A Rosa Escarlate
 
Por Astásia
 
 

Capítulo 6 - A Flor de Fogo 



 

Sabe por que eu não matei aquela maluca chamada Genkai? Faz alguma idéia de por que eu não fiz este bem a este mundo, livrando a todos nós da existência pestilenta daquela mulher?

Eu não tinha nenhum motivo de que me orgulhasse em dizê-lo agora...

Sabia que foi Genkai quem fêz a aberração quem devorou minha perna? Sabia que não foi só ela quem criou seus monstros, a sua nigen protegida também criou as suas, e foi pela criatura que ela fêz que eu estou assim, agora, mutilada mais que tudo, mais que antes, presa a esta coisa de metal.

Saiba que a criatura de Shiori lutou comigo, me empurrou para a garganta do monstro, e lutou comigo como ninguém nunca ousou lutar, a não ser Kurama, o Youko...

Eu vim até o seu reino apenas para que me confirme algo que eu acho que já sei, pois, isso você também já deve saber... Shiori, a nigen, chamou o monstro em forma de gente, pelo nome dele.
 
 

Yomi cruzou os longos dedos sobre o tampo da mesa, suspirando brevemente e controlando a vontade de rir com sincera alegria, mas afinal, não seria de bom tom rir no meio de uma reunião de cunho diplomático, com uma bomba explodindo na região das fronteiras, com a Rainha Mukuro, mutilada de sua perna a sua frente.

Mas como era grande sua alegria de ouvir que Kurama estava vivo, e Shiori estava cuidando dele, e Genkai havia enganado a arrogante Rainha Mukuro...

"Alguém faz idéia da direção em que eles fugiram?"

"Ainda não me respondeu, Yomi."

Ela andava de um lado para outro, ele sentia seu youki flamejar de ódio, e o tilintar do ferro no chão fazia Yomi seguí-la com o som. Sentia o olhar dela sobre si, inflamado.

"O que?" - Saiu um tanto casualmente, calmo como de hábito, controlado.

"O que aquela coisa que estava com Shiori tem a ver com você? Ela trabalhou dentro do seu território, e recebeu visitas suas. E o que ela queria fazer, libertando Genkai da minha prisão?!"

"A prisão não era só sua, ela fica em terra de ninguém. E eu acho que não devo satisfações do que se faz dentro das minhas fronteiras. Mukuro, você está muito... nervosa."

Yomi esticou os lábios num sorriso que deveria ser cordial, mas era muito, muito sádico.

"É claro que eu estou nervosa!!!!"- Ela gritou, furiosa. -" Eu perdi a minha perna!!!!! Eu fui enganada por uma nigen!!! Eu perdi a minha prisioneira!!! Eu quero saber o que você está escondendo de mim!!!"

"..."

"Aquela coisa usava um chicote como o do Youko."

"'Aquela coisa' tem um nome, como você mesma disse, há pouco."

"Kurama."

"..."

"Então, ele recebeu o nome daquele que agora está morto. Eles se parecem bastante, nas atitudes, na maneira de lutar, e até no nome, diria que fossem o mesmo, se eu não houvesse visto os seus soldados enterrando o que sobrou do Youko." - Sua voz baixou, estava arfando de raiva. - "Este... Kurama, parece um nigen... não um adulto, mas... um nigen. Ele... é tão pálido e delicado, eu achei que fosse fazer fatias dele, mas ele ataca com fome de matança, e seu cabelo, é vermelho, Yomi, vermelho como as rosas daquela raposa que morreu queimada."

"Ele é uma rosa."

"O QUÊ???"
 
 

__________
 
 

Já era noite quando chegaram até o meio daquela floresta amaldiçoada pela ignorância e habitada por pesadelos. Tudo era como Shiori temia, muito parecido com o próprio temperamento de Genkai. Sombrio, barulhento as vezes, outras, silencioso, mas de repente, os sons daquela selva inabitada vinham como um rasgo. Era tudo muito escuro e muito assustador, não era a toa, Kurama pensou, embora que não encontrasse motivo de temer aquilo, que nenhum soldado de nenhum dos reinos, se atrevesse de entrar alí.

