Afinal, Sua Empresa É Mesmo Competitiva?

Publicado na Revista Alimentação da OESP

Se você agradece a Deus pelos clientes que tem sem saber o que fez para merecê-los, reze bastante: sua empresa pode estar correndo um sério risco.

Hoje, ser competitivo exige uma definição estratégica bastante clara, que permeia todas as ações dentro de cada organização.

Competitividade já foi pura e simplesmente sinônimo de preço mais baixo, o que por sinal quebrou muita gente. Atualmente, preço é uma das variáveis que podem definir a nossa competitividade. As outras duas são qualidade no atendimento e, evidentemente, os produtos ou serviços.

Preço, clientes e produtos formam,de fato, um tripé e nenhuma dessas variáveis pode ser negligenciada. A questão é que tendemos a querer ser os melhores em tudo e a falta de definição neutraliza nossos esforços.

Pensemos em restaurantes, por exemplo: os donos de um local como o Habibs sabem que seu diferencial competitivo é o preço. Evidentemente, todo o esforço de seus diretores, funcionários e fornecedores são voltados para a qualidade dentro de um custo mínimo, o que se revela através de seus produtos, a padronização dos serviços, as instalações. Já uma cantina italiana, cujo dono visita cada mesa e recomenda pratos e vinhos é uma típica empresa voltada para o cliente, enquanto um restaurante com decoração e pratos sofisticados e inovadores estaria voltado para produtos.

Mesmo se você. não é nem pretende ser dono de restaurante, já percebeu que o mais importante é se definir. Segundo Edward Gubman, autor do livro Talento, recém publicado no Brasil, a escolha do diferencial competitivo é mãe das demais escolhas, do fornecedor até os funcionários, da forma de venda até a localização.

O esforço para ser bom em tudo é louvável, e não podemos dizer que estamos diante de um objetivo impossível, mas a indefinição pode ser perigoso: na busca de novos clientes podemos perder os antigos, a imagem de nossa empresa pode ficar confusa e podemos também passar atuar de uma forma que contradiz nossa vocação, e perdermos em qualidade.

Num momento de crise é muito fácil cair em tentação - além do mais, o cliente também exige tudo.

Entretanto, quando nos definimos passamos a ter foco: para onde vai a nossa criatividade? Uma empresa que precisa reduzir custos pensa mais nos seus bastidores, afinal são as operações e as negociações que trazem os resultados que o cliente quer (preço baixo). Se estamos falando de uma grande empresa, as grandes estrelas serão os engenheiros e demais funcionários que lidam com processos.

Uma empresa que atua de forma personalizada pensará sobretudo no atendimento. Sua criatividade é principalmente fruto da observação - sobretudo observação ao comportamento do cliente. Estas empresas devem saber treinar e valorizar ao máximo seus funcionários, principalmente os que se relacionam diretamente com os cliente : aí está a garantia do bom atendimento, da flexibilidade e de idéias que irão reforçar o diferencial competitivo.

A empresa voltada para produtos depende mais de mentes inovadoras de que do conjunto de várias idéias . A própria empresa pode ter sido criada a partir de uma idéia inicial - um novo nicho de mercado como o dos buffets que agora se especializam cada vez mais), algo realmente novo em termos de produtos ou serviços (como um restaurante com atrações culturais . Esta empresa terá que se renovar sempre, pois tudo o que dá certo cansa e/ou é copiado.

Escolher envolve renunciar, o que é um pouco difícil. Mas num mundo cada vez mais sofisticado, precisamos ser bons em tudo, mas temos que escolher alguma forma de ser especiais.

Ser competitivo também não significa ser o melhor. Afinal, melhor é um conceito vago, cujos critérios variam de cliente para cliente.