultural.

Os filmes de propaganda multiplicaram com a primeira guerra, sob impulso dos serviços cinematográficos nos exércitos. As empresas privadas contribuíram para isso. As câmeras registravam o real, particularmente o inimigo. Foi seguindo este exemplo, que os alemães instalaram câmeras automáticas nas trincheiras. Algumas delas registraram imagens inesquecíveis de soldados franceses ou ingleses deixando-se estraçalhar pelas metralhadoras.

Os soviéticos e os nazistas foram os primeiros a encarar o cinema em toda a sua amplitude, analisando sua função (no mundo do saber, da propaganda e da suposta cultura). Eles estavam construindo duas contra-sociedades e só sentiam desprezo ou ódio pelo comportamento cultural dos dirigentes que estavam substituindo.

Joseph Goebbels e Hitler passavam tardes inteiras no cinema. E quando Goebbels dirigia a produção de um filme, como o Judeu Süss, por exemplo, ele participava de todas as etapas da filmagem, sem ser apenas roteirista.

Os ídolos, com quem o público gostava de se identificar, cujo estrelismo era usado para fins ‘patrióticos’ ficavam a cargo de: William Hart, Charles Chaplin, Douglas Fairbanks, Theda Bara, Sarah Bernhardt, Gary Cooper, John Wayne, Greta Garbo, Humphrey Bogart, Robert Taylor, Ginger Rogers, Shirley Temple, Henry Fonda, Bette Davis...

Diante da tela, quando as luzes da sala de cinema se apagam, ficamos inebriados com a seqüência de cenas em movimento que nos põe histórias. Um misto de silêncios, sons, romances, guerras, horrores, revoltas, ordens, sonhos, discriminações, agressões, mortes, frustrações, líderes, revolucionários, violência, sofrimentos, vontades...O povo não toma parte. Fixa-se seus olhares no imaginário. É só ficção. A revolta solitária se torna um gesto desesperado.

Será que as pessoas saem da sala de cinema com suas mentes perturbada? Será que os filmes são só ficções?

Patrícia Santos