Portuguese betas: Malukachan, Lilibeth, Amanda Saitou
English beta: November Jane
O inverno do meu contentamento
Prefiro o frio. Não digo que adore, mas eu fico mais confortável.
No inverno, estou quase contente.
Uso casacos pesados. Entro debaixo de grossas cobertas.
É tão bom ficar envolvido em tanto tecido. Abraçado. Como um manto.
Ninguém jamais me abraça, e eu aceito conforto de tecido.
Meu corpo se aquece no inverno.
Suponho que seja justo, já que o calor não toca minha alma.
Nunca.
Eu jamais fico quente por dentro.
Perpetuamente gelado no interior.
Perenalmente frio.
Permanentemente convertido em gelo.
Carente de vida, embora não totalmente insensível.
Pois eu sinto
Eu sinto dor
e desgosto
e amargor
e sofrimento.
Destituído e espoliado.
Abandonado e vazio.
O verão não me cai bem.
Lembra-me queimar, sufocar, asfixiar.
Traz suor, traz fogo.
Fogo da pressão, do desconforto.
Eu sei que alguns adoram o verão.
Os de pouca roupa, os de pouca preocupação, os que não são eu.
Não são mesmo.
Pois meu nome é Severo, rígido e sério.
Não, o verão não me cai bem.
Não sou um homem para todas as estações.
Eu conheci um desses.
Mas tive que matá-lo.
Era uma noite tão quente e abafada.
E eu tremia.
Como sempre. Nada de calor por dentro.
Não importa a temperatura, eu estou sempre azul de frio.
Congelado, glacial, ártico.
Uma rocha solitária desgastada pelo vento inclemente
Longe das pessoas, longe do amor.
Assim segue minha vida.
Dia após dia após dia após dia.
Eu já deveria ter me acostumado,
Deveria ter aceitado.
Eu tive uma chance e a arruinei.
Agora sou assombrado.
A danação caminha na minha direção
Selando meu destino
Zombando de mim com a cor do amor
Pois, afinal de contas, o amor é verde
Em olhos verdes puros e reluzentes
Que jamais brilharão para mim.
The winter of my content
I prefer the cold weather. Can’t say I love it, but it’s comfortable to me.
I am almost content in wintertime.
I get to wear heavy coats. Slip under heavy blankets.
It’s nice to be so surrounded by cloth. Shrouded. Hugged.
No one ever hugs me, and I accept comfort from cloth.
My body gets warm in the winter.
Suppose it is fair, since my soul isn’t touched by warmth.
Ever.
I never get warm inside.
Perpetually cold within.
Perennially chilled.
Everlastingly gelid.
Lacking life, although not totally numb
For I feel…
I feel pain
and sorrow
and woe
and grief.
Bereft and deprived
Abandoned and hollow.
Summer never agrees with me.
It reminds me of burn, of stifling and suffocating.
It breaks sweats, and it brings on the heat.
The heat as pressure, as discomfort.
I know other people love summertime.
The scantily clad, the carefree, the not-me.
Not me at all.
For my name is Severus, meaning strict, serious.
No, summer does not agree with me.
I am not a man for all seasons.
I knew one of such once.
But I had to kill him.
It was such a smothering, oppressively hot night.
Yet I shivered.
No warmth inside, as always.
No matter how hot the day is, I’m eternally icy blue.
Frosty, glacial, arctic.
A solitary rock in a weathered shore.
Away from people, away from love.
So my life goes
Day after day after day after day.
I should be used to it by now.
I had a chance and blew it.
Now I’m haunted.
Damnation walks towards me
Sealing my doom
Taunting me with the color of love
For after all, love is green
In bright green eyes.
Which will never shine for me.