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Ednilsom Montanhole

Hebreus, Gregos e Fenícios - II

Hebreus, Gregos e Fenícios

SEGUNDA PARTE: DE JOSÉ A SAUL; TRÓIA, ARCÁDIA E OS PRIMEIROS ALFABETOS

Extraído de Arthur Franco, A IDADE DAS LUZES, WODAN, 1997, P. Alegre, Brasil

JOSÉ

1750 a 1700 a.C. - Época aproximada de José no Egito, vendido como escravo por seus irmãos. Os assentamentos canaanitas de Shechem e Dothan, que aparecem nas viagens de José em Gen.37, têm comprovadas sua existência nesta época por fontes egípcias. Representações egípcias como as encontradas numa tumba do governador Khnumhotep e uma lista de 79 serventes domésticos, com cerca da metade tendo nomes semitas como Jacob e Issachar, datando de 1740 a.C., são indicações significativas do comércio de escravos para aquela região. Mais curioso ainda é o fato de que a soma de 20 shekels paga por José (Gen. 37:28) era o valor médio de escravos no século XVIII a.C., conforme atesta a famosa estela de Hammurabi e outras tabuletas encontradas na cidade de Mari. Muitos escravos asiáticos vendidos ao Egito viviam humildemente; mas outros, como José, destacaram-se em altos postos oficiais.

De acordo com o Gênesis, o filho de Jacob foi vendido por seus invejosos irmãos a mercadores de escravos a caminho do Egito. Por ironia, José acabou se tornando primeiro-ministro no governo egípcio, o grande administrador do país do Nilo e braço direito do faraó. José, vidente e interpretador de sonhos, caíra nas simpatia do faraó ao interpretar-lhe seu sonho e antevendo sete anos de vacas magras e sete anos de vacas gordas. Registros de seca periódica justificam essa visão do faraó. José, sempre segundo o Gênesis, deu ao faraó o sábio conselho de estocar em celeiros o excesso de grãos, vendendo-os nos períodos de seca. A enorme fertilidade do vale do Nilo - uma das mais férteis terras do planeta - facilmente tinha excedentes de produção em períodos de boa safra. Quando uma grande seca se abateu sobre Canaan, os irmãos de José foram ao Egito para buscar grãos. De fato, os egípcios registram, nesta época, peregrinos famintos que recorrendo ao país do Nilo para comprar grãos. José não apenas vendeu os grãos necessários a seus arrependidos irmãos como acolheu-os, por consentimento do faraó, nas melhores terras do país.

É interessante nos determos aqui para observarmos de outro ponto de vista este fato. A unidade da fé do povo de Israel não livrara-os da miséria e da fome. Por ironia - mas certamente não por acaso - Jacob e todos os seus filhos acabaram sendo calorosamente acolhidos pelos "idólatras" egípcios. Fica clara, como de resto será uma constante neste trabalho, a íntima necessidade dos chamados "monoteístas" de se curvarem à necessidade de harmonização e conciliação com os "politeístas", tal qual o Pai que se une à Mãe. Os exemplos são por demais contundentes. Neste caso, trata-se dos irmãos que venderam José como escravo (deixando-o, portanto, às agruras da terra) ao Egito por 20 shekels (20 é, por excelência, o número da MATERialidade, enquanto 10 é o do Pai).

O país do povo escolhido por Deus, então, expulsou seu filho aos "idólatras" do Nilo, os quais o fizeram quase um faraó. Depois, o egípcio-judeu José recebe seus envergonhados e famintos irmãos, pois a terra (a Mãe) lhes faltara com sustento. José, que inteligentemente soubera administrar os recursos da terra e o próprio país do Nilo, não apenas lhes dá o a saciedade como acolhe a toda sua família. Além disso, a maior atenção de José se dá justamente a Benjamim, o mais jovem e o preferido também de Jacob, futuro herdeiro da cidade santa, Jerusalém. Como veremos em 1150 a.C., as tribos não aprenderão essa lição de humildade e sabedoria tão cedo, pois voltarão a cometer erro semelhante, arrependendo-se novamente depois. Desta vez será com os benjamitas, que serão quase dizimados por seus irmãos.

Uma vez mais viu-se, nesta lição de José a Israel, a velha tolerância religiosa egípcia. O harmonioso pragmatismo com que o povo do Nilo via as questões da fé em nada é citado no Gênesis. Por outro lado, constantemente se descreve José sendo amparado por Deus, que o conduziu ao pontificado hierárquico do Egito, sem lembrar que tal foi possível pela grande tolerância da sociedade egípcia, a ponto de permitir-se o assentamento de toda a família canaanita nas melhores terras do Nilo, sem se questionar a José a veracidade de seu Deus. Essa tolerância é que permitiu ao faraó reconhecer a grandiosa figura de José. O próprio José, por sua vez, mostrou uma alargada visão dada sua tranqüila assimilação da cultura e dos modos egípcios. De tal forma foi essa assimilação da cultura egípcia por José que seus irmãos não puderam reconhecer-lhe, pois em nada se parecia como um dos seus.

Como veremos, isso em nada surpreende quando sabemos que todos os grandes Iniciados reconheciam-se livremente em todas as culturas. O Egito, por sua vez, era parada obrigatória a todos eles, inclusive os mais profundos monoteístas, como José e o próprio Moisés. Esta diferença de José em relação aos seus próximos denota a universalidade harmoniosa que lhe era predestinada. Esta é a origem do ciúme dos seus irmãos. José tivera um sonho no qual vira os feixes de trigo atados por seus irmãos curvarem-se ao dele. E mais, segundo ele: "Eu vi, em sonhos, que o Sol e a Lua, e onze estrelas como que me adoravam". (Gen. 37:9) Também neste ponto vemos a universalidade de José, ao reconhecer as Grandezas Celestes, os astros do firmamento, base do chamado "politeísmo" mas sempre reverenciado por todas as religiões, seja no setenário dos dias da semana, nos doze meses com seus signos, nas 2x12 horas do dia, ou nos doze apóstolos. José não poderia ter esse reconhecimento por seu povo, pois estavam por demais imbuídos de um monoteísmo dogmático.

