PÓVOA DE VARZIM

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É uma cidade milenária. O seu nome actual é Póvoa de Varzim. Cidade do litoral, plana, 15 metros acima do nível médio da água do mar, ocupando uma área de aproximadamente 250 hectares, com uma forma mais ou menos rectangular. Situa-se no norte de Portugal, 28 quilómetros a norte da cidade do Porto, é uma cidade que tem presentemente 30.000 habitantes e recebe, na época balnear, mais de 100.000 veraneantes. Além do turismo, Póvoa de Varzim é uma cidade com múltiplos pólos de atracção, onde se podem salientar as suas famosas festas e romarias, o seu folclore, a sua gastronomia, o seu artesanato e os seus monumentos.

Cidade à beira mar

 

-BREVE RESENHA HISTÓRICA-

Diversas têm sido as opiniões dos críticos e historiadores acerca do título de Varzim, que esta cidade tem conservado desde a fundação da monarquia, contudo, deixando algumas tradicionais ideias (sem qualquer fundamento) transparece que a mais certa derivação da palavra Varzim, vem de uma pequena várzea. De documentos da época consta existir aqui o Lugar da Varzinha, donde deriva o nome Póvoa de Varzim, há mais de mil anos povoação, e que antes de chegar a cidade, segundo o investigador da história local, Viriato Barbosa, conheceu as seguintes denominações:

Vila Euracini-953; Vila Ueracini-1033; Vila Uerazini-1069; Vila Ueracin-1206; Varazim de Jusão-1308; Bajlya da Poboa Noua de Varazim-1343; Villa da Povoa de Varzim-1514; Cidade da Póvoa de Varzim-1973.

É num documento de 26 de Março de 953 que é feita a primeira referência a "Vila Euracini" (carta de venda de Vila do conde e Quintela feita por Flamula Deo-Vota ao Mosteiro de Guimarães). Os seus habitantes, desde logo, se começaram a dedicar à exploração agrícola e marítima, tipo de vida anfíbia que futuramente caracterizaria a laboriosa população poveira, explorando simultaneamente a terra e o mar, quer arando os "campos de masseira", adubados com "sargaço" e "pilado" para das suas entranhas extraírem os conhecidos e saborosos produtos agrícolas, quer enfrentando destemidamente as perigosas ondas do mar poveiro donde arrancam, em frágeis traineiras e com técnicas arcaizantes, o abundante e variado peixe, pão de cada dia, repartido pelas terras do interior minhoto e transmontano.

Por foral do Rei D.Dinis de 1308, foi concedida "graça e mercê" aos habitantes do regaengo de "Varazim de Jusão" (54 chefes de família, alguns com apelidos ainda hoje usados) para que estes fizessem aí "hua pobra", sob condição de serem pagos ao Rei e a todos os seus sucessores, 250 libras anuais, pelos seus direitos. Em 25 de Novembro de 1514 os moradores da "poboa" obtiveram do Rei D.Manuel I um "novo foral", a verdadeira carta de alforria. A "pequena bailya da poboa noua de Varazim" foi incorporada na Coroa e anexada à Comarca do Porto em 1537 e a partir dos princípios do século XVIII, por acção do Corregedor Almada, ganhou feição de burgo urbano, não mais deixando de crescer e de se valorizar, até se transformar de velho burgo de pescadores, na actual cidade, importante zona de turismo e uma das maiores e mais concorridas praias de Portugal, talvez a mais antiga praia de banhos, pois já na acta da sessão camarária de 5 de Junho de 1776 se lê: «...muita gente que a ela vinha comprar peixe e também aos banhos de mar». Em 16 de Julho de 1875 foi criada a Comarca da Póvoa de Varzim quando a sua população se cifrava em 11 mil habitantes dos quais 8 mil se dedicavam à faina da pesca, número revelador da importância da colmeia piscatória e da necessidade da construção do porto de abrigo.

