Relação Perigosa

 
 

Por Lucretia



O jovem cavaleiro de cabelos esverdeados andava entre as arvores perto da mansão Kido como que procurando por alguém.

_ Hyoga?... Cadê você?... _ chamava, preocupado em não elevar a voz _ Hyo...

De repente foi puxado por um dos braços para atras de uma arvore, que tinha um tronco bem grosso. Hyoga puxara Shun, encurralando-o contra o tronco, com um luminoso sorriso nos lábios. Andromeda retribuiu o sorriso, adorando a surpresa da brincadeira.

Sem dizer uma única palavra, Hyoga atacou vorazmente o pálido pescoço do outro cavaleiro com quentes beijos, fazendo-o contorcer-se em seus braços. Shun agarrava-se aos loiros fios do outro.

Tinham ficado longe um do outro o dia quase todo, ocupados com alguns pequenos afazeres. E para pessoas que a pouco tempo descobriam que estavam apaixonados, aquela distancia fazia-os sentirem muita falta um do corpo do outro. E como precisavam manter segredo dos outros cavaleiros, esses eram os únicos momentos em que podiam matar um pouco da saudade, antes da hora de dormir em que podiam ficar sozinhos.

_ Ah, Hyoga!... Eu te amo!... _ Shun murmurava, controlando-se para não gemer alto.

Hyoga parou e olhou bem fundo nos olhos verdes de Andromeda, sorriu docemente, aproximou-se de seus lábios dos de Shun e antes de beija-lo, sussurrou suavemente.

_ Eu também, meu amor...

Ao sentir o hálito quente do cavaleiro loiro invadir-lhe a boca, Shun estremeceu e não esperou que Hyoga o beijasse, agarrando-o pela nuca, beijou-o com fome e volúpia.

_ Shun!... Oh, Shun!... _ era a voz forte e firme de Ikki. O cavaleiro de Fênix procurava o irmão, com um semblante desconfiado, como se esperasse encontrar algum mistério.

_ Shuuuuuuun?!... _ chamou mais uma vez ainda mais alto.

Os dois amantes pararam de se beijar bruscamente, entreolhando-se. A voz de Ikki cada vez mais alta e próxima e as respirações de ambos suspensas.

_ O que faremos? _ perguntou Shun, num sussurro quase que inaudível.

_ Não sei... _ Hyoga respondeu no mesmo tom de voz.

_ Shun?! _ a voz de Ikki tornou-se mais próxima.

_ Precisamos fazer algo rápido ou ele vai nos descobrir _ a voz de Shun, apesar de muito baixa, estava tremula e seus olhos enchiam-se de lagrimas ao sentir a proximidade do cosmo do irmão.

_ Já sei! _ a mente do loiro iluminou-se, numa súbita idéia, que tinha que dar certo _ Você vai na frente e tenta despistar Ikki, levando-o de volta para a mansão, inventando uma estória qualquer. Eu vou depois que vocês entrarem.

Shun balançou a cabeça positivamente, enxugou as pequenas lagrimas, que formaram-se e saiu de detrás da arvore, dando de cara com Fênix, quase atras de onde estavam.

_ Shun, onde você estava? _ Ikki perguntou, desconfiado.

_ Estava aqui sentado atras desta arvore, descansando um pouco. Hoje o dia foi um pouco puxado _ falou o cavaleiro de Andromeda, segurando no braço do irmão, guiando-o para a mansão.

_ E por que demorou para me responder? _ insistiu, olhando para o rosto de Shun, que apesar de tentar disfarçar, estava tenso. Ikki sabia que alguma coisa acontecia, ele era seu irmão e não podia esconder nada dele.

_ Acho que cochilei um pouco _ Shun retrucou rapidamente e logo em seguida perguntou o que Ikki queria com ele, numa tentativa de mudança de assunto.

Os dois irmãos caminharam calmamente um ao lado do outro. Ikki perguntou se Andromeda podia ajuda-lo em algumas compras que Saori lhe pedira, procurara os outros cavaleiros, mas parecia que todos tinham tomado chá de sumiço. Não conseguira encontrar Seiya, Shiryu e muito menos Hyoga.

