Presente de Aniversário
 
 
Por Belchan
 
 


Estava tudo pronto... finalmente.

Kurama quase não podia acreditar em seus próprios olhos. Parecia que tudo estava perfeito, no seu devido lugar. Fora quase uma semana de preparativos. O cardápio especial, o champagne, a arrumação romântica da mesa... Seria um maravilhoso e romântico jantar à luz de velas. A noite pedia isso... afinal era especial.

Hoje era o aniversário de Hiei e Kurama o conhecia bastante para saber o quanto essa data o machucava, lembrando-lhe toda a sua origem, além de que não podia compartilhar esse dia com Yukina.

Ao pensar na doce menina, Kurama sentiu uma pontada de remorso. Afinal, fora ele mesmo que sugerira a ida ao parque de diversões. Como Kurama já sabia que Hiei não iria em hipótese alguma, fora fácil usar a velha desculpa que teria um trabalho muito importante para fazer. O que não era de todo mentira... Ele tinha realmente um trabalho a fazer.

Kurama havia jurado a si mesmo que iria fazer algo em relação à dor de Hiei. No ano passado, ele ficara de mãos atadas, impossibilitado de tomar qualquer atitude; afinal, eles eram apenas amigos então, e Hiei nunca permitiria qualquer intromissão de sua parte. Então, Kurama foi obrigado a testemunhar a dor de Hiei, apesar deste habilmente escondê-la; mas era-lhe fácil vê-la... era só olhar para aqueles olhos tão lindos e torturados. E o pior momento fora quando Yukina afirmara que o seu maior desejo não fora realizado... ela ainda não encontrara o irmão perdido.

Naquele momento, foi difícil para Kurama conter a vontade de tomar Hiei em seus braços e protegê-lo de todo aquele sofrimento. Mas agora seria diferente.

Kurama também sabia que Hiei já tinha percebido sua agitação e visto as compras, e entre resmungos, fizera questão de dizer que não admitiria nenhuma "festinha". Mas aquele presente, com certeza, o youkai adoraria... pelo menos assim ele esperava.

A noite chegaria rápido e traria junto com ela um certo youkai resmungão que iria ter uma maravilhosa surpresa aguardando-o.
 

* * * * *
 
 

Assim que Hiei colocou os pés no apartamento, foi atingido por duas sensações: a primeira foi o aroma delicioso e incrível da comida. Parecia que dessa vez sua raposa tinha se superado. Aquele cheiro literalmente trazia-lhe água na boca.

A segunda tocou seu coração. Kurama estava sentado à mesa que fora incrivelmente decorada; tinha até velas. E o olhar tão cheio de amor, junto com aquele sorriso que tirava seu fôlego, foi a melhor recepção.

Hiei andou até Kurama que se levantara para recebê-lo num abraço apertado. Um beijo molhado selou o reencontro.

"Estava com saudades, itooshi. Estava com medo de que você não viesse ao meu chamado."

Hiei se limitou a responder com um muxoxo, enquanto descansava a cabeça de encontro ao peito do youko, sentindo aquele perfume de rosas que envolvia e acalmava um pouco seu coração.

Kurama abraçou seu youkai com mais força, fazendo pequenos carinhos em suas costas. Hiei estava tenso, um tanto irritado, mas era bom senti-lo descansar o corpo no seu, numa atitude de confiança e entrega.

Os dois amantes ficaram abraçados, quietos, apenas desfrutando o calor um do outro.

Foi Hiei quem se afastou primeiro, e olhou para o youko, como que perguntando o que ele estava aprontando desta vez.

"É so um jantar romântico, Hiei. Não precisa se preocupar, não tem ninguém escondido. Você não vai ter nenhuma "festinha ridícula", usando suas próprias palavras. Eu promenti, lembra-se? Sem surpresas."

As palavras de Kurama de algum modo doeram no coração de Hiei. Uma vozinha irritante se insinuava em sua mente dizendo que era bem capaz de Kurama ter se esquecido, ou não se importar com esse dia. A única coisa que Hiei não conseguia entender era o porque dele mesmo ter ficado chateado com isso.

Kurama viu os olhos de Hiei escurecerem com suas palavras e sentiu um bolo na garganta. Tomara que o presente o ajudasse de verdade. Respirando fundo e com um sorriso nos lábios, o youko indicou a mesa e ambos se sentaram.

Kurama tentava manter uma conversa amena, contando banalidades da faculdade, perguntando como estava o treinamento com Mukuro (afinal não custava nada se manter informado), enquanto Hiei respondia com seus monossílabos e acenos de cabeça costumeiros.

O jantar foi calmo e agradável, o cardápio era do gosto do youkai de fogo. Kurama preparara um dos seus pratos favoritos e caprichado na sobremesa: pudim. Mas apesar disso, Hiei apenas brincou com a comida, não parecendo ter o menor apetite.

