Descobertas
 
 
Por Astásia
 
 

 Epílogo - A Noite Cai


A terceira vez em que vi Sendai é ao mesmo tempo a recordação mais vívida e mais estranha que tenho dele.

Eu o vi dentro de um pesadelo de febre. Dizem, mesmo no Ningenkai, que não se deve confiar nesse tipo de sonho, mas haviam tantas coisas que descubro não serem regras agora...!!

Naquela noite, Kuroune havia saído furioso do meu quarto, no velho castelo abandonado que serviu de esconderijo para o nosso bando por tempos, quando o expulsei, depois de horas suando comigo sobre os lençóis, já saciado e nem pensando sobre o que fazia, definitivamente bêbado e absolutamente insuportável (E para isso, eu nem precisava estar bêbado para ser).Voltei para a cama e dormi, sozinho como sempre quis estar, mas não em paz. O cheiro de Kuroune estava em mim, e me fazia pensar no quanto estava só, no meu desejo que se tornara realidade.

No meio de imagens desconexas, as formas se tornaram mais nítidas. Mas ainda incompreensíveis, elas se tornram amargamente familiares, dentro dos sentimentos que fizeram brotar em mim. Havia uma clareira, como se fosse no meio de uma floresta qualquer, mas muito mais ameaçadora e opressiva do que qualquer outra que tenha visto antes. Em meu sonho, a noite era mais escura do que nunca foi de fato no Makai, e lentamente, primeiro sobre meus ombros, eu senti, e logo depois, por toda minha pele, eu percebi que um medo muito antigo se apoderava de mim, e eu detestei meu próprio cheiro. A terra escura ficava inteiramente negra naquela penumbra sem luar. E as árvores nem sequer farfalhavam alto, como se até elas temessem romper com o bruto silêncio daquele maldito lugar.

Havia alguma coisa jogada no meio da clareira, eu poderia ter imaginado uma carcaça de youkai, e saído dalí sem olhar para trás e nem me importar, como tantas vezes fiz. Mas o que eu vi me causou desconforto. Era o corpo de uma raposa de quatro rabos, tão grande quanto eu mesmo ficava, na minha verdadeira forma, e eu nunca havia visto um Youko morto, e nem me imaginado daquela forma, e eu sei que aquela imagem me perseguiu desde quando a lança do caçador varou minhas costelas e a sombra quis se mostrar para mim, tão profunda quanto naquela clareira, em meus olhos.

Eu me aproximei, sentindo com nitidez toda a maciez da terra debaixo dos pés, mais forte que se estivesse acordado. Inclinei-me levemente para olhá-lo melhor. Na treva azulada, eu vi sua cor, debaixo do pelo cinzento de poeira, e ele era vermelho, levemente castanho, mas em sua maior intensidade, vermelho, e estava imóvel, morto, seus olhos estavam abertos e apáticos. Ajoelhei-me do seu lado para tentar criar coragem de tocá-lo, experimentar uma realidade que não conhecia.

Mas antes de encostar nele, eu me levantei em um salto. Sonhos são enganadores, os de febre principalmente, não é?

Quando me afastei, recuei alguns passos, e parei quando escutei o meu nome sendo dito muito baixo, mas perto de mim. Nâo me virei porque eu sabia de quem era aquela voz, que me dava ódio saber que ela acalmava o meu medo de ver a raposa morta. Eu queria amaldiçoá-lo mais uma vez, mas não sei por qual raios, eu silenciei, com respeito, com uma alegria que não queria sentir, com uma expectativa tão grande...

Aquela figura emagrecida e pálida colocou as mãos pesadas e mornas sobre meus ombros. Tudo o que havia de impressionante no Sendai de que recordava... toda sua beleza estava arruinada. Somente por ser algo tão particular de si, que ainda era o mesmo, apesar da mudança. Mas seus olhos enormes, verdes, já não brilhavam como antes, e o vermelho dos seus cabelos estava escondido debaixo do pó. Lentamente, ele falou :

" A noite é tão escura, Kurama, mas está tão perto de amanhecer..."

