Um Toque de Magia,
Desejo e... Amor
 
Por Lilah
 

Epílogo 
 
 

“KURAMA!!! Ei Kurama!”, era a voz de Yusuke, vindo do meio das árvores. “Vou te contar! Isso aqui tá um caos! Draculesco, transilvânico! Primeiro, a gente não consegue entrar na floresta de jeito nenhum por causa de uma energia meio besta. Segundo, a energia some e ficamos perdidos no meio desse nó de folhas e galhos! Daqui a pouco até eu estou brotando...”

“Estamos perto. A clareira dos Antigos Sacrifícios fica por aqui.”, comentou Hakushim, pela décima vez em duas horas que caminhavam em círculos.

“Tô sabendo... Ô carequinha, você como guia é pior que boi pastando na linha do trem: desastre na certa! Sai fora, mané!”, resmungou insatisfeito. Queria encontrar seus amigos o mais rápido possível. “KURAMA!!!! HIEI!!!! RESPONDE AÍ... Ô GALERA SANGUE BOM!!!!”

A raposa abraçou seu pequeno youkai com mais força, enquanto mais uma vez, olhava para o céu agradecido. Precisava de ajuda para levar o koorime para o Nigenkai... “Agüente firme, itoshii! Tudo vai dar certo! Confie em mim!”, exortou mentalmente, enquanto respondia ao chamado do amigo:

 “Estamos aqui, Yusuke!”, gritou a raposa, “Mais para o leste! Depressa!”

Não precisou falar duas vezes. Foi só ouvir a direção que devia seguir, para o detetive sobrenatural dar meia volta e sair em disparada para o leste, deixando Hakushim para trás comendo poeira, sem conseguir acompanhá-lo.

Logo conseguiu visualizar a clareira e, quando entrou, parou aturdido, olhando ao redor.

“Rapaz! Maior churrascada de demônios e eu perdi essa! Ai que peninha!”, porém, logo que viu Kurama ajoelhado a um canto, correu ao encontro do amigo. “E aí, Kurama, que bom te ver vivo, cumpadi...”, parou bruscamente quando chegando perto, visualizou o estado de Hiei, deitado no colo do ruivo, “... Mas o quê...? ... Ele está...?”, não conseguia articular as palavras pois não queria cogitar a hipótese da morte do amigo invocado.

“Hiei esta muito mal, Yusuke! Preciso levá-lo para o Templo da Mestra Genkai. Lá, eu e Yukina teremos a chance de salvá-lo, aqui não posso fazer nada sozinho! Me ajude! Rápido!”

O detetive sobrenatural ainda não acreditava no estado de Hiei. Ele parecia um cadáver como os outros. Mas prestando um pouco mais de atenção, percebia-se o difícil e lento respirar, que mal mexia o peito do youkai. Não podiam perder nem um minuto!

“Deixa comigo, Kurama! Vou agitar nossa viagem em Primeira Classe Espiritual! Vai ver só!”, e tirando do bolso o comunicador que usava para falar com Botan, entrou em contato com a garota.

“Yusuke!!!! Que demora, menino! Você encontrou os dois? Eles estão bem? Aconteceu algo? Acabou a Caçada? O que houve com Mukuro? Fala logo!!!!”, desembestou a menina do outro lado.

“Cala boca, Botan! Mas que matraca trica! Engata a quinta e vai em frente! Pisa no breque! Deixa os detalhes prá mais tarde. Presta atenção: Vai até o Koenma e fala para ele largar o carimbo burocrático e dar um tempo naquela chupetinha ridícula e abrir um portal aqui na clareira dos Sacrifícios com destino ao Templo de Genkai, sem escalas, tá ouvindo? Rápido! É prá ontem, menina! Corre!!!”, e baixando a voz, sussurrou para que Kurama não ouvisse, “É sério, Botan: O Hiei tá mal!”

“Sem problemas, Yusuke! É prá já! Daqui a pouco o portão estará aberto. Nos encontramos no Templo! Câmbio final!”

 O detetive guardou o comunicador, virando-se para o amigo.

“Logo estaremos lá, Kurama. Não se preocupe.”, o ruivo apenas assentiu com  a cabeça, preocupado apenas em acariciar o rosto do pequeno youkai. Yusuke observou o gesto por um tempo. Fosse o que fosse que unisse aqueles dois era muito forte, então não encanava mais. Prá ele tudo bem. Eram seus amigos. Olhou ao redor e viu o corpo de Mukuro. Parou estupefato quando viu o estrago: devia ter sido um golpe violento prá deixar o corpo naquele estado. Reparou nas pétalas e olhou de esguelha para o ruivo, “Mukuro... foi você que...?”, deixou a pergunta pairando no ar.

 Kurama empertigou os ombros, e respondeu sem olhar para trás:

“Fomos nós dois: Hiei e eu!”, a voz fria e cortante não admitia comentários sobre o assunto.

O detetive deu de ombros, realmente não se importando, se bem que curioso. Pelo visto fora um golpe maravilhoso. E uma luta e tanto.

