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Ednilsom Montanhole

Orçamento de Caixa

Orçamento de Caixa

O instrumento básico para execução do planejamento e do controle financeiros a custo e a médio prazo da empresa, é o orçamento de caixa. O orçamento de caixa não indicará apenas o total dos empréstimos necessários à manutenções das operações da empresa, como também o período em que deverão ser obtidos. Além disso, o orçamento de caixa serve como um ponto de referência em ralação ao qual os valores realizados podem ser comparados.

Defasagens significativas podem indicar que os pequenos programas da empresa não estão ocorrendo segundo o planejado, mostrando que deverão ser tomadas medidas corretivas e/ou saneadoras. Alternativamente, essas defasagens podem informar que os programas da empresa se tornaram irreais, em vista da ocorrência de acontecimentos imprevistos e incontroláveis.

O orçamento não é nada mais do que um plano descrito, expresso em termos de unidades físicas e/ou monetárias. A complexidade do processo orçamentário e os seus detalhes de elaboração poderão variar de empresa para empresa, porém na sua essência são semelhantes.

Para um melhor gerenciamento das atividades da empresa, um fator importante a ser considerado é o orçamento empresarial, composto pelos orçamentos operacional e de investimento. O orçamento é o instrumento que descreve um plano geral de operações e/ou de investimentos, orientados pelos objetivos e pelas metas traçadas pela alta cúpula diretiva para um dado período de tempo. Um orçamento pode ser estudado em vários estágios dependendo da ótica que se quer desenvolvê-lo, mas principalmente, do tipo de atividade econômica e da parte da empresa em que será implantado e implementado. Entre os principais estágios temos: o operacional, o estratégico e o tático.

Objetivos

O principal objetivo do orçamento de caixa será dimensionar para um dado período, se haverá ou não, recursos disponíveis para suprir as necessidades de caixa da empresa. Através do nível projetado de caixa pode-se orçar a parte de recursos que deverão se capitados e a melhor destinação dos possíveis excedentes de caixa. Justifica-se esta preocupação, porque na atual conjuntura, se o dinheiro não estiver corretamente aplicado, torna-se-á antiprodutivo para a empresa, na proporção do tempo em que estiver ocioso.

Desta forma, o ,orçamento é o instrumento que permite ao administrador financeiro saber, antecipadamente, se haverá problemas de liquidez ou não, em termos operacionais e não operacionais, considerados os aspectos de solvabilidade e de rentabilidade da empresa, para o período em tela.

Assim, em termo hábil, a empresa irá projetar a necessidade de levantar empréstimos para cobrir déficit de caixa, analisando as fontes internas e externas, o custo financeiro de operação, as reciprocidades que deverão ser oferecidas à instituição de crédito, etc.

Por outro lado, na aplicação deverão ser considerados o volume de recursos que serão comprometidos, o tempo, o risco, a liquidez e a rentabilidade do investimento.

MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA

Para elaborar-se o orçamento de caixa da empresa, poderão ser utilizados três métodos: direto, lucro ajustado e diferença do capital de giro, de acordo com o conceito contábil.

Orçamento de caixa através do método direto

Este método consistirá nas projeções de ingressos e de desembolsos operacionais ou não, resultantes de vendas ou compras estimadas de itens do ativo imobilizado, assim como parcelas indicativas de aumentos ou reduções de contas credoras ou devedoras da empresa.

É o método mais simples, útil e apropriado para elaborar o orçamento de caixa para períodos curtos. Utilizado pela maioria das micro, pequenas e médias empresas.

MODELO DO ORÇAMENTO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO

LIMITAÇÕES DO MÉTODO DIRETO

Projetando com a devida atenção e considerando as etapas expostas, o orçamento de caixa, através do método direto, resultará de uma estimativa bastante satisfatória dos ingressos e dos desembolsos de numerário em um dia, uma semana, um mês ou um trimestre.

Considerações Finais

As projeções dos ingressos e dos desembolsos de caixa poderão ser diários, semanais ou mensais. O relacionamento das entradas e das saídas estimada para cada dia será conveniente, no caso da empresa necessitar de um rigoroso controle do orçamento de caixa, ou para os administradores financeiros que queiram Ter uma visão detalhada da tendência dos desembolsos, cujo volume seja suficiente grande para influir no nível de caixa dos períodos em que deverão ser devidos. Já as estimativas mensais e trimestrais destinar-se-ão a um planejamento e um controle mais geral da movimentação de numerário.

A segurança do orçamento de caixa dependerá, principalmente, do grau de exatidão do orçamento de vendas. Qualquer erro significativo na projeção do faturamento resultará na correspondente discrepância entre as receitas realizadas e as orçadas, com possibilidade de exigir redução das compras e alteração dos programas de redução.

No que diz respeito às receitas, o item mais representativo costuma ser o das duplicatas a receber. De acordo com os prazos de pagamento, normalmente concedidos, o resultado das cobranças realizadas em cada mês correspondente, em geral, a determinado percentual de faturamento médio mensal.

