Confusões no Restaurante
 
Por Saechan
 
 


- Shuuichi você está preocupado com alguma coisa? - Shiori perguntou para o rapaz sentado ao seu lado na mesa do restaurante.

Ela olhava para seu filho mais velho preocupada. Ele estava com um ar ansioso que era muito estranho. Já há algumas semanas ele parecia estar um pouco triste (isso já era comum em Shuuichi ultimamente. Ele alternava fases de imensa alegria com fases de tristeza). Mas dessa vez a tristeza deu lugar a uma apreensão muito incomum.

- Não Kaasan, que problema eu poderia ter em um dia tão feliz como hoje? Já faz três anos que nossa família se completou dessa forma tão maravilhosa . - Enquanto falava ele sorria para seu padrasto e seu irmão mais novo.

- Toosan temos que fazer um brinde a isso. - Todos ergueram seus copos. - À nossa família maravilhosa.

- Shuuichi eu é que tenho que brindar a uma esposa maravilhosa e dois filhos fantásticos que só me trazem orgulho.

Mas embora estivesse feliz Kurama estava realmente muito preocupado. Ele tinha um problema e com "P" maiúsculo. Esse problema tinha a forma de um demônio de fogo impaciente muito imprevisível.

A essa hora ele já deve ter chegado lá em casa e encontrado a janela trancada.

Em sua mente vieram as cenas que aconteceram no seu quarto no início daquela noite.

- Shuuichi você já está pronto? - Shiori perguntava enquanto entrava no quarto do filho.

Essa era a hora em que eu devia ter dito que estava doente e não podia sair para jantar com a família.

- Puxa Kaasan como a senhora está bonita. - Ele não conseguiu deixar de dizer ao ver sua mãe em um vestido tão elegante.

- Eu só caprichei para estar a altura dos meus três acompanhantes. Nem parece que hoje faz três anos que me casei com Hatanaka. No começo eu cheguei a ficar preocupada, afinal, fomos só nós dois durante muito anos. Eu pensei que talvez você não se adaptasse a ter um pai e um irmão. Mas tudo correu bem.

- A senhora está feliz Kaasan?

- Eu acho que nunca fui tão feliz em toda a minha vida. O jantar de hoje não é só a comemoração do aniversário de um casamento mas da felicidade que é ter esta família reunida. Shuuichi, eu não quero que você pense que eu não era feliz antes quando era só nós dois. Mas é que hoje eu tenho uma família grande como sempre sonhei desde menina. Eu nunca pensei que seria tão feliz assim.

O Espelho das Trevas realmente cumpriu bem o seu papel. Eu pedi pela felicidade de Shiori e ele atendeu o meu desejo.

- Mas Shuuichi você ainda não está pronto? Não se esqueça que temos uma reserva marcada. Esse jantar é muito especial eu não quero que nada saia errado. Já pensou se a gente perde a reserva?

- Não se preocupe Kaasan eu fico pronto rapidinho e já já eu estou descendo.

Eu não posso decepcionar Shiori. Não posso faltar a este jantar.
 

Em poucos minutos o rapaz ficou pronto. Apesar da rapidez com que se arrumou ele estava maravilhoso como sempre. Calça e camisa vinho eram realçadas por um colete verde que combinavam com seus olhos, alem de sapatos e cinto pretos que completavam seu traje nessa noite tão importante.

Ele teve tempo ainda de escrever um bilhete para seu amado demônio de fogo, que deixou sob o travesseiro. Com certeza Hiei o encontraria e entenderia o porque dele não estar ali esperando por ele.

- Niichan, vamos logo. - Shuuichi entrou chamando pelo irmão. - Puxa niichan como você está bonito. É para impressionar alguma gata?

- Veja lá o que você está falando seu moleque. - O kitsune respondeu brincando com o seu irmão. - Eu não tenho que dar conta da minha vida sentimental para ninguém.

- Eu não falei nada demais niichan. Eu só fico preocupado com você. Você está sempre sozinho. Eu ficaria feliz se você tivesse uma namorada. Você fica tão triste às vezes...

- Não se preocupe comigo otooto. Eu sei me cuidar muito bem.

- Está bem, vamos embora então.