 “Falou.”

Mal o silêncio pairou entre eles e um portal de energia espiritual surgiu perto deles. Kurama, mais do que depressa, tomou seu koorime nos braços, erguendo-se em seguida.

 “Vamos nessa, Kurama. Genkai já deve estar à nossa espera.”

“Sim. Vamos logo!”, terminou a frase já adentrando no portal de luz que dividia, naquele momento, não só os dois mundos, como significava a tênue linha invisível entre a vida e a morte para Hiei.

* * *

Toda a turma estava aguardando, quando a velha mestra entrou na sala, vindo do quarto onde Yukina e Kurama, cuidavam incansavelmente de Hiei.

 “E então, Obaasan? Ele vai ficar bom?”

Era a voz de Yusuke que fez a pergunta que brilhava no rosto de cada um. Até Kuwabara estava ansioso por notícias do estado do espetadinho invocado. Afinal, eles eram companheiros de lutas... Não... todos eles eram amigos...

“Ainda é cedo para saber, pessoal. Terão que esperar mais um pouco.”, a mestra tentou ser gentil quando viu a decepção nos olhos de cada um.

“O quê???? Mais um pouco? Dois dias que ninguém vê nem Yukina e Kurama, e ainda não se sabe de nada? Qual é, mestra? Que está escondendo da gente?”, dessa vez o estourado foi Kuwabara.

Genkai olhou rosto por rosto: Yusuke, Kuwabara, Keiko, Botan, até mesmo Shizuru encarava a mestra, esperando uma resposta. Assentiu, enquanto sentava-se junto deles.

“Está certo. Vou contar exatamente o que acontece: Os ferimentos mais graves já foram tratados, e Kurama e Yukina cuidam da cicatrização de todos. Mas o fato é que enquanto Hiei não sair do estado de inconsciência, nada pode se afirmar sobre o estado dele. Podemos apenas torcer para que ele acorde logo e sem nenhuma seqüela dessa batalha.”

“Entendemos, mestra.”, afirmou a irmã de Kuwabara, fumando mais um cigarro. “E já que Yukina, Kurama e a senhora estão o tempo inteiro cuidando dele, nós vamos continuar por aqui, nos revezando em cuidar do Templo. Assim, ajudamos em alguma coisa.”

“É isso aí!”, apoiou Botan, “Vamos cuidar de todas as tarefas, assim o tempo passará mais depressa e logo tudo estará bem, não é?”

“Claro!”, foi a vez de Keiko se manifestar, “Nós cuidaremos dos serviços domésticos, enquanto Yusuke e Kuwabara cuidam dos serviços mais pesados, como o jardim, a lenha e a limpeza dos centros de treinamento!”

“O quê???? Não é muita coisa não?”, comentou Kuwabara, recebendo um soco da irmã em resposta.

“Sabia! Tava demorando! Sobrou pro marmitão!”, foi a vez de Yusuke resmungar. “Vou contar uma coisa: Eu bebi saquê no cálice da Santa Ceia! Não é possível!”, quando viu os olhares da Mestra e de Keiko prá cima dele, e prevendo os socos e tapas, emendou rapidinho, “Vai ser moleza! Baba, morou? Vamos nessa Kuwabara, rachar lenha é ótimo prá fortalecer os braços...”, foi saindo da sala antes que aquele bando de mulheres inventassem mais alguma. Só parou para comentar: “Qualquer novidade sobre o Hiei, avisa a gente, tá, Obaasan?”

A mestra assentiu, observando cada grupo dirigir-se para a tarefa que tinha sido marcada. Melhor assim. Agora só dependia de Hiei.

* * *
 
 
 
 
 

Desde que chegaram no Templo, Kurama não ficara longe de seu koorime mais do que necessário, ou seja, para ir ao banheiro ou tomar banho. E mesmo assim, muito rápido. Não queria deixá-lo sozinho. Hiei nunca mais ficaria sozinho.

Ele e Yukina revezavam-se no tratamento e processo de cura do Demônio do Fogo. Ela com sua energia, ele com suas plantas. A raposa já percebera que a koorime sabia do parentesco que a unia ao youkai, porém, respeitava a vontade de Hiei e também guardava a certeza para si. Mas era inegável o amor e o carinho fraternal com que ela cuidava dele.

Tanto Kurama, quanto a menina estavam exaustos, mas nenhum se afastava do leito onde Hiei repousava. O amor os unia naquela vigília desesperada pela vida do youkai. Sempre que um começava a dar sinais de fraqueza, o outro assumia e tratava de animar o companheiro. E assim, os dias passavam longos.