Casino da Póvoa de Varzim

E esta simples "póvoa marítima", nascida e criada à beira-mar, desenvolvendo-se como Vila piscatória, foi elevada à categoria de cidade em 16 de Junho de 1973, depois de atingir a maioridade e de se impôr como capital da Costa Verde, proporcionando aos que a visitam todas as sensações de uma grande cidade, dos desportos náuticos às fainas agrícolas, dos jogos no Casino às célebres procissões, do folclore ao artesanato, do comércio e indústria aos antigos monumentos. Pela riqueza do seu mar, a fecundidade das suas terras, a ancestralidade e variedade do seu artesanato, a beleza e extensão das suas praias, pelo labor e hospitalidade das suas gentes, os modernos complexos hoteleiros e de diversão que proporciona, pelo posicionamento que ocupa na região da Costa Verde, a Póvoa de Varzim atrai e polariza, desde 1776 as atenções de nacionais e estrangeiros durante todo o ano, mas com maior incidência na época balnear.

Passeio Alegre

O concelho conta, presentemente, com cerca de 60.000 mil habitantes, tem a área de 87,64 kms quadrados; e é formado por 12 freguesias: Aguçadoura, Amorim, Argivai, A-ver-o-mar, Balazar, Beiriz, Estela, Laúndos, Navais, Rates, Terroso e Póvoa de Varzim.

Concelho da Póvoa de Varzim

-FESTAS E ROMARIAS-

De entre as diversas procissões que se efectuam em datas fixas ou móveis destacam-se as da Quaresma e Semana Santa - Procissão dos Passos, no domingo anterior ao de Ramos; a procissão de Ramos no domingo próprio; a do Enterro do Senhor, na noite de Sexta-Feira Santa e a da Ressurreição, no Domingo de Páscoa. Ainda nesta quadra merece referência na Quinta-feira Santa, à noite, a visita às igrejas da cidade, decoradas festivamente com quadros e símbolos alusivos à Semana da Paixão e o grandioso piquenique na segunda-feira de Páscoa.

Em 28 e 29 de Junho realizam-se as Festas Concelhias de São Pedro, de tradição popular, com rusgas, fogueiras e "tronos" nos principais bairros - Sul, Matriz e Norte. Manda a tradição que se comam as sardinhas assadas sobre saborosos nacos de boroa de milho, regados com canecas de vinho verde. A procissão dos Santos Populares sai no dia 29, feriado municipal.

S. Pedro

 

No primeiro domingo de Agosto realiza-se na freguesia de Laúndos, no Monte de São Felix, a mais popular romaria poveira - a da Senhora da Saúde.

No dia 15 de Agosto têm lugar as mais famosas festas locais, verdadeiras festas dos pescadores - a da Nossa Senhora da Assunção. Para além das cerimónias religiosas e do parque de diversões próprios das festas nortenhas, salienta-se a riquíssima procissão, com 9 andores transportando imagens de Santos em tamanho natural, alguns de beleza ímpar. Ao passarem em frente à enseada no porto de pesca, são virados para o mar, como uma benção, enquanto que da centena de barcos ancorados, todos embandeirados, são lançados milhares de foguetes num tiroteio ensurdecedor, que dura uma meia hora, ao mesmo tempo que estrugem nos ares as sirenes de bordo. É uma maneira rude, barulhenta, mas sincera, de homenagear a Virgem da Assunção, padroeira dos pescadores poveiros. No terceiro domingo de Setembro outra grande festa, de muita tradição e devoção das gentes do Norte se realiza - a da Senhora das Dores. Decorações, iluminações, fogo de artifício, vasto parque de diversões e, igualmente, uma rica procissão, com três andores, de entre os quais se salienta o de Nossa Senhora das Dores, pela beleza da imagem. É altamente emocionante e comovente o desfile de muitos milhares de "promessas", homens e mulheres, tantos deles descalços, e pescadores envergando os seus trajes de oleado, todos empunhando velas com comprimentos iguais à altura de cada um. Realizam-se ainda algumas outras procissões, sempre ricas de figurado.