A luz do sol quase não tocava o solo, de tão fechada que era a renda de folhas nas copas, emaranhadas e negras, mesmo durante aquele dia que bem prometia, seria de chuvas tempestuosas, influenciadas pelo clima de Gandara, não distante dalí. O tempo era úmido, e ligeiramente frio, como num pântano, e todo o cenário parecia Ter sido recentemente destruído por uma enxurrada, chão revirado, árvores caídas.

"Este lugar é sempre assim?"

"Hmmm... desde que eu vim morar aqui, ele nunca mudou. Você está sentindo falta de sol?"

"Na verdade, ainda não. Não desde que tiramos você da prisão, mas não havia muito ar alí."

"Hmpf!! Plantas, todas iguais! Nunca estão felizes com nada! Se damos sol, reclamam, se damos água, dizem que exageramos! Sabe o que eu acho????"- Genkai começou a falar cada vez mais alto, de repente, até o ponto de gritar, parando de andar e começando a ir na direção de Kurama. - " Eu acho que todas as plantas são um grande erro!!! São uma grande desgraça sobre qualquer mundo!! Eu acho que Shiori deve estar louca de não matar você de uma vez!!"

"Genkai, pare!!!!"

"Não vou parar!! Você não contou a ele?? A sua primeira rosa desabrochou para morrer!! E esta nem sequer a você pertence!!! Já disse para ele por que não quer que ele pertença ao seu legítimo dono??!! Já disse a ele qual o único motivo que o prende a este mundo? Já falou?!!"

Um silêncio profundo tomou conta de tudo. E no meio dele, a insana gargalhada de Genkai ecoou.

Ria com vontade, mostrando que realmente ela não era mais a ponderada cientista , e sim, a criadora de seres que espalhavam destruição. Apontava de maneira acusadora em meio a loucura para Genkai, e depois, para Kurama, que imaginava do que ela estava falando, sabia que era encomenda, de Yomi, mas havia ainda muitas coisas que ele não sabia. Ele não conteve de ficar ruborizado, irado.

"É desta louca que você precisa? Vamos embora. Acha que ela vai me impedir de morrer? Ela vai me matar mais rápido ainda, mamãe."

Shiori não duvidou se havia verdade nas palavras do filho. Deu meia volta e se afastou, com ele ao lado. Enfim, não mais era a aluna e nem era mais a frágil mulher de antes, e se havia feito tudo aquilo, e Kurama também... o que os deteria em qualquer coisa que fizessem?

"Ele não vai morrer, sua idiota!!!" - A voz de Genkai era séria mais uma vez, e não admitia recusa. Kurama foi quem olhou para trás, surpreso, mas exultante, mas também triste, e mais uma vez, um tanto confuso. -
"Nunca houve uma rosa que brotasse na terra do Makai que não pertencesse a Kurama, o Youko, e eu não soube que alguma de suas flores houvesse morrido."

"..."

"Rosa maldita!! Diga alguma coisa!!"

"Odeio você, Genkai."

"..."

"Odeio porque você simplesmente não se importa com nada. Não quero que faça diferença para você se eu vou morrer ou não. Mas será que a vida ou a morte de alguém importam para você? Já teve isso? Ou é por esta razão a sua inveja da minha mãe?"

"..."

"Você brinca de criar vida e tirar." - Ele olhou para as próprias mãos... - "Eu sou um objeto, encomenda... Mas não sou o seu brinquedo. Se você soubesse, se eu vou morrer quando me tornar um adulto da minha espécie, não diria as coisas que disse."

"... Eu me importo... Com alguém."

"Alguém que não precisa desta desgraça, com certeza."

"..."

Genkai tinha os olhos arregalados, vidrados. Uma grossa lágrima correu por seu rosto, solitária, até cair da ponta de sua maxilar contraído duramente. Nunca Shiori havia visto tanta crueldade em tão poucas palavras. Seria assim, que era Kurama, o Youko, quando vivo? Como saber, se a sua bela rosa em nada se parecia com o Youko que viu uma única vez, passeando por seu jardim?...

