Poção dos Sonhos?

 


por Rinko Himura



Quando acabou o ensaio, Aoshi, Kaoru e Megumi decidiram lanchar na lanchonete do estúdio OBA (Os Bastidores dos Animes). O belo lutador pediu um sorvete de flocos, enquanto as jovens quiseram somente matar a sede com um copo de refrigerante. Logo, Aoshi sentiu falta de seus outros amigos de ensaio.

-Onde estão Kenshin e Sanosuke? –Perguntou ele, brincando com a colher do sorvete. Megumi deu os ombros, mas Kaoru respondeu. –Eles foram ver o senhor dos Sonhos.

O lutador ergueu a sobrancelha, com incompreensão. –Senhor dos Sonhos?

Kaoru deu um gole em seu refrigerante. –Sim! É um cara novo aí! Dizem que ele é dono de uma poção mágica que é capaz de realizar seus mais secretos sonhos!

-É, mas tem um problema. –Disse Megumi, emburrada. –Esse zinho aí só atende homens. Segundo ele, a parceira dele, a "senhora dos Sonhos", é quem atende as mulheres. Mas eu nunca a vi por aqui.

-Ah, mas ela logo vai vir! –Exclamou a jovem mestra de kendô, sonhadora. –E quando ela vir eu vou realizar meu sonho! Ai, ai...

Aoshi ficou pensativo. Acabou seu sorvete e foi procurar seus companheiros do Rurouni kenshin. Subiu as escadas até o segundo andar e perguntou ao Yahiko se ele tinha visto Kenshin e Sano. O menino dissera que eles haviam acabado de sair da sala do tal do senhor dos Sonhos. Depois de saber a localização, Aoshi caminhou até lá. Estava curioso para saber se essa tal poção realmente revelava o sonho mais íntimo e o tornava realidade.

Quando dobrou a esquina, dera de frente com Sanosuke e Kenshin. –Ah! Vocês estão aí! –Eles nada responderam. Aparentavam estar encabulados. –Mas o que houve? –Perguntou Aoshi. Kenshin sorriu timidamente. –Nada. Estamos...Estamos bem. Não é, Sano?

-Sim, é...É sim. Pode acreditar.

Aoshi ficou mais pensativo do que já estava. –Kaoru me disse que vocês foram até o senhor dos Sonhos. Conseguiram falar com ele?

O Battousai desviou o olhar. –Sim, conseguimos.

-E o sonho de vocês foi realizado?

-Pelo jeito, sim. –Disse Sano. –Pelo menos, o meu pareceu ter sido realizado. Mas eu não consigo compreender que aquele sonho era o meu mais íntimo e secreto...

Dito isso, Kenshin e Sano se retiraram. Antes de desaparecerem nas escadas, Kenshin propôs Aoshi a ter a experiência e tirar suas próprias conclusões. O espadachim ficou dividido por alguns instantes, porém decidiu aderir aquele novo experimento. Sua curiosidade era tamanha que encobria qualquer pensamento opositor.

Seguiu em frente no corredor e virou á esquerda, onde se deparou com uma escadaria circular. Subiu-a com desconfiança. Chegou até uma torre estranha, que nunca havia reparado que tinha no OBA. Ali, só havia uma porta de madeira polida fechada. Ao lado dela, tinha uma placa de porte médio escrito: "Senhor dos Sonhos e sua poção dos Sonhos" e em cima uma outra escrito: "Ocupado". A torre não aparentava ser muito grande. Perto da entrada, um pequeno banco estava posto encostado á parede. Resolveu se sentar até o tal senhor dos Sonhos lhe atender.

Ficara ali parado por muito tempo e isso lhe irritou profundamente. Decidiu ir embora. Quando se levantou, o Dárien, do SailorMoon, abriu a porta e saiu dali cambaleando. Aoshi ficara ainda mais curioso. Dárien passou por ele, dizendo. –Acho que é a sua vez... Entra aí que o senhor dos Sonhos está te esperando...