_ Claro que te ajudo _ respondeu Shun, sorrindo fraternalmente.

Hyoga espiou brevemente os dois irmãos por de detrás da arvore, depois encostou-se no tronco, suspirando fundo decepcionado, mas um pouco aliviado. Quase que Ikki descobre ele e seu amado ali. sentou-se, esperando que os cavaleiros entrassem para que ele pudesse sair e voltar para a mansão também.

Shun e Ikki entraram pela porta dos fundos da mansão. Andromeda falava que era uma idéia ótima ir até o supermercado, também precisava compara um shampoo novo, pois o dele estava acabando.

Fênix entrou primeiro citando a lista de coisas que Saori pedira para que ele comprasse e Shun depois, mas parou um pouco na porta, olhando entre as arvores. De longe podia-se ver o grosso tronco, onde Hyoga ainda estava escondido. deu um pequeno e curto suspiro de decepção. Como queria estar nos braços de seu amado cavaleiro de Cisne!

_ O que foi? Perdeu algo? _ perguntou Fênix, sem disfarçar sua desconfiança.

_ Não... Nada... Pensei ter visto alguém, mas não tem ninguém lá _ respondeu _ Espera um pouco que eu vou pegar minha carteira?

_ O.K.

Ikki viu seu irmão cruzar a ampla cozinha correndo, olhando desconfiado. Há duas semanas Shun andava agindo de maneira estranha, desde aquela noite em que ouvira-se barulhos em seu quarto. sumia por longos períodos de tempo e voltava com a face levemente tensa e Hyoga consequentemente também não era encontrado.

Subitamente alguma coisa chamou a atenção do cavaleiro para fora. Ikki vira uma figura loira saindo detrás da mesma arvore, onde seu irmão estivera. Hyoga arrumava a blusa azul, tirando algumas folhas, e os cabelos também jogando-os um pouco para trás. E Fênix pode comprovar o que sentira. percebera dois cosmos, mas agora tinha certeza. Mas seria possível que Shun e o cavaleiro de Cisne tivessem alguma coisa?

_ Pronto! Vamos? _ Shun chamou Ikki, com um belo sorriso em seus lábios que o tornava ainda mais bonito.

Ikki olhou seu irmão e logo desmanchou o ar indagador de seu rosto, mostrando-lhe um sorriso, não queria que Shun desconfiasse de seus pensamentos. E saíram.

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Quando Shun e Ikki voltaram para a mansão já era noite. Os dois irmãos conversavam animadamente, carregando algumas sacolas. Andromeda abriu a porta, levando um susto com a cena que vira. Hyoga sentado, de pernas abertas sobre as costas de Seiya, imobilizando-o.

_ Mas o que é isso? _ perguntou Shun, estupefato com o via, morto de ciúmes.

_ Eles estão apenas brincando, Shun _ respondeu Shiryu, achando graça dos dois amigos.

_ Estamos apenas brincando. O Seiya arrancou o livro, que eu estava lendo, de minhas mãos e estou castigando-o. Não precisa ficar nervoso _ explicou o loiro, tentando ser natural, mas percebia claramente o ciúme no tom de voz de seu amado.

_ É... Para que o nervosismo, Shun? _ perguntou Ikki, estranhando o tom de voz do irmão, aumentando suas suspeitas.

Ao ouvir a pergunta de seu irmão, Shun olhou-o pálido, mais pela pergunta do que pela cena que vira. Será que Ikki suspeitava de algo? Pensou por um segundo, antes de responder.

_ Por nada... Só me assustei com o que vi. Não estava acostumado com esse tipo de brincadeira entre vocês a muito tempo.

Todos os olhares que estavam voltados para Shun, agora desviaram-se, menos o de Fênix. Olhava-o com uma desconfiança ainda maior. Hyoga saiu de cima de Seiya e ajudou-o a levantar, este entregou o livro para o outro, pedindo desculpas, com um sorriso moleque nos lábios, que não foi retribuído, pois o cavaleiro de Cisne sentia o ciúme de seu amante sobre ele.