No seu íntimo, os irmãos de José não poderiam deixar de refletir esta fé dogmática em seu medo por José. Mesmo seu pai, Jacob (Israel), ao receber a instrução de que erigisse um altar a Deus em Bethel, mandou destruir todos os outros deuses: "Jacob, porém, convocada toda sua casa disse: 'Lançai fora os deuses estranhos que estão no meio de vós, e purificai-vos, e mudai vossos vestidos' ". (Gen. 35:2) Em seguida, a ira de Deus se abateu sobre as cidades circunvizinhas. Não sabemos em que bases foi recompilado o Pentateuco original de Moisés. Mas o fato é que a incoerência entre o relatado dogmatismo de Jacob e seus descendentes em nada se enquadra com a universalidade de José e Benjamim.

Não é à toa que Jacob e seus outros filhos sobreviverão àqueles duros tempos graças ao amor e à sabedoria do egípcio-judeu José, que os acolheu no vale do Nilo. E a preocupação sempre manifestada por José em relação a Benjamim justifica-se pela sua grande sensibilidade e vidência, identificando-se com seu irmão caçula. Vale registrar que a diferença de José e Benjamim em relação aos irmãos, e sua abertura para com as outras crenças e para com os Augustos Mistérios da Mãe Natureza, tem origem a partir de sua mãe. Apenas José e Benjamim nasceram de Raquel. Após parir Benjamim, Raquel morreu, dando-lhe antes a denominação de Benoni, filho da minha dor. Seu pai, porém, denominou-o Benjamim, isto é, filho da mão direita. Este é um selo da Iniciação dada pelo Pai (a Mão Direita) e pela Mãe (a Dor, o sofrimento físico). Como acontecia em determinado grau das Antigas iniciações, o pai de José, Jacob, recebera de Deus um segundo nome. Logo após esta Iniciação, em que Jacob recebeu o nome de Israel, Raquel pariu a Benjamim.

José e Benjamim, elos entre o antigo mundo da deusa Mãe e a nova lei do Deus Pai, mostram com profundidade o que Jeová esperava de seus filhos. O último versículo do Livro de Gênesis não deixa dúvidas quanto ao grande filho de Jacob, o grande nazareno. Morreu com 110 anos, com a idade de um patriarca, e foi embalsamado com aromas e sepultado no próprio Egito, como um sacerdote egípcio mas plenamente reconhecido na Grandeza de seu Deus. Após sua morte os ventos mudariam para os hebreus no país do Nilo. Outro faraó menos tolerante e mais invejoso trataria de importuná-los e expulsá-los, quando então aparecerá Moisés.

1700 a 1450 a.C. - Em 1700 os palácios de Creta começam a ser reconstruídos, após a destruição por um terremoto. Nesta segunda fase da reconstrução dos palácios de Creta, as culturas Micênica e Minóica convergem, particularmente na tecnologia e comércio. Projetos conjuntos podem ser traçados através dos assentamentos minóicos no Levante, Egito, Rhodes e Chipre.

1600 a 1100 a.C. - Período de florescimento de Micenas. Outras grandes cidades do mesmo período eram Pylos, do legendário Rei Nestor, e Tiryns. Não é conhecido em que extensão Micenas controlava outros centros da civilização Aqueana. Sabe-se, entretanto, que seu comércio se estendia à Sicília, Egito, Palestina, Tróia, Chipre e Macedônia.

1552 a.C. - Segundo Blavatsky: "A biblioteca Astor, de Nova Iorque, foi recentemente enriquecida com o fac-símile de um Tratado Médico Egípcio, escrito no século XVI a.C. (ou, mais precisamente, em 1552 a.C.). (...) O original foi escrito sobra a casca interior do Cyperus Papyrus, e o Professor Schenk, de Leipzig, não apenas o declarou autêntico como também o considerou o mais perfeito jamais visto. Consiste numa simples folha de papiro amarelo-escuro da mais fina qualidade, de trinta centímetros de largura e mais de 20 metros de comprimento, que forma um rolo dividido em 110 páginas, todas cuidadosamente numeradas. Foi adquirido no Egito em 1872/73 pelo arqueólogo Ebers, de 'um próspero árabe de Luxor'. O Tribune, de N.Y., comentando o fato diz: O papiro 'traz evidências internas de ser um dos seis Livros Herméticos sobre Medicina, mencionados por Clemente de Alexandria.' O editor diz ainda: 'Ao tempo de Jâmblico, em 363 a.C., os sacerdotes egípcios exibiram 42 livros que atribuíam a Hermes (Tuthi). Destes, segundo aquele autor, 36 continham a história de todo conhecimento humano; os seis restantes tratavam da anatomia, da patologia, das afecções dos olhos, dos instrumentos cirúrgicos e dos medicamentos. O Papiro de Ebers é incontestavelmente uma dessas antigas obras herméticas.' "

(Helena P. Blavatsky, Ísis sem Véu. vol. I, São Paulo, 1994, p.102)

1500 a 1370 a.C. - Período situado para o estabelecimento definitivo das tribos arianas vindas das estepes asiáticas, assentando-se do Cáucaso ao Mar de Aral, do Irã Oriental ao vale do Indo.

1500 a.C. - Destruição da civilização do Indo pelos ários, segundo os estudiosos modernos, utilizando o ferro. Desta época os estudiosos datam a compilação do mais antigo dos Vedas, o Rig Veda. Neste período ocorre, também, o desenvolvimento do alfabeto em Biblos. Enquanto marinheiros mediterrâneos comercializam extensamente no Báltico, embarcações mais aperfeiçoadas permitem ir ao Oceano e atingir as ilhas do Pacífico Sul.

1499 a.C. - Época do Dilúvio de Deucalião, que inundou a Tessália, segundo os mármores de Paros. Foi narrado pela primeira vez pelo poeta grego Píndaro em 500 a.C..