Os raros momentos em que ficava a sós com seu Demônio do Fogo, a raposa tratava de ficar muito próximo. Afagando-lhe os cabelos, segurando suas mãos, acariciando sua face, tocando o pulso onde uma marca, agora invisível, era a prova física da união de ambos... Nesse tempo, sempre conversava mentalmente com Hiei, forçando a ligação telepática entre ambos... tocava-o para sentir suas emoções – e quase chegava ao desespero quando percebia que seu koorime ainda estava muito próximo dos braços da Morte, mas uma força não permitia mergulhar nesse abraço fatal, e ele permanecia ausente dos dois mundos - , ou cantava a música que ambos apreciavam... a música que acompanhara-os em todos os momentos daquele período conturbado... Mas nada conseguia despertar seu youkai daquele sono profundo...

Naquela noite, a dor no peito da raposa era insuportável... algo parecia querer lhe dizer que aquela seria a noite derradeira: ou ficaria com Hiei, ou o perderia para o mundo dos espíritos. E isso ele não conseguia suportar.

Ajoelhou-se ao lado da razão de sua vida, tomou-lhe a mão, entrelaçando os dedos, reafirmando a união nos pulsos, os votos que fizeram na caverna do Yapsa. Deslizou a mão, docemente sobre o peito coberto de bandagens, com todo cuidado, com carinho não mais do que um deslizar de pluma vagando ao sabor do vento. Lentamente, inclinou-se sobre o corpo de seu amado, aproximando sua cabeça da dele, seus longos cabelos cobrindo-os carinhosamente, isolando-os num mundo a parte, só deles. Os cílios da raposa fazendo um carinho inconsciente na face relaxada, enquanto os lábios rosados, depositavam um beijo quente e úmido... Mais que um beijo, era um chamado, um sopro silencioso buscando uma resposta que apenas Hiei poderia lhe dar...

“Lembre-se de sua promessa, Hiei... Disse que nunca me deixaria... Então, estou te esperando... sempre estarei esperando.... Volte prá mim, itoshii... Ai shiteru... Volte... volte...”, a raposa deitou a cabeça sobre as mãos entrelaçadas, repetindo a súplica, mentalmente, como um mantra, até adormecer.

* * *
 
 
 
 
 

O primeiro sinal de consciência foi o perfume que pairava sobre ele... um perfume de rosas... um perfume que só sentia num ser... Kurama... Forçou-se a abrir os olhos, mas estavam muito pesados... Na segunda tentativa, não conseguiu mais do que um breve piscar. Uma pálida luz impedia sua visão.

Mas, afinal, para quê queria enxergar? Não queria abrir os olhos e encontrar-se no outro mundo... morto... Longe da única coisa que desejara na vida... Não... não queria abrir os olhos e ver-se sozinho de novo... A dor de encontrar-se sozinho novamente, longe de sua raposa, era insuportável...

“Kurama...”, permitiu-se murmurar, mas a voz saiu mais fraca do que podia imaginar.

A raposa acordou no mesmo instante. Olhou para Hiei, mas este encontrava-se com os olhos fechados, imóvel... Não... não podia acreditar que imaginara o som... fora tão real... fraco, mas real!

Ainda contemplava o rosto de seu amado youkai quando viu os lábios moverem-se lentamente e novamente murmurar.

 “Kurama...”

As duas jóias de esmeraldas arregalaram-se, no momento que seu coração falhava uma batida... Vivo... Hiei estava vivo... E chamando por ele! Apertando ainda mais a mão de seu youkai, respondeu suavemente:

“Estou aqui, koibito... Estou aqui, ao seu lado... Abra os olhos e veja por si mesmo, itoshii...”

A voz de sua raposa. Meiga, doce, amorosa. Pedia para que abrisse os olhos. Então, um choque elétrico percorreu o corpo do Demônio do Fogo ao perceber certas coisas: ouvia a voz de sua raposa bem perto de seu ouvido, sentia um toque na sua mão, no seu pulso, e mais... sentia as emoções de sua raposa... Não era sonho... Kurama estava ali... Mas... Morto? Num rompante, abriu os olhos, focalizando o belo rosto sobre si... Os cabelos que tanto o fascinavam, os olhos de pedras preciosas, os lábios tentadores... sua tentação...

Era uma visão encantadora... Tentou falar, mas a voz ,novamente, saiu muito fraca.

 “Onde estamos?”

“Estamos no Templo da Mestra Genkai. Você esteve inconsciente por duas semanas, koibito...”, sorriu a raposa, feliz por estar conversando com seu youkai, contemplando seus olhos de rubi...

“No Templo?, repetiu confuso, Hiei. A mente trabalhando velozmente para absorver as reais implicações desse fato. E um estremecimento percorreu-lhe inteiro quando chegou à óbvia conclusão: “Então, não morri?”

“Não! E nem ouse dizer isso de novo! Não suportaria perder você mais uma vez como já quase o perdi! Foi por muito pouco!”, desabafou a raposa, abraçando o corpo do koorime delicadamente, para não machucá-lo. Queria sentir o coração do Demônio do Fogo bater forte, sua respiração, tudo...

Hiei sentia a mesma necessidade. Também ele pensara que nunca veria sua raposa novamente. Mas o destino deles era um só. Nada poderia mudar isso.