_ Deixa que eu levo as compras para a cozinha _ proclamou Ikki, tirando as outras sacolas de Shun. E dirigiu-se a cozinha.

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Após o jantar todos os cavaleiros voltaram para sala. Hyoga tentava ler, enquanto Seiya falava sobre as suas partidas de futebol, em que só Shiryu prestava atenção. Ikki demonstrava estar saturado das mesmas estorias e Shun parecia ter o olhar perdido, ora pensando no ciúme que sentia pelo Cisne, ora na possível desconfiança de seu irmão.

_ Lá vem você falando de futebol. Será que você não sabe falar sobre outra coisa, Seiya? _ falou Ikki, demonstrando toda sua saturação do assunto.

_ Pelo menos eu gosto de falar sobre alguma coisa. Não sou como você que não gosta de nada _ retrucou o cavaleiro de Pégasos, malcriadamente.

A partir daí começou um pequena briga. Seiya e Ikki insultando-se mutualmente e Shiryu no meio dos dois tentando esfriar os ânimos, sendo a parte sensata. Os únicos que continuavam impassíveis a tudo eram Shun e Hyoga. O primeiro perdido em seus pensamentos, o segundo, lendo ou tentando manter a leitura.

_ Vou me deitar, gente! Boa noite, para todos! _ saudou Shun e dirigiu-se para as escadas que levavam aos quartos.

_ Seu estúpido! _ gritou Seiya, raivoso, mas não recebeu o troco em palavras.

Ikki olhava para seu irmão, subindo as escadas, com o semblante tristemente preocupado. E Seiya sem entender nada acompanhou o olhar do cavaleiro e deu graças aos deuses, que Fênix pois um fim na enxurrada de insultos.

Hyoga, ao ouvir Shun declarando sua retirada, tirou os belos olhos azuis do livro que tentava ler e dirigiu-o para seu amado. Sabia que ele estava enciumado e teve uma louca vontade de subir e consola-lo em seus braços, dizer-lhe que era só seu. Mas não podia faze-lo, não sem que todos desconfiassem do que ocorria entre eles, então conteve-se, esperaria todos irem se deitar pacientemente.

Quando voltava seus olhos para o livro, seu olhar cruzou com o de Ikki. O cavaleiro de Fênix, olhava-o com as sobrancelhas franzidas e um certo ar de suspeita brilhava em seus olhos. Hyoga engoliu a seco, talvez fosse só impressão dele, Ikki não podia estar desconfiando de nada, eles sempre foram discretos.

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_ Hyoga, vou me deitar. Você ainda vai ficar aí? _ perguntou Ikki, já na ponta da escada. eram os últimos a se retirarem. Minutos antes Seiya e Shiryu foram para os quartos juntos, conversando feito duas comadres.

_ Ainda não. Quero terminar esse capitulo. Está muito interessante _ Hyoga respondeu, virando uma pagina. Na verdade, aquele livro não tinha mais o interesse do cavaleiro de Cisne, lia-o, mas não compreendia nada, já tinha até esquecido o titulo, se por acaso alguém perguntasse sobre o que falava com certeza não saberia dizer. Era só um pretexto para esperar os outros irem se deitar, para poder ir para a cama de seu amado.

_ Como quiser. Então, boa noite! _ desejou Ikki, subindo as escadas, mas sem tirar os olhos do loiro.

_ Boa noite!

Hyoga fechou o volume em suas mãos, logo após a subida de Ikki, e suspirou fundo. Desejou por um segundo não ter que esperar por ninguém para poder ter seu Shun em seus braços. Esperou por longos minutos para poder ir ao quarto de seu amante, sem que os outros vissem. Tirou os óculos e pousou sobre o livro, subiu as escadas, entrou em seu quarto cuidadosamente e deixou-o sobre sua cama. Depois foi ao quarto de Andromeda e deu leves toques na porta.

