Festa Particular
 
Por Belchan
 

Depois de recusar outro convite, Kurama se perguntou pela enésima vez, como ele fora deixar se convencer a ir àquela festa. Se é que aquilo podia se chamar de festa. O som estava ensurdecedor e as pessoas pareciam completamente loucas na pista. Há muito, ele tinha desistido de ser gentil; estava cansado de recusar convites para dançar ou para alguma conversinha íntima. Sua vontade era sair correndo dali, direto para os braços do seu demônio.

Ao pensar em Hiei, Kurama sentiu uma dorzinha chata no coração. Ele estava realmente mal-acostumado. Hiei era um amante maravilhoso e parecia não haver limites para sua paixão.

Mas o youkai estava no Makai, e como comandante de Mukuro, Hiei agora tinha inúmeras obrigações e passava muito tempo lá. Na realidade, fora esse o motivo real de ter aceitado o convite para vir a essa festa. A solidão no apartamento estava insuportável.

Kurama se dirigiu para a sacada para tomar um pouco de ar e também para fugir de outra garota que vinha na sua direção com um sorriso insinuante nos lábios.

Um suspiro sentido escapou de seus lábios. Era realmente terrível ficar sem seu demônio de fogo. A maioria dos seus colegas já tinha sumido da festa com seus respectivos pares. Apenas ele tinha ficado ali sozinho, por que a única pessoa que ele queria não estava ali.

Foi então, que no meio de suas lamentações, Kurama sentiu o youki de Hiei. Estava tão forte e perto que ele não teve como pensar que estava imaginando coisas... e nem queria estar.

Com um pouco de habilidade e cuidado, conseguiu se esgueirar até a porta, sem ser importunado e saiu à procura dos sinais do youkai.

Depois de ir até as escadas e subir alguns lances, finalmente o encontrou.

Hiei estava sentado disciplimente, meio escondido, mesclado entre as sombras. As escadas estavam sem muita iluminação, talvez algumas das lâmpadas estivessem queimadas. O youkai parecia muito à vontade, talvez à espera de alguma coisa ou de alguém.

Com a saudade machucando seu coração, Kurama se adiantou e o abraçou forte... era tão bom sentir o calor de Hiei. As bocas se procuraram para um beijo quente e cheio de paixão. As línguas se tocavam, tornando o beijo ainda mais forte e voraz. Estavam longes um do outro hà tantos dias, que a paixão os envolveu rapidamente. Os dois amantes se separaram ofegantes.

- Estava se divertindo, raposa?! - A voz rouca de Hiei murmurada de encontro ao seu pescoço fez o coração de Kurama dar um salto - Essa barulheira infernal deve estar bem agradável.

Kurama apertou o pequeno youkai em seus braços, sentindo a respiração dele em seu colo. Kurama estava ajoelhado entre as pernas abertas de Hiei, que mantinha os braços ao redor do seu corpo. Um soluço seco escapou entre seus lábios.

- Não, itoshii, nada é agradável ou divertido sem você - O tratamento amoroso e a voz chorosa do youko envolveram o coração de Hiei num manto de carinho e calor - Eu só vim porque.... porque... não aguentava mais ficar sozinho no apartamento, estava tudo tão frio e vazio...

Droga! Ele tinha falado, tinha reclamado.... Kurama tinha prometido a si mesmo que não iria reclamar nada com Hiei, não era justo. Agora era a vez dele de esperar, de passar noites sozinho.  Mas... mas a saudade doía tanto. Kuram o abraçou mais forte e fechou os olhos com força para impedir que as lágrimas rolassem. Ele não podia chorar agora, o momento não era para isso. E também porque ele sabia que Hiei se sentiria culpado e Kurama não podia e nem tinha o direito de fazer isso com seu amado demônio.

Hiei começou a alisar as costas de Kurama, tentando consolá-lo. Eles já tinham conversado sobre isso e a sua raposa afirmara que tinha entendido. Tinha falado que saberia esperar, que agora tinha essa bendita faculdade, e etc... Tudo bem que ele estava fora há vários dias, mas doía ver sua raposa triste desse jeito. Ele tinha que dar um jeito nisso e daria à sua maneira.

Hiei com cuidado deslizou as mãos para as nádegas de Kurama, apertando-as levemente. Era hora de alegrar um pouco seu choroso amante.

- Hn, frio, você disse?! Talvez seja melhor eu esquentar um pouco as coisas.

- Nani?! Do que voc....ah....ah... - Kurama não conseguiu formular a pergunta, Hiei tinha começado a beijar seu pescoço. Eram beijos rápidos e molhados. Sua língua percorria todo o pescoço de Kurama que tombou a cabeça para trás facilitando o trabalho do youkai.

Os beijos seguiram uma trilha imaginária até a abertura da camisa do youko, que gemia baixinho completamente entregue àquela sedução.

Hiei abriu-lhe a camisa, expondo o tórax alvo e delicado. Ver a expresão no rosto de Kurama, vê-lo entregue aos seus beijos, à sua sedução, era uma visão dos deuses. Hiei começou a sentir seu membro latejar, mas ele tinha um trabalho a fazer... enlouquecer uma raposa chorosa.

Hiei puxou o rosto de Kurama e tomou-lhe os lábios num beijo voraz e cheio de luxúria. Quase não dava para respirar, enquanto acariciava os mamilos de Kurama insistentemente com os dedos, apertando-os, beliscando-os, até deixá-los eretos, sensíveis.