" ..." - Eu tentei falar, alguma coisa, qualquer coisa, mas minha voz não saía..!!

" Eu tenho de dormir para esperar meu amanhecer, mas eu tenho medo de fechar os olhos." - Ele era tão calmo naquele sonho, mas era tão angustiado quanto era Shuuichi ao me pedir aquilo... - " É tão escuro, meu filho, é tão escuro...!! Kurama...!!"

Ele se abraçou a mim, estreitamente, em desespero, mas sua voz ainda era baixa, arquejante, quando ele disse:

" Ilumine meu caminho."

Aquela criatura decadente estreitou-se mais em mim, e sem pensar , eu fechei meus olhos para não ver o que ele se tornara, pelo menos, e talvez não somente alí, no meu pesadelo. E eu abracei Sendai com toda minha vontade de fazê-lo parar de sofrer, afastar aquele medo tão grande de perto dele, fazê-lo esquecer uma escuridão que é tão grande e assustadora, extrema, antes de um amanhecer feito de mistérios. Mas eu não entendia como ele de repente era tão indefeso, e cabia no meu abraço como um filhote com medo do escuro. Oh, sim, eu conhecia aquela sensação, e apenas a lembrança de algo que ele mesmo fêz me dava coragem, e quem sabe, pensei, agora eu possa fazer o mesmo por ele...
 
 

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Despertei cheio de medo, sozinho no quarto, com a pele em brasa, de uma febre tão alta que eu nem conseguia me levantar...
 
 

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Eu não entendia seu medo, pois eu só o conheceria muitos anos mais tarde, mas naquele tempo... Bom, eu era vaidoso, arrogante. E não sabia o que era ter medo.

Mas agora, de volta ao cemitério, reconheço que é mais uma das lições que aprendo do jeito mais difícil na vida de Shuuichi Minamino, o estudante exemplar.

Seguro, apertando até as juntas de meus dedos ficarem brancas, as barras deste portão enferrujado. Minha mãe acha que fui dar uma volta no quarteirão, enquanto ela terminava de aprontar o jantar que eu já havia adiantado, iria à loucura de saber o que andei fazendo só no dia de hoje, os lugares e as pessoas com quem falei, o que eu queria poder demosntrar a ela, falar-lhe.

Mas ela não é cega...

Subo para o alto do muro sem saltar, escalo as pedras me segurando nas plantas que cresceram en cima do cimento. A tarde está igual à tantas outras, anoitecendo, em azul-violeta e vermelho-vivo cada qual, respectivamente, deixado por onde o sol já não ilumina, e pelos lugares do sol perto de onde ele está.

Sim, é verdade, a noite é sempre mais escura perto do amanhecer, e é verdade também que para despertarmos devemos, antes, adormecer, mas eu tenho insônia, e deve ser do sangue, pelo que minha mãe me contou...
 
 

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Não tenho coragem de me mover. Estou mais uma vez, olhando para uma fotografia na pedra de um túmulo. Creio que terei um igual quando a hora desta existência ningen chegar. Hiei tem razão, não falta muito, não sei como, mas sei que ele tem razão. O pensamento me entristece e volto a pensar em meu pai Shuuichi, e nada mais do que se passe entre nós ou que eu pense, me assusta, minhas lágrimas secaram. A verdade foi um bálsamo doloroso, mas eficaz como nenhum outro (Talvez os beijos da minha Sereia de Gelo...?) para toda a dor que me sufocava. Mas a dor não passou. Está tão forte quanto antes, porém, eu sei que há alguém que sofre mais que eu...!!

Fecho os olhos pois sei que não adianta que eu tente lutar contra esse meu medo de vê-lo e quase ceder a tentação de me iludir com a perfeição de sua presença. É a luz do Sol inclinado que me faz cerrá-los com mais força, e fazer, falar em alto o que nunca disse quando era um Youko de verdade, me entregar com satisfação a uma fraqueza, como me entreguei à ternura de minha mãe, em seu colo, há pouco.

" Sendai..."

