Admirador Secreto

 


Por Rinko Himura



Sanosuke estava irritado. Saiu da sala de ensaio do Rurouni Kenshin borbulhando de ódio. Percorreu o corredor dos estúdios OBA (Os Bastidores dos Animes) com uma certa pressa, murmurando palavrões. Virou a esquina e desceu a escada até a lanchonete. Ali estavam Hyoga e Ikki, bebendo e conversando alegremente, e Shampoo e Akane, ensaiando algumas falas. O lutador se sentou no balcão e pediu um saquê.

Quando acabou de beber, permaneceu sentado, pensativo. Estava com ciúmes do caso que Kenshin tivera com Shiriu. Kenshin sempre foi o único amor que tivera e nunca escondera tal fato. Mas agora ele tinha um cavaleiro de dragão, que aparentemente lhe agradava mais.

Sano respirou fundo, com irritação. Estava disposto a chamar a atenção de Kenshin, seja lá de que forma. Logo, uma idéia lhe surgiu na cabeça. Saiu correndo ás pressas procurando um telefone. "Kenshin vai me notar de novo!", pensou ele.

Achou um orelhão perto da saída, que estava sendo usado pelo cavaleiro de Andrômeda, Shun. Ele dizia. –Claro, amiga! Cuidar da pele é muito fácil, eu te mostro! Sim, os cremes são especiais e...

-Ei, companheiro! –Disse Sano, cutucando-o.

Shun não deu bola. Continuou a conversa. –Então, amiga... É, isso mesmo! A pele fica com um tom di-vi-no! É, aí voc...

-Ei, amigo! –Interrompeu o lutador novamente. Shun não pôde ignorá-lo. –O que foi?

-Dá para você ser mais rápido? Eu preciso usar o telefone com urgência.

-Eu estou no meio de uma conversa urgente também. Espere um pouco.

Então, o cavaleiro continuou a fofocar. Sano se irritou. –Ô amizade! É urgente! Você pode fofocar no salão de beleza!

Shun o olhou, com fúria. –Então amiga, tem um ser insignificante está me perturbando. Depois a gente conversa, tá? Até mais. –Ele colocou lentamente o aparelho no gancho. –Pronto, senhor-urgência! Pode usar!

Sano o empurrou e apanhou o telefone. Discou apressado. Shun se afastou lentamente, com o nariz empinado. No outro lado da linha, alguém atendeu. O lutador disse. –Alô? É da floricultura "amantes"? Sim, eu queria fazer um encomenda para amanhã! Para quem? Escreve aí para Sanosuke Sagara! Isso mesmo...

No dia seguinte, um pouco antes do ensaio acabar, alguém batera na porta da sala do anime. Sanosuke ficou atento. Yahiko fora atender. Era um homem com um buquê de lírios. –Quem é você? –Perguntou o jovenzinho. O homem respondeu. –Sou um entregador. Tenho ordens para entregar essas flores para Sanosuke Sagara!

Sano arregalou os olhos, falsamente. Fingiu não estar compreendendo aquela situação. Então, correu para buscar o presente. Procurou o cartão, abriu-o e leu. Kenshin e Kaoru o olharam, com curiosidade. Logo, a garota indagou. –Ora bolas! Quem te mandou essas flores, Sano?

-Meu admirador secreto! –Respondeu ele, desfilando com o buquê e olhando pelo canto dos olhos a expressão de Kenshin.

-Puxa, você tem um admirador? –Yahiko retrucou. –Quem é o infeliz?

O lutador meteu o pé na cara do menino. –Infeliz é você que nem nunca beijou ninguém na vida!

Yahiko queria responder, mas não tinha argumentos. Por isso, resolveu ficar na base dos xingamentos. Kenshin se aproximou. –Posso ler o cartão, Sano?

Sanosuke imaginou que o samurai estava com um fio de ciúme. –Claro! –Ele disse, entregando o cartão. O andarilho leu:

"Querido Sano,

Você é a coisa mais linda que eu já vi na vida. Estou apaixonado por você! Aceite esse humilde buquê como representação do meu imenso afeto por você!

Beijos de seu admirador secreto."

Kenshin sorriu e congratulou-o. Logo depois, voltaram a ensaiar. Sano observou o battousai. "Ele ficou com ciúme! Sanosuke, você é um gênio!", pensou ele.

E os dias seguiram assim. Cada dia Sano ganhava um presente diferente: Ás vezes eram rosas vermelhas, ás vezes eram caixas de bom-bom. Obviamente eram presentes que ele mesmo se dava. Porém, mal sabia ele que, com o tempo, Kenshin começou a desconfiar. O samurai passou a achar estranho os excessivos gastos por parte do lutador e suas constantes visitas ao orelhão. Sabendo disso, Sano resolveu se entregar.

No dia escolhido para a confissão, o entregador novamente bateu na porta, dizendo. –Encomenda para Sanosuke Sagara.

Sano olhou para Kenshin, que nem mais se interessava pelos presentes que ele ganhava. Mas se lembrou que não tinha encomendado nada. Ficou confuso. Caminhou até a porta e apanhou um buquê de margaridas amarelas. O cartão dizia:

"Para o gostosinho do telefone,

Você é meio estúpido, mas não deixa de ser bonito.

Estou louquinho por você!

Ass: um admirador secreto."

O lutador de rua ficou mais confuso ainda. Tinha certeza absoluta que não havia pedido nada. Por um momento, achou que aquilo poderia ser uma brincadeira de Kenshin, entretanto logo se lembrou que ele não era do tipo brincalhão. Decidiu que, antes de ir embora, ligaria para a floricultura para tentar descobrir o nome de seu verdadeiro admirador secreto.