"Eu não vou embora. Eu vou ficar, para que você se lembre de que eu, mesmo meio planta, meio youkai... um nada para você, ainda consigo... Ir além do que nada do que você criou, nada do que é. Eu vou ficar, para que você me veja morrer, se isso for o que terá de ser, para levar a culpa da sua ingratidão."

Seus lábios se torceram num sorriso cruel, vendo que Genkai chorava, e pulou para um galho, nada alto, balançando os pés numa travessura sádica. Havia vencido, descobria o poder que tinha, de magoar, de fazer qualquer um se sentir tão ferido quanto ele mesmo. Mas sua própria dor não diminuiu.
 
 

Genkai encheu-se de uma fria gentileza, levando Shiori para dentro de sua escura e abandonada casa, dando-lhe uma muda de velhas roupas metidas há muito num baú, um jantar decente, de caça e umas frutas de gosto estranho que brotavam nas moitas perto da casa, sempre em silêncio, como tentando provar para eles que ela não era um monstro, que queria se desculpar pelo que dissera. Por fim, e não era tarde, a lua ainda não estava alta, levou Shiori para uma sala que devia ser um laboratório arcaico, e mostrou-lhe pilhas de anotações. E do lado de fora, distante e divisando tudo somente sob uma inquieta luz de velas de sebo e sua aguçada visão, Kurama olhou com desconfiança para a nova face de Genkai, trazida a luz pela dor de saber-se um nada.

O tempo esfriou devagar.

Elas conversavam, e sua mãe estava fascinada por algo, e riscavam na parede encardida, cálculos que ele não entendia. Mães são misteriosas, pensou, num eco que não fazia parte de seus pensamentos.

Sua fome de planta pedia água. Sua fome de sensação, pedia algo que ele continuava sem saber nomear, e era desolador pensar que não passava nunca. Pulou para um galho mais alto, e tentou em vão dormir. Desceu para o chão e esticou os braços, agora via que a noite estava alta, e sua mãe ainda investigava pilhas de papéis ao lado daquela mulher. Sentiriam sua falta? Certamente não. E, afrouxando o nó que fechava sua túnica escura, foi andando para onde um ruído de água o levava.
 

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A noite também foi insône para Yomi.

Negra como era o que via nos seus olhos cegos, e fria como sempre foi sua esteira, sem companhia nenhuma, como sempre preferiu, se não pudesse ter a de Kurama, o Youko.

Tempo de chuvas. Um trovão lhe dizia isso. Depois que as águas baixarem nos pântanos, as flores desabrocharão. Anos vivendo foragido com os ladrões, ao lado do Youko, lhe diziam isso.

Seus chifres reluziam mais brancos que o tecido do travesseiro, e mais brancos pareciam, feitos somente por sua cor, com os cabelos desfeitos ao redor, em um negro absoluto. Tentava sonhar, mas seu sonho era sempre aquele: os lábios do Youko, cativante, viciante, inesquecível. Bem que escutava os amantes dele dizerem tudo isso, depois de provar de seu desejo. Mas a cada noite, pensar naquele sabor secreto instigava-lhe mais a outros desejos, cada vez mais urgentes, cada vez mais apaixonados. Seu sonho agora era com os olhos dourados e cheios de malícia e crueldade, que fazia-o querer morrer quando fugia de seu amor. Com a pele lisa que se deixava revelar de propósito sob a túnica impecável, para atiçá-lo. E o cheiro... Seguia aquele cheiro por toda a floresta, nos tempos em que o teve por companheiro, e alegrava-se muitas vezes em apenas sentir o aroma de excitação selvagem que o Youko deixava, impregnado na esteira em que dormia e em que recebia seus amantes, literalmente, debaixo do nariz de seu sub chefe.

Queria que pelo menos um dia, aquele cheiro estivesse no seu corpo.

Mas agora estava só. E tudo que podia aliviar sua solidão de rei eram lembranças do que não viveu, e enquanto passava as palmas lentamente sobre o peito pálido que se desnudava de dentro de uma leve túnica escura, seus arquejos não eram só de prazer, mas também de sincero lamento.