_ Não quero te ver hoje, Hyoga! _ falou de dentro do quarto um Shun um pouco melancólico.

_ Amor,... _ retrucou Cisne _ deixa eu entrar. Você não está com ciúmes, está?

_ Eu só não quero te ver.

_ Por que, Shun? _ insistiu Hyoga _ Você não sabe que eu te amo, sou todo teu. Abre a porta, amor!

Shun abriu apenas uma brechina da porta, o suficiente para olhar seu amado Cisne com só um dos seus olhos verdes.

_ Por favor!... _ Hyoga sussurrou quase que inaudível.

Já com os olhos cheios de lagrimas, o cavaleiro de Andromeda balançou a cabeça negativamente. E quando tentou falar alguma coisa, viu o loiro meter o peito na porta e empurra-la junto com ele.

_ Você está louco em me deixar do lado de fora. _ queixou-se Hyoga, fechando a porta a suas costas e pegando Shun, puxando-o para si _ Quer me matar de saudades de você, do seu corpo...

_ Não é isso, Hyoga. É que eu acho... _ Shun não completou o que pretendia falar, pois Hyoga, sedento de amor, calou o cavaleiro com um voluptuoso beijo.

O loiro em poucos minutos atacou o outro cavaleiro com beijos quentes e toques ousados, fazendo Shun tremer em seus braços de prazer antecipado.

_ Ah, Zeus!... Hyoga,... eu precisava tanto falar contigo...

_ Depois, meu amor... depois... - retrucou Cisne, calando seu amado com novos beijos e arrastando-o para a cama.

Hyoga deitou seu amado cavaleiro na cama cuidadosamente e começou a desabotoar os botões da camisa do pijama. Shun estava vestido com aquele pijama verde, que ele tanto amava vê-lo vestido, o que seu amado usava na primeira vez que se amaram. Quando abriu a camisa olhou seu amante, vendo o olhar apaixonado que o outro lhe dava. Shun era lindo e ficava mais bonito a cada dia em que passavam juntos!

Tirou sua camisa também, jogando-a longe e deitou-se vorazmente sobre o corpo do outro. Como estava saudoso e cheio de saudades de seu amado Shun! Encheu cada centímetro de pele descoberta do cavaleiro de beijos. Shun gemia baixinho e se contorcia de prazer.

Em poucos minutos estavam os dois nus, um sobre o outro, beijando-se, tocando-se... As mãos percorriam, procurando por prazer, gemidos eram ouvidos e palavras de amor trocadas.

_ Eu te amo, Shun!

_ Eu também, meu amor!... _ respondeu Andromeda entre pequenos gemidos.

_ Não precisa ter ciúmes de mim... Eu sou todo seu... de mais ninguém... - declarou Hyoga, entre beijos e caricias.

_ Eu sei... eu sei... meu amor, eu sei...

Hyoga voltou a preencher a boca de Shun com sua língua quente e úmida, num beijo cheio de volúpia. Andromeda recebeu os lábios do loiro no seus, correspondendo a luxuria e ao desejo que lhe eram oferecidos. segurou a nuca do outro cavaleiro e num movimentos brusco, sobrepôs seu corpo sobre o do outro, com uma louca sofreguidão.

_ Oh, Hyoga!... Acaba com esse medo que estou sentido...

O cavaleiro de Cisne não falou nada em troca, deixou ser levado pelos movimentos de Shun, que chorava e implorava para ser amado e preenchido.

Shun guiou o ereto sexo de seu amado para sua entrada, introduzindo-o. Os dois amantes gemeram juntos com a penetração, entregues a luxuria. Logo depois iniciou-se as estocadas, lentamente. Andromeda rebolava e movia-se para cima e para baixo, tentando controlar os gemidos. Hyoga olhava-o excitado em ver a bela face de seu amado cheio de desejo.

No ápice do prazer e explodindo de desejo, Shun levou sua mão ao seu próprio sexo, precisava de um alivio também, mas foi impedido pela mão de Hyoga.