“Então saiba de uma coisa, kitsune...”, ele começou e esperou até a raposa encará-lo. Quando viu as duas esmeraldas, brilhantes com as lágrimas não derrubadas, fitando-o amorosamente, revelou o que no fundo sentia. “... Se eu voltei, foi por você e para você. É a única razão que tenho para querer viver...”

Foi demais para a raposa... As emoções contidas durante todo o período de espera pela recuperação do youkai, romperam suas barreiras e as lágrimas deslizaram livremente, enquanto inclinava-se para roçar os lábios nos dele.

“Você é a minha vida, itoshii...”, murmurou antes de mergulhar num beijo suave, num gesto que mais uma vez confirmava a união de ambos.
 
 

* * *

 “HN.”

 “Vamos, Hiei... seja paciente...”, pedia a raposa suavemente.

“Paciente? Já faz três semanas que estou bem e você não me deixa fazer nada! Estou cansado de ficar preso aqui. A única coisa que faço é ir da cama até a janela – que você fechou com plantas que me impedem de sair – e voltar da janela para a cama!”

“Itoshii... precisei fechar a janela, logo no segundo dia você queria ir embora. Estava muito fraco.”

“Pois não estou mais. Já estou bem! E não agüento mais ficar aqui, rodeado por esse bando de garotos me azucrinando o tempo inteiro!”

 “Eles gostam de você. Ficaram preocupados, também. “

 “Hn. Quero ir embora daqui, Kurama.”

“Nós iremos. Nós dois. Mas quando você estiver totalmente recuperado.”, adulou a raposa, acariciando a face do youkai.

Porém Hiei não queria adulação. Segurou o pulso de Kurama, puxando-o para si, quase derrubando-o em cima da cama.

“Preste atenção, raposa teimosa: Eu estou totalmente recuperado, e se não me tirar daqui, vai ver o quão recuperado estou..”, murmurou entredentes, ao mesmo tempo que o quarto ficava um tanto quanto... quente....

Kurama acabou rindo do jeito do koorime... Queria um pouco mais de tempo, mas não conseguiria enganar Hiei por mais tempo. Com o braço livre, enlaçou o pescoço do youkai, enquanto descansava a cabeça em seu peito.

“Esta certo, itoshii... Você venceu... Só peço mais dois dias, prá ajeitar algumas coisinhas... Tudo bem?”

A mão que prendia o pulso, afrouxou o aperto, numa carícia, enquanto a outra mão subia para alisar os cabelos vermelhos... O Demônio do Fogo acariciava sua raposa pensativamente.

 “Um dia.”, barganhou.

“Certo, um dia então... Melhor assim?”, perguntou o ruivo enquanto erguia a cabeça para roubar um beijo rápido do koorime.

“Hn.”, resmungou, agarrando os cabelos vermelhos, quando o kitsune  fez menção de afastar-se,  beijando-lhe a boca com sofreguidão, deliciando-se ao sentir a resposta apaixonada da raposa. “Agora sim está melhor, muito melhor, kitsune...”, respondeu mentalmente, sentindo-o sorrir de encontro aos seus lábios.

* * *
 
 
 

“Puxa, Hiei... Você está tão lindo!”, suspirou Kurama enlevado com a visão de seu youkai.

O Demônio do Fogo olhava para si mesmo, vestido com as roupas que a raposa trouxera: a camisa preta, as calças e a jaqueta  - do quê mesmo que dissera que era? Ah, sim! Veludo. Não tinha a menos idéia do que era isso – também pretas. E as botas de cano curto.

 “Porque não posso usar minhas roupas?”, quis saber.

“Pensei que depois de desfilar por semanas usando roupas nigens, não fosse se incomodar em continuar mais um pouco...”, murmurou a raposa.

De fato, até que ele não se importava muito. Principalmente depois de ver o brilhos nos olhos de Kurama. Aliás, o próprio kitsune estava de tirar o fôlego aquela manhã. As roupas eram idênticas as de Hiei, com a diferença de cores. As calças e camisas de Kurama eram num tom do mais luxuriante vinho, enquanto que a camisa era da mesma cor vibrante das esmeraldas de seus olhos. Definitivamente, Kurama era uma visão magnífica.

 Só então percebeu que a raposa aguardava sua resposta ao comentário.

 “Hn. Tanto faz a roupa, contanto que me leve embora daqui!”

 “Então vamos, itoshii...”, sorriu o ruivo fazendo sinal para a porta.

O youkai quase teve um treco quando viu todos os garotos, mais sua irmã e a Mestra, esperando-os no jardim. Lançou um olhar inquisitivo e irritado para Kurama, que limitou-se a sorrir. Foi quando Yusuke deu um passo a frente.

