Um dia como qualquer outro

Por Dana Norram


Victor olhou mais uma vez para o irmão caçula... tão pequeno, tão frágil, dormindo na cama ao lado. Os braços cobrindo parte do rosto cansado. Aquele garotinho era uma espoleta, não parava quieto por um segundo que fosse, até lembrava ele próprio quando tinha aquela idade. As vezes sentia uma certa saudade... Moveu-se mais uma vez na cama, virando para o lado da parede, fitando-a pensativo.

Lembrava-se da época que Erick chegara, era inverno e fazia muito frio. Como sua mãe tinha mimado o menino e deixado Victor triste e sozinho chorando de ciúmes num canto da sala. Achava que iria odiar Erick para sempre, mas... com o tempo tudo foi se ajeitando, ele tinha o sorriso mais encantador que poderia existir. Logo se tornaram os melhores amigos, já o irmão mais velho, Fernando, nem dava bola para eles, preferia ficar quieto no seu quarto, jogando video-game. Era o jeito dele, gostava dos irmãos do seu jeito. Mas quando o assunto era enganar os adultos, por exemplo, eram unidos como nunca. Espantoso, para dizer o mínimo.

O problema, é desde que completara 16 anos tinha começado a sentir estranho. Ficava nervoso com seu irmão mais novo por qualquer motivo, qualquer bobagem era desculpa para gritar com o caçula. Tanto que uma certa noite Erick veio perguntar sobre uma questão, de matemática parece. Pacientemente Victor explicou a expressão, mas quando notou que o menino não prestava atenção, bateu nele com força, fazendo com que um filete de sangue escapasse dos lábios infantis. Arrependeu-se na hora... foi aí que aconteceu...

Erick o abraçou, chorando... sentiu seu corpo ficar quente e amolecer. Com delicadeza tirou o sangue da boca do irmão com a ponta dos dedos esfregando-os na própria roupa para limpa-los.

Depois daquele acontecimento as coisas entre eles nunca mais foram as mesmas, com extrema freqüência Erick arranjava alguma desculpa para abraça-lo, fosse um trovão numa noite de tempestade, ou um presente que ganhasse dele, qualquer coisa. E Victor adorava sentir o corpo do irmão perto do seu, sempre devolvendo o abraço mais forte. Embora jamais admitisse isso.

"Victor... você já acordou?" indagou uma voz ainda sonolenta "...Victor?"

"Não, ainda estou dormindo..." respondeu ainda virado para a parede.

Sentiu algo pesado encima de si. Ele não desistiria tão facilmente.

"Saia já daí... você pesa sabia?"

"Tá me chamando de gordo, é?" perguntou bravo.

"Eu com 10 anos não pesava tudo isso..."

"Eu já vou fazer onze..." disse solenemente.

"Ué... pensei que seu aniversário tinha sido à dois meses..." falou Victor com sarcasmo.

"Seu..." Erick agarrou no seu pescoço, praticamente colando o rosto no dele.

"Erick..." estava acontecendo novamente... se Erick não o soltasse acabariam se beij....

"Erick solte seu irmão agora mesmo."

"Tá mamãe..." disse o caçula a contragosto e levanto-se da cama dirigiu-se até o banheiro, assobiando uma música qualquer.

"Está tudo bem meu filho?"

"Claro, mãe... por quê?"

"É que você está suando... tem certeza de que não está com febre?" perguntou colocando a mão sobre a testa de Victor.

"Relaxe, eu tô legal..."

"Então vamos... levante daí que você precisa levar o Erick para a escola..."

"Porque eu? Não é o Fernando que tem que ir para lá por causa do trabalho?"

"O Fernando teve que sair mais cedo, junto com seu pai. E eu tenho hora marcada na clínica, então como um bom irmão mais velho você vai levá-lo hoje, ande, levante-se e venha tomar café."

E dando-lhe um beijo na testa saiu do quarto.

Ainda podia sentir o calor do corpo do irmão bem próximo ao seu, um súbito arrepio lhe subiu pela espinha, e ouviu o som do carro deixando a garagem de sua casa.

Estavam sozinhos.

"Victor..."

Erick estava enrolado com a toalha felpuda e caminhou na direção da cama de seu irmão, rapidamente Victor levantou-se, antes que o pequeno alcançasse seu objetivo.

"Anda logo pivete... se arruma que vou ter que te levar pra escola..."

"E o Fê?"

"Saiu com o pai..."

"E a mamãe?"

"Foi para a clínica..."

"Estamos sozinhos?"