_ Deixa que eu faço... _ pediu docemente, quase num sussurro.

Shun olhou para seu amante logo abaixo dele e gemeu longamente quando sentiu a mão do loiro tocar-lhe o sexo e começar a massageá-lo no mesmo ritmo em que ele descia e subia na ereção do outro.

O cavaleiro de cabelos verdes gozou primeiro, não agüentando mais o prazer e a excitação, sujando a mão do loiro. Hyoga gozou em seguida, com mais algumas estocadas, enquanto segurava o corpo de Shun, que gemia um pouco mais alto, jogando os cabelos para trás, fazendo os fios esverdeados grudarem em suas costas molhadas de suor.

Extasiados e satisfeitos, um amante caiu sobre o outro. ofegantes, cansados, mas felizes de estarem juntos e se amarem tanto. Ficaram assim por um bom tempo até Shun rolar para o lado ficando de costas para seu amado. Hyoga abraçou-o por trás cheirando e beijando os perfumados cabelos verdes de ser querido cavaleiro.

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Por uma pequena brecha da porta, Ikki viu Hyoga aproximar-se do quarto de seu irmão. Viu também eles conversando, mas não conseguiu ouvir sobre o que falavam e depois o loiro empurrou a porta e entrando. Quase tinha certeza do que acontecia entre Shun e Cisne, porem não queria acreditar em seus pensamentos. Talvez fosse apenas uma breve conversa entre amigos, pensou rapidamente.

Ficou ali parado por um bom tempo, esperando que o cavaleiro de Cisne voltasse para seu quarto e todas as suas suspeitas e duvidas acabassem. Mas Hyoga não saíra... E os minutos passavam, passavam e passavam sem parar.

A mente de Fênix foi tomada por imagens anteriores. Primeiro a noite em que ouviram barulhos no quarto de Shun e todos apareceram menos Hyoga, depois todas as vezes em que seu irmão sumia e o loiro também. sua cabeça parecia um festival de imagens, até chegar a cena em que vira Cisne empurrando a porta do cavaleiro de Andromeda.

Será que?... balançou a cabeça, sacudindo os cabelos escuros, afastando essa idéia. Não... não podia estar pensando, mas precisava tirar a prova dos noves. Descobrir se era verdade o que imaginava.

Dirigiu-se a porta do quarto do irmão e segurou a maçaneta, apreensivo. Não abriu-a, a principio... Não, talvez devesse estar imaginado coisas, pensou balançando a cabeça mais uma vez. Mas se?... Oh, Zeus! Que duvida! Como podia estar duvidando do próprio irmão? Sua cabeça parecia um turbilhão de pensamentos.

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_ Do que você esta com medo? _ perguntou Hyoga abraçando-se a Shun, acomodando o corpo menor no seu.

_ Medo? Do que eu teria medo? _ Shun retrucou com perguntas, não queria que seu amado soubesse de seus temores.

_ Você é quem falou, quando a gente estava se amando. Você tem medo de me perder? É isso, meu amor?

_ Não _ respondeu rapidamente.

_ Então o que é? _ insistiu Hyoga.

_ Eu não sei...

_ Como não sabe?

_ Sabe o que é... _ começo com um voz melosa _ Eu não sei, mas acho que o Ikki...

E quando iria terminar sua frase, seu irmão, Ikki, abriu a porta, destrancada descuidadamente, dando de cara com os dois cavaleiros, deitados juntos, nus...

Ikki olhou para os dois estarrecido. Como seu irmão... SEU IRMÃO, sangue do seu sangue, podia estar na mesma cama que aquele cavaleiro... aquele loiro... nus?! Como? COMO?

O sangue ferveu-lhe nas veias, subindo até a cabeça. Ikki arregalou os olhos enfurecido com a cena que via. Os outros cavaleiros olham-no paralisados, esperando por alguma reação do cavaleiro de Fênix.

_ Mas os que... Mas o que... Mas o que é isso? _ Ikki começo a esbravejar, indo em direção ao irmão e seu amante.