1450 a.C. - Com a explosão da ilha de Thera, um grande desastre atinge a Creta Minóica, destruindo os palácios de Zakro, Mallia e Phaistos. Knossos sobreviveu, mas grandes mudanças ocorreram pois os governantes da ilha passaram a falar o grego. Os gregos começam a dominar Creta.

1440 a.C. - O Êxodo, segundo o 1° Livro dos Reis. Ele diz que o Êxodo ocorreu 480 anos antes da construção do templo por Salomão. Na verdade, deve ter sido no início do século XIII a.C..

1370 a.C. - Um grande fogo destrói o palácio de Knossos, em Creta. Desde então Micenas passa a ser, à época, o maior poder na região.

(THE TIMES Atlas of the Bible, London, 1989, p. 53)

MOISÉS

1300 a.C. - Época provável do nascimento de Moisés, em algum lugar no delta do Nilo ou nordeste do Egito. Há muita controvérsia quanto à época de seu nascimento e do Êxodo. Os eventos que ocorreram no Egito logo antes do Êxodo podem ser situados no século XIII a.C., quando se comprova a ampla utilização de mão-de-obra para as obras de Ramsés II. A estela de Merneptah, de cerca de 1230 a.C., menciona Israel entre as várias tribos canaanitas, o que coloca o Êxodo no início do século XIII.

O fato é que os semitas, acostumados há séculos com um livre trânsito pela fronteira egípcia, subitamente se viram forçados a se retirarem pelo total esquecimento de um contrato de trabalho informal feito anteriormente com José. Não existe indicação que uma atitude como a de mandar matar crianças - como ocorreu ao nascer Moisés - pudesse ocorrer com Ramsés ou seus sucessores imediatos. Moisés, cujo nome claramente é de origem egípcia como Tutmósis e Amósis, pertencia a um grupo semita que mais tarde seria conhecido por Hebreus. Eram trabalhadores pagos que, provavelmente, estavam no Egito há centenas de anos antes dos faraós decidirem escravizá-los ou expulsá-los. Devem ter sido descendido das doze tribos de Israel, que deveram sua origem a Abraham, Isaac e Jacob. Diz o Livro do Êxodo que, para diminuir a população hebraica, todos os bebês hebreus deviam ser sacrificados. Ao nascer, Moisés foi colocado por sua mãe numa cesta flutuando Nilo abaixo. Seus irmãos mais velhos, Aarão e Míriam, permaneceram em casa. Foi resgatado por uma filha do faraó, crescendo no palácio. Apenas mais tarde soube que era hebreu.

Num passeio de inspeção entre os hebreus, ele matou um soldado egípcio e foi forçado a fugir do Egito para Midian, na Arábia. Lá encontrou-se com Deus, sob o nome de Yahweh, que significa, "Aquele que cria". Deus mandou-o ao Egito para libertar seu povo escravizado. O faraó - sempre segundo o Êxodo - não queria livrar-se de mão-de-obra para as obras gigantescas que estava implementando. Após uma série de milagres e confrontações, os hebreus foram permitidos abandonar a escravidão. As forças de destruição libertas por Deus passaram sobre os hebreus. Este festival é celebrado pelos hebreus como o Festival da Passagem. Os hebreus atravessaram o Mar Vermelho e ficaram quarenta anos na península do Sinai e na margem oriental do rio Jordão.

Quando no monte Sinai, Moisés deu aos hebreus os Dez Mandamentos. Com isto fazia um pacto com Deus e seu povo que duraria para sempre. As leis visavam estabelecer uma relação entre Deus e seu povo e entre o povo e os indivíduos. Mas o povo estava tão desgostoso com as provações que desejaram inclusive retornar ao Egito, voltando inclusive à adoração pagã. Deus quis abandoná-los, mas Moisés suplicou a graça. Moisés liderou os israelitas até a margem oriental do Rio Jordão e atravessou-os até a Terra Prometida. Seu último ato oficial foi renovar o pacto com os sobreviventes da árdua jornada de quarenta anos. Subiu então ao topo do Monte Pigash, de onde Deus permitiu que visse a Terra Prometida, a qual não foi-lhe permitido penetrar. Os hebreus nunca mais o viram, nem sua tumba é conhecida. Antes de abandonar o povo, Moisés designou Josué seu sucessor.

1290 a 1224 a.C. - Período de Ramsés II. As datas divergem segundo vários autores e com vários faraós.

1270 a.C. - Data provável em torno da qual deve ter ocorrido o Êxodo.

1269 a.C. - Ramsés II impõe, no Oriente Médio, a "paz egípcia".

1250 a.C. - Começam, na Grécia, as invasões dóricas.

1250 a.C. - Época mais provável, segundo as modernas pesquisas, do desaparecimento de Tróia, comprovado pelos sinais de destruição que separam os restos da cidade dos assentamentos posteriores. Não se sabe ao certo se foi destruída por um terremoto ou se deveu-se à guerra com os gregos. A única pista é o grande número de projéteis e flechas encontrados na cidade baixa, onde supõe-se ter havido o conflito. Após este fato, a região entrou em plena decadência.

PRIMÓRDIOS FENÍCIOS

1234 a.C. - Segundo Blavatsky: "Um redator do National Quarterly Review (vol. XXXII, no 1xiii, dezembro 1875, p.134) diz que 'As escavações recentes feitas nas ruínas de Cartago trouxeram à luz traços de uma civilização, de um refinamento de arte e de luxo, que deve ter mesmo eclipsado o da Roma antiga; e quando o fiat foi pronunciado, Delenda est Carthago, a senhora do mundo sabia muito bem que ela estava prestes a destruir algo maior do que ela, pois, enquanto um império dominava o mundo apenas pela força dos seus braços, o outro era o último e mais perfeito representante de uma raça que havia, séculos antes que Roma sonhasse com isso, controlado a civilização, a cultura e a inteligência da Humanidade.' Esta Cartago é a única que, de acordo com Apiano, estava em pé já em 1234 a.C., 50 anos antes da Guerra de Tróia, e não aquela que popularmente se supõe ter sido construída por Dido (Elissa ou Astartê) quatro séculos depois." (H.P.Blavatsky, Ísis sem Véu, Vol. II, pp.202-203)

Blavatsky se refere a Appiano de Alexandria, segundo o qual Cartago foi fundada em torno de 1230 a.C.. A ciência oficial adota a data de 814 a.C..