“Aí, Hiei. Tá todo nos trinques, hein, maluco? Seguinte, a galera aqui queria fazer uma festa, prá comemorar sua recuperação e se despedir também. Acontece que tanto Kurama quanto a Obaasan, disseram que você não iria curtir. Então, mané, nós vamos fazer a festa sem você, comemorando em seu nome.. Mas queríamos que soubesse antes de partir, que todos nós ficamos muito contentes por você continuar entre a gente...”, estendeu a mão para o Demônio do Fogo, que depois de hesitar um pouco, acabou aceitando... “É isso aí, nanico... Apesar de continuar mantendo a fama de mau, você é um grande cara! Cuida bem do que é teu, sacou?”

O youkai não entendeu nada, mas quando viu o detetive sobrenatural olhar rapidamente para Kurama e depois voltar a encará-lo com uma piscadinha, foi a gota d’água!

“Ora seu esboço de demônio mal resolvido! Vai engolir todos os dentes!”, já  ia partir prá cima dele, quando a raposa segurou-o.

“Outro dia, Hiei... Agora temos que ir, certo?”, enquanto acrescentava mentalmente, “Se for brigar com Yusuke agora, vamos perder tempo, itoshii... Pensei que quisesse ir embora logo, para ficarmos sozinhos, será que me enganei?”, perguntou arqueando as sobrancelhas em fingida ingenuidade.

“Hn. Tudo bem. Outro dia eu pego esse cretino!”, e respondeu a provocação: “Faça-me ficar aqui mais cinco minutos e verá se não dou um jeito de ficar sozinho com você aqui mesmo!”, sua energia começando a manifestar-se.

 A raposa riu e dirigiu-se à Mestra Genkai.

“Obrigado por tudo, Mestra. Nunca poderei agradecer o que fizeram por mim”, lançou um olhar de esguelha para o youkai e completou, “... em todos os sentidos.”

 A velha mestra sorriu.

 “Não se preocupe com isso. Sempre serão bem vindos ao Templo.”

 “Obrigado.”

 Virando-se para Yukina, também agradeceu.

“Obrigado por tudo, também Yukina. Sem você, nem eu nem Hiei estaríamos aqui hoje.”

 A menina baixou os olhos.

“Não foi nada. Você é um bom amigo Kurama. E quanto a você Hiei, cuidaria de meu irmão com o mesmo carinho. Sempre penso que vocês dois são muito parecidos.”, e curvando-se em despedida, afastou-se para perto do grupo dos garotos, mais afastados deles.

Hiei observou-a afastar-se com um ar um tanto admirado. A Velha mestra encarou-o comentando.

“Pois é, Hiei... Yukina não é tão ingênua quanto todos pensam. Afinal, ela e o irmão são muito parecidos em certos aspectos...”

 O Demônio do Fogo olhou para a mestra por sobre o ombro.

“Hn.”, ia descer as escadas atrás de Kurama, quando refletiu, achando que devia dizer alguma coisa à mestra. Ele não era bom em agradecimentos, mas... “Se algum dia precisar de ajuda numa luta, pode contar comigo, Genkai.”

“Eu sei que posso. Até qualquer dia, Hiei!”, despediu-se a mestra voltando-se para o Templo.

 Sem mais nada a dizer ou fazer ali, Hiei foi ao encontro de sua raposa.

 Yusuke, vendo a mestra voltar da entrada, perguntou:

“Eles já foram, Obaasan?”, ao ver a mestra assentir, virou-se para a turma e gritou: “É isso aí! Vamos nessa galera sangue bom, que hoje vou me acabar!!!! Não me importa que a mula manque, eu quero mais é rosetá, Falou? Fui!”, saindo disparada prá dentro do Templo...

 “Rosetá??? Mas que diabos é isso?”, perguntou Kuwabara.

“É cair na farra, sacou, Maluco? Rasgar a fantasia, curtir numa boa, se acabar no salão... É FESTA!!!!.....Ahhh! Abalou Bangu!!!”

 E todos entraram correndo, rindo, atrás do detetive...
 
 

* * *

“Mas o que é isso?!?!”, perguntou Hiei, surpreso, quando encontrou com a raposa ao pé da escadaria.

“Não reconhece?”, Kurama estava apoiado na Kawasaki preta, de modo displicente e sorrindo provocante para o youkai.

“Hn. É claro que reconheço, raposa estúpida. Mas o idiota do Yusuke me disse que havia devolvido para o Dark Angel. Que está fazendo com ela?”

 “Pedi emprestada de novo para ele.”

 “E como conseguiu que ele emprestasse?”, quis saber o youkai curioso.

“Foi fácil, koibito... Disse prá ele, que se não me emprestasse, eu ia fazer papos de anjo com ele...”, disse a raposa suavemente, enquanto girava entre os dedos uma de suas rosas vermelhas.

Hiei escondeu o sorriso ao divisar um brilho dourado nos olhos verdes. Kurama era mesmo uma raposa maluca.

“Vamos?”, a raposa bateu a mão no selim da moto, convidando a subir. Ele deu de ombros e caminhou, preparando-se para subir, quando foi detido. “Assim, não, koibito... quero um passeio igual à primeira vez, quando me salvou no Rock Parade...”, um brilho malicioso nos olhos.

