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Ednilsom Montanhole

Hebreus, Gregos e Fenícios - IV

Hebreus, Gregos e Fenícios

QUARTA PARTE: O RENASCIMENTO GREGO E AS MIGRAÇÕES SEMITAS

Extraído de Arthur Franco, A IDADE DAS LUZES, WODAN, 1997, P. Alegre, Brasil

900 a.C. - Período de ressurgimento da cultura grega após o declínio da civilização micênica. A estrutura política e econômica de Micenas ruíra no 12° milênio a.C., ficando 200 anos no isolamento e pobreza. A situação começou a mudar em 900 a.C., quando as ligações comerciais com a Itália e o Levante foram restabelecidas. Os centros urbanos emergirão em 700 a.C.. Esta época coincide com o restabelecimento da população originária da migração Benjamita (em torno de 1100 a.C.). Existe uma lenda grega que diz que o filho do rei Belus, Danaus, chegou à Grécia com suas filhas num navio. Suas filhas teriam introduzido o culto à deusa-mãe, tornado o culto oficial dos arcadianos. Segundo alguns autores, este mito registraria a chegada de colonos da Palestina no Peloponeso. Afirma-se que Belus advém, na realidade, de Bel ou Baal, ou talvez o Belial do Velho Testamento. Vale notar que um dos clãs da tribo de Benjamim era o clã de Bela, e que o parentesco entre Israel e Esparta já foi declarada no Livro dos Macabeus (vide ano 2100-1600 a.C.).

Ora, sabemos que o Deus Supremo dos Celtas era identificado como Belenos. Não seria esta mais uma ligação com os mistérios Greco-Céltico-Hebraicos? Como veremos, esta representação está inclusive na alta simbologia maçônica - particularmente no grau regido pelo signo de Virgo - c - que veremos mais tarde nesta cronologia ao tratarmos dos primórdios da civilização celta (vide século VI a.C.). Ocorre que Belenos (o Brilhante) ou Grannos é qualificado também pelo nome de Maponos (Grande Filho), o qual corresponde também a Mac Oc. A tradição gaulesa conservou seu nome sob a forma Mabon (veja-se, aqui, a identificação com o grau correspondente à Virgem Mãe na F\M\. Por isto que ao perjuro, nos antigos mistérios, cortavam-se os intestinos, regidos por Virgo. Mabon é um jovem herói elevado por sua Mãe no terceiro dia de seu nascimento.

Lembremos também aqui Jesus, que ressuscitou ao terceiro dia, na alegoria da iniciação no terceiro grau; mais uma vez vemos que a sua ligação com a Mãe era maior que o pronunciado nos Evangelhos. Mabon foi detido, logo após, em prisão. Sozinho, ele poderia caçar com o cão Drutwyn, sem o qual não poderia prender o javali (sanglier, em francês, ou laço de sangue) Twryt. A fim de poder empreender a caça ao javali Twryt, o rei Arthur fez um assalto à prisão e Mabon foi libertado. Essa libertação do jovem deus é como aquela do sol prisioneiro da noite, sem a qual a vida não pode sobreviver. Belenos-Grannos-Mabon é qualificado como o deus Apolo, o jovem deus, filho do Grande Pai.

O termo Dan é novamente visto na mitologia céltica nos confirmando a sua ligação com a Mãe, à semelhança dos vizinhos e irmãos da tribo de Dan, os Benjamitas. Acontece que Dana é um antigo nome da Deusa-Mãe, caracterizada como uma deusa-jumento. Lembramos novamente a fuga de Maria e José para Belém sobre um jumento: uma alegoria de que o Salvador fora trazido à vida através do deus pagão BEL, Baal, representando o culto à Mãe, no jumento da Deusa Mãe Dana. Por outro lado, a consorte de Baal era Nanna. Dana aparece, então, associado a Ana, derivado de D'Ana, considerada a Mãe dos Deuses. Posteriormente, este nome de Dana evoluiu para a designação distinta de todas as mulheres com o termo Dama. No francês, Dame, que assim como no português designa d'ama, de ama, do amor. No egípcio, a palavra amor, amora, mar e mãe tem praticamente a mesma fonética (mer, merit). É o símbolo da coluna da Beleza ou do Amor, da Mãe, no templo de Salomão (BOAZ), contrapondo-se à coluna da Força ou do Pai (JAKIN). O B, na Cabala, é a 2a. letra do alfabeto hebraico, representando o princípio feminino, a horizontalidade receptiva, a Beleza, a Mãe. O J, a 10a. letra ou iod, representa o princípio masculino, a verticalidade fecundante, a Força, o Pai.

Segundo outros estudiosos, os druidas pregavam a existência de um só Deus, a quem davam o nome de "Be'al", que alguns entendidos de coisas celtas dizem ser "a vida em tudo". Essa deidade era identificada com o Sol, assim como o Baal dos Fenícios, e seguindo a tendência de todos os outros centros solares como a América, Egito e Grécia. Mesmo no Cristianismo, veremos, é indissolúvel a associação de Cristo com o Sol, desde a data fictícia de seu nascimento (o dia em que a luz do Sol começa a ganhar mais espaço em relação à noite), sua associação ao "Sol Invictus" de Constantino, etc.. São sem fim os exemplos desse centro mundial de culto ao Sol se acrescentarmos o culto à luz dos magos persas, o Apolo dos Gregos, e tantos outros. A diferença entre estes antiqüíssimos cultos e a alegoria hebraico-cristã reside na abominação que estes últimos fizeram do chamado culto "pagão" à Mãe. Tal nunca poderia ter ocorrido sem sérios traumas: foi o que aconteceu com o papel da mulher nas sociedades cristã (onde a mulher não tinha alma e encarnava o mal), hebraica (onde os mistérios lhe eram totalmente negados) e muçulmana (onde até hoje a mulher vive uma condição subumana). Tal foi o preço pago pelo cego culto à Unidade, que sempre ocorreu em todos os povos e culturas, mas sem o fanatismo que caracterizou esses movimentos denominados monoteístas.

Os druidas realizavam dois festivais por ano. O primeiro tinha lugar no princípio de maio, e era chamado Beltane ou "Fogo de Deus". Nessa ocasião fazia-se uma enorme fogueira em algum ponto alto, em honra ao sol, cujo retorno benéfico eles saudavam depois da desolação e escuridão do inverno. Desse costume ainda ficou um rastro no nome dado ao domingo de Pentecostes pelos escoceses. Na Irlanda, a festa de "Beltane" é comemorada em 1° de Maio. É quando os druidas faziam grandes fogos e passavam o boi através da fumaça para purificá-lo. Sob a reforma de Gregório I, o Grande, a partir de 590 d.C. foram instalados santos locais substituindo antigas tradições pagãs. Na Festa da Primavera, em 1° de Maio, o mês de Beltaine, era acesa a primeira fogueira na Irlanda, aquela do Uinesh. Era precedida de uma noite trágica, dita de San-Valpurge ou de Valpurgis, conhecido em todo folclore europeu. Esta festa do fogo, dedicada ao deus solar Bélén, era a festa do "Fogo de Maio". O Cristianismo consagra o mês de maio à Mãe de Deus e à pureza. Novamente vemos a alegoria que citamos anteriormente, do Deus Sol BEL ou BAAL, sua relação com BELÉM e a dupla reverência ao Pai e à Mãe. Não é de se admirar que os Benjamitas - tal como os da tribo de Dan - não abandonaram o antigo culto e a veneração ao aspecto feminino de Deus. Nem mesmo Jesus, mais tarde, negaria a importância do elemento feminino em seu trabalho. Como veremos, sua ligação com Maria Madalena e a atenção que deu e recebeu de Maria de Betânia foram marcantes em seu trabalho de evangelização, transformando-se o sítio de Betânia a principal base para o trabalho de evangelização. E a Lei do Amor, que foi a tônica do trabalho do messias, nada mais é que a pura manifestação do aspecto feminino de Deus, equilibrando o aspecto masculino representado pela Justiça.

900 a.C. - Os Arameus adotam o alfabeto hebraico-egípcio-fenício, estabelecendo sua escrita e linguagem na Mesopotâmia. O aramaico se tornará a língua administrativa do Império Persa (500-330 a.C.), dali disseminando-se para a Anatólia e para a Índia.

900 a.C. - A partir desta época a moderna arqueologia confirma assentamentos fenícios florescendo em muitos lugares.

891 a.C. - Começa a reinar Ithobaal, Rei de Tiro até 859. Sua filha, Jezabel, casa-se com Ahab, Rei de Israel de 874 a 853.

885 a.C. - Começa o reinado de Omri em Israel, até 874 a.C..

874 a.C. - Começa o reinado de Ahab em Israel, até 853 d.C.. Ahab casou com Jezebel, a filha de Ethbaal (ou Ittobaal), rei de Tiro, trazendo sua religião com ela até o reino israelita. A influência fenícia é comprovada pelos levantamentos arqueológicos em Samaria.

859 a.C. - Começa a reinar Badizor, Rei de Tiro, até 853.

853 a.C. - Começa a reinar Mattan, Rei de Tiro, até 821.

821 a.C. - Um dos filhos de Mattan, Pigmalião, começa a reinar como Rei de Tiro até 774.

814 a.C. - Na Fenícia, outra filha de Mattan, Elissa (Dido), casa-se com Acharbas, irmão de Mattan. Acharbas é assassinado por Pigmalião.

813/14 a.C. - Fundação de Cartago, segundo as evidências mais aceitas, no auge da expansão de Tiro no Mediterrâneo. Um dos motivos advogados para a expansão foi a opressão assíria, que olhava avidamente para estes ricos reinos. A exemplo dos Fenícios, seus fundadores, os Cartagineses fundaram também diversas cidades nas margens da Líbia, do lado do oceano. Hannon, almirante cartaginês, fez uma viagem desde o estreito de Gadès até a entrada do golfo arábico, contornando a África (Plínio, Hist. Nat., lib. 2 De rotunditr terrae); embarcou, em 60 navios, 30 mil pessoas de ambos os sexos para servirem à fundação dessas cidades e colônias cartaginesas. A frota de Cartago era de 200 navios. Ao tempo das guerras púnicas, chegará a 500.