Quando estavam saindo Shuuichi voltou para o quarto do irmão. - Você sempre esquece a janela aberta. Isso é perigoso, sabia? - Enquanto falava Shuuichi trancava a janela do irmão sem notar o quanto seu gesto deixou seu irmão nervoso.

Agora ele estava ali no restaurante com sua família, mas muito preocupado com a reação de seu amante.
 

Hiei não vai poder entrar para me esperar e nem ler o meu bilhete. O que será que ele vai fazer quando chegar e encontrar a janela trancada? Em se tratando de Hiei pode ser qualquer coisa. Desde ficar esperando, partir com raiva de volta para o Makai até invadir este restaurante. Como eu gostaria que ele ficasse quieto naquela arvore até que eu chegasse. Eu juro que compensaria a ele por toda esta espera. Mas ele deve estar muito desesperado. Já faz três semanas desde que nos separamos. Depois que me acostumei a ter Hiei comigo todos os dias eu quase não agüentei esta espera, tive que me aliviar sozinho algumas vezes. E eu nunca ensinei a ele como se aliviar sozinho. Talvez eu devesse fazer isso... não quero correr o risco dele procurar outra pessoa. Com certeza Mukuro adoraria ...

Nesse momento seu pensamento foi interrompido por um contato mental tão forte que quase o tirou do ar.

" Raposa!?! Você não devia estar aí, devia? Eu mandei um aviso dizendo que chegaria hoje, não mandei?"

"Sim Hiei, você mandou mas eu não pude faltar a este compromisso. É um dia muito especial para minha Kaasan. Eu deixei um bilhete mais Shuuichi trancou a janela. Me desculpe por favor."

"Você não poderia decepcionar sua mãe mas e eu como é que eu fico? Eu sou sempre o último em sua lista de prioridades...

"Isso não é verdade Hiei. Este jantar só deve durar mais uma ou duas horas então nós voltaremos para casa. Me espere, onegaishimasu. Eu prometo que vou te compensar por tudo. Eu prometo que vai valer a pena. Será uma noite inesquecível."

"Kurama já faz três semanas que eu não tenho você. Eu já não me agüento mais. Esta sua promessa, então, só fez eu ficar mais atiçado. Veja isso."

Hiei começou a mandar para Kurama ondas de seu youki sexual e o corpo da raposa começou a reagir imediatamente.

" Pare com isso Hiei eu estou num restaurante... Com a minha família. Hiei, por favor."

Enquanto falava Kurama tentava conter sua crescente excitação. Ele se mexia tanto na cadeira que chamou a atenção de sua mãe.

- Shuuichi você está bem? Está suando tanto que sua testa esta molhada.

Kurama passou a mão na testa e constatou que sua mãe dizia a verdade.

- Eu estou bem só preciso ir ao banheiro lavar o rosto. Está muito quente aqui. Ele falou enquanto saia da mesa rapidamente, lutando para controlar sua ereção.

- Quente? O ar condicionado está funcionando muito bem Shuuichi. - Hatanaka comentou.

Mas Kurama não respondeu saindo apressado. Sua pressa era justificada pois sob a calça sua ereção já começava a despontar. Logo, logo todos notariam. Ele tinha que chegar ao banheiro o mais rápido possível.

Felizmente o banheiro ficava próximo dali. Num canto do salão principal havia duas portas, uma de frente para a outra. Eram os banheiros feminino e masculino.

Logo que chegou no espaço entre as duas portas, uma delas se abriu e Kurama foi puxado para um dos banheiros. Surpreso ele se viu nos braços de seu demônio de fogo que já procurava sua boca para iniciar um beijo faminto. Hiei imprensou sua raposa contra uma das paredes colando seu corpo ao dele. Através do contato dos corpos o kitsune percebia o tamanho do desejo de seu koorime. As línguas dançavam freneticamente, num beijo há tanto tempo aguardado. O beijo só foi interrompido quando ambos já não agüentavam mais a falta de ar.

- Hiei nós ... não podemos fazer isso... aqui. - Um Kurama ofegante tentou argumentar. Ele fugia do beijo, tentando manter a racionalidade. Mas Hiei sabia exatamente o que queria e não iria desistir facilmente.

