Postado por: Mauro A. Silva - coordenador do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública
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Cremilda Dentro da Escola - http://cremilda.blig.ig.com.br

22/01/2007 08:28
A "Ética" do corporativismo na escola pública
O principal debate promovido pelos professores das escolas públicas é se devem receber salário integral por aulas de 48, 50 ou 55 minutos...
Neste ambiente dominado pelo corporativismo, não sobra tempo para falar em ética, nem cidadania e nem interesse público.
Na última edição da Revista Educação (nº 117, janeiro de 2006), o educador José Pacheco, criador da Escola da Ponte em Portugal, faz uma citação de Lorraine Moureou: "um terço dos professores é muito bom, um terço pode ficar bom, um terço deve mudar de profissão" . Segundo Pacheco, esta última "terça parte" é responsável pela degradação do estatuto do professorado...
Como é que vamos resolver esta trágica questão educacional? Como reconhecer, destacar e valorizar esta "terça parte" de bons professores? Como re-ciclar ou re-formar esta "terça parte" de professores que podem ficar bons? Como excluir da escola pública esta "terça parte" de professores que deveriam mudar de profissão?
O empresário Antonio Ermírio de Morais escreveu o seguinte: " Sistemas de avaliação do aluno e dos professores são fundamentais, o que implica flexibilização das gratificações para premiar os bons e punir os maus -coisas que saíram da agenda dos governantes depois do domínio dos sindicatos e das corporações de ofício ". ("Prioridade: ótima educação", jornal Folha de São paulo, 21/01/2007).
O desafio é libertar os sitema educacional que está refém de sindicatos que atuam como autênticas "corporações de ofício" da Idade Média.

Neste atual ambiente, falar em obrigatoriedade de contratar professores de filosofia e de sociologia para ministrarem aulas semanais de 48, 50 ou 55 minutos é a mais pura demonstração do poder que as corporações exercem no falido sistema educacinal brasileiro.
A edição nº 116 da Revista Educação (dezembro/20006) traz a seguinte matéria de capa: “ Filosofia na escola - Obrigatoriedade da disciplina é oportunidade para que seu currículo adote conteúdos enciclopédicos de forma interdisciplinar e com abordagem histórica”.
A matéria é muito boa: aborda conceitos filosóficos, fala de “ética e cidadania”, fala do caráter “interdisciplinar”, e apresenta propostas práticas para as aulas de filosofia... Mas, parece que o professor Silvio Gallo, autor da matéria, não leu o Parecer CNE/CEB nº 38/2006 (aprovado em 07/07/2006), o qual serviu de base para a Resolução nº 4/2006 do Conselho Nacional de Educação. A leitura do Parecer CNE/CEB nº 38/2006 não deixa dúvidas de que a proposta aprovada é meramente corporativista: ao invés de propor diretrizes para as escolas adotarem projetos interdisciplinares, o CNE defende pura e simplesmente que as escolas contratem professores de filosofia e sociologia para cumprir carga horária nas escolas .

Leia também: Filosofia aos pedaços

continua...

Postado por: Mauro A. Silva - coordenador do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública
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Publicado originalmente no blog Cremilda Dentro da Escola:
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