1230 a.C. - Colônia fenícia de Lixus (Marrocos).

1229 a.C. - Sallustio, em Jugurtha, diz que tirara dos arquivos dos reis da Numídia o seguinte: "Que os Fenícios expulsos de seu país tinham vindo, pouco tempo depois de Hércules, estabelecer colônias sobre as costas da África, onde construíram cidades." (vide 1180 a.C.)

1224 a.C. - Morre Ramsés II. Assume o faraó Merneptah. Seu reinado foi marcado por incursões líbias no Delta Ocidental do Nilo e, na mesma região, pela primeira tentativa de invasão dos Povos do Mar (vide 1194 a.C.).

1214 a.C. - Morre o faraó Merneptah. Segue-se um período de vinte anos de disputas internas e caos.

1210 a.C. - Fundação de Cádiz pelos Fenícios: a primeira das duas colônias fora do Mediterrâneo na costa atlântica. Conquistam-se os portos que foram utilizados pelos Povos do Mar. A data não é exata.

1200 a.C. - Cultura de Chavín, no Peru.

1194 a.C. - Começa a reinar o último grande faraó, Ramsés III.

1193 a 1184 a.C. - GUERRA DE TRÓIA. Os Micenos gregos estavam em Tróia na mesma época em que os Povos do Mar atacavam as cidades na costa leste do Mediterrâneo. As pesquisas arqueológicas na cidade de Tróia de Homero (Tróia VIIa) ocorreram à mesma época em que a cerâmica Micênica tinha mudado de estilo (de IIIB para IIIC), em 1190, coincidindo com o mesmo período da destruição de Chipre e dos assentamentos helênicos na península do Peloponeso. Geralmente a destruição na Grécia tem sido atribuída a invasores do norte. Atualmente, chega-se mais próximo da data de 1250 a.C. para a destruição de Tróia. A história da guerra relata que Agamemnon era irmão de Menelaus, rei de Esparta, cuja esposa, Helena, foi raptada para Tróia por Paris, um príncipe daquela cidade na Ásia Menor. Este evento levou Agamemnon a organizar um exército a partir das cidades-estado gregas numa guerra de vingança. Após uma longa guerra e a eventual destruição de Tróia, Agamemnon navegou para casa até sua esposa, Clytemnestra, e sua família. Ao chegar, foi assassinado pela esposa ou por seu amante, Aegisthus. Segundo Homero, grande número de arcadianos participou da Guerra de Tróia.

1187 a.C. - Grande ataque dos POVOS DO MAR no Levante, no oitavo ano do reinado de Ramsés III (1186 a.C.), ou no segundo ano de reinado do rei babilônico Meli-Sipak (1187 a.C.). Foi um grande impacto na história da Humanidade. Os Povos do Mar era uma massa de povos de origem desconhecida que irromperam no Mediterrâneo oriental e Egito. São assim chamados devido à sua origem, mas sua natureza consiste num dos grandes mistérios históricos de todos os tempos. Procedentes de Alashiya (nome de Chipre na Idade do Bronze) e do Mar Egeu, os Povos do Mar invadem o Levante (costa da Síria e Palestina) atacando os Hititas do rei Suppiluliuma II. Após seus ataques, é totalmente destruído o império Hitita, ardendo até o solo sua capital assim como ocorreu com Chipre e a série de cidades arrasadas na costa do Levante.

Alashiya era vassalo dos Hititas desde os três predecessores imediatos de Suppiluliuma. Foi perdida pelos hititas para os misteriosos conquistadores na única batalha naval da história hitita. A parir daí os Povos do Mar parecem ter usado a ilha como base para invadir o Levante. Os gregos chamavam seus navios de "Pentacontágonos", i.e., com 50 remos. Mediam 4 a 5 metros de largura e 25 a 30 m de comprimento. Seguiam-nos suas famílias, via terrestre, com carros de boi, utensílios e móveis. Muito pouco é conhecido dos chamados Povos do Mar. São relatados em textos egípcios e ilustrados nas cerâmicas filistéias, cujos estilos são reminescentes aos protótipos egeus. Os Filisteus estabeleceram-se ao longo da costa do Levante, fundando cidades como Ashdod, Ashkelon, Ekron, Gath e Gaza. Esta região, conhecida como Philistéia, deu origem à chamada Palestina. Mais ao norte, pouco após o Monte Carmelo, estavam as cidades fenícias, parte da população semítica sírio-palestina que desenvolveu extenso comércio marítimo. Tiro e Sidon eram as cidades em mais próxima relação com Israel.

A invasão dos Povos do Mar foi detida genialmente pelo faraó Ramsés III, numa batalha tida como a primeira batalha naval da história. Suas naus tinham "bico de pássaro". Um dos contingentes mais importantes foram os Peleset - os Philisteus - que criariam permanentes problemas aos hebreus. Sua ligação com a América é inegável, seja por serem chamados "Povo do Mar" (e certamente não se tratava do Mar Mediterrâneo), como pela representação que os egípcios fizeram de sua indumentária, totalmente ameríndia:

(José Alvarez López, A Reconstrução de Atlântida, Ed. Hemus, S. Paulo, p.31)

No auge do poder de Micenas, o comércio europeu estava diretamente voltado àquele mercado, e trouxe os correspondentes reflexos nas técnicas e decorações. Com o gradual declínio de Micenas e a ruptura do império Hitita, ao início do século XIII a.C., a ordem internacional e econômica ruiu. Uma larga pilhagem então ocorre, por mar e por terra, na costa oriental do Mediterrâneo. A hipótese de que as pilhagens foram feitas pelos povos da Europa Central está muito longe de ser convincente. Havia muitos bárbaros mais perto à mão, embora o efeito daqueles europeus do Médio Danúbio deva ter sido muito considerável.