Quanto aos pagamentos, as projeções também dependerão muito dos faturamentos orçados, pois as estimativas dos custos operacionais se baseiam no volume das compras e nos prazos concedidos pelos fornecedores.

Ao elaborar-se o orçamento de caixa, haverá a necessidade de acompanhar de perto as atividades dos responsáveis por departamentos ou áreas, que passarão nas finanças da empresa, como folha de pagamento, propaganda, seguros, impostos e taxas, etc., assim como tomar conhecimento, em tempo, de toda despesa eventual não incluída no orçamento, cujo valor seja capaz de afetar a posição de caixa da empresa.

ORÇAMENTO DE CAIXA DO MÉTODO DO LUCRO AJUSTADO

A elaboração do orçamento de caixas pelo método de lucro ajustado, também denominado de lucro direto, será feitas das projeções do resultado econômico e das variações dos elementos patrimoniais.

Deve-se primeiro projetar todo o plano geral de operações da empresa para período orçamentário, a fim de que se possa apurar o lucro ou o prejuízo da unidade econômica.

De acordo com esse método, o ponto de partida para sua projeção será o lucro ou o prejuízo líquido orçado com base nas estimativas do Demonstrativo do Resultado de Exercício projetado. Este método, considerará além dos elementos de resultados projetados para o período orçamentário, também será ajustado em função dos elementos patrimoniais, como por exemplo: duplicatas a receber e a pagar, estoques, fornecedores, etc.

Orçamento de Caixa pelo Método Lucro Ajustado ou Direto

A elaboração do orçamento de caixa pelo método de lucro ajustado será bem consistente, porque relacionará todos os fatos operacionais e não operacionais da empresa para o período futuro.

Será mais abrangente do que o método direto anteriormente apresentado, pois parte do lucro líquido projetado da empresa para o período e englobará todas as atividades do sistema orçamentário global.

ORÇAMENTO DE CAIXA ATRAVÉS DO MÉTODO DA DIFERENÇA DO CAPITAL DE GIRO

A elaboração do orçamento de caixa através do método da diferença do capital de giro, desdobrar-se-á em duas etapas distintas. A primeira etapa consistirá no calculo da variação do capital de giro através do conceito contábil, do período encerrado e do período projetado.

CG = AC - PC

Onde:

CG = Capital de Giro;

AC = Ativo Circulante;

PC = Passivo Circulante.

A variação do capital de giro do período, será obtida mediante a diferença de capital de giro do período projetado e do capital de giro do período encerrado.

A segunda etapa, relacionará a projeção do lucro ou do prejuízo do período projetado, com as variações dos elementos patrimoniais, desde que estas não sejam de curto prazo, pois, neste caso, já foram consideradas na primeira etapa.

MODELO DE ORÇAMENTO DE CAIXA PELO MÉTODO DA DIFERENÇA DO CAPITAL DE GIRO

A elaboração do orçamento de caixa pelo método da diferença do capital de giro é bastante interessante, pois considera em suas projeções a variação do capital de giro na primeira etapa e na Segunda relaciona ingressos e os desembolsos decorrentes dos elementos de resultado e patrimoniais orçados pela empresa.

Assim, o orçamento de caixa pelo método da diferença do capital de giro será abrangente, pois considera as situações econômico-financeiras projetadas da empresa para o curto e longo prazos.

Exemplo Prático

Um exemplo prático de orçamento de caixa pelos métodos de lucro ajustado e da diferença do capital de giro, de acordo com os modelos apresentados e as notas explicativas descritas, assim como projeta-se o Balanço Patrimonial para o período seguinte, em função dos elementos de resultados e patrimoniais estimados pelo comitê orçamentário da empresa.

Solução pelo Método Lucro Ajustado:

Relacionam-se todos os itens de ingressos e de desembolsos de caixa dos elementos de resultado e patrimoniais projetados, de acordo com os aumentos ou as reduções de ativo, os aumentos ou as reduções de passivo e os aumentos ou as reduções de patrimônio líquido da empresa para o exercício social de 1997, exceto o disponível.

Solução pelo Método da Diferença de Capital de Giro:

Elaboração de orçamento de caixa pelo método da diferença do capital de giro, desdobra-se em duas etapas:

Primeira Etapa

Consistirá no cálculo da variação do capital de giro da empresa entre os exercícios encerrado (1996) e projetado (1997), através do conceito contábil do capital de giro, exceto o ,disponível.

O conceito contábil de capital de giro é:

CG = AC - PC

Para calcular-se a variação do capital de giro, obtém-se pela diferença entre o capital de giro de 1997 menos o capital de giro de 1996, temos:

CG = CG97 - CG96 = 12.640 - 6.100 = 6.540.

