Raziel entrou no quarto que dividia com Hahael com um semblante alegre, poderia até dizer que até parecia um pouco bobo, como todo apaixonado costuma ficar. Estava vestido numa camiseta preta de Damabiah, emprestada, afinal ele havia rasgado a sua.

O anjo entrou no quarto sorrindo e em um movimento lascivo, jogou-se sobre a cama com as mãos cruzadas abaixo da cabeça.

_ Onde você esteve? _ perguntou Hahael como uma esposa que procura por uma traição, olhando para o anjo dourado _ Que camisa é essa? Você não estava com uma branca.

Raziel olhou-a desconcertado, parecia que havia esquecido de sua presença. Hahael era ótima observadora, não fora à toa que Gabriel deixara que ela o acompanhasse. Ele tinha feito coisas que ela desaprovaria, provavelmente qualquer anjo faria o mesmo. Não podia contar a verdade e colocar em risco a missão, teria que mentir... Sim, mentiria para sua companheira e depois, quando tudo acabasse, se livraria de seus pecados de maneira adequada.

_ Eu estava na sala de jantar _ respondeu Raziel, tentando manter o tom de voz seguro.

_ Não estava nada. Eu estive lá te procurando _ retrucou a ruiva.

_ Mas depois... O Nicolas apareceu lá e fomos dar uma volta, tomar um café _ começara aí as mentiras.

_ Quem é Nicolas? Por acaso é aquele rapaz moreno que eu não gosto? _ perguntou a jovem, tentando controlar a raiva.

_ Esse mesmo...

_ Eu não acredito! _ Hahael parou por um instante, respirando fundo, depois voltou seu olhar para a blusa que vestia _ E essa camisa? Por que você está usando-a?

_ Bem... _ Raziel fez uma pausa, imaginando que mentira iria inventar. Não podia dizer que Nicolas rasgara num acesso de luxuria enquanto possuía-o selvagemente. Olhou para Hahael, que olhava-o furiosa esperando uma resposta _ eu entornei café nela e Nick me emprestou uma dele. Satisfeita?

_ Não... Você está me escondendo algo, anjinho. Eu sei que está...

Raziel estremeceu por dentro. ela tinha razão, como toda fêmea, ela tinha um sexto sentido para coisas erradas e se ele não tomasse cuidado Hahael descobriria.

_ Está tudo pronto para a viagem? _ Raziel perguntou, tentando tranqüilizar as coisas, porem parecia se preparar para o escândalo que com certeza a ruiva faria quando revelasse que seu amado, Nick, também iria.

_ Está a mais de uma hora esperando por você.

_ Ótimo! Então vou chamar o Nick. _ declarou finalmente.

_ Pra quê?! _ Hahael estreitou os olhos, mas não deixou de revelar o brilho furioso que reluziam neles.

_ Ele vai conosco _ Raziel falou determinado.

_ O QUÊ?! Você está ficando louco! E se ele for um demônio disfarçado? Você só pode ter perdido a cabeça!...

Raziel, que já estava com a mão na maçaneta da porta, voltou-se repentinamente para Hahael e o sangue ferveu em suas veias. Estava saturado das reclamações dela e da cisma que tinha com Nicolas. Mas o amor o cegara e essa era uma luta que não podia lutar por mais que quisesse, principalmente depois do que passaram juntos a alguns minutos atras.

_ Quer saber de uma coisa? _ Raziel começou a falar, mantendo a voz baixa, porem com uma frieza incomum, indo em direção da jovem ruiva _ Estou cansado de ouvir você falar. Sou eu quem estou no comando aqui. Foi a mim, e não a você, que Gabriel confiou essa missão. Você me ouviu bem, Hahael?

Sua voz, apesar de baixa, era um misto de irritação e autoridade. Parecia até que tinha crescido de tamanho e adquiria um brilho dourado. Hahael não deve como reagir, apenas ficou calada e atônita ao ver seu amigo passar da calma e imparcialidade para um nervoso e irado anjo.

_ Portanto eu levo quem eu quiser e o Nick vai conosco. Você tem algo contra? _ finalizou Raziel.

Hahael não respondeu nada. Temia a ira de Raziel e do anjo que ele era e apenas acenou com a cabeça uma negação.

O caminho estava livre para ele e seu amante finalmente. Raziel sorriu de contentamento quando estava no corredor, indo em direção ao quarto de Damabiah. Iria aproveitar o tempo que estivesse na Terra o melhor possível, depois podia cuidar de seus pecados.
 
 

Raziel e Damabiah, ou melhor, Zacarias e Nicolas, foram o caminho todo até a outra cidade juntos. Conversaram e riram bastante, o que irritava profundamente Hahael, mas ela não se atrevia a falar nada, não depois do que Raziel falara no quarto. Então, preferiu ir o caminho calada.

E assim seguiram até a próxima cidade. Logo procuraram por um hotel ou algo parecido, pois depois de uma noite toda em claro viajando, eles precisavam de um descanso. Encontraram um que assemelhava-se muito com o outro em que estavam.