Após o ensaio, Sano correu para o orelhão, porém ele estava com um fila enorme. Resolveu procurar mais telefones pelo estúdio. Todos os públicos tinham filas, ás vezes até maiores que as de banco. Correu até a recepcionista e perguntou se havia outro telefone disponível. Ela, sorrindo, disse que havia um no segundo andar, numa sala chamada "sala de espera especial". O lutador agradeceu e literalmente voou até o segundo andar, buscando pela tal sala.

Quando a achou, bateu na porta. Ninguém respondera. Imaginou que estivesse vazia. Ao entrar, notou que não passava de uma sala comum: Havia dois sofás médios e um telefone. Caminhou até ele e discou para a floricultura. Depois de uma longa discussão com a telefonista, desligou o telefone, sem pistas do seu admirador.

-Droga! Como eu vou saber quem é esse admirador secreto agora?

-Acho que eu posso te ajudar.

Sano voltou-se e viu Shun perto de um dos sofás.

-Ei, você é o cara do orelhão!

-Sim, senhor. –Respondeu o cavaleiro, sorridente. –E eu posso te ajudar.

-Ah é? Posso saber como?

-Claro que pode... –Shun começou a se mover sensualmente ao encontro de Sano. –...Gostosinho do telefone...

O lutador imediatamente se lembrou do cartão que recebera. –Ei! Não vá me dizer que voc...

Nesse momento, Shun o beijou. Por alguns segundos, seu desejo fora maior que sua razão, deixando-se dominar pelos lábios gentis do cavaleiro de Andrômeda, mas logo voltou a si, empurrando-o. –O que você está fazendo?

-Eu disse que você me deixava louco...

Shun avançou novamente, porém o lutador se afastou. –O que deu em você?

-Ora, você não queria um admirador? Pois você conseguiu. Não precisa ficar mais fingindo que tem um.

Sano parou. Ficou pensativo. –Como você sabe desse papo de admirador?

-Ora, eu ouvi você pedindo flores para a floricultura amantes para você mesmo depois que me expulsou do orelhão. Imaginei que estava querendo fazer ciúme para alguém. –Shun suspirou fundo. –É fofo, mas você errou feio. Você deu muita bandeira. Todo o OBA já deve saber da sua invenção patética.

-Sério? –Indagou Sanosuke, cabisbaixo. –Putz, que vacilo...

Shun aproximou-se maliciosamente. –É...Mas agora você não precisa mais fingir nada, bofe... Agora você tem um admirador de carne e osso... Eu...

O cavaleiro agarrou os cabelos de Sano e o beijou novamente. Desta vez, Sagara nada fez para impedir. Então, Shun continuou. Desceu uma das suas mãos para as nádegas do lutador e as apertou. Sano gemeu. Naquela hora, Kenshin fora completamente esquecido.

Shun encostou Sano na parede e desceu lentamente, aranhando o peito do másculo lutador. Começou a tirar suas calças com suavidade e depois passou a lamber lentamente seu órgão sexual, fazendo a adrenalina do seu parceiro aumentar.

Então, o cavaleiro se levantou e conduziu Sanosuke ao sofá, fazendo se deitar. Subiu em cima dele e começou a brincar com a língua por todo o corpo, deixando-o loucamente excitado. Shun sentiu o sexo de Sano ereto. Assim, puxou-o para perto pela gola e sussurrou. –É sua vez de me excitar...

Sano beijou Andrômeda, começando a mudar de posição. Levantou-se e fez seu companheiro se deitar. Logo, subiu em cima dele, dando as costas à face. Tirou as calças de Shun, expondo seu órgão. Então, começou a acariciá-lo com a boca, obrigando o cavaleiro a fazer o mesmo, devido a sua posição.

Numa certa altura da relação, Sano se levantou novamente, e acomodou Shun a ficar ajoelhado no sofá, de costas para ele. O cavaleiro deu uma risadinha maliciosa, o que excitou mais ainda o lutador. Sagara ajoelhou-se por trás e penetrou seu sexo no ânus de Andrômeda. Ambos gemeram. Shun agarrou as nádegas de Sano, apertando-as contra si.

Durante a penetração, o lutador de rua lambia delicadamente as orelhas de Shun e acariciava seu sexo. Estavam prestes a chegar no auge da relação. Sano começou a murmurar palavras obscenas, enquanto Andrômeda gemia alto e com desejo. Logo, a turgescência tomou conta dos dois, que caíram um para cada lado, cansados do ato sexual. Shun olhou Sano jogado no chão, ofegante e ficou feliz ao vê-lo sorrir.

No dia seguinte, Kenshin decidiu conversar com Sano após o ensaio. O lutador percorria um dos corredores, quando ouviu o samurai o chamar. –Ei, Sanosuke!

-Sim Kenshin. –Sagara desacelerou o passo para Kenshin poder acompanhá-lo.

-Olha, eu sei que é meio embaraçoso dizer isso, mas eu já saquei tudo.

-Sacou o quê?

Dobraram a esquina a caminho da escada. –Saquei que aqueles presentes todos foram mandados por você mesmo.

-Ah, você acha isso?

-Eu não acho, Sano. Eu sei.

-Acho que você não sabe de nada não, Kenshin. –Logo, Sano acenou para Shun, que comprava um refrigerante na lanchonete. O samurai ficou confuso. Então, o lutador apertou o passo. –Olha Kenshin, depois a gente conversa. Tenho um encontro com meu admirador secreto.

O battousai ficou parado, olhando Sanosuke se perdendo na multidão, ao encontro de seu admirador não tão secreto assim.
 
 

Fim



Por Rinko Himura  rebi_zinha@yahoo.com.br
Novembro de 2001