 “E como você pode se lembrar se estava inconsciente o tempo inteiro?”

Kurama riu, ao mesmo tempo que puxava o Demônio do Fogo pela mão, num mudo pedido de ajuda para ajeitar-se na moto, esperando que ele sentasse atrás e o enlaçasse como da primeira vez.

“Eu não lembro, mas Yusuke me contou o que viu... E eu fiquei morrendo de vontade de reviver essa experiência, bem acordado dessa vez...”, piscou para ele.

“Hn.”, resmungou o youkai, mas ajeitando-se no selim de trás, ao mesmo tempo que prendia as pernas da raposa e enlaçava-lhe o corpo, mantendo-os colados, como da primeira vez.

“Huummm....”,ronronou a raposa, “.... Isso está ficando bom... Como fez para que não eu caísse durante o percurso, principalmente por causa das curvas?”

Então aquela raposa queria brincar... Tudo bem... Dois podiam fazer o mesmo jogo... Inclinou a cabeça, mordiscando o lóbulo da orelha do kitsune, ao mesmo tempo que sentia-se acariciar pelos cabelos perfumados.

“Eu ordenei mentalmente que você tocasse em mim...”, sussurrou-lhe sensualmente ao ouvido, sentido-o estremecer. “... Você apoiou as mãos em minhas coxas e colou o corpo ao meu, movíamos e respirávamos como se fossemos um só ser... Seus cabelos acariciavam meu rosto, ao sabor do vento... Seu perfume me enfeitiçava... Seu calor misturava-se ao meu, ao mesmo tempo que sentia todas as reações de seu corpo ao meu... Naquela louca fuga pelas estradas, raposa, você me possuiu por inteiro, sem perceber nada...”

Kurama sentia-se derreter a cada palavra de seu youkai... Céus... Ele que era uma criatura extremamente sensual, acabara de receber uma aula de sedução de Hiei... Seu Demônio de Fogo também tinha uma natureza muito sensual...

“Então, itoshii... Porque não repetimos a experiência... Só que dessa vez, você já me possuiu por completo, antes mesmo de começarmos a andar...”

 “Para onde vamos, kitsune?”, perguntou dando a partida.

 “Vou lhe dizendo o caminho mentalmente, koibito...”

E sem precisarem trocar mais nenhuma palavra, partiram para mais uma viagem, mas essa não era um fuga, era um reencontro apaixonado.

* * *
 
 
 
 
 

   Hiei, desceu da moto, olhando ao redor, confuso.

 “Por que voltamos para a cabana?”

“Porque é o meu refúgio... Porque cuidei de tudo para que fosse protegido novamente, Genkai me ajudou.... Porque foi aqui que comecei a sonhar com você... E porque foi aqui que nos amamos pela primeira vez...”

O Demônio do fogo estancou ao ouvir essa palavras. Sim... fora ali que quase entregara Kurama à morte... Se não fosse pelo Youko, tudo poderia ter se perdido para sempre...

Kurama parou de subir as escadas quando viu que Hiei não o seguira. Voltando-se, encontrou-o ajoelhado no centro da clareira. Correu até ele, preocupado.

“Hiei! O que foi? Está se sentindo mal?”, agachou-se aflito, procurando algum indício de que algum ferimento estivesse afetando seu youkai.

“Eu não mereço dividir seus sonhos aqui... Por minha causa, nesse mesmo lugar, você quase morreu!”

“Esqueça isso, itoshii... Você sofreu tanto ou mais do que eu. Mas ao contrário de você, sou egoísta demais para me sentir culpado por todo sofrimento que passou, simplesmente porque não me imagino longe de você... Venha, não há nada a se preocupar aqui... Vai ver como esse lugar é mágico...”

“Se você se acha egoísta, eu sou ainda mais... Porque mesmo sabendo que poderia te matar, não me arrependo de nada daquela noite... Desde então, te quero sempre, a todo instante... Meu! Só meu!”

“Ótimo, porque sinto a mesma coisa...”, abaixou-se, tomando as mãos de seu youkai fazendo-o levantar-se e ficar de frente para ele. “Venha, itoshii... O seu lugar nunca será aos meus pés... Mas em meus braços... Sempre!”

E Hiei permitiu-se abraçar, reconhecendo a verdade daquelas palavras. Pouco depois, juntos, eles entraram na casa, fechando a porta e deixando o mundo do lado de fora... Agora eram só os dois e tudo que tinham para viver a partir daquele momento...
 
 

* * *
 
 
 
 
 

A noite estava calma e aconchegante. Dentro da cabana reinava uma paz absoluta, como Hiei jamais pensara em voltar a sentir. Estavam na sala, deitados no sofá; o fogo crepitava na lareira, dando uma atmosfera completamente sensual ao momento.

