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Ednilsom Montanhole

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Economia Clássica

A teoria econômica foi elaborada e sistematizada nas obras dos economistas políticos (na maioria, britânicos) dos séculos 18 e 19, mais especificamente entre Adam Smith (cuja obra A Riqueza das Nações foi publicada em 1776) e J.S. Mil (cujos Princípios de Economia Política apareceram em 1848). Além de Smith e Mill, os principais responsáveis pela formação da economia clássica foram o francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), David Ri-cardo e Robert Malthus (1766-1834). A idéia central da economia clássica é a de competição. Embora os indivíduos ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a competição funcionam espontaneamente, de modo a garantir (por um mecanismo abstrato designado por Smith como "a mão invisível" que ordena o mercado) a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja excesso de lucros. Por essa razão, o único papel econômico do governo (além do básico, que é garantir a lei e a ordem) é a intervenção na economia quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, quando não há competição livre. Segundo a teoria clássica, na economia competitiva a oferta de cada bem e de cada fator de produção tende sempre a igualar a demanda. Em todos os mercados, o elemento que determina esse equilíbrio entre oferta e demanda são os preços (o preço do trabalho, nesse caso, seria o salário). Os economistas clássicos partiam do princípio de que a longo prazo os salários tendem a atingir o nível de subsistência, e que qualquer elevação acima desse nível por tempo demorado leva a um aumento da taxa de crescimento populacional. Ao mesmo tempo, assumia-se que a chamada Lei de Say, que diz que "a oferta cria sua própria demanda", impediria qualquer diminuição demorada ou não-desejada do nível de emprego do trabalho. A análise dos rendimentos relativos à propriedade da terra (por oposição aos salários e ao lucro) constituía outra preocupação teórica dos economistas clássicos, pois estes consideravam necessário explicar e justificar a distribuição desigual de renda entre os possuidores dos diferentes fatores da produção -- o trabalho, o capital e a terra. Segundo Ricardo, a renda fundiária equivaleria ao excedente capaz de ser produzido numa terra mais fértil, em competição com terras menos férteis. Outro ponto assumido pela economia clássica é que os investimentos e a poupança são determinados principalmente pelas taxas de juros; esse foi um dos aspectos da teoria contestados, no século 20, por Keynes. De acordo com a perspectiva clássica da teoria do crescimento e do desenvolvimento econômico, acabaria por se consolidar em algum momento futuro um estágio econômico estacionário, não muito diferente, em estrutura, daquele do mercado capitalista. Essa visão contrasta com a dos economistas da segunda metade do século 20, que procuraram estudar as condições em que um crescimento mais ou menos contínuo poderia vir a erradicar ou diminuir a pobreza e as desigualdades entre os países. Na segunda metade do século 19, a economia clássica foi modificada e enriquecida pelos trabalhos do inglês William Stanley Jevons (1835-82) e do austríaco Carl Menger (1840-1921), que introduziram a perspectiva dita "marginalista", segundo a qual o valor econômico não é determinado pelo custo, mas sim pela utilidade variável que um bem pode ter para um agente econômico. A partir daí, desenvolveu-se no século 20 a teoria neoclássica do francês M.E.L. Walras (1834-1910), do italiano Pareto e do britânico A. Marshall (1842-1924), entre outros. A teoria neoclássica permanece como o núcleo científico das análises econômicas atuais, especialmente em microeconomia.