Aoshi o seguiu com os olhos depois se virou para a porta semi-aberta. Respirou fundo e caminhou até ela. Empurrou-a e entrou, fechando a porta logo em seguida. Era uma sala muito pequena, talvez menor que um banheiro. E estava escuro, havia somente duas pequenas velas iluminando o local da mesa ali ao centro. Em cima dela, tinha muitos potes de vidro com líquidos coloridos.

De repente, ouviu uma voz masculina. –Não se amedronte, Aoshi.

O lutador procurou com os olhos desconfiados por toda sala e não viu ninguém. A voz sussurrou em seu ouvido. –Relaxe...

Aoshi pulou para trás e avistou um homem todo coberto com panos escuros, mostrando somente os olhos verdes. O homem se dirigiu para perto da mesa. –O que deseja, Aoshi?

O espadachim não respondeu nada. Ainda estava desconfiado. O homem continuou. –Por que veio me procurar?

-Só queria ver com meus próprios olhos o seu maravilhoso dom de realizar sonhos altamente íntimos...

O homem desviou o olhar e apanhou uma das velas. Apontou com delicadeza para os potes á sua frente. –Escolha um, Aoshi. O que mais lhe agradar.

Aoshi ficou completamente concentrado nas diferentes cores dos líquidos. Observou-os com cuidado e finalmente tomou sua decisão. –Quero aquele.

O pote escolhido era de cor vermelha escarlate. –Hmm, vermelho... Por qual razão escolheu essa cor? –O homem riu maliciosamente. –Por que é a cor da paixão, é isso?

-Não. –Respondeu Aoshi, secamente. –Porque é a cor do sangue.

O senhor dos Sonhos empalideceu por alguns segundos, depois pegou o pote que o espadachim havia escolhido. Caminhou lentamente até ele e ofereceu o pote para ele. –Pegue.

Aoshi olhou nos olhos verdes do homem e por um instante pensou que o conhecia. Tinha a impressão que já havia se esbarrado com ele nos corredores do OBA. Mas essa impressão logo passou e ele apanhou o recipiente.

-Agora, beba-o.

Aoshi se surpreendeu e recusou. –Beber esse negócio? Nem morto!

-Só poderá realizar seu sonho mais secreto se beber o líquido!

O lutador olhou para o pote. O senhor dos Sonhos continuou. –Ele não tem gosto ruim...

Aoshi assentiu. –Está bem, eu vou beber! Espero que, pelo seu bem-estar, esse negócio não tenha gosto ruim...

Então, ele assim o fez. Abriu o pote e bebeu em um gole só. Imediatamente, sentiu suas pernas enfraquecerem e dali a pouco, simplesmente apagou.
 
 

Aoshi acordou uma cama, no meio de um lago. A luz era muito forte e por isso não conseguiu identificar o exato local onde estava. Logo, as águas começaram a se agitar lentamente. "Isso é meu sonho íntimo?", pensou.

Quando se deu conta, reparou que alguém estava no pé da cama, coberto com um casaco branco de seda. –Quem é você?

A pessoa não respondeu. Aoshi a viu retirar o casaco e jogá-lo no lago. Pelo contorno do corpo, o espadachim reparou que o indivíduo era homem e estava nu. Afastou-se, erguendo-se na cama. Feito isso, observou que ele próprio estava nu também.

Então, o homem subiu na cama e engatinhou sensualmente até Aoshi. Parou sobre o quadril do lutador e desceu até seu sexo. Aoshi sentiu seu corpo inteiro disposto a se entregar a tal prazer. Estava sendo incrivelmente estimulado por mais puro gozo.

Deixou o indivíduo excitá-lo. Apertou com força as mãos sobre os lençóis da cama. Sua respiração acompanhou sua excitação. Soltou alguns gemidos de encanto. Quando achou que ali terminaria seu prazer, o homem parou de acariciar seu sexo. Aoshi o olhou e reconheceu aquele rosto. –Shun...