Portanto, a empresa apresentará uma variação de aumento do seu capital de giro próprio em R$ 6.540 mil. Essa importância entrará, na Segunda etapa, diminuindo, pois a empresa terá um aumento maior em valores absolutos no ativo circulante do que a redução em valores absolutos no passivo circulante.

Segunda Etapa

Esta etapa consistirá na apuração dos ingressos e dos desembolsos de caixa, através dos elementos de resultados e patrimoniais a longo prazo. Isto se deve, ao fato dos itens de curto prazo tanto do ativo circulante como do passivo circulante já estarem relacionados na primeira etapa deste método.

1- INGRESSOS

R$

Lucro líquido após o imposto de renda

2.340

Depreciações de veículos, M & U e M & E

1.400

Aumento de capital social

10.000

13.740

2. DESMBOLSOS

Veículos

420

Financiamentos a longo prazo

1.750

Microcomputador

1.780

3.950

3. DIFERENÇA DO PERÍODO DE PROJETADO (1 - 2)

9.790

4. SALDO INICIAL DE CAIXA

2.000

5. DIMINUIÇÃO DO CAPITAL DE GIRO (1ª etapa)

(6.540)

6. DIPONIBILIDADE ACUMULADA PROJETADA (3 + 4 - 5)

5.250

7. NÍVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO

3.000

8. APLICAÇÕES NO MERCADO ABERTO A REALIZAR

(2.250)

9. SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO

3.000

VANTAGENS DO ORÇAMENTO DE CAIXA

O orçamento de caixa poderá ser elaborado com relativa exatidão e Ter em vista várias finalidades. A principal será indicar as necessidades de numerário para atendimento dos compromissos que a empresa costuma ter com prazos certos para serem saldados. Com isso, o administrador financeiro estará apto a estimar, com a devida antecedência, os problemas de caixa que poderão surgir devido às reduções cíclicas das receitas ou aos aumentos volume de desembolsos e, em decorrência, a necessidade de obter empréstimos de instituições financeiras.

Encontram-se arroladas a seguir, as principais vantagens de elaborar-se o orçamento de caixa na empresa:

a) visa demonstrar ao administrador financeiro o momento adequado para as retiradas de caixa, sem contudo acarretar problemas financeiros para empresa;

b) faculta ao administrador financeiro meios de pôr em funcionamento suas disponibilidades de caixa de maneira mais racional e lucrativa possível, sem comprometer a liquidez da empresa;

c) permite a utilização mais lucrativa do caixa, quando for do interesse da empresa o pagamento de contas dentro do período de desconto, visto que isso poderá aumentar a reputação da empresa para efeito de crédito, poupando simultaneamente, o desembolso de considerável soma em dinheiro se a compra realizar-se à vista;

d) auxilia verificar os períodos em que a empresa terá excedentes de caixa, além de estimar os valores dos saldos de caixa e os períodos em que eles irão ocorrer;

e) possibilita a escolha de investimentos, da parcela ociosa, de recursos financeiros, do mesmo modo que as informações relativa aos déficit de caixa serão usados para a seleção de instruções de crédito capazes de atender as necessidades da empresa;

f) através do orçamento de caixa poderão destacar-se os pontos vulneráveis e os pontos positivos, antecipando ao administrador financeiro a postura, em termos, das medidas cabíveis para cada situação projetada para a empresa;

g) como o orçamento de caixa estabelecerá os objetivos e as metas a atingir pela empresa, permitirá a seleção de alternativas mais eficazes para suprir eventuais insuficiências de caixa.

CONCLUSÕES

O orçamento de caixa é um dos mais eficientes instrumentos de planejamento e de controle empresariais, que poderá ser projetado de várias maneiras, de acordo com as necessidades ou conveniências de cada empresa.

As decisões terão de ser tomadas, mediante as informações que darão suporte financeiro à empresa e que estarão contidas necessariamente no orçamento de caixa.

Diante do que foi exposto, é possível perceber a extrema importância do assunto para o universo do mundo administrativo empresarial.

Nota-se que o sucesso dos empreendimentos passa, necessariamente por um rígido controle das finanças e suas políticas de gerenciamento, onde, o orçamento de caixa, que vai definir os rumos, quanto a administração das entradas e saídas de recursos, como vistas a evitar estrangulamentos financeiros e fazer com que a organização incorra em custos desnecessários e realizados sem condições de planejamento, que muitas vezes resultam em gastos que poderiam ser evitados.

Portanto, o assunto abordado é capaz de despertar grande interesse, visto que trata de uma das questões fundamentais da empresa, e estimula os alunos a aprofundar suas pesquisas, visando adquirir maiores conhecimentos e domínio sobre o assunto, sobretudo se existir nesse público, um interesse de ser gestor de empresas.

BIBLIOGRAFIA

ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa. Porto Alegre, Sagra, 1986.

BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira. São Paulo, Atlas, 1989.

Texto gentilmente cedido por Fabrício Fernandes Pinheiro (fabpage@achei.net)