1180 a.C. - Época provável da morte de Moisés, com 120 anos, segundo a Bíblia. Três anos após morre Aarão. Assume Josué, filho de Nun, com cerca de 60 anos. Com ele começa o assentamento israelita em Canaã. Não foi uma guerra súbita de conquista, mas uma longa luta. Outras áreas permanecem ainda sob controle canaanita.

As colônias fenícias da Numídia e ao longo da costa africana remontam a 1490 anos antes de Cristo, segundo autores antigos. Os cananeus, expulsos por Josué, embarcaram para a Mauritânia, cujas margens são banhadas pelo Mediterrâneo e pelo Oceano. Tingis (Tanger) era um de seus pontos de desembarque. Procópio (Vandalis, 2) conta que, no seu tempo, ainda se viam perto desta cidade duas colunas cujas inscrições gravadas atestavam a presença dos povos que o usurpador Josué, filho de Navé (Nun), tinha expulso de seu país. Sallustio, em Jugurtha, indica o destino dos expulsos (vide 1229 a.C.).

Em Josué 18, Josué divide as terras em sete partes entre os filhos de Israel. Josué dirige-se a todos os filhos de Israel em Silo, onde puseram o tabernáculo do testemunho, e diz: "Esta é a herança dos filhos de Benjamim com os seus limites à roda, e segundo suas famílias. E as suas cidades foram: Jericó e Beth-hagla e o vale de Cassis, Beth-araba e Samarain e Bethel, e Avim, e Afara e Ofera, a cidade de Emona e Ofni e Gabee; doze cidades com suas aldeias. Gabaon e Ramá e Beroth, e Masfe e Cafara e Amosa, e Recém, Gerefel e Tharela, e Sela, Elef e Jebus, que é Jerusalém, Gabaath e Cariath: catorze cidades com suas aldeias. Esta é a possessão dos filhos de Benjamim segundo as suas famílias." (Josué 18:20-28)

1163 a.C. - Morre Ramsés III, o último dos grandes faraós; começa a decadência do Egito. 1150 a.C. - Palácios e templos de Micenas são saqueados e abandonados. Até o final do século XII, Micenas cairá por pressão dos Povos do Norte ou por lutas internas. 1150 a.C. - Sinais chamados Proto-Canaanitas são encontrados ordenados alfabeticamente, muito ligados ao alfabeto linear Proto-Canaanita. 1150 a 1050 a.C. - Os hebreus adotam o alfabeto, escrito originariamente em papiros.

ALFABETOS SEMITAS

Coluna 1: Inscrição Fenícia Túmulo do rei Hiram, de Biblos, séc.X a.C.

Coluna 2: Inscrição Fenícia de Biblos, século X a.C.

Coluna 3: Inscrição Fenícia em Mesha (830 a.C.)

Coluna 4: Inscrição Fenícia do século IX a.C.

Coluna 5: Escrita Hebraica de Siloë

Coluna 6: Hebraico Quadrado

Coluna 7: Escrita de Palmira

Coluna 8: Alfabeto Grego arcaico de Tera

Coluna 9: Alfabeto Grego de Campânia

Coluna 10: Alfabeto Latino Arcaico

Coluna 11: Alfabeto Latino Moderno

1150 a.C. - A SAGA BENJAMITA - Nesta época provável ocorreu a morte de Josué, com 110 anos, segundo a Bíblia. Morre também Eleazar, filho de Aarão, primo de Josué. Depois disso, reunidos os filhos de Israel, o Senhor escolheu Judá para chefiar o povo, como se antevira nas bênçãos relatadas por Moisés. Começa o livro dos Juízes, e após as conquistas de Judá nota-se mais claramente o papel dos benjamitas. Não eram guerreiros por conquista, mas se fosse necessário eram os mais valentes. Cabendo-lhes Jerusalém, não a conquistaram à força, como as outras tribos. Vejamos:

Juízes 1:21 - "Mas os filhos de Benjamim não destruíram aos jebuseus, que moravam em Jerusalém; e os jebuseus habitaram em Jerusalém, com os filhos de Benjamim, até o dia de hoje."

Mas o povo constantemente caía na idolatria, e necessitava de líderes que os guiassem. O Senhor lhes colocou Juízes que lhes mostrassem o caminho. Já se nota, nesta altura, a falta de ambiente para o entendimento profundo das relações do Pai e da Mãe, de Jeová e Astarte/Ichtar/Diana, levando seus seguidores a constantes choques e profundos desentendimentos. Os hebreus foram, talvez, os primeiros a expressarem em larga escala a inflexibilidade monoteísta, através da imposição de Jeová. Todavia, a maior parte das vezes em que Deus apareceu aos profetas e patriarcas tal radicalismo não parecia ser uma exigência divina. Deus determinara, isto sim, que a Ele fossem erguidos templos, enquanto as atitudes dos iluminados muitas vezes foi acompanhada da destruição dos outros cultos. Grande parte desta distorção deve-se, é claro, a interpretações e adulterações de versões dos textos sagrados. Não é à toa que os essênios surgiram para resgatar um judaísmo que, segundo eles, se havia perdido. Afinal, entre o povo hebreu os limites entre a antiga e a nova Lei não estavam muito claros.

Um do exemplos dessa contradição está na determinação de Deus a Jacob para que Lhe construísse um templo (Gênesis 35:1), e na atitude do patriarca nos versículos seguintes, ordenando a destruição dos outros deuses e o temor por Deus. O resultado de atitudes como essas foram movimentos radicais mesmo internamente, dentro das próprias doze tribos, estendendo-se séculos mais tarde nas relações com o mundo árabe. Após a disputa e o arrependimento com José, a luta interna entre os seguidores da Mãe Ichtar e os devotos do Pai Jeová foi descrita em Juízes XIX, com os habitantes de Gábaa.