Hahael entrou primeiro, deixando os dois rapazes para trás e logo dirigiu-se para o balcão. Conseguiu dois quartos, um de casal e um de solteiro. Bem apropriado para eles, o Nicolas poderia ficar com um e ela e seu amigo, dividiram o outro, pensou antes entregar as chaves.

_ Nicolas, você se importa de ficar com o de solteiro? Eu e o Zacarias já estamos acostumados a dividir o mesmo quarto.

_ Na verdade, Margot, eu e o Nicolas vamos ficar com o de casal. _ declarou Raziel, tirando a chave do quarto da mão dela.

_ Mas...

_ É melhor assim. Alias somos dois rapazes e você, uma moça. Você vai ficar bem mais à vontade sozinha.

_ É que... _ tentou falar Hahael.

_ Algo contra?

A jovem ruiva olhou para Raziel descrente. Seu companheiro de missão estava diferente. Não era o mesmo anjo que conhecera. O que estaria acontecendo com ele? Seria culpa daquele rapaz moreno? Que magia era aquela que desconhecia?

_ Tudo bem. Se você prefere assim...

Quando os dois rapazes entraram no quarto, Raziel foi logo jogando sua mochila sobre uma poltrona e jogou-se em seguida na cama. Damabiah entrou logo depois e fechou a porta, colocou sua sacola perto da do loiro e procurando o maço de cigarros, começou a falar.

_ O que você falou para ela, para estar tão obediente e comportada?

_ Nada de mais. Esquece ela um pouco, tá? _ respondeu sentindo uma pontada no peito, era muito ruim estar mentindo e magoando uma amiga tão fiel e de longa data.

_ Como quiser, meu anjo _ disse o demônio, acendendo um cigarro e sentando-se ao lado de Raziel na cama.

Depois de dar um logo trago no cigarro, Damabiah, deitando-se sobre o corpo de Raziel, preencheu a boca do loiro com um beijo quente e demorado, fazendo o belo anjo se derreter em seus braços.

_ Acho que enlouqueceria se demorasse mais um pouco para te beijar _ declarou o moreno, cessando o beijo _ Você é lindo demais, meu anjo, não resistira por muito tempo.

_ Você é que me enlouquece _ Raziel disse sentindo o hálito agridoce, uma mistura de ervas, entrando-lhe pelas narinas _ Ah, Deus!... Espera, Nick, deixa eu tomar um banho primeiro.

E se desvencilhando dos braços e beijos de Damabiah, Raziel correu até o banheiro.

_ Quer que eu esfregue suas costas? _ perguntou Damabiah com um sorriso malicioso nos lábios.

_ Até que seria uma boa idéia _ respondeu Raziel já na porta do banheiro, olhando por cima do ombro para o amante.

Damabiah deu uma gostosa gargalhada. Para quem, até o outro dia, era a mais tímida das criaturas, Zacarias estava saindo melhor que a encomenda. Ele deu mais um trago em seu cigarro, enquanto via seu amante entrar no banheiro, e depois mais outro e o apagou. Escutou o barulho da água e sorriu. Tirou a camisa preta que vestia, dirigindo-se ao banheiro.

Ao entrar, viu que a roupa de Zacarias estava espalhada pelo chão. pegou a camisa, que emprestara para ele e cheirou-a. Não tinha mais o seu característico cheiro de ervas, apenas o perfume doce de flores de seu amante. Finalmente seu olhar encontrou algo mais agradável, Raziel, ou seja, Zacarias.

Raziel estava no chuveiro. Seus cabelos estavam soltos, não mais presos naquela trança, e caiam como uma cachoeira dourada das costas até o chão. A água descia pelo corpo do loiro moldando cada músculo, numa caricia sensual. Ele era uma visão divina para Damabiah!

_ Vai ficar aí só me olhando? _ a voz de Raziel tirou Damabiah do devaneio.

_ Claro que não! _ respondeu, sorrindo sensualmente, demonstrando suas intenções.

Em pouco tempo livrou-se da pesada bota, que calçava e da surrada calça jeans. E como um animal no cio, empurrou Raziel contra a parede fria de azulejos com o seu próprio corpo.

O beijo que trocaram foi ávido e cheio de volúpia. Damabiah possuía os lábios de Raziel numa possessão selvagem, deixando o anjo sem fôlego. As mãos do demônio passeavam pelas curvas dos músculos do outro, enquanto este entregava-se a esses toques, e a água molhava o corpo de ambos numa doce e sensual caricia a medida que a excitação deles crescia.

Os dois corpos encaixavam-se com enorme perfeição. Cada músculo, cada curva, seus lábios... tudo. Era a perfeita harmonia, como duas metades que se uniam. O bem e o mal numa profunda prece, como duas mãos que se unem em oração.