Kurama viu-se obrigado a cortar o beijo, para poder respirar. Hiei voltou a beijar seu pescoço, a língua dando voltas, procurando suas zonas erógenas. Kurama não estava nem um pouco preocupado com o lugar e nem com a falta de conforto. Para ele, já era estar no paraiso, ter Hiei ao seu lado.

Hiei começou a sugar e mordiscar seus mamilos, já sensíveis devido às outras carícias. A dor e o prazer se misturavam numa combinação enlouquecedora.

- Hiei.... Hi..ei!...aahh...sim.. sim... - Kurama murmurava palavras, enquanto segurava a cabeça de Hiei de encontro ao seu peito, pedindo, exigindo mais carícias, mais beijos.

Hiei sabia que sua raposa estava enlouquecida; sabia pelos murmúrios sem sentido, em como ele se contorcia. O  youkai no momento não pensava no seu próprio prazer, pensava apenas em desviar os pensamentos tristes que Kurama tinha na cabeça.

E a única coisa que passava pela cabeça de Kurama, era que ele precisava gozar. A excitação estava insuportável. Hiei parecia querer enlouquecê-lo. Todo o seu corpo estava doendo de saudade, paixão, tesão, prazer... tudo...tudo ao mesmo tempo.

Tentando conter um grito, Kurama mordeu o ombro de Hiei, ao sentir as mãos dele em seu pênis. No auge da sua paixão, não tinha notado que Hiei tinha aberto suas calças e as abaixado junto com a cueca.

Com carinho e firmeza, Hiei fez com que Kurama sentasse entre suas pernas, no degrau de baixo, sem ligar para o seu murmúrio de protesto. O youko resfolegou ao sentir o membro ereto do youkai roçando nas suas costas. Mas não houve tempo para falar mais nada.

Uma das mãos de Hiei continuou importunando, beliscando, apertando seus mamilos, enquanto a outra apertou seus testículos, os acariciando lentamente. Kurama remexeu os quadris ao sentir o youkai apertar seu membro ereto e começar a manipulá-lo com firmeza.

Kurama se contorcia; enlouquecido, arquejava o corpo, murmurando palavras desconexas.

Os fios ruivos grudavam no pescoço suado de Kurama, que era beijado por Hiei, a língua o enlouquecendo sem pena.

- Hiei... itoshii.... eu ... vou gozar... - O murmúrio de Kurama era baixo, quase um sussuro - Hiei... você... dentro... de mim, onegaishimasu..

O pedido do youko ferveu o sangue de Hiei. Todo o cuidado e esforço para ignorar sua própria excitação foram varridos para longe.

Kurama virou-se e o youkai beijou-o com uma volúpia enlouquecedora. Kurama tentava tirar as roupas de Hiei, praticamente lutando com os malditos cintos. Os beijos se tornaram rápidos e vorazes, os gemidos entrecortados pareciam a música que embalava os movimentos loucos dos amantes.

A capa de Hiei serviu como lençol; quando Kurama se deitou no chão, com os braços abertos, pedindo, exigindo que o youkai se abrigasse entre eles.

Kurama gemeu alto, quando sentiu Hiei penetrá-lo, preenchê-lo por inteiro, uma estocada firme. Os movimentos eram rápidos e fortes, não havia tempo para carícias suaves. Os dois amantes estavam enlouquecidos, ansiando como loucos pelo orgasmo que se aproxiamva velozmente.

Kurama arquejou o corpo, apertando Hiei em seus braços, envolvendo sua cintura com as pernas, ao sentir as estocadas mais rápidas que estavam levando Hiei ao clímax, sentiu o jato quente e espesso encher suas entranhas. Kurama para não gritar, mordeu o ombro do youkai, quando sentiu os espasmos sacudirem seu corpo, numa onda louca, que praticamente o deixou sem forças, nem para respirar.

Os dois amantes ficaram quietos, jogados um nos braços do outro, sem forças e esgotados. A saudade transformou o ato de amor numa explosão de prazer como há muito tempo eles não experimentavam.

O som da festa foi aos poucos sendo ouvido, outra vez. Um som baixo, fraco, realmente sem a miníma importância. Kurama abraçou o corpo quente de Hiei, enquanto o youkai descansava a cabeça em seu peito, acariciando seus cabelos. Kurama ficava extasiado quando Hiei fazia esses pequeninos carinhos. Em gestos mínimos como esses, Kurama podia ver o amor de Hiei mais claramente do que se ele falasse "Eu te amo" com palavras. E era tão bom... ele podia ficar ali para sempre... desde que tivesse seu youkai nos braços como agora.

- Raposa... ainda está com frio?! - Hiei tinha levantado a cabeça e o olhava com um misto de seriedade e cinismo.

- Bom... agora não... mas... talvez eu possa pegar uma gripe nesses trajes... - Kurama fez um gesto indicando sua nudez - Você sabe como os humanos são frágeis, em relação à isso, não é?!

-Hn.... então talvez devessemos começar tudo de novo, ne?! - Um meio-sorriso tomou conta da face de Hiei.

A risada de Kurama ecoou pelas escadas, enquanto Hiei beijava seu pescoço com paixão... aquela festinha tinha apenas começado...
 
 
 


Escrito por Belchan, setembro de 1999.
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