Nesta cidade habitavam os adoradores de Ichtar, que não quiseram dar morada a um viajante cansado com sua mulher. Quando um velhinho os acolheu, bateram à sua porta bandidos que queriam molestá-lo. O velho foi até a porta, pediu clemência ao homem e, em troca, ofereceu sus filha donzela e a mulher do hóspede para satisfazê-los. Eles levaram a hóspede e devolveram-na pela manhã, morta. Pelo relato, nota-se nitidamente a frieza com que a mulher foi entregue (aliás ambas, apesar de só se falar da hóspede), mostrando assim a consideração nula que tinham os homens com a representante da Beleza e da Fertilidade. Isto refletiu-se na sociedade judaica no futuro, excluindo-a totalmente de qualquer aspiração aos Mistérios no Templo ou mesmo na sociedade profana. Entretanto, foram colocadas lá no Templo de Salomão duas colunas em pé de igualdade: uma da Força e outra da Beleza. Mas voltemos ao relato dos Juízes.

O levita que viajava, ao ver sua mulher morta (mas aparentemente com nenhum sentimento além do ultraje) dividiu seu corpo em 12 pedaços, entregando-os a cada uma das doze tribos, para que tomassem providência quanto aos agressores, que eram da região de Benjamim. Só que, fazendo isto, agiu tal qual Deus falou dos próprios benjamitas: repartiu os despojos, após o ataque do lobo arrebatador. O lobo, assim como o touro, representa a Natureza, a Mãe. Isto mostra que ele próprio foi conivente. A ação Venusina negativa dos benjamitas foi corroborada pelo Marciano levita (pois a tribo de Levi é que originou Moisés, filho de Marte), quando este entregou a presa ao lobo arrebatador. E após ter sido arrancado o fruto principal da mulher pelos benjamitas de Gábaa, partilhou os despojos da mulher entre os filhos de Israel.

Também é importante lembrar que, antes de mais nada, o levita tinha ido buscar sua mulher em Belém, pois esta o deixara para ir voltar a morar com seu pai. Este fato já mostra que ele não era em nada um bom marido, uma vez que sua mulher tivera uma atitude rebelde pouco comum para a época. E o noivo, lá chegando, insistira em sair por três vezes quando seu sogro rogava-lhe que pernoitasse mais um pouco. Ou seja, foi sua a responsabilidade pelo deslocamento. Além disso, seu criado sugerira-lhe que dormisse em Jerusalém, mas o levita se recusou pois não eram da tribo de Israel. Quis parar em Gábaa, quando ocorreu o que foi relatado.

Quando deste desastre, os aliados fizeram uma maldição. Juízes 21:1-3 diz: "Juraram também os filhos de Israel em Masfa e disseram: 'Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos filhos de Benjamim.' E vieram todos à casa de Deus em Silo, e assentados na sua presença até a tarde, levantaram a voz e começaram a chorar com grande pranto, dizendo: 'Senhor Deus de Israel, por que aconteceu ao teu povo esta desgraça, o ser hoje cortada uma das tribos?"

Logo depois o lamento é repetido:

"E os filhos de Israel, tocados de pesar pelo que tinha acontecido a seu irmão Benjamim, começaram a dizer: 'Foi cortada de Israel uma tribo, de onde hão de tomar mulheres? Por que nós juramos todos que lhes não daríamos nossas filhas?' "

Confrontados com a possibilidade de extinção de uma tribo inteira, os mais velhos rapidamente arrumaram uma solução. Em Shiloh, em Bethel, haveria em breve um festival. E as mulheres de Shiloh, cujos homens haviam permanecido neutros na guerra, seriam consideradas justas. Os benjamitas sobreviventes foram instruídos a partir para Shiloh e esconder-se nas vinhas para raptar as mulheres.

Como lembram os autores de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, os Dossiers Secrets, de Henri Loubineau (uma compilação publicada em privado e depositada na Biblioteca Nacional de França sob o número 4o lm1 249), insistem muito nesta passagem. A quase extinção da tribo de Benjamim - só sobraram 600 homens - faz supor que estes tenham seguido para o oeste, em direção a Tiro, de onde podem ter começado a migração semítica para o Ocidente. Este é o início da saga dos hebreus pelo mundo, antes mesmo da união de Israel sob seu primeiro rei, Saul (aliás um Benjamita!). Na verdade, as trocas comerciais eram muito ativas já há muito tempo entre as civilizações do Mar Egeu, os Egípcios e os Fenícios. Existem indicações, inclusive, de que a tribo hebraica de Dan fizesse parte das incursões dos chamados Povos do Mar no Levante. Ora, a tribo de Dan dividia com a de Benjamim a faixa de oeste a leste entre o Mediterrâneo e o Mar Morto, estando mais próxima do Mediterrâneo.

De qualquer forma, qualquer que tenha sido a recuperação dos benjamitas, os Dossiers Secrets de Henri Loubineau afirmam que a guerra com os seguidores de Belial foi um ponto crucial da questão. Ao que parece muitos benjamitas - senão a maioria deles - partiram para o exílio. Nos Dossiers Secrets existe uma nota muito destacada em letras maiúsculas, que parece completar um pouco mais este enigma:

"UM DIA OS FILHOS DE BENJAMIM DEIXARAM SEU PAÍS. ALGUNS PERMANECERAM. DOIS MIL ANOS MAIS TARDE GODFROI VI, DE BOUILLON, TORNOU-SE REI DE JERUSALÉM E FUNDOU A ORDEM DO SINAI - Desta lenda maravilhosa que orna a história, assim como a arquitetura de um templo no cume se perdem na imensidão do espaço e dos tempos, com o qual POUSSIN quis exprimir o mistério nos seus dois quadros, "Os Pastores de Arcádia", se descobriu sem dúvida o segredo do tesouro diante do qual os descendentes camponeses e Pastores do soberbo sicambro, meditam sobre 'et in Arcadia ego', , e o rei Midas. Antes de 1200 da nossa era, um fato importante é a chegada dos Hebreus na terra prometida e sua lenta instalação em Canaan. Na Bíblia, em Deuteronômio 33, é dito sobre BENJAMIM: 'Este é o bem amado do Eterno. Ele habitará em segurança junto a ele, e residirá entre suas espátulas. Ele disse também em Josué 18 que o destino dará por herança aos filhos de BENJAMIM, entre as 14 cidades e suas aldeias: JEBUS, de nossos dias JERUSALÉM, com seus três pontos de um triângulo: GOLGOTHA, SION e BETHANIE. E enfim escreveu, em Juízes 20 e 21: 'Nenhum de nós dará sua filha por mulher a um Benjamita... O Eterno, Deus de Israel, por ter chegado em Israel deixou escapar hoje uma tribo de Israel.' Ao grande enigma de Arcádia VIRGÍLIO, que estava segundo os segredos dos deuses, levantou o véu nas Bucólicas X-46/50: 'Tu procul a patria (nec sit mihi credere tantum). Alpinas, a, dura, nives et frigora Rheni me sine sola vides; A, te ne frigora laedant! A tibi ne teneras glacies secet aspera plantas!'