"Minha raposa..."

Seus dedos andaram por cima dos mamilos provocados, muito de leve, quase nem tocando a pele, e a escuridão que tinha a sua frente quase o fazia pensar que seu sonho se realizava, e que eram os carinhos do youko que embalavam seus suspiros. A mesma mão que segurou o queixo de Kurama para roubar-lhe aquele beijo, foi a mesma que correu pelo lado de seu corpo, arrepiando, e a outra, acariciava a barriga lisa. E logo depois ambas rodearam os quadris pálidos, seus olhos, fechados e apertados.

E quando ele rolou para estar de lado, sentindo em seu rosto como era forte o vento que entrava por sua janela e varandas, abertas, as mãos se fecharam sobre o sexo túrgido.

E quando soltou um pequeno e curto grito de prazer ao que apertou-o de leve, seu corpo moveu-se de maneira felina sobre as cobertas amassadas, quase inteiro de bruços, apoiando-se com um braço, mas o outro, sua mão estava alí, ainda, satisfazendo o desejo, a única vontade de um rei solitário que não podia ser satisfeita. A palma estava levemente suada, e deslizou pela ponta, até que as pontas frias de seus dedos, inquietas, acariciassem a pele que respondia sempre com aqueles arrepios curtos e cada vez mais intensos, agora. O fino e penetrante cheiro de excitação que vinha do fundo de seu corpo, de seu suor almiscarado, temperava o ar, deixava seus próprios sentidos mais acesos, e seu peito, mais vazio, em que imaginou, e quase pôde sentir o cheiro do Youko, junto ao seu. Um cheiro que ele conhecia bem, e poderia bem farejar através de todos os mundos.

Mas não dos mortos.

Todavia, imaginá-lo morto não impedia de pensar que Kurama ainda iria pertencer-lhe, e essa cálida imagem, o rosto de Kurama, róseo de excitação e seus cabelos espalhados em ondas prateadas pelo chão, seu ofegar de prazer, esta imagem fêz a carícia que Yomi dedicava a si mesmo, imaginando mãos alheias, acelerou-se, imperceptívelmente, para seu delírio, para tornar mais alto seu gemido, e os espasmos de suas costas suadas.

Sua paixão era grande demais para ser enclausurada sob a frieza daquela vida, ele sabia, e sonhava com o pálido corpo de Kurama , o Youko, enroscando-se ao seu, quando seus quadris descobertos da túnica já estocavam inconscientemente os lençóis que estavam sob seu corpo. Lençóis macios, brancos, impecáveis, que Yomi mantinha pressionados junto ao comprimento do membro ereto, dando-lhe no que esfregar-se, e tendo onde despositar seu jorro e seu grito, no mesmo instante em que vieram, quando estocou o nada com mais força e mordeu os lençóis com toda que podia.

Os gemidos continuavam, no gozo amplo e difícil, quase dolorido, e fazia tanta força, mordendo o travesseiro, que seu queixo doeu, no mesmo tempo em que embaixo dele os tecidos se encharcavam.

E no último arfar, atreveu-se a abrir os olhos cegos, eles eram de um azul inquietante e inteiriço, como o céu do juízo final, e abriu os lábios avermelhados, também, para dizer uma palavra que era escrita em escarlate:

"Kurama..."
 

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Era uma vez, num reino distante, há muito tempo atrás, uma rainha muito cruel. Não, não era uma rainha tão cruel assim. Era muito justa, quando lhe interessava ser uma rainha justa.

Esta rainha tinha seus soldados. E estes soldados tinham seu capitão, um capitão muito feroz. Em verdade, ele era feroz por natureza, e nunca se teve notícias de que em algum momento houvesse sido diferente.

Ele era feito de fogo, enclausurado por vontade própria dentro de um pedaço de gelo, frio como sempre foi o seu olhar. Nunca teve ninguém, e se tivesse, com quem ele se importaria? Ele amava sua espada e abraçava-a no sono com mais paixão do que nunca abraçou qualquer criatura viva, e enamorava-se da matança com uma dedicação que beirava o desvario. E definitivamente, nunca soube o que era amar, além disso. Mas para ele isso era amor. Isso era vida. E quando ela se acabasse, o que ia restar, a não ser sua espada enfincada na terra, marcando o lugar de seu túmulo?