Sinto que estremeço. É forte, realmente, e agora, que eu o conheço, eu entendo quem ele é de fato.

" Está aí?..." - Descerro os olhos de leve, baixando a cabeça, em um respeito impensado. Vejo ao meu lado, ao lado da minha sombra, no chão, lentamente surgir outra, como se viesse do lado, tão longa quanto a minha. Sua voz profunda ainda é a mesma...

" Você sabe..." - Sua voz é calma, tensa, mas suave. - " ... sabe que eu sempre estarei aqui."

" Eu... não fazia idéia." - Meu rosto fica quente de vergonha pelo que vou dizer, talvez ele imagine, mas como vou saber?...- " Eu disse coisas, eu amaldiçoei você tantas vezes. Eu culpei você pelo que eu me tornei na pele do Youko." - Crio coragem de olhar de novo para a sombra ao meu lado, quando sinto uma mão leve em meu ombro. Deus, agora eu me assusto pois vejo claramente que não estava enganado. Há um par de firmes e altivas orelhas, no alto de sua cabeça, e cabelos cheios e longos ondulando nas breves e súbitas brisas daquela tarde.

" Não estava de todo errado, eu falhei com você. Eu... tentei fazer algo, mas você... nós sabemos que era tarde demais." - De olhos fechados eu o percebo, tão perto. Abro os olhos para encontrar os de meu pai Sendai, ele, novamente o Youko que me tirara do meio dos arbustos, impressionante mesmo atualmente para mim. Ele tem olhos, vejo agora, tão verdes quanto são os de meu pai Shuuichi. Certamente só pelo formato do rosto e pela humanidade de sua forma, Shuuichi se parecia muito com ele. Por isso, minha forma ningen também se parece. Quero abraçá-lo e implorar que ele fique, o que eu deveria ter feito quando ele tentou me levar para longe dos outros Youkos.

" Pai, eu não quero mais ficar sozinho!!! Eu não quero deixá-lo de novo. Eu sei como o caminho é escuro!! O meu me deixou com tanto pavor...!!" - Sou eu quem desespera dessa vez. Eu não consigo segurar meus arquejos e nem sei como minha voz sai, ou talvez eu só pense tudo isso, e ele veja tudo por conta própria, afinal. Baixo a cabeça com vergonha não do meu choro, que sei que é gratuito, que não faço nada além disso nesses últimos tempos. Chorar e recordar. E pensar em deixá-lo sentir um medo como foi o meu em Nogai...

"Você não me deixou quando eu pedi a sua ajuda, por que está chorando, Kurama?..." - Uma mão gentil e real, como a que segurei em meu quarto toca meu rosto e me segura pelo queixo, tocando minhas lágrimas.

Quando olho de novo para ele, quem vejo é Shuuichi Minamino. Não há mais sangue em seus cabelos que já são vermelhos. Ele é tão calmo quanto antes, mas não tenho certeza de que o que vejo naqueles olhos iguais aos meus é aquela mesma tristeza que me perturbou tanto, eu vejo angústia, medo, ele aqui, perto de mim... Eu me sinto pequeno, muito pequeno. Mas quem tem medo é ele... E em seu abraço tão familiar, ele me diz a verdade que era impronunciável para mim:

"Essa foi a única forma de eu me redimir de todo o mal que lhe fiz, quando eu obedeci o meu pai, no Makai...Desta vez, eu o fiz meu inimigo para não ter de cometer o mesmo erro, mas... A velha família é sempre tão egoísta, e eu tive tanto medo, Kurama, é tão escuro..."

"Oh, papai..." - Eu sabia, desde o começo, mas era algo tão bom e tão terrível, que eu me negava a acreditar. Não há mais o cheiro de seus sangue no ar, é apenas o seu mesmo cheiro, de Youko e de ningen ao mesmo tempo, que não me deixava ficar inseguro...

" Mas eles... Oh, Kurama, eles vieram me buscar, como o desgarrado que eu fui depois que nos separaram a segunda vez!! Eles vieram... Mas eu tive medo de fechar os olhos. Não havia como você me ensinar a não temer, como eu ensinei a você, quando nasceu no Makai, é muito escuro, você já viu... Me ajude, ilumine meu caminho...!!"