Outro arrepio, ainda mais intenso, percorreu toda espinha de Victor. Ele então encarou o irmão por alguns segundos, mas logo desviou os olhos ao sentir seu rosto ficar quente. Perguntou-se intimamente porque ficara assim com uma pergunta tão banal e riu-se.

"Qual é a graça?"

"N-nada... coloque logo uma roupa... ou vai ficar doente desse jeito..." e saiu do quarto, indo direto ao banheiro onde enfiou o rosto na pia cheia d’água. Nada demais... ultimamente andava fazendo isso todas as manhãs, e essa não era diferente. De modo algum...

"Victor?"

O jovem estancou no lugar, as mãos ainda cheias de água que estava para jogar no rosto. Deteve-se e lançou aquela água fria sobre o irmão. Era pouca, mas o bastante para deixa-lo irritado.

"Hein! Quem você pensa que é?" gritou o caçula com o rosto, agora, todo molhado.

"Vai logo se trocar moleque!"

"Hunf!"

Victor novamente riu-se...

* Póft! * (Erick pulou em cima do irmão.)

Acabaram por despencar no chão.

"Erick seu vermezinho desgraçado... saia imediatamente de cima de mim!!!!!"

Mas em vez de, pelo próprio bem, sair das costas dele, Erick esfregou o corpo sobre o do irmão com força, esquentando o clima entre eles. Dando-lhe uma chave-de-braço e encostando os lábios próximos ao pescoço de Victor.

"Quero ver você sair daqui agora, mano..."

"Ah é?"

Com destreza Victor inverteu as posições. Girou com o corpo e fez com que Erick ficasse por debaixo, as costas contra o chão. Devido ao golpe a toalha que ele tinha em si caiu, deixando nu, sob o corpo do irmão mais velho.

"Erick..." murmurou ficando vermelho.

"Veja só o que você fez..."

"Desculpe..."

"Dá para sair de cima?"

Desgraçado, primeiro provoca, agora se faz de vítima.

Victor então levantou-se e entregou a toalha ao irmão. Mas não pode deixar de dar uma rápida olhada no corpo deste. Era lisinho, nenhum músculo, a pele branquinha com algumas sardas isoladas, praticamente não via-se os pelos, que eram bem clarinhos. Já os cabelos eram ruivos, como fogo. Gozado... ele era o único da família que possuía aquela característica. O restante tinha lá seu castanho básico, com a variação do claro, do extremamente claro e do escuro (como era o caso dele e do pai).

"O que foi?" perguntou o irmão vestindo os shorts vermelhos.

"Você deve ter sido trocado na maternidade..." comentou com ar zombeteiro.

Aquilo sempre deixava o menino zangado. Victor esperava por uma resposta afiada do irmão, mas ele simplesmente virou o rosto.

"Meu cabelo é dessa cor por causa da vovó do papai..."

"Você não conhece a vó do pai. Ela já morreu... e tinha cabelo branco..."

Erick fez cara de choro e empurrou o irmão.

"Bobo!"

"Ei Erick..." falou num suspiro desistindo de seguir o menino que correra para o quarto.

Minutos depois encontrou-o na cozinha servindo-se com leite e toddy. Sentou-se na sua frente mas foi completamente ignorado pelo caçula.

"Erick... eu... eu..."

O menino continuou fingindo que não ouvia.

Victor se levantou e puxou Erick pela gola da camiseta.

"Olhe para mim quando eu estiver falando!"

Logo reparou que uma lágrima escorria pela face esquerda do pequeno, sentiu seu peito apertar. Como podia ser assim com ele?

"Eu..."

Erick levantou a cabeça e encarou-o com ar desamparado. Levou ambas as mãos até o rosto do irmão, puxando para perto do seu. Tocando inocentemente na face esquerda com os lábios macios.

"Erick eu..."

"Deixa pra lá... sei que você não fez de propósito."

Victor nada disse apenas o abraçou com força. Deixando que Erick escondesse o rosto em seu peito.
 
 

Owari

(Fim? Há.. há... até parece que vou deixar esses dois escaparem impunes... mas não tô afim de escrever um lemon com um moleque de 10 anos no meio... com 13 já dá para encarar... vocês esperam, né? ^.^)
 
 
 
 

Estes personagens pertencem exclusivamente a sua autora. Todos os direitos reservados.

Copyright Ó outubro de 2001

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Ps. Nunca achei que fosse escrever uma fic tão rápido... levei menos de quatro horas... quando um lemon costuma demorar no mínimo uma semana para sair... ¬.¬() e ainda há aqueles que dizem que "pornografia" não dá trabalho...