No final do jantar, Kurama se levantou para tirar a mesa, deixando Hiei no sofá, calado, com a cabeça recostada, de olhos fechados. Imerso em seus próprios pensamentos.

Depois de ter passado alguns minutos, Hiei escutou a voz do Youko que agora vinha do quarto.

"Itooshi... itooshi...ah... pode me ajudar aqui... Eu... estou com um probleminha e preciso de sua ajuda..."

Hiei se levantou com o pensamento de que ele faria qualquer coisa que aquela raposa pedisse; apesar de hoje não estar muito disposto aos joguinhos dele.

Hiei entrou no quarto todo perfumado, repleto de rosas. As luzes estavam bem suaves. Quando olhou para a cama, foi que percebeu o que aquele youko tinha aprontado desta vez.

Kurama estava sentado ajoelhado na cama, aparentemente nu. Ele tinha o corpo envolto em papel de presente, que parecia ser de seda. Vermelho, combinando com a cabeleira ruiva e com um enorme laço no peito.

"Feliz aniversário, itooshi. Espero que goste do presente... é especial e único!" As palavras foram ditas com um enorme sorriso nos lábios. Kurama tinha certeza de que Hiei adoraria a surpresa. Mas agora estava com um pouco de receio.

E para aumentar esse receio, Hiei não disse nada, não esboçou qualquer reação. Apenas o olhava, e seu olhar estava tão frio... vazio... distante.

"Então, koibito... Não vai desembrulhar o presente?" Kurama tentava esconder sua apreensão que agora estava se transformando em medo. Ele não tinha previsto essa reação de Hiei. Talvez ele não conhecesse o demônio de fogo tão bem quanto pensava.

Hiei andou até a cama, calado, ainda olhando para Kurama, e sentou-se ao seu lado. Kurama estava incomodado com aquele olhar e tentou se cobrir, se esconder com o enorme laço. Talvez tivesse sido uma burrice toda aquela parafernália.

Kurama achava que Hiei iria direto para seus braços, rasgaria aquele papel e o amaria loucamente, como sempre acontecia depois dessas surpresas loucas. Ele nunca poderia imaginar que seu youkai ficaria assim, quieto, calado, sem demonstrar o menor interesse por ele.

Kurama abaixou a cabeça para fugir daquele olhar e também para esconder sua decepção. As lágrimas estavam se avolumando em seus olhos e sua vontade era se cobrir com o lençol.

Foi aí que Kurama sentiu um carinho em seus cabelos... suave, doce... Hiei estava acariciando seus cabelos de uma maneira tão meiga que fez o coração do youko bater mais forte.

Engolindo o choro, ele levantou a cabeça e olhou para seu youkai. O que viu nos olhos de Hiei fez seu coração humano falhar uma batida. Tanta fragilidade... dor... tristeza...

Kurama tomou o pequeno youkai nos braços e beijou-o. Foi um beijo doce, quente e apaixonado. Realmente esse youko tinha ainda muito o que aprender sobre o seu demônio de fogo. Hiei estava frágil, carente. Tinha que ser amado, seduzido, e não o contrário.

Agora mais do que nunca aquela noite tinha quer se especial.

Kurama distribuiu suaves beijinhos em todo o rosto de Hiei, fazendo pequenos carinhos em seus lábios.

"Esse presente é mais do que especial, itooshi... á única coisa que este presente quer é amar você. Muito... de todas as maneiras que você quiser. Na realidade, este presente só aprendeu a viver, quando se apaixonou por você... Só por você..." As palavras de Kurama foram sussurradas de encontro aos lábios de Hiei. As bocas se colaram para mais um beijo, agora mais ardente e sedutor.

Kurama ainda olhando nos olhos de Hiei pegou as mãos do youkai nas suas e as levou até o laço, incentivando-o a abri-lo. Naquele momento não havia necessidade de palavras. Nos olhares de ambos já estavam todas as promessas e aceitação. E muito amor.

Com o laço desfeito, Kurama docemente empurrou o youkai para que ele se deitasse na cama, em meio à todas aquelas rosas. Ainda com o olhar preso ao de Hiei, o youko começou a despir seu amante, beijando e acariciando aquela pele quente que ia sendo aos poucos desnudada.

Com perícia e paixão, Kurama beijou e acariciou cada milímetro daquele corpo que o escravizava de tanto prazer. Os gemidos de Hiei enchiam o quarto. A respiração ofegante e o múrmurio de aceitação eram a certeza de que o youkai estava se entregando àquela sedução.

Hiei se contorcia na cama, gemendo alto, apertando os lençóis com as mãos. Kurama sugava seus mamilos, deixando-os eretos, sensíveis, distribuindo pequenas lambidas pelo tórax até chegar perto do membro rígido que despontava exigindo um alívio.