SEIS PORTAS ou selos da Estrela, eis os segredos dos pergaminhos do Abade SAUNIÈRE, Curador de Rennes-le-Château, e que antes dele o grande iniciado POUSSIN conhecia. Desde que ele realizara sua obra a mando do PAPA, a inscrição sobre a tumba é a mesma."

(BAIGENT, LEIGH & LINCOLN. O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993, p. 392)

Colocadas estas localizações no mapa de Jerusalém e redondezas, temos Bethanie ou Betânia à esquerda (sempre da figura, não do leitor!), no lado do Oriente ou de onde vem a Luz, no lugar da boca (representando a Palavra Sagrada, o Verbo, a Sabedoria); o Golgotha está na altura do olho esquerdo da figura, o olho material, ao Norte; e no olho direito está Sião (Sion ou Zion), a região ao Sul de Jerusalém:

Nesta altura já podemos compreender com mais profundidade a origem do Salmo primordial dos atuais seguidores dos Templários e do Monastério de Sion. Eles evocavam o 133° Salmo, pois este representa os três pontos da morte iniciática referidos na alegórica idade de 33 anos do Cristo: Bethanie-Sion-Golgotha, nesta ordem dos acontecimentos, pois Jesus veio de Bethanie, foi para Sion onde realizou a última ceia e de lá tudo terminou no Golgotha.

Os Documentos do Monastério citam esta mesma ordem só que inversa. O precioso óleo que ungiu Davi também ungiu Jesus, como reis sagrados de direito pelo Alto, tal como seus continuadores merovíngios. Sua realeza não foi usurpada, como instituiu a Igreja a partir dos reis Carolíngios. E Bethanie - representando sempre a Augusta Mãe Natureza - foi o instrumento indispensável para tal sagração. A presença inalienável da Mãe para o Coroamento do Pai só foi negada pela Igreja, apesar de ela própria se atribuir o sexo feminino de A Igreja, vestindo seus sacerdotes com os vestidos Materiais Pretos e ungindo reis. Eis o precioso Salmo entoado por aqueles Cristãos Místicos:

"Oh, quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Aarão, e que desce a orla de seus vestidos. É como o orvalho de Hermon, que desce sobre os Montes de Sion, pois ali o Senhor ordena a bênção e a vida, para sempre."

Este - o 133° dos 150 Salmos do Rei Davi, o qual foi cantado para a glória do povo eleito de Jeová - foi entoado pela primeira vez em torno de 980 a.C.. Jesus, como continuador de sua linhagem, será o centro de toda a epopéia que se manifestará nos ciclos de 700 anos da Espiritualidade Hebraico-Cristã. Foi assim que, 2x700 ou 1400 anos após Davi, teremos a continuação de sua saga cantada pelos bardos cristianizados da corte de Arthur; e 3x700 ou 2100 anos depois de Davi, pelos trovadores da região de Provence, época em que começaram a ser narrados os romances do Graal e dos cavaleiros da corte arturiana, com Chrétien de Troyes, Wolfram von Eschembach, o anônimo autor do Perlesvaus e tantos outros. E 4x700 ou 2800 anos após sua composição por Davi, os continuadores da saga templária, ligados ao Rito Escocês, entoarão estes mesmos versos graças à intervenção de iniciados como o próprio mestre Saint-Germain.

AS TRIBOS DE BENJAMIM, DE DAN E A FUGA PARA ARCÁDIA

A região dos Benjamitas era exatamente esta região onde se situa Jerusalém, numa faixa que une o Mar Morto ao Mediterrâneo. Na verdade, no início a faixa mais próxima do Mar pertencia à tribo de Dan. Pode-se, então, melhor compreender as lendas posteriores de que imigrantes de Dan, que iniciaram o culto à deusa Diana, tenham emigrado para a Europa nos primórdios da civilização grega. Os Benjamitas seguiram naturalmente este caminho, dadas as facilidades de trânsito comercial para aquela região.

Neste período deve ter ocorrido a migração dos Benjamitas para Arcádia, na Grécia, ou para Tróia, que estava nas mãos dos gregos de Micenas. Arcádia estava exatamente no centro do reino de Micenas. Em sua "História da Guerra do Peloponeso", Thucydides (460-400 a.C.), descreve sob uma interessante visão a civilização grega arcaica.

No primeiro capítulo de sua obra, Thucydides descreve os primórdios do estado grego, dando-nos uma idéia do que era a chamada região de Arcádia e sua posição especial em relação às outras províncias. Nota-se que, a exemplo da maioria das regiões da Grécia, sua condição climática e o solo eram magníficos, fazendo de Arcádia um alvo potencial - como de resto as outras regiões - da cobiça e do ataque de outros povos. Este ambiente impedia estas regiões de terem sua população radicada, pois a todo momento estavam sujeitas a uma invasão. Entretanto, de todas as regiões climaticamente favorecidas, apenas Arcádia não estava sujeita ao que Thucydides definiu de formação de "facções", que dilaceravam o estado em favor do individualismo egoísta. Ora, por que Arcádia era a exceção? A Attica não era cobiçada pois seu solo era pobre. Daí o seu desenvolvimento mais calmo e seguro, longe da cobiça dos outros povos. Mas Arcádia, o que tinha? É provável que fosse a forte influência da religião e hábitos fortemente cosmopolitas dos hebreus que lá emigraram com a expulsão dos hebreus Benjamitas e com a migração do povo de Dan. Como de resto aconteceu em todos os lugares para onde emigrou o povo hebraico, eles adaptaram-se às mais variadas condições, graças à sua união como povo e à sua versatilidade para absorver novas culturas, ao mesmo tempo em que aceleravam o desenvolvimento das regiões. O fato é que Thucydides não explica por que Arcádia é esta exceção. Algo em seu povo fazia-os manter uma união como estado maior que as outras regiões da Grécia, de condições geográficas semelhantes. Talvez tenha sido a mesma coisa que mantém, há 4000 anos, unido o povo de Israel em torno de uma mesma cultura, algo que seus primos, companheiros e contemporâneos - os fenícios - também souberam representar: a harmonia através da cultura e do comércio livres, fatores comuns a toda civilização estável. Mas vamos a Thucydides no primeiro capítulo de sua obra:

