16 anos para ensinar o "Burro" a ler e a escrever...
(da série: Prêmio IgNóbil de Educação-2006)
A proposta "Compromisso Todos pela Educação", feita por 180 empresários, mais parece aquela " historinha do burro de estimação do rei ": um espertalhão assumiu o compromisso de ensinar o burro a falar... como a empreitada era muito difícil, o espertalhão pediu 20 anos de prazo... 20 anos de salários... 20 anos de mordomias no palácio real... Um amigo questionou o espertalhão: "e se o burro não aprender a falar"? Resposta do espertalhão: em 20 anos, ou eu, ou o burro, ou o rei estará morto... até lá, serão 20 anos de mordomias... O cenário de lançamento é o mesmo da farsa da Indepedência do Brasil. D. Pedro I declarou a "independência" e assumiu o trono antes que "outro aventureiro" o fizesse (a conselho de seu pai, Dom João VI, o Rei de Portugal)... A farsa ficou comprovada tão logo D. Pedro I achou melhor renunciar para assumir o Reino de Portugal (após a morte de seu pai)...
O Brasil precisa se libertar da escravidão imposta pelos banqueiros nacionais e internacionais... São R$ 150 bilhões/ano para pagar juros, enquanto que se investe apenas R$ 10 bilhões na Educação...
Uma banqueira declarou que o "Compromisso" não vai intervir diretamente nas escolas... significa que vão manter a principal estrutura de exclusão que existe no Brasil: as escolas públicas...
Uma sonhadora disse: "precisamos qualificar a oferta [educacional]" (sic)... alguém poderia traduzir estas palavras???
Um industrial/capitalista disse: "o maior problema educacional é aprimorar os investimentos". "Esse é um projeto que não precisa de dinheiro do empresário. O empresariado dará experiência gerencial." ... os pseudo-capitalistas brasileiros aceitam qualquer empreitada, desde que não tenham de meter a mão no próprio bolso ...
O ministro da Educação, disse o seguinte sobre o "Compromisso" de aumentar os gastos com a Educação: isso é "totalmente possível, pois são 0,3 ponto percentual por ano"... é por isso que o governo do país que paga os maiores juros do planeta continua com total apoio dos banqueiros nacionais e internacionais ...
O jornalista Fabio Takahashi (Folha de S. Paulo, 07/09/2006) ainda registrou uma outra esperteza governamental: "Haddad disse que o governo federal estuda criar uma lei de incentivo para a educação, nos moldes do aplicado à cultura com a Lei Rouanet: a empresa que financiasse um programa de educação poderia abater impostos "... Já tínhamos o "circo dos incentivos culturais" e a "doação casada" nos Fundos da Criança e do Adolescente... Agora teremos as empresas usando dinheiro público (de todos) para financiar projetos de seus próprios interesses comerciais ...
... Quem viver 16 anos, verá...
Postado por: Mauro A. Silva - coordenaor do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública