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Ednilsom Montanhole

Marxismo

Marxismo

Sistema de idéias econômicas e políticas primeiramente desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels (1820-95) e, posteriormente, por seus adeptos. Juntamente com o materialismo dialético, formou a base para a teoria e a prática do comunismo. No cerne do marxismo encontra-se a concepção materialista da história, de acordo com a qual o desenvolvimento de todas as sociedades é, em última instância, determinado pelos métodos de produção adotados pelo povo para atender às suas necessidades. Uma técnica particular de produção determina, em primeiro lugar, um conjunto de relações de propriedade para organizar a produção (por exemplo, a escravidão, o feudalismo e o capitalismo), e, em segundo lugar, a política, a religião ou a filosofia de uma determinada sociedade. O conflito entre as classes emergentes levou ao estágio seguinte da evolução social (evolucionismo). O feudalismo foi sucedido pelo capitalismo, que se destinava a ser a passagem para o socialismo/comunismo. Neste caminho, Marx e Engels visavam estabelecer o papel central das classes e da luta de classes. Sua atenção focalizava-se nas sociedades capitalistas, que eram vistas como cada vez mais polarizadas entre uma classe capitalista exploradora e uma classe trabalhadora empobrecida. A elaboração normativa da teoria do valor-trabalho, sustentada por Smith e Ricardo, foi crucial para a análise econômica do capitalismo elaborada por Marx. Ele via os capitalistas como apropriadores e acumuladores do valor excedente gerado pelos trabalhadores, enquanto os trabalhadores -- o proletariado -- ficavam cada vez mais pobres. O desenvolvimento da indústria tornaria o capitalismo obsoleto e a classe trabalhadora estaria pronta para derrubar o sistema, através da revolução, e para criar uma sociedade socialista. Marx e Engels pouco se referiram à política e à economia do socialismo; após sua morte, Lenin e seus seguidores, tanto na antiga União Soviética quanto em outras regiões, utilizaram as idéias marxistas para sustentar o comunismo. A ideologia foi logo rebatizada de 'marxismo-leninismo', muito embora alguns marxistas criticassem os métodos comunistas e vissem a Revolução Russa de 1917 como prematura. Desde então, os marxistas vêm tendo de lutar contra o fracasso das sociedades socialistas para viverem de acordo com as crenças humanistas do próprio Marx, assim como contra as evoluções políticas, como a ascensão do fascismo, que surgiu para contradizer o materialismo histórico. A injunção de Marx, de que para entendermos a sociedade devemos antes investigar suas formas de produção, continua a influenciar muitos cientistas sociais e historiadores, mesmo aqueles que não aceitam suas teorias.

materialismo

Doutrina da filosofia clássica segundo a qual a realidade é material ou física. O materialismo é, portanto, uma forma de monismo. Raramente é apresentado diretamente, sendo usualmente defendido pelo sucesso das ciências físicas. Para que o materialismo se constitua em verdade, a mente ou os estados mentais devem, de alguma forma, ser idênticos aos fenômenos físicos (presumivelmente aos estados do cérebro ou do sistema nervoso), afirmação esta que levanta questões filosóficas complexas. Uma forma diferente de materialismo é associada a Marx. Neste caso, o materialismo não é uma reivindicação ontológica, mas uma teoria para explicar melhor a história, a sociedade e o pensamento humano. O materialismo de Marx afirma que a sociedade é determinada pelo estado de seu desenvolvimento material (seus poderes de produção econômica e assim por diante), ao contrário da alegação idealista de que apenas o pensamento determina autonomamente o curso do desenvolvimento humano.

luta de classes

Conceito ou teoria que afirma a existência permanente, dentro das sociedades, de um conflito entre as diferentes classes sociais. Tal idéia surgiu na Revolução Francesa (1789), mas ganhou forma teórica e peso ideológico no Manifesto Comunista redigido, em 1848, por Karl Marx e seu amigo e colaborador Friedrich Engels. No manifesto, eles afirmavam que "a história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes". De acordo com a teoria comunista, a luta das classes pelo poder (social, político e, principalmente, econômico) se acirra no sistema capitalista, no qual praticamente só existem duas classes em oposição absoluta: a burguesia, dona dos meios de produção, e o proletariado, que é privado material e espiritualmente daquilo que produz através da apropriação de sua força de trabalho ('mais-valia') pela burguesia. Essa luta viria culminar na vitória dos operários, que então implantariam uma sociedade ideal, baseada na partilha igualitária dos recursos. A teoria da luta de classes está calcada no materialismo dialético, segundo o qual o choque ou oposição entre elementos ou sistemas contraditórios leva à superação das condições presentes e ao progresso. A idéia de um conflito social intrínseco às sociedades capitalistas formou a ideologia da Revolução Russa e do Estado soviético por ela implantado. Todavia, alterações bastante profundas da realidade econômica e social, como os problemas econômicos enfrentados pelos regimes socialistas e comunistas, a extinção da União Soviética e a relativa prosperidade conquistada pelas classes trabalhadoras nos países capitalistas centrais, enfraqueceram o conceito de luta de classes. Nos países subdesenvolvidos, onde as desigualdades sociais e a pobreza alcançam níveis extremos, essa noção ainda atrai muitos pensadores e agentes sociais, porém está mais distante do pensamento de Marx e Engels.