" Como?!! Céus, eu não sei como!!"

" Eu ensinei aquela música que espantou o seu medo, para que você lembrar dela..."

" ...Quando a noite cai?"

" Faça, como quando eu precisei pela primeira vez, quando você soube o que era ver um Youko morto... Aquele era eu... Você se lembra, filho, tem de se lembrar!!..."

Sim.

" ...Quando a noite cai...?"

" Sim, a música que não deixaria você nunca temer o anoitecer."

É verdade, papai, eu nunca temi o anoitecer depois de ter ouvido aquilo...
 

When the evening falls and the daylight is fading,
From within me calls - could it be I am sleeping?
For a moment I atray, then it holds me completely
Close to home - I cannot say.
Close to home feeling so far away.

Quando a noite cai e a luz do dia está desvanecendo,
De dentro de mim um chamado - seria eu que estou dormindo?
Por um momento divago, então me domina completamente
Perto de casa - não consigo dizer.
Perto de casa, me sentindo tão distante.
Nem sei no que penso, acho que não penso quando começo. De onde vêm estas palavras? Vêm do fundo de uma memória quase mais velha do que este mundo, minha mãe tem razão de dizer isso. Sendai, Shuuichi, que importa seu nome se eu o amo e ele me ama? Se ele me aceita como filho?... Eu o amaria de qualquer jeito... É quase certo de que todos tinham razão de não conhecê-lo, mas eu o conheço apesar de toda a distância... Ele estremece no meu abraço e eu fecho os olhos de novo, meio ofuscado pelo sol alaranjado que se pôe, e é mais belo para mim agora do que jamais foi. E da mesma forma que vejo Sendai em suas duas formas, como se fosse a primeira ou a última vez...!!
 

As I walk there before me a shadow
From another world, where no other can follow.
Carry me on to my own, to where I can cross over...
Close to home - I cannot say.
Close to home feeling, oh, so far away.
 

Enquanto eu caminho para lá, diante de mim uma sombra
De outro mundo, onde nenhum outro pode seguir.
Me carregue para o meu próprio, para onde eu possa atravessar...
Perto de casa - não consigo dizer.
Perto de casa, me sentindo, oh, tão distante.
Eu sinto que ele estremece de novo, com um suspiro aliviado, ele me diz que eu não me esqueci, e eu continuo cantando, sentindo se fazer em mim uma recordação que normalmente eu diria que não me pertence, mas é intensa, e as palavras se fazem num ritmo de uma música que eu nunca tornaria a ouvir, senão vindo dele, meu pai, então de mim. Estou tão confuso, cantando baixo que só ele talvez me escute, ou eu cante dentro de minha mente, e ele sinta a música, assim como colocou a resposta para quem ele era dentro da minha cabeça, no outro dia... Nâo importa. Me ocorre que nada importa, que ambos somos filhotes, abraçados, ajoelhados nesse cemitério quase abandonado como sua lembranças por tanto tempo estiveram ma minha vida, e dentro daquela caixa no armário... Eu não quero que ele vá. Eu quero que ele fique e não torne a me deixar. Eu choro com agonia quando continuo a cantar para que ele tenha coragem de finalmente fechar os olhos para renascer afinal, com sua forma real, eu tenho medo do dia em que a minha vez chegar...
 

Forever searching; never right,
I am lost in oceans of night.
Forever hoping I can find memories
Those memories I left behind.

Eternamente procurando; nunca achando
Eu estou perdido em oceanos de noite.
Eternamente esperando que possa encontrar as lembranças
Aquelas que deixei para trás
Seus braços já não estão tão firmes em torno de mim, mas eu não quero que ele se vá. Eu não quero mais ver minha mãe chorando por ele. Eu não quero mais ser o único!! Ele está tão quente, vivo, como se aquele fantasma nada mais fosse que o reflexo da sua angústia. Num fio de voz embargada e grave, ele me diz, sem mais nenhuma tristeza nela:

" Eu me orgulharia de ter Kurama Youko como filho por que eu também sou um Youko. Não haverá distâncias entre nós, filho, nem tempo, e nem morte, você sabe... Não lamente, apenas acredite como acreditou há mais de mil anos que esta música me daria coragem de partir para além da escuridão da noite...e ver meu próprio amanhecer..."