Smith, Adam

(1723-90), filósofo e economista escocês, fundador da economia clássica. Sua obra pioneira, Pesquisa sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações (1776), é um estudo da prosperidade econômica e nele Smith destacava, em marcada ruptura com os modelos mercantilistas e da fisiocracia (ver economia), a importância da indústria manufatureira, ao lado da agricultura. Ele afirmava que para o aumento da prosperidade, são necessárias a predominância das atividades produtivas em relação às não-produtivas e a divisão do trabalho (parcelamento do processo produtivo em operações e atividades distintas e coordenadas). Quanto maior o mercado, mais extensa é a especialização das atividades produtivas e a divisão de trabalho. Smith vinculava o valor de um bem ao trabalho nele aplicado, mas o preço desse mesmo bem, segundo ele, seria função da relação entre oferta e procura no mercado. O papel da competição é central em sua análise. Ele afirmava que, vigorando a livre concorrência, com os indivíduos perseguindo objetivos econômicos egoístas, as vantagens pessoais dos mais bem-sucedidos seriam naturalmente conduzidas, "como por uma mão invisível", no sentido da maximização do bem-estar da sociedade como um todo. Baseando-se nessa análise, ele advogou o princípio da intervenção governamental mínima no sistema econômico, no que se tornou uma das formulações clássicas do pensamento liberal.

Keynes, John Maynard

(1883-1946), economista britânico. Fundador da moderna macroeconomia, que se constituiu a partir da obra A Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda (1936). Keynes argumentava que, ao contrário dos pressupostos das economias clássica e neoclássica, uma economia de mercado não tende invariavelmente à condição de pleno emprego dos recursos; segundo Keynes, a economia pode, ao contrário, não conseguir sair de uma situação de subemprego dos recursos. Isto se dá devido ao fato de que o movimento dos preços e das taxas de juros não constituem, por si só, incentivo necessário aos produtores para que empreguem os recursos ociosos de que dispõem. Keynes rejeitou a idéia de que cortes nos salários sejam uma solução confiável para o desemprego, mostrando que ela se baseia numa visão errônea do mercado de trabalho. O economista britânico defende que o valor do trabaho pode ser alterado sem afetar significativamente as condições da demanda (ou da oferta) no restante da economia como um todo. Como forma de corrigir esse suposto erro, Keynes argumentava, em primeiro lugar, que cortes nos salários nominais (o valor pago em dinheiro) não trazem diretamente cortes nos salários reais, mas antes resultam em preços mais baixos e, com isso, em aumento do poder de compra. Em contrapartida, essa medida aumentaria a demanda agregada e conseqüentemente o emprego, contanto que levasse à diminuição das taxas de juros e, daí, a investimentos mais altos. As despesas com investimentos também elevariam a demanda de consumo através do efeito multiplicador sobre as rendas familiares. Se a disposição do setor privado em investir não fosse adequadamente incentivada, o governo deveria intervir realizando gastos em obras públicas ou outros auxílios diretos à demanda agregada. Keynes teve papel bastante importante na conferência de Bretton Woods (1944), que levou à criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Após a Segunda Guerra Mundial, o keynesianismo tornou-se praticamente a ortodoxia entre os economistas, influenciando muito, por exemplo, o esforço de construção do estado de bem-estar social na Inglaterra. No entanto, em anos mais recentes, a "economia keynesiana" tem tido sua validade questionada e algumas de suas posições foram abandonadas.

Macroeconomia

Área da ciência econômica que estuda a economia como uma grande unidade complexa, e não como um conjunto de agentes econômicos e mercados individuais e autônomos. Os estudos macroeconômicos têm por objeto as variações e relações entre grandes agregados (isto é, somas totais de determinados processos ou comportamentos econômicos), especialmente a demanda agregada (e seus componentes: consumo, investimento, gastos governamentais), a renda nacional, a balança de pagamentos, o nível de emprego e o nível de preços. Sob tal perspectiva, dá-se muita importância ao papel do governo e principalmente ao impacto das políticas fiscal e monetária sobre o desempenho econômico geral. As diferentes correntes do pensamento econômico desenvolveram diversos modelos de comportamento macroeconômico. Para os keynesianos, que pressupõem salários fixos, a produção da economia nacional depende da intervenção do governo. Os modelos clássicos e monetaristas, por outro lado, tendem a tomar salários e preços como flexíveis, e a produção como basicamente independente da política governamental.