"... é evidente que o país agora chamado Hellas não tinha, nos tempos antigos, população estável; ao contrário, migrações eram de ocorrência freqüente, as muitas tribos prontamente abandonando suas casas sob a pressão de força maior. Sem comércio, sem liberdade de comunicação seja por terra ou mar, cultivando não mais de seu território que as exigências da vida requeriam, destituídos de capital, nunca plantando sua terra (pois eles não podiam dizer quando um invasor viria e levaria tudo, e quando eles viessem não teriam muros para barrá-los), pensando que as necessidades de sustento do dia-a-dia poderiam ser supridas em um lugar tanto quanto noutro, eles se preocupavam um pouco em mudar de residência e, conseqüentemente, nem construíram grandes cidades nem atingiram qualquer outra forma de grandeza. Os solos mais ricos eram sempre os mais sujeitos a essas mudanças de senhores, tal como na Tessália, na Beócia, na maior parte do Peloponeso - excetuando-se Arcádia - e as partes mais férteis do resto de Hellas. A benevolência da terra favoreceu o engrandecimento de cada um individualmente, criando, assim, facções que revelaram-se uma fértil fonte de ruína. Por conseguinte a Attica, da pobreza de seu solo desfrutou desde um período remoto a liberdade das facções, nunca mudando seus habitantes. E aqui está uma exemplificação não dispensável de minha afirmação de que as migrações eram a causa de não existir o correspondente crescimento em outras partes. As mais poderosas vítimas da guerra ou facções do restante da Hellas refugiavam-se com os Atenienses como um seguro retiro; e num período muito antigo, tornando-se naturalizados, inchavam a grande população da cidade a uma tal altura que a Attica tornou-se muito pequena para mantê-los, e eles tiveram que ser enviados para colônias da Ionia." (THUCYDIDES, The Peloponnesian War, Book I, I.2, Enc. Britannica, 1952, p.349)

A GRÉCIA CLÁSSICA, A ARCÁDIA...

(THE TIMES, Past Times - Atlas of Archaeology, London, 1991, p.163)

... e O COMÉRCIO DE MICENAS

(THE TIMES, Past Times - Atlas of Archaeology, London, 1991, p.145)

1100 a.C. - A Grécia é invadida por tribos bárbaras vindas do norte. Os Dóricos, e mais tarde os Ionios, ocupam as áreas onde floresceram as culturas Minóico-Micênica. A Grécia nunca mais seria tão rica e poderosa novamente até a Idade de Ouro de Atenas, sob Péricles no século V a.C.. Ao que tudo indica, esta época coincide com a vinda da leva de hebreus benjamitas, relatada anteriormente.

1100 a.C. - Nesta época situam-se notícias de historiadores clássicos dando conta da existência de Gades (a moderna Cadiz, na costa espanhola atlântica logo após as Colunas de Hércules), Utica e Linux (na África do Norte, sendo esta última na costa marroquina logo após as Colunas de Hércules). Estas notícias não são confirmadas pela moderna arqueologia. Os assentamentos fenícios mais antigos comprovados datam do século IX, no máximo.

1057 a.C. - Registro mais antigo da aparição de um cometa, na obra chinesa Livro do Príncipe Huai Nan. Trata-se do Cometa Halley.

1050 a.C. - A partir do século XI a.C., discerne-se a influência fenícia em Chipre.

1050 a.C. - Época provável do nascimento de Sansão, da tribo de Dan, após "os filhos de Israel fazerem mal na presença do Senhor". Foi quando o povo ficou nas mãos dos filisteus por 40 anos.

1029 a.C. - Nascimento de Davi

1020 a.C. - O BENJAMITA SAUL E O REINO DE ISRAEL

Data aproximada do surgimento do Reino de Israel como tal, através de Saul. Saul pertencia à pequena tribo de Benjamim, que foi eclipsada pela vizinha tribo de Efraim, da qual talvez fosse um sub-braço. Ambas as tribos estavam colocadas nas montanhas ao norte de Jerusalém, próximas de outros elementos da população como os Hivitas e os Architas. Jerusalém não era ainda uma cidade proeminente, e os habitantes da montanha estavam sujeitos a ataques de todos os lados. Foi então que emergiu Saul da cena como um herói militar local. Ele liderou os Benjamitas e Efraimitas na sua resistência contra os inimigos vizinhos, especialmente os filisteus. Foi proclamado rei pelos seus compatriotas, logo após suas vitórias. Saul passou o restante de seu reinado - de duração desconhecida - fortalecendo o que passou a ser o início do reino de Israel. Morreu em batalha, junto com seu filho Jônatas, nas encostas do Monte Gilboa. A dominação do reino era uma questão de disponibilidade de pessoal para o domínio. Sua autoridade sobre os limites de seu território, portanto, variou com o passar do tempo e das campanhas. Jerusalém, por exemplo, nunca foi incorporada de fato aos seus domínios.

Extraído, com alterações, de Arthur Franco, A IDADE DAS LUZES, WODAN, 1997, Porto Alegre)

IDADE DAS LUZES (Arthur Franco, 540 pgs., 61 figs) é uma publicação da WODAN Editora Ltda. Todos os Direitos reservados.