O beijo cessou e Damabiah deslizou seus dedos compridos sobre a pele alva de Raziel, numa adoração. A beleza do anjo e o seu doce aroma enchiam toda e existência de Damabiah numa profunda felicidade. Seria aquilo amor? Pela primeira vez, sentia o amor em seu espirito? Não quis pensar muito nisso. Depois que tudo estivesse acabado e que ele estivesse com a criança nunca mais veria aquele doce ser.

Beijou-o mais uma vez e deixou que seus lábios escapassem para o pescoço de Raziel, que respondeu com um gemido lascivamente a quentura de sua língua.

_ Ah, Nick...

Como era doce o som da voz daquele loiro tão perto dele! Agarrou o anjo com mais força contra o seu corpo, apertando suas nádegas com ambas as mãos até deixar as marcas de seus dedos na pele leitosa. Queria possuir aquele ser divino, precisa possui-lo... Puxou Raziel mais para si, esfregando seu sexo contra o do outro numa sofreguidão louca, enquanto seu amante gemia luxuriosamente com aquele ataque de desejo.

De repente Damabiah virou Raziel de costas para ele e pode ver os longos e loiros fios de cabelos do anjo. Damabiah alisou-os admirando a luminosidade deles. Eram como uma chuva dourada em fios de ouro...

Depois de contemplar os divinos fios de cabelos do anjo, que chegavam ao chão, Damabiah afastou-os revelando as costas levemente musculosas e as nádegas muito bem desenhadas. Ele sorriu ao ver aquela beleza de corpo e beijou delicadamente cada centímetro de pele, saboreando o doce perfume de lírios que o corpo de seu amante liberava.

Raziel gemia, quase que implorando para ser possuído, o que não demorou muito para ser atendido. Damabiah penetrou-o delicadamente, muito diferente do dia anterior, provocando mais gemido em seu amante.

O anjo inclinava-se mais a medida que ia sendo penetrado, mais receptivo ao membro do demônio. A dor que sentira na primeira vez não se comparava com o prazer que sentia agora ao ser possuído por aquele moreno de que tanto gostava.

Damabiah gemeu alto quando sentiu que toda a extremidade de seu sexo penetrara no interior do anjo. Como Raziel era apertado! E isso aumentava ainda mais sua excitação. Logo começou suas estocadas, sem esperar que o loiro recuperasse o fôlego direito, num vai-e-vem frenético.

O anjo dourado gemia alto de tanto prazer. Sentia como se seu corpo fosse se desfalecer numa morte lasciva e aquela sensação era tão prazeirosa que não queria se dar ao trabalho de para-la. Era algo maravilhoso!

Nunca em sua existência havia experimentado nada tão bom! Era verdade que tinha provado de outro prazeres, prazeres espirituais, mas nada se comparava aos prazeres da carne. Teria que pagar uma grande penitencia por isso, mas eram apenas poucos dias que ficaria ali. E por quê não aproveitar?

O ritmo da cadencia dos dois corpos aumentava e os gemidos também. Os dois agora eram um só. Anjo e demônio, o bem e o mal, em uma só esfera, a do prazer. Damabiah entrava e saia de dentro de Raziel provocando-lhe os mais doces e luxuriantes gemidos, que elevaram o som quando o moreno agarrou o seu sexo e massageou-o no mesmo ritmo da sinfonia de prazer.

Em poucos minutos os dois amantes chagavam ao clima, jorrando seus fluidos de prazer. Raziel apoiou-se a parede de azulejos do banheiro, tentando encontrar estabilidade para suas pernas, que agora tremiam e Damabiah encostava-se a seu amado, ofegante, como se a morte estivesse próxima.

Ficaram assim alguns segundos, recuperando o fôlego. Depois Damabiah virou-se e viu sobre o mármore da pia dois roupões imaculadamente brancos, dobrados cuidadosamente. Fechou a torneira, fazendo a água do chuveiro estancar e pegando os roupões, estendeu um a seu amante.

Vestiu-se com o roupão, mas deixou-o convenientemente aberto, pegou uma toalha e começou a secar seus longos cabelos negros. Olhou para Raziel e riu, achando graça da quantidade de cabelos que ele tinha que secar. O loiro estava com uma toalha também e esfregava-a no alto da cabeça. Mas como secaria o resto? Damabiah pegou a ponta dos loiros fios e com a mesma toalha que usava, começou a seca-los. Raziel voltou-se para seu amante e sorriu agradecido.

_ Venha, vamos dormir agora _ disse o demônio, dando um leve beijo nos lábios do loiro e puxando-o pela mão.

Damabiah dirigiu-se a janela e fechou a cortina, deixando o quarto em meia luz. Já era dia quando foram dormir e depois de uma noite inteira sem descanso, precisavam está prontos para outra... O demônio olhou para Raziel, que já estava na cama e abandonou o roupão no chão do quarto. Deitou-se ao lado de seu amante e trocaram mais alguns carinhosos beijos. Poucos minutos depois estavam dormindo profundamente um no braço do outro.
 
 

CONTINUA...