O Demônio do fogo acariciava os cabelos vermelhos da raposa, que repousava a cabeça sobre seu peito, as pernas de ambos entrelaçadas... Desde que entraram na casa, apenas apreciavam a presença um do outro, sozinhos e felizes, como até então não puderam estar... Mas agora, o youkai queria mais... Queria amar sua raposa novamente, livre dos medos, receios e ameaças... Completamente e totalmente, uma vez que finalmente, Kurama recuperara a memória... Estava curioso para saber como seria dessa vez...

Lentamente, foi deslizando as mãos sobre as costas da raposa, parando pouco acima da curva da cintura, pressionando insistentemente... Então a raposa levantou a cabeça para encará-lo...

 “Quer beber alguma coisa, ou talvez jantar...? O que acha, koibito?”

O Demônio do Fogo olhou para ele, atônito. O que estaria acontecendo com sua raposa? Fosse o que fosse, daria um jeito agora mesmo. Abraçando-o com paixão, murmurou-lhe ao ouvido:

“Nós não precisamos desses subterfúgios, kitsune... Não quero jantar, nem beber nada... Tudo o que quero é você; só você...”, sussurrou mergulhando o rosto nos cabelos perfumados.

Kurama, sorriu, retribuindo o abraço apaixonado, também ele sentia-se da mesma forma... Então para que ficarem torturando-se daquela forma? Levantou-se, puxando seu youkai pelas mãos.

“Tem toda razão, itoshii... Venha...”, sussurrou com um brilho convidativo nos olhos brilhantes, enquanto caminhavam em direção ao quarto.

Tudo parecia estar como antes. Apenas as janelas haviam sido trocadas... A cama de casal, atraía a atenção de Hiei, porém, a raposa deteve-se a poucos passos dela, virando-se para o youkai.

“Da última vez, eu não lembrava de nada, do que eu sentia antes, das minhas fantasias... Hoje todas as minhas recordações voltaram... Queria saber se pode me deixar amá-lo como imaginei num de meus sonhos... Posso, koibito?”

 O brilho apaixonado nos olhos de fogo, foi resposta mais do que eloqüente.

Com habilidade e conhecimento de causa, a raposa, em poucos minutos, tirou toda a roupa do koorime, acariciando cada parte do corpo que ia sendo desnudado... Fez com que seu Demônio deitasse na cama, observando-o com olhos famintos... Ele desejara Hiei por tanto tempo... Lentamente também livrou-se de suas roupas, expondo-se totalmente à visão do amante, que aguardava ansiosamente, numa fúria apaixonada.

Ansioso por um contato mais íntimo, a raposa também se deitou e juntos, rolaram pela cama na mais pura expressão de paixão... Hiei imaginara que a raposa seria lento e paciente até levá-lo a flutuar nos horizontes da paixão, mas a realidade estava sendo agradavelmente surpreendente... Impetuoso, vibrante e criativo, o ruivo não sossegava. Conseguia em poucos minutos, estar embaixo, em cima e ao lado do youkai. As mãos frágeis e delicadas, os lábios doces e suaves, percorriam todas as partes do corpo definido de Hiei... Junto com as palavras sussurradas de modo ardente e apaixonado, estavam levando o Demônio do Fogo às raias da loucura...

“Desde que o reencontrei...”, murmurou, passando a ponta da língua rosada no abdome musculoso, “.. tentei imaginar a textura de sua pele, o sabor de seus beijos, o calor de seu corpo...”

Com a respiração alterada, o youkai não conseguiu responder, balbuciando apenas o nome de sua raposa... Quando achava que não ia suportar mais aquela tortura, o ruivo afastou-se, deixando-o num platô suspenso...

Confuso, observou a raposa pegar uma caixa vermelha em cima da mesinha de cabeceira. Abrindo-a, deixou um aroma doce e novo preencher o quarto... Hiei apoiou-se num dos braços, curioso para saber o que era aquilo.

Sorrindo do jeito do koorime, Kurama pegou algo escuro e redondo de dentro da caixa, oferecendo aos lábios do amante... Hiei fitou aquilo, meio desconfiado, apesar do aroma delicioso.

“Experimente, itoshii... É um doce... bombom... Este é um bombom de cereja...”, deslizou o doce pelos lábios do koorime, que sentiu a textura macia e provocante... Decidido, mordeu o bombom, surpreendendo-se com o gosto saboroso e diferente, o licor escorrendo pelo canto da boca...

A raposa inclinou-se lambendo o líquido doce, provocando um arrepio de prazer o youkai. Em seguida, ele mesmo mordendo um pedaço do doce, saboreando lentamente, fechando os olhos...  Hiei observava atentamente, vendo um pouco do líquido do recheio deslizar pelo dedo do kitsune. Sem hesitar, tomou-lhe a mão, colocando o dedo lambuzado na boca, chupando-o lentamente... Foi a vez do ruivo estremecer, abrindo os olhos para encarar os do youkai, enquanto deixava escapar um gemido de prazer...

Quando sentiu que Hiei soltava-lhe o dedo, perguntou malicioso.

“Estava gostoso, koibito?”