Sim, eu acredito, acredito que agora tenho uma família, e um pai nas duas formas, como eu tenho duas formas... Mas não posso deixar de lamentar...

Sendai se remexe entre os meus braços, querendo se afastar de mim, mas não me repele quando eu não desisto de aproveitar cada momento disso. Ele também chora, e de alguma forma, eu sei que seus olhos estão fechados, e sua respiração é calma, apesar do esforço de querer partir. Partir para onde?
 

Even though I leave will I go on believing
That this time is real - am I lost in this feeling?
Like a chid passing through,
Never knowing the reason.
I am home - I know the way.
I am home - feeling, oh, so far away.

Ainda que eu abandone, eu vou continuar acreditando
Que desta vez é real - Eu estou perdido nesse sentimento?
Como uma criança passando,
Nunca sabendo a razão.
Estou em casa - eu conheço o caminho.
Estou em casa - me sentindo, oh, tão distante.
 
 

Ele se contorce com mais força do meu abraço, eu sei que não posso mudar o curso de um rio, e nem mudar as coisas que são como devem ser, e mesmo com a tristeza de vê-lo partir, talvez para sempre de perto de mim, eu deixo que Sendai vá, se afastando rápido de mim, mas deixa um rastro de seu cheiro, sua presença e até da marcante energia que impregnou tudo que se referia a ele. Tenho vontade de gritar, com uma saudade tão maior que tudo que me sufoca e depois me deixa tão subitamente quanto chegou até mim, quando eu vi seu rosto a primeira vez, que também é o meu rosto, naquelas fotos escondidas.

E o que fica, é um alívio tão grande, e tão verdadeiro, que não lembro do meu temor, e ainda ao longe, eu vejo, quando abro meus olhos, mesmo confuso com o brilho dos últimos raios de Sol, a corrida alegre de uma raposa vermelha, e o ondular satisfeito de suas quatro sedosas e longas caudas...
 
 

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Volto para casa rindo sozinho.

Estou com tanta fome quanto não recordo ter estado nessa existência.

Claro que minha mãe se alegra de me ver mais calmo, mas é claro também que eu não lhe digo o que havia acontecido, para quê?

Ela viu a cauda de Shuuichi, debaixo do luar da janela, como Hiei me vê em minha forma de Youko, quando a lua está alta no céu...

Sim, ela não é cega mesmo.
 
 

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Espero Hiei como prometi, na cama, feliz demais para ter sono, mesmo que fosse tarde.

Meu Youkai de Fogo entra como se entrasse em lugar algum, saltando da janela, olhando tudo com indiferença. Está estranho. Mesmo meu sorriso gratuito o deixa mais desconfortável ainda. Diz que não está nem aí para os meus delírios e problemas de família, mas investiga as fotos que esqueci espalhadas sobre a escrivaninha com uma curiosidade silenciosa, meio boquiaberto, franzindo o cenho debaixo da bandana. Adorável!! Quero mimá-lo a noite toda para retribuir seu carinho comigo quando esteve me aturando. Mas como raramente faz, inicia o assunto...

"Sabe, Raposa, uma coisa estranha aconteceu quando eu vinha pelo caminho para cá."

" Mesmo? O que? " - Eu já esperava o pior, mas...

" Um bicho grande cruzou comigo na metade, indo para o Makai... Era a maior raposa vermelha que já vi. Hn, e veja que estranho, todos sabem que os Youkos vermelhos estão extintos há mais de 500 anos, no Makai, então, por que diabos aquelas coisa me pareceu ter quatro rabos?!"
 
 

~ Fim ~
 


Música usada neste capítulo: "Evening Falls", da cantora Enya, do álbum "Watermark".