Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública
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24/09/2008 08:07

Bullying, valentões, omissões e mortes...

O assassinato frio e covarde de 10 alunos na Finlândia causa indignação e perplexidade...
Ainda não foram divulgadas as motivações doentias do assassino de 22 anos... Mas a imprensa sensacionalista não perdeu tempo: já está comparando esta tragédia com outras acontecidas em escolas, especialmente a tragédia na escola Columbine (Colorado, EUA, 1999)...

Nada justifica os assassinatos...
No caso de Columbine (20/04/1999), dois alunos (17 e 18 anos) atiraram contra colegas e professores, matando 13 pessoas antes de de se suicidarem.
Estes dois estudantes não eram populares na escola. Eram frequentemente ridicularizados pelos alunos atletas e por alguns professores...

O Bullying e a omissão da escola...
O bullying escolar é a prática continuada de violência física ou psicológica contra alunos “mais fracos”. (Bully = valentão).
Após o caso de Columbine (1999), muitas crianças criaram coragem e denunciaram serem vítimas de bullying nas escolas; e que haviam denunciado os casos às direções escolares, mas que as escolas não tomaram as devidas medidas de proteção. Em columbine, algumas vítimas processaram tanto os atiradores quanto a própria escola.
Nem toda vítima do "bullying" vira agressora ou assassina. O mais comum é a vítima entrar em depressão, sendo que em alguns casos a depressão leva ao suicídio.

Brasil não pune violência "DAS" escolas
O caso mais trágico do Brasil aconteceu em Taíva (SP): em 27/01/2003, o aluno Edimar de Freitas (18 anos) entrou no pátio da escola estadual Coronel Benedito Ortiz atirando. Atingiu sete alunos, a vice-diretora, o marido da zeladora e se matou. O aluno era frequentemente chamado de gordo, inclusive na sala de aula, na presença dos professores. (leia aqui )
Não se tem notícias de que os professores ou a escola tenham sido advertidos ou punidos.

É normal professor chamar aluno de 'bicha', diz secretaria
No caso da EE Octacílio de Carvalho Lopes (S. Paulo-SP, 19/04/2004), um professor chamou o aluno de "bicha" em plena sala de aula; e este aluno foi agredido fisicamente na própria sala de aula, na presença deste professor. A Secretaria de Educação permitiu que este professor fosse promovido a coordandor pedagógico em uma escola vizinha e tambem avalizou um relatório dizendo que "é normal professor chamar aluno de bicha (Jornal da Tarde, 23/05/2005)Depois que a imprensa divulgou o caso, a SEE fez o processo andar e, depois de 3 meses, determinou uma "punição" ao professor: uma advertência escrita!!! Só isso e nada mais...

Paredão Pedagógico
No caso da escola estadual David Eugênio dos Santos (zona norte da capital de SP), nem mesmo a foto de alunos "de castigo", no "Paredão Pedagógico", foi suficiente para investigar e punir as práticas de constrangimento ilegal contra as crianças.
Pior que isso: as autoridades que deveriam investigar foram "promovidas" a cargos superiores: uma supervisora virou dirigente regional... e o dirigente regional virou coordenadodor da COGSP... Ah, sim: puniram uma professora que denunciou diversas ilegalidas da escola...

Outros casos...
- EE Lucas Roschel Rasquinho
Aluno de 14 anos foi agredido pelo professor dentro da sala de aula. Após seus pais denunciarem irregularidades na escola, o aluno foi novamente agredido em sala de aula, agora por outro aluno maior de idade.
- Escola Municipal Marechal Deodoro
Criança de 8 anos era agredida fisicamente pelos coleguinhas dentro da sala de aula, sob o olhar complacente da professora. Após denúncias, o espírito corporativo cerrou fileiras em defes da da professora e da escola. A mão foi obrigada a procurar outra escola, sob ameaça de perder a guarda dos filhos. O processo correu na Foro Regional de Pinheiros, em 1997/1998... o processo criminal é uma "pérola" de defesa da corporação: além de não reponsabilizar a professora e a escola, ainda condenaram os pais dos 8 alunos suspeitos de serem os agressores...
- CEU Aricanduva (zona leste da capital)
Diretora da escola obrigou cirança a desntupir vaso sanitário com as próprias mãos (Jornal Agora São Paulo, 15/10/2005).
- CEU Vila Rubi (Grajaú, zona sul da Capital de SP)
Aluno de 14 anos morreu 9 dias após ser espancado por colegas dentro da escola. A secretaria municipal de educação não quis falar com a imprensa. A diretora do CEU limitou-se a dizer que a briga acontecera fora da escola...

O mundo está de luto pelas mortes dos alunos da Finlândia... O Brasil deveria estar em permanente luto por nossas crianças que diariamente sofrem todo tipo de violências DAS escolas públicas.

continua...

Postado por Mauro A. Silva - Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública

Publicado originalmente no blog
Cremilda Dentro da Escola - cremilda.blig.com.br