O youkai arquejou com o corpo, soltando um grito abafado, quando sentiu Kurama abocanhá-lo, começando a sugá-lo com todo desejo.

Enquanto o sugava, Kurama arranhava levemente o interior das coxas do youkai, arrancando deste pequeninos espasmos involuntários.

Kurama sabia que Hiei estava quase no seu limite, e vê-lo assim tão entregue e enlouquecido fazia seu estômago contrair-se de antecipação.

O youko soltou o membro rígido, arrancando um múrmurio mais alto de protesto do pequeno youkai, que logo foi silenciado por um beijo ardente e voraz.

Kurama abraçou Hiei e com um gesto rápido inverteu as posições, envolvendo a cintura do youkai com as pernas, incentivando-o a possuí-lo.

"Vem, itooshi... toma o seu presente... desse jeito louco... vem... "Kurama roçou sua abertura de encontro ao membro do youkai, excitando-o, enquanto murmurava roucamente em seu ouvido.

Os dois gritaram juntos, quando numa estocada firme, Hiei o penetrou por inteiro. Kurama arquejou o corpo, sentindo as investidas fortes enlouquecendo-o. O youko apertou as nádegas do youkai, procurando apoio e também ajudando-o na busca de seu alívio.

Hiei mordia e sugava seus mamilos, excitando-o ainda mais, se é que isso era possível. Os gemidos roucos do youkai eram sentidos de encontro ao peito do youko, deixando-o praticamente em fogo.

Foi quando um grito rouco escapou dos lábios de Kurama, quando sentiu Hiei começar a masturbá-lo no mesmo ritmo forte em que se movia dentro dele.

"Vem comigo, raposa..." Aquele pedido tão sedutor serviu para acabar com o pouco controle que Kurama tentava manter. Os corpos se moviam rápidos, com ânsia. A excitação estava atingindo o limite e eles sentiam o clímax se aproximando, e seria completamente voraz.

Os gemidos encheram o quarto quando o orgasmo o lançou num vórtice de sensações, impossível de se descrever. Quando ambos conseguiram respirar outra vez, estavam largados um nos braços do outro, num abandono langoroso e sensual.

Hiei depositou suaves beijos nos mamilos de Kurama, como que se desculpando pela dor antes infringida. Kurama abraçou seu youkai, inclinando a cabeça, pedindo um beijo... Como se pedisse para selar todo aquele momento tão incrível e especial.

As línguas se tocavam num beijo quente e apaixonado. O momento era tão único que talvez as palavras o estragassem. O beijo foi demorado, lento, úmido e envolvente.

Kurama deslizava os dedos suavemente pelas costas de Hiei, numa carícia quase tímida, enquanto o youkai retribuía dando beijos doces em seu pescoço.

Depois de algum tempo, Kurama tomou coragem para falar o que estava no seu coração naquele momento.

"Feliz aniversário, itooshi... Não, fica aqui..." Kurama segurou o pequeno youkai em seus braços, impedindo-o de se afastar. "Esse dia é muito especial para mim. Esse dia representa você... O seu nascimento. Tudo o que se relaciona a você, é importante, é especial para mim."

"Eu não sei o que seria de mim, se eu não amasse você. Minha vida seria vazia, fria... O destino me concedeu duas chances de ser feliz. Eu aprendi o significado do amor com minha mãe humana. Mas conheci a verdadeira plenitude dele com você. Por isso, eu queria te fazer essa surpresa... Eu queria tentar mudar a sua idéia perante esse dia. Para mim o seu aniversário é mais importante e especial do que qualquer outra data. A única coisa que eu queria era amar você... Amar muito, sem barreiras ou medos..."

Hiei levantou a cabeça e encarou Kurama. Seus olhos normalmente frios estavam repletos de emoção. As palavras do youko tocaram fundo o seu coração.

Os lábios dos amantes se uniram num beijo apaixonado e ardente. Para Hiei era muito difícil expressar em palavras seus sentimentos... Para ele era mais fácil fazê-lo com carícias e amando seu youko, mas naquele momento Hiei sentiu que precisava falar... ou pedir...

"Então me ame, raposa... Apenas... me ame."

Kurama envolveu Hiei em um abraço forte, enquanto tentava engolir as lágrimas que lhe vieram aos olhos. Era uma visão muito forte, ver a fragilidade de Hiei, ver este lado que o youkai escondia dentro de si. A dor, a tristeza e a solidão que Hiei nunca mostrava.

"Sempre... sempre vou te amar, itooshi... Sempre." As palavras de Kurama foram murmuradas de encontro aos lábios do youkai, que se uniram para mais um beijo... O começo de uma nova sedução. Os corpos se procuraram com calma e suavidade.

Aquela noite seria longa e recheada de atos de amor.

Afinal... era uma noite muito especial.
 



  Por Belchan belchan@usa.net