Karl Marx

(1818-83), cientista social, filósofo e revolucionário alemão. Originalmente um dos discípulos de Hegel, viu sua ambição de seguir carreira acadêmica em Bonn frustrada devido ao seu radicalismo. Ajudou a divulgar um jornal em Colônia, em 1842, que foi proibido pelo censor. Mudou-se então para Paris, onde encontrou Friedrich Engels; desde então os dois tornaram-se colaboradores em trabalhos de filosofia política. Em 1845, foi para Bruxelas, onde associou-se à Liga Socialista pela Justiça (1847), posteriormente denominada Liga Comunista, e, junto com Engels, escreveu o Manifesto Comunista (1848). A irrupção das revoluções de 1848 tornaram possível um breve retorno a Colônia. Expulso logo depois da maior parte dos países europeus, estabeleceu-se finalmente em Londres, onde viveu com a ajuda financeira de Engels o resto de seus dias. Seu envolvimento, como jornalista, com os grupos radicais alemães e franceses da conturbada década de 1840 levou-o a adotar o comunismo e a formular uma ampla e influente crítica do capitalismo, por ele condenado como a maior causa da alienação humana moderna. Convencido da importância central da economia (isto é, das condições materiais de vida) para a determinação dos demais aspectos da existência humana, Marx inverteu a célebre fórmula idealista de Hegel, segundo a qual é a consciência, ou o espírito, que determina o curso da história humana; desenvolveu nesse sentido uma interpretação materialista da história, que no entanto conservava da doutrina de Hegel a noção de dialética (ver também materialismo dialético), a qual se transformaria no núcleo da corrente filosófica, ideológica e político-social conhecida como marxismo. Marx previa uma revolução política e social global, como resultado de um conflito entre as classes trabalhadoras e os capitalistas, os quais usavam o Estado para reforçar seu próprio domínio. Sua meta era a união de todos os trabalhadores para conseguirem o poder político. Após a militância revolucionária e as obras de caráter político e histórico, nos últimos anos de sua vida Marx dedicou-se mais intensamente às análises econômicas, com o propósito de demonstrar o caráter essencialmente exploratório do capitalismo, que, segundo ele, fazia com que o sistema produzisse crises cada vez mais graves. Seus estudos resultaram na obra O Capital, de 1867 (editada por Engels em 1885-94). Durante muitas décadas, O Capital foi uma referência central na área das ciências sociais. Em seus escritos anteriores, de cunho mais jornalístico, Marx analisou os acontecimentos políticos de sua época a partir de uma perspectiva comprometida com a classe operária. Em várias ocasiões participou ativamente de movimentos socialistas, ajudando a fundar a Primeira Internacional, em 1864, e sendo posteriormente escolhido como seu líder. Um choque ideológico entre Marx e Bakunin levou-os a se desentenderem em 1876. Desde sua morte, sua extensa obra exerceu imensa influência sobre o pensamento político e social, e, mais especificamente, sobre os movimentos e partidos socialistas do mundo todo.

Friedrich Engels

(1820-95), filósofo e socialista alemão, que juntamente com Karl Marx fundou o moderno comunismo. Nascido em uma família abastada, mudou-se para a Inglaterra em 1842 para trabalhar na fábrica têxtil de seu pai. Lá escreveu sua principal obra, A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra em 1844. Engels tornou-se socialista devido ao seus contatos com os efeitos negativos do capitalismo, e em 1844 iniciou com Marx uma colaboração só interrompida pela morte deste último. Em 1848, publicaram o Manifesto Comunista, estabelecendo os princípios do comunismo. Após participar ativamente de grupos revolucionários na França, Bélgica e Alemanha durante as malsucedidas revoluções de 1848, Engels retornou à Inglaterra em 1850. Deu suporte financeiro a Marx enquanto este trabalhava em sua principal obra, O Capital, e completou o segundo e terceiro volumes da obra após a morte de Marx. Entre seus outros trabalhos estão As Origens da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1844) e Anti Dühring (1878), um debate filosófico que lançou as bases para o que alegou ser o caráter científico do comunismo, em oposição à utopia, o socialismo. (c) Webster.

Manifesto Comunista

A primeira fonte da doutrina social e econômica do comunismo. Foi escrito como Das Manifest der Kommunistischen Partei, em 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels, para prover um programa político que estabeleceria uma tática comum para o movimento da classe trabalhadora. Propunha que toda a história até aquela data havia sido uma faceta das lutas de classes e afirmava que o proletariado industrializado poderia eventualmente estabelecer uma sociedade sem classes, garantida pela propriedade social. Ligava o socialismo diretamente ao comunismo e estabelecia medidas pelas quais o mesmo podia ser conseguido. Não teve impacto imediato e Marx sugeriu que deveria ser arquivado quando as Revoluções de 1848 fracassaram. Apesar disto, continuou a influenciar os movimentos comunistas em todo o mundo durante o século 20.