Ikki gritava tão enraivecido, que Shun encolheu-se todo nos braços de Cisne, temendo que levasse uma surra de seu irmão. Mas Fênix parou a poucos centímetros da cama, onde os dois namorados estavam e começou a falar ainda mais alto.

_ Eu não acredito no que estou vendo, Shun! Mas o que... Quem vai me explicar o que estar acontecendo aqui? QUEM, SHUN?

_ Calma, Ikki! _ pediu gentilmente Hyoga, já percebendo a presença dos outros cavaleiros. Levantou-se, pegou sua calça, vestiu-a e voltou a falar calmamente _ Eu expli...

_ CALA ABOCA!! _ gritou Ikki, transtornado, impedido Hyoga de falar.

_ Ikki, eu só quero conversar...

_ Sai de perto de mim, Hyoga! Eu não quero te ver na minha frente, muito menos ouvir a tua voz! _ Ikki ainda esbravejava, transfigurado pela raiva que sentia.

_ Não! Eu não vou sair de perto de você e abandonar o Shun a sua mercê _ o cavaleiro de Cisne declarou, enfrentando Ikki.

_ Ora, seu... seu... seu pervertido! _ Ikki partiu para cima do outro cavaleiro, mas fora impedido por um mata-leão que Shiryu lhe dera, na mesma hora em que seu irmão berrara um sonoro "NÃO!!".

O cavaleiro de Fênix, imobilizado pelos braços do Shiryu, olhou de soslaio para Shun. Seu irmão estava encolhido na cama, com seu belo rosto mergulhado em lagrimas, seu corpo, ainda nu, era sacudido pelos altos soluços que dava. Parecia tão indefeso, como quando eram crianças e Ikki tinha que tomar conta dele... Sentiu se coração apertar em seu peito e quis por um instante consolar seu amado e pequeno irmão, mas viu a imagem de Hyoga aproximar-se dele e sua raiva voltou a incendiar seus olhos.

_ Acho melhor descermos para vocês resolverem essa situação _ sugeriu Shiryu _ Vocês vão conversar e resolver tudo. O.K.?

Os cavaleiros amantes concordaram com um aceno positivo com a cabeça, só Ikki ficou imparcial.

_ Ikki, eu vou te soltar, mas não te quero pulando para cima de Hyoga. Vamos conversar civilizadamente. Você me ouviu?

_ Ouvi _ Ikki respondeu, quase sem fôlego.

Quando Shiryu soltou-o, levou a mão alisando o pescoço, tentando aliviar a pressão, enquanto olhava, com os olhos em chamas, para o casal a sua frente.

_ Vamos na frente. Hyoga e Shun vêm depois. Vem, Ikki _ Seiya ordenou, guiando o cavaleiro de Fênix para a sala da mansão.

Ikki obedeceu a Pégasus a contragosto, mas não havia mais nada a ser feito, já perdera a cabeça demais por uma noite. E Hyoga e Shun ficaram no quarto sozinhos.

_ Não chore, amor! _ pediu Hyoga, enxugando as lagrimas de seu amado _ Vamos, Shun! Temos que descer e conversar com seu irmão, resolver essa situação... E chora não vai resolver nada.

Shun fungou profundamente olhando seu amado cavaleiro e falou ao final:

_ Era isso que eu temia, Hyoga! Era disso que eu tinha tanto medo... da fúria de Ikki!

Hyoga acolheu Shun em seus braços, num consolador abraço e este chorou mais um pouco.

Depois de alguns segundos, Hyoga afastou seu amante de seus braços e enxugou suas recentes lagrimas, dizendo palavras de incentivo. ajudou Shun a vestir-se. E ao descerem as escadas, vestiu sua camisa azul.

Os outros cavaleiros já estavam na sala. Seiya e Shiryu sentados no sofá, ainda em pijamas, observando apreensivos, os pesados e nervosos passos que Ikki dava de um lado para o outro.

O casal de cavaleiros desceu as escadas apreensivo também. Hyoga estava preparado, já esperava por qualquer reação de Ikki. E esperava pelo pior...

Shun sentou-se em uma poltrona, com o rosto vermelho e inchado pelo choro, e Hyoga sentou-se no braço do móvel, de mãos dadas com seu amado.

Ikki respirou fundo quando viu a cena e quase pulou em cima do pescoço daquele Cisne. Ah, como queria mata-lo!... Sentou-se na poltrona inversa a que eles estavam e antes que alguém começasse a falar, foi o primeiro a se pronunciar:

_ Eu vou embora daqui _ falou assim, fria e cruelmente.

Shun olhou seu irmão com os dois olhos verdes arregalados, surpreso com as palavras frias de Ikki e sentiu novas lagrimas brotarem.

_ Não, Ikki!... Fica!... _ implorou choroso.

_ Não! Não adianta implorar, chorar, se humilhar... Eu não vou atras, Shun _ Ikki declarou friamente, mas sem olhar para seu irmão. Sabia que se olhasse-o e visse seus grandes olhos verdes cheios de lagrimas, seria mais difícil e dolorido para ele do que já estava sendo.

_ Ikki, por favor!... _ insistiu o cavaleiro de Andromeda.

Ikki levantou-se, com o rosto mais fechado do que o usual, mas não olhou para Shun. Seiya e Shiryu entreolharam-se ansiosos. E Hyoga, calado, engoliu em seco.

O cavaleiro de Fênix dirigiu-se as escadas que levavam ao seu quarto, para arrumar suas coisas, passou indiferente pelo irmão, que acompanhava-o com os olhos lagrimejantes.

Sem agüentar mais a frieza com que Ikki tratava-o, Shun levantou-se da poltrona, largando a mão de seu amante, e abraçou-se as costas de seu irmão.

_ Não vá, Ikki! Por favor, meu irmão! Não vá! Fica! _ implorou, chorando compulsivamente.

Ikki parou por um instante. Fechou os olhos, sentindo uma pontada de dor em seu peito. Era difícil para ele também. Não gostava de magoar seu irmão, abandonando-o daquele jeito, mas não havia outra maneira. Não suportaria ver Shun, seu irmão, sangue de seu sangue, com aquele loiro. Não poderia ficar. Tinha que partir. E rápido!

Virou-se para o irmão e segurou-o pelos ombros tão forte quanto a dor que sentia, fazendo Hyoga sobressaltar-se, temendo que Ikki batesse em seu amado.

_ Shun, eu não posso ficar. Entenda isso! Não vou conseguir te ver com aquele ali. _ e apontou para Hyoga, que franziu a fronte _ Não terei estômago para isso.

_ Não, Ikki! _ exclamou Andromeda, desfazendo-se em lagrimas.

_ Eu preciso de um tempo sozinho. Pensar sobre isso, que você e o Cisne se gostam, e me acostumar com a idéia.

_ Ikki, por favor!... _ insistiu choroso o outro.

Mas Ikki não quis mais saber de nada, apenas largou o irmão e subiu, indo para seu quarto. Shun o seguiu, subindo as escadas correndo, enquanto as lagrimas corriam pelo seu rosto, sem parar.

Ikki entrou no quarto e pegou algumas mudas de roupas, colocou-as numa mochila vermelha. Shun, com a face molhada, parou em sua frente, observando-o colocar as roupas na bolsa.

_ Quanto tempo você vai ficar fora? _ perguntou desesperadamente entre o pranto.

_ Não sei _ Ikki respondeu friamente.

_ Para onde você vai?

_ Também não sei. E pára de me encher de perguntas! _ falou irritado, sem paciência para as perguntas de Shun, mas continuou sem olhar em seu rosto.

Hyoga ficara na sala, na ponta da escada, temendo pelo pior. Logo viu Ikki no outro extremo dos degraus e Shun implorando para seu irmão ficar, quase que se humilhando.

_ Não, Ikki! _ gritou, chorando, Shun, segurando um dos braços do irmão, tentando impedir a saída de Ikki.

Ikki desceu as escadas, arrastando Shun agarrado a seu braço, ignorando os pedidos e lagrimas do irmão mais novo. Hyoga observava tudo de baixo da escada. Partiria para cima do cavaleiro de Fênix, caso este machucasse seu amado. Enquanto isso, Seiya e Shiryu assistiam tudo imparciais. Era uma briga de família e não iriam intrometer-se, apenas se uma partisse para cima do outro.

_ Ikki, por favor não faça isso! _ com o rosto coberto pelas lagrimas, Shun suplicou ao cavaleiro de Fênix, seu irmão _ Não me deixa sozinho!

Quando já estava de novo na sala, Ikki parou, segurou outra vez seu irmão pelos ombros e apenas nesse momento olhou profundamente no fundo dos verdes olhos de Shun. Era muito difícil fazer aquilo! ver seu irmãozinho triste daquele jeito e por sua culpa!

_ Você não vai ficar sozinho. Vai ficar com o Hyoga _ e olhando para o cavaleiro de Cisne, entregou seu querido irmão aos braços dele, completando no final _ Cuide bem de meu irmão, Hyoga! _ em sua voz não havia mais raiva, mas parecia ter muita magoa.

Hyoga segurou Shun, abraçando-o firmemente por trás, enquanto este se debatia e chorava mais, implorando para que Fênix desistisse de tudo e ficasse. Ikki deu as costas para o irmão, ignorando a suplica dele, mas sentia em seu peito seu coração pesa uma tonelada. Parou por um segundo na porta e, sem olhar para os amigos, despediu-se com um " Adeus, rapazes!".

Shun continuou debatendo-se, tentando fugir dos braços acolhedores de seu amado loiro, chorando, gritando e implorando para que Ikki voltasse. Lutou até finalmente, por m descuido de Hyoga, escapar do abraço consolador deste. Correu atras do irmão gritando seu nome, mas já era tarde... Ikki acabara de dobrar a esquina, sem olhar para trás.

_ Ikkiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! _ gritou mais uma vez entre lagrimas de desespero e caiu de joelhos no portão de entrada da mansão dos Kidos.

Hyoga que vinha correndo atras de seu amado, parou a pouca distancia de Shun. Era muito duro e dolorido para ele ver o ser que mais amava sofrendo daquela maneira. Se pelo menos Ikki fosse mais compreensivo... Mas ele não o era, e talvez fosse melhor para todos, para Shun, Hyoga e, quem sabe, para ele mesmo. Aproximou-se devagar do sofrido cavaleiro de Andromeda e colocou-lhe uma mão sobre seu ombro.

_ Shun... Vem, vamos entrar.

_ Me deixa aqui!... _ esbravejou um choroso Shun, dando um safanão na mão do loiro.

_ Shun, Shun... _ continuou o loiro _ Eu sei o que você está sentindo, também estou magoado com Ikki. Mas não adianta nada você ficar aqui, na rua, chorando desse jeito.

_ O que você sente pelo Ikki é diferente _ retrucou o cavaleiro de Andromeda.

_ Eu sei. Você é o irmão dele, a sua dor e magoa são maiores. Mas eu repito que não adianta ficar aqui. Vem, meu amor!

Depois de muita insistência, Hyoga conseguiu levar seu choroso e magoado amado para dentro da mansão. O casal passou pelo outros cavaleiros da mansão e logo Seiya quis falar algo.

_ Shun, eu...

_ Amanhã, Seiya. Amanhã você conversa com ele _ Hyoga impediu que Pegasus terminasse o que começara a falar. Na verdade ele não queria que ninguém mais se intrometesse entre ele e seu amado. Queria consolar seu Shun sozinho.

Os dois subiram as escadas, mas ao invés de irem para o quarto de Shun, dirigiram-se ao do Hyoga e deitaram-se na cama. Shun chorou até dormir, abraçado a seu amado cavaleiro de Cisne, que o consolava da terrível e dolorosa noite que passaram. E provavelmente não veriam Fênix tão cedo...
 
 

FIM