800 a.C. - Os Gregos adotam o alfabeto fenício, remodelando-o para sua linguagem. No início muitas formas diferentes do alfabeto foram experimentados, mas em 400 a.C. o alfabeto Jônico foi adotado como escrita comum.

800 a.C. - Período em torno do qual estima-se que foi redigida a Ilíada, de Homero. Muito pouco se sabe sobre ele. Heródoto (século V a.C.) diz que Homero era um grego que procedia da Iônia, na costa oeste da Ásia Menor. Provavelmente era nativo da ilha de Chios. Os historiadores divergem quando à época de Homero, situando-o de 850 a 750 a.C..

800 a.C. - Primeiros indícios de cultura céltica organizada no sul da Alemanha e norte dos Alpes. O trabalho com o ferro - que há 200 anos já aparecera em Hallstatt, na Áustria - nesta época já aparece espalhado na Europa como espadas e aparelhos para cavalgar, deslocando o bronze. 800 a.C. - A partir desta época os gregos começam a se expandir para o Egeu, o Mar Negro e o Mediterrâneo. No ocidente a expansão grega esbarrou na competição comercial, principalmente com os fenícios.

800 a 600 a.C. - Os etruscos, o povo natural da Toscana, fundam cidades na Itália Central. Até 600 a.C. a influência etrusca se estenderá pela maior parte da Itália central.

800 a 500 a.C. - Ocorre a helenização do Ocidente na Sicília, Sul da Itália e Sul da França, estabelecendo-se uma linguagem e escrita grega. Cada colônia utilizava a variante do alfabeto de sua própria metrópole. Aí reside a diferença da Langue d'Oc, do Sul da França, do francês comum do restante do país.

Também deste período é a aristocracia da região de Hallstatt, na Áustria, ao norte dos Alpes. Neste período verificaram-se grandes distinções sociais e organização. Isto se acentuou com o contato das emergentes colonizações helênicas. As civilizações céltica e helênica mantiveram intenso contato e trocas, com os celtas gradualmente descendo e assentando-se ao longo do vale do Rhine e para o sul, seguindo o vale do Rhône.

730 a.C. - Período de Zoroastro, segundo o Denkart.

721 a.C. - A Samaria é atacada por Sargão II. Segundo os anais de Sargão, foram deportados 27290 judeus, isto é, praticamente todos. De Reis II, 17,24 tiramos:

"O rei dos assírios retirou os povos de babilônia e de Kuta, de Avva, de Khamat e de Sepharvaim e destinou-os a Israel. E eles tomaram posse da Samaria no lugar dos filhos de Israel e fixaram sua residência naquela cidade."

700 a.C. - Introdução do trabalho em Ferro nas ilhas britânicas.

700 a.C. - Roma começa a se desenvolver de uma pequena vila para uma importante cidade, em pleno domínio etrusco.

660 a.C. - Nesta época, segundo os estudiosos e os cálculos cingaleses, nasce Gautama Buddha. 605 - Assume Nabucodonosor na Babilônia.

600 a.C. - No século VI ou VII a.C. os Gregos de Ionia (região a leste da Ásia Menor) estabelecem um assentamento na costa mediterrânea da França, fundando a cidade conhecida como Massília (Marseilles). Daí a civilização grega se espalha acima pelo vale do Rhône. Naturalmente a cristandade deverá seguir esta rota a partir das igrejas da Ásia Menor, tal como ocorrerá com Madalena e seus seguidores. Quando os apóstolos lá chegarem, verificarão que o cristianismo já era conhecido.

597 a.C. - Nabucodonosor invade e destrói Jerusalém, seguindo-se dez anos de destruição em Israel e exílio do povo judeu na Babilônia.

590 a.C. - "No ano 590, antes da encarnação de Cristo, partiu de Espanha uma armada de mercadores cartagineses feita à sua custa, e foi contra o ocidente por esse mar grande ver se achavam alguma terra: diz que foram dar nela. E que é aquela que agora chamamos Antilhas e Nova Espanha, que Gonçalo Fernandes de Oviedo quer que nesse tempo fosse já descoberta." Ora, o nome Antilhas - pré-colombiano - bem deve derivar de "Atlantilhas" ou ainda de "Ilhas dos Antis". (Antônio Galvão, Tratado dos descobrimentos antigos e modernos,Lisboa,1731, p.8). Galvão não apenas afirma que os antigos conheciam a América, mas que sua primitiva população é oriunda da Ásia.

Extraído, com alterações, de Arthur Franco, A IDADE DAS LUZES, WODAN, 1997, Porto Alegre)

IDADE DAS LUZES (Arthur Franco, 540 pgs., 61 figs) é uma publicação da WODAN Editora Ltda. Todos os Direitos reservados.