Mas não seria somente quando seu coração feito de fogo e gelo parasse de bater que a morte viria. Ela poderia vir antes, ele sabia, e fugia disso, fugindo do mundo, e até de si mesmo.

E no final, do que adiantou?, pensou Genkai, virando mais uma vez a garrafa de saquê, enchendo mais um copo entornando-o de um único gole.

"Ele não devia Ter dito aquilo, entendeu?" - Falou, bem alto, mas razoavelmente calma, e Shiori se virou para olhá-la, deixando seus cálculos, tortos gráficos e um toco de carvão de lado. - "Ele não poderia Ter dito aquilo, entendeu?! Você se orgulha dele? Eu sei que sim... "

 Ela baixou os olhos, evitando os de Genkai.

"Eu não me impressiono com o que você faz... Eu faço muito melhor. Eu fiz muito melhor!!!" - Jogou o copo no chão, espatifando, ela gritava de novo, mas também chorava... - "Eu também me orgulho dos monstros que eu criei!!! E eu também plantei uma flor!!!!!"

"Você está bêbada."

"Estou, é? Estou mesmo? E você está muito feliz de ver o que a sua linda criança está se tornando, com certeza!!... Já viu que ele está crescendo debaixo do seu nariz? Já viu que cada vez mais ele se comporta como o..."

"Não diga isso."

"Você está vendo a sua rosa crescer..." - O tom que usou era de zombaria, claro que não estava bêbada, mas Shiori não lhe daria razão, não depois que ela disse tudo aquilo de Kurama, quando chegaram. E não, ela não estava nada orgulhosa de Ter visto a crueldade de Kurama, o Youko, surgir daquela maneira no seu filho tão amado... -" Está vendo do que ela é feita... Ela é feita de rosa e de demônio. Ela é feita de uma flor fútil, de uma raposa amaldiçoada em todos os mundos. Mas eu..."

Ela se interrompeu, para rir. Entornou mais um gole, desta vez, no gargalo, e atirou a garrafa vazia sobre a mesa, e ela rolou sobre os papéis, e Genkai, rindo ainda, abriu um armário tosco e tirou uma coisa longa do armário, enrolada num tecido negro.

"...eu também sei fazer minhas flores... E ela é mais forte que a sua!...Ela floresce onde a sua mal conseguiria respirar!..." - Genkai ria com vontade. Estava feliz? Ou estava mesmo bêbada? Ou finalmente louca por completo? Como saber? - "Mas a minha flor é... A minha flor é a mais bela, Shiori!! Eu a fiz para tentar me redimir não dos fracassos, mas dos êxitos...!!! Eu poderia Ter destruído Gandara com minhas plantas, mas eu abri mão desse prazer... Só para poder ver a minha flor nascer..."

Ela balançou a coisa no ar, até o tecido cair pelo chão. Um quimono, todo negro. Shiori surpreendeu-se pelo que viu, quando a forma se revelou. Uma espada, uma Katana embainhada.

"Mas a minha flor, Shiori..." - Ela repetia, puxando de uma só vez a espada da bainha trançada. -"Ela vai florescer ainda enquanto as chuvas estiverem caindo, arrancando árvores, trazendo destruição, porque a minha flor é uma flor de morte..."

A espada brilhou no ar, cortando com um zunido o espaço em torno daquela mulher estranha e desvairada.

"A sua flor? Você quer dizer que fêz um híbrido, Genkai? Quando? Mas..."

"Eu esperei anos para plantar a minha flor neste chão imundo, sua idiota, neste mundo maldito, eu a fiz forte, Shiori, para viver mesmo durante esta época quando todos os brotos morrem!! Entenda, que a minha flor, não é como a sua, ela é... Linda!..." - Suspirou, atirando a espada que balançou como um pêndulo, fincada no piso de madeira.- "A minha flor..."

"É uma flor de fogo."
 
 
CONTINUA...