O Koorime não deu importância as palavras do Kitsune. Continuou beijando sua raposa enquanto procurava tirar a roupa do amante. Suas carícias ousadas iam pouco a pouco vencendo a resistência de Kurama. Na verdade Kurama queria aquilo tanto quanto Hiei ou até mais. Somente sua racionalidade ningen o impedia de se entregar àquela loucura. Mas esta racionalidade estava desmoronando frente às carícias de Hiei. Logo ele já não tinha mais forças para resistir ao seu próprio desejo e o do amante juntos. Com um suspiro ele se rendeu.

Neste mesmo momento Hiei, com sentido aguçado de youkai, sentiu a porta se abrindo. Rapidamente ele puxou Kurama para um dois reservados e trancou a porta. O lugar era apertado. Mais para as suas intenções era perfeito.

Kurama agora totalmente rendido ao desejo começou a se despir enquanto falava baixinho com Hiei.

- Temos que ser rápidos. Eu tenho que voltar logo para mesa ou alguém vai vir atrás de mim. Não podemos fazer barulho ou vamos estar em uma grande confusão. E eu tenho que tomar cuidado para não amarrotar a roupa.

Ciente da necessidade de não perderem tempo Hiei foi logo tirando a roupa também. Com sua velocidade terminou antes de Kurama e pode apreciar o espetáculo de ver sua raposa se despindo.

O desejo era muito intenso e o tempo muito curto, para perderem muito tempo em preliminares amorosas. Kurama sentou o Koorime no tampo do sanitário e logo sentou em seu colo fazendo-se penetrar de uma só vez. Nenhum dos dois conseguiu evitar o gemido de prazer que aquele ato lhes provocava. Eles tiveram sorte por já não ter mais ninguém no banheiro. Mas logo suas bocas estavam coladas em longos beijos apaixonados que os impediam de gemer alto. A mão de Hiei voou para o membro de Kurama iniciando a masturbação. Eles iniciaram uma cavalgada feroz na busca pelo prazer máximo que só terminou quando Hiei se desfez em gozo dentro de Kurama, enquanto este liberava todo o seu prazer em jatos de sêmen que molhava a mão de Hiei e os corpos entrelaçados. Tinha sido bom demais. Os dois ainda moles pela explosão de prazer ficaram abraçados sentido a quentura um do outro. Sem vontade de se separar.

De repente batidas na portas fizeram que eles voltassem à realidade. Os gritos e gemidos, que eles nem notaram no momento de prazer, chamaram atenções indesejadas. Eles estavam encrencados.

- Sejam quem for que estão ai dentro por favor prestem aatenção. Eu vou dar um tempo para vocês se vestirem e abrirem a porta. Depois desse tempo se vocês não saírem terei que usar a minha chave. - O gerente avisou muito nervoso.

Os dois amantes se olhavam sem saber o que fazer. A legendária raposa se perguntava como tinha ido parar em uma armadilha como aquela. Hiei só pensava em como salvar a sua raposa. Para ele não tinha problema; ele não era ningen, mas Kurama tinha sua família a considerar. Eles se vestiram mas não abriram a porta.

- Sou obrigado a abrir a porta já que vocês não o fazem. - O gerente passou das palavras ao ato imediatamente. Ele abriu a porta.

Mas não havia ninguém dentro do banheiro. No momento que a porta começou a se abrir Hiei pegou sua raposa nos braços e saiu com sua velocidade espetacular. Quando deu por si Kurama estava no alto de uma das árvores que havia no bosque em frente ao restaurante.
 

- Você viu a encrenca em que você me colocou. Faz idéia de como a minha família ficaria humilhada se tivessem pego a gente.

- Você não tem nada para reclamar. Ninguém viu a gente. Se isso tivesse acontecido eu queimava todo mundo e acabava com a história. Cheguei a ficar tentado a fazer isso. Se aquele idiota abrisse a porta quando ainda estravamos nus ele iria se arrepender. Além do mais você gostou tanto quanto eu de nosso encontro.

- Você tem razão, não aconteceu nada de mal. Eu não devia estar brigando com você. Na verdade eu gostaria de poder continuar de onde paramos. Pena que tenho que voltar para a mesa.

- Eu sei mas não se esqueça que você me prometeu uma noite inesquecível.

- Pode deixar que eu não me esqueci. - Kurama falou enquanto pulava da árvore. Ