A ÚLTIMA DO GILBERTO
por Gilberto Strapazon


02/novembro/2004

Melhor Pocotó do que Bocó!

Li outro dia um texto daqueles que criticam a música da Eguinha Pocotó e outras tantas manifestações populares.

Além do teor moralista, o que acho que seria um desprestígio as nossas mulheres maravilhosas, tem o aspecto de pretender popularizar mais ainda o conceito de que música brasileira é ruim!

A última frase do texto é mais ou menos assim: "Eu sabia que outros milhões de brasileiros estavam naquele momento, assistindo o jumento, o cavalinho e a égüinha pocotó, sem perceber que a TV os chamava de burros"

Será? A maioria das pessoas que conheço que gosta deste tipo de música, sabem que é só para se divertir e que não tem nada mais ali, senão a melodia e a dança. Não estão buscando significados esotéricos, filosóficos, nem aquelas chatíssimas digressões e intelectualimos, que depois de um dia de trabalho, é a última coisa que se precisa fazer se pretende relaxar e aproveitar um pouco da sua saúde juvenil.

A egüinha Pocotó é musicalmente ruim mesmo ou será que lembra alguma vizinha que o autor deve estar doido para comer e não tem coragem porque acha que é pecado? Quem sabe o cara é daqueles que gostam de perguntas retóricas que chateiam até filósofo amante de Jazz ortodoxo?

Se isto serve de inspiração, a maioria das músicas americanas são deste nível para pior. A diferença, é que as pessoas aqui não
entendem o que está sendo falado! Se você traduzir, vai descobrir que a nossa música popular é muito rica e criativa. Então, antes de censurar a bunda dos outros, eu sugiro que as pessoas peguem um dicionário e traduzam o lixo que toca direto nas rádios. Lixo por lixo, prefiro o nosso, pelo menos eu entendo o que é, e as meninas que gostam destas músicas, são muitas vezes mais expertas e
objetivas que a maioria das patricinhas eruditas que dançam nas "nights" cantarolando melodias que não entendem, mas que
estimulam alguma coisa em seus neurônios.

Por coincidência, a maioria das mulheres que recriminam o funk, e que são feministas radicais, também costumam achar que sexo é a
degradação da mulher e por isto preferem elas manterem seus relacionamentos apenas com mulheres... Ou seja, sexo é pecado, se for
entre pessoas de sexo diferentes pior ainda? Melhor voltar à música.

Olha, fazer música popular, não é fácil. Se fosse, qualquer erudito gravaria alguns hits só para ter grana para montar seu estúdio e
parar de depender de subsídios e paitrocínios. Música popular é algo que precisa ter uma certa capacidade, como tudo na vida. Alguns são bons nisto, outros nalgum outro tipo de trabalho. Mas pretender que todos tenham o mesmo gosto, seria simplificação. E com tantas bundas diferentes por aí, só posso dizer: Viva a diferença! E viva a nossa música, mesmo que eu pessoalmente prefira outro gênero musical.


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Alex e um de seus instrumentos

Gilberto Strapazon é compositor, adora rock progressivo e bruxaria em geral. Analista de sistemas e palestrante, desenvolve sofisticados sistemas de computador sob encomenda. Não gosta de pagode, e tem uma namorada prá lá de legal que também gosta de rock.