Praça de Touros

 

-ARTESANATO-

Mantas, passadeiras e carpetes de farrapos, tecidas em teares rudimentares, de madeira. Fabricadas em maior quantidade na freguesia de Terroso. Beiriz dá o nome aos famosos tapetes, carpetes e passadeiras, verdadeiras obras primas saídas das mãos de habilidosas tecedeiras, cuja arte se transmite de mães para filhas. Camisolas de lã, bordadas à mão, a ponto de cruz, com motivos marítimos, muito usadas no país como no estrangeiro, para onde se exportam. Trabalhos de vime, objectos em conchas marítimas, obra de talha, rendas de bilros e outros também aqui se manufacturam.

-GASTRONOMIA-

A cozinha poveira é rica e variada, apetitosa, original, com personalidade própria, onde a culinária poveira exerce sobre o paladar do visitante uma fascinação inesquecível. Arroz de marisco ou de sardinha, a famosa pescada à poveira, caldeirada, açorda de marisco e lagosta suada, são alguns dos pratos mais conhecidos e apreciados. Há igualmente boa e diversa qualidade de doces, destacando-se as famosas "rabanadas", "barquinhos", "beijinhos", "bolachas", "sardinhas" e "poveiros".

-FOLCLORE-

Popularmente designado por Rancho Poveiro, fundado e dirigido em Junho de 1936 pelo etnógrafo António Santos Graça, natural desta cidade, o Grupo Folclórico Poveiro "revive" as danças e cantares desta praia. Os seus elementos envergam trajes de romaria, com cerca de cem anos, já totalmente em desuso, à excepção da camisola dos elementos masculinos.

Grupo Folclórico Poveiro

 

-MONUMENTOS E PERSONALIDADES-

Muitos e variados são os monumentos no concelho, alguns integrando o valioso património nacional, como por exemplo a Igreja Românica de São Pedro de Rates (séc.XI), fundada pelo Conde D. Henrique; a cividade de Terroso, situada na freguesia do mesmo nome, é uma significativa estação arqueológica da cultura rastreja; o grandioso aqueduto que atravessa as freguesias de Beiriz e Argivai, construído entre 1705 e 1714; o pelourinho, marco da autonomia da Póvoa de Varzim, concedida pelo Rei D. Manuel I.

Evocação da Lota - Homenagem às Mulheres do Mar

 

No que diz respeito às personalidades poveiras não se pode deixar de mencionar José Maria d'Eça de Queiroz. Nasceu a 25 de Novembro de 1845 e será para sempre um dos mais ilustres filhos desta terra. Ele não renegou a terra modesta que lhe servira de berço, quando via o seu nome muito falado. Afirmou, sem rebuço, certa ocasião a um amigo: «...eu sou apenas um pobre homem da Póvoa de Varzim»;.

Eça de Queiroz

 

José Rodrigues Maio, conhecido por Cego do Maio, heróico pescador que salvou mais de uma centena de vidas em naufrágios, condecorado pessoalmente pelo Rei D. Luís, Vasques Calafate, professor e jornalista poveiro, António Santos Graça e por fim Rocha Peixoto, são apenas algumas das figuras mais ilustres desta cidade.

 Cego do Maio

 

-CONCLUSÃO-

É, sem dúvida alguma, uma grande honra para mim, mostrar um pouco daquilo que é a "minha" Póvoa de Varzim. Muito fica por dizer, mas, quem sabe um dia, aceitem o constante convite que esta cidade faz para que a visitem, e ficarão com certeza enamorados com a sua praia, com as suas gentes e seu constante movimento, enfim, com tudo o que faz dela uma das mais belas e concorridas cidades de Portugal. E que Póvoa de Varzim, ( e não do Varzim, como muito boa gente diz ) seja cada vez maior, é o desejo de todos os poveiros quando gritam do fundo das suas almas, aquele que é um verdadeiro hino à sua terra: «Ala... Ala... Arriba».

Monumento às Gentes da Póvoa de Varzim

Francisco Cruz