O cavaleiro de Andrômeda sorriu maliciosamente, ainda sobre o órgão do espadachim. Deslizou-se sobre o corpo de Aoshi, beijando-o todo. Assim, chegou até os lábios e os beijou com a veracidade estimulada pela excitação. Desceu novamente para seu peito e acariciou com a língua seus mamilos. Ambos estavam começando a ficar eretos.

A carícia era contínua. Ora Shun deliciava-se com o sexo de Aoshi, ora com seus mamilos. O espadachim não se mexia. Shun fazia tudo. O movimento era lento e carinhoso. Era uma relação prazerosa. Shun o excitava de diversas maneiras, usando sempre a boca para tal.

Então, Aoshi ergueu o rosto do cavaleiro, enquanto ele brincava maliciosamente com seu sexo. O lutador virou-o de costas, contra a cabeceira da cama. Assim, penetrou seu órgão no ânus de Shun com tal ferocidade que o fez gritar. Mas era um grito do mais ardente prazer.

A medida que a penetração agressiva se desenrolava, Shun procurou masturbar-se para aumentar sua excitação. Aoshi se contentou com aquela posição. O orgasmo começou a atingi-los. O cavaleiro passou a gemer mais alto. Procurou as nádegas do parceiro e apertou-as contra si. Aoshi só respirava com exaltação. Seu prazer era suficiente daquele jeito.

Finalmente, chegaram no clímax. Aoshi ficou alguns segundos na mesma posição, fazendo leve e automaticamente o movimento da penetração, até sentar-se na cama. Shun deitou, murmurando palavras obscenas. O espadachim dirigiu-se até o pé da cama. Shun o impediu. –M-Mas aonde você vai?

-Quero ver o local em volta. Quero ver se, olhando a paisagem, eu lembre desse sonho. Não lembro de ter sonhado com isso, mesmo intimamente. Vamos ver se eu lembro de algo e...

Naquele momento que Aoshi saia da cama, algo lhe atingiu a cabeça, fazendo-o ficar inconsciente, de novo.
 
 

Quando abriu os olhos, Aoshi estava na sala do senhor dos Sonhos. Estava tudo escuro. Levantou-se e procurou o homem, que não estava ali. Estava confuso. Caminhou até a porta e saiu. Fechou a porta logo em seguida. Desceu as escadas com lentidão e dirigiu-se para fora do OBA. Seu passo era pesado. Estava pensativo. "Será que realizei meu sonho?", pensou ele, "será que aquilo era meu mais íntimo sonho?".

No caminho, encontrou o Shun. Não sabia se o encarava ou se desviava o olhar. Entretanto, o cavaleiro parou em sua frente e sorriu. –Como vai, Aoshi?

Não saíra nenhuma palavra da boca do espadachim, por mais que ele tentara. Somente ensaiou um sorriso encabulado e seguiu seu rumo. Shun o seguiu com o olhar. Enquanto o observava sumindo no horizonte, riu maliciosamente, voltando a andar. Dobrou a esquina e parou em frente à sétima porta daquele corredor. Bateu na porta e esperou. Yomi atendeu.

-Olá Shun.

-Vim pegar minhas coisas, Yomi.

O demônio sorriu e apanhou uma sacola, onde tinha um bocado de panos escuros e muitos potes de líquidos coloridos.

-Muito obrigado. –Respondeu o cavaleiro, pegando a sacola das mãos de Yomi.

-Como vai com os clientes do Senhor dos Sonhos?

-Bem, muito bem. Todos eles desempenharam muito bem seus sonhos secretos...

Ambos riram. – Nenhum deles percebeu que as poções são sucos misturados, com uma boa dose de sonífero?

-Pior que não.

-Quantos já foram? –Continuou Yomi.

-254. Faltam alguns ainda...

Shun sorriu e correu corredor afora. Yomi o observou. –Esse aí vai bater meu recorde... –Dito isso, ele fechou a porta, satisfeito de ter encontrado um substituto a altura.
 
 

Fim



Por Rinko Himura rebi_zinha@yahoo.com.br
Novembro de 2001