O Demônio do Fogo, encarou a raposa. De repente, agarrou-lhe os cabelos com uma mão, enquanto a outra trazia o corpo esguia mais próximo do seu... Beijou-lhe os lábios macios, provando o gosto doce e explorando todos os cantos da boca macia... Quando afastou-se um pouco murmurou...

“Delicioso, kitsune. Acho que vou gostar muito desses doces nigens...”

Kurama sorriu, fazendo o koorime deitar-se de costas, voltando a acariciá-lo , decidido a continuar com aquela tortura... Os lábios continuaram descendo até atingir o ponto mais sensível , envolvendo o membro rijo com os lábios, enquanto a língua acariciava-o por completo... A suave carícia continuou até que o youkai sussurrasse, suplicando:

“Pare... por favor... Você está me matando...”

“É verdade, itoshii... Estou matando-o com doçura...”, a raposa respondeu sorrindo, numa clara alusão ao momento doce que partilharam o bombom.

Procurando pôr um fim ao agradável tormento, Hiei o puxou, beijando-o com paixão e deitando-se em seguida, sobre seu corpo sedutor.

“Agora.”

“Agora.”, a raposa concordou, com um gemido, envolvendo-o com os braços e as pernas.

Penetrá-lo naquele momento, foi uma das experiências mais excitantes da vida de Hiei. Sentir-se dentro do corpo delicioso e muito excitado, foi muito mais estimulante do que esperava.

Ao experimentar toda a rigidez de seu youkai em toda sua plenitude, Kurama murmurou de forma suplicante, já quase em descontrole...

“Tudo, Koibito... Me ame de forma completa...”

Dominado pelo desejo selvagem, o koorime atendeu ao apelo de sua raposa, movimentando-se cada vez mais depressa, enquanto estimulava o sexo de Kurama, querendo dividir o prazer máximo junto com ele.

Abraçado a ele, Kurama passou a acompanhar, com os quadris aquele ritmo frenético, gemendo em desvario, até que por fim, o êxtase provocasse incríveis convulsões em cada fibra de seu ser, sentindo que Hiei dividia as mesmas sensações... Sem conseguir se controlar, a raposa gritou o nome de Hiei, enquanto todo o corpo tremia ao sabor das ondas da paixão...

Mais tarde, naquela mesma noite, sentiu Hiei levantar-se, e ouviu quando ele entrou no quarto que ocupou da outra vez que dividiram a cabana. Em seguida, ouviu-o movimentar-se na sala, sorrindo quando logo em seguida, uma melodia preencheu o silêncio da madrugada... Sayonara wa mirai no hajimari...

Sentiu o colchão ceder, quando ele voltou para a cama, acariciando seus cabelos e suas costas.

Virou o rosto no travesseiro para contemplá-lo... Os olhos de ambos encontraram-se por um longo instante... Em seguida, o Demônio do Fogo tomou-lhe a mão, beijando a palma suavemente, para depois depositar algo no centro e fechá-la com força.

Kurama sentiu algo frio, quando abriu a mão para ver o que era, surpreendeu-se com a jóia de cor escura... Perfeita... Linda... Uma jóia de lágrima... Mas... de Hiei?!?.... Quando?... As perguntas martelavam sua mente, quando num raio, recordou-se da primeira noite de ambos, naquela mesma cama, quando ainda não havia recuperado a memória... Seu amado youkai chorara naquela noite... Lembrava de haver sentido algo frio tocar seu peito, mas Hiei recolhera antes que tivesse tempo de ver o que era... Sem dizer nada, encarou o olhar sério do amante.

“Naquela noite...”, começou a youkai, “... Foi a primeira vez que chorei uma jóia.”

“Uma jóia de lágrima.”, murmurou a raposa.

“Hn. Não, kitsune... Foi uma jóia de amor... Um amor que jurava haver condenado a morte, mesmo depois de ser tão feliz, num momento perfeito, num sonho realizado... Você!”

“Itoshii...”, murmurou a raposa, baixando o olhar para que ele não visse suas próprias lágrimas de amor.

“Kitsune... Olhe para mim.”, ele pediu, procurando conter a paixão que o assaltava novamente, impelindo-o para os braços da raposa. “Quero que compreenda uma coisa. Não importa o que aconteça, você é meu.”

A raposa entrelaçou os dedos nos dele, lembrando-os da promessa feita... De sua união...

“Seu... para sempre...”, Kurama confirmou.

Era tudo o que Hiei precisava escutar. Beijando-o com todo ardor, novamente entregaram-se à paixão que os unia, sem medos, culpas o remorso... Apenas o amor que dividiam... Foi só então que se deu conta de que nunca na sua existência demoníaca, havia se sentido tão indefeso e, ao mesmo tempo, tão invencível... Ele amava aquela raposa... e era amado com a mesma intensidade...

Quando um novo dia surgiu, o sol veio encontrá-los deitados, entregues ao sono dos amantes, perdidos e aconchegados, um nos braços do outro... E seria assim dali por diante...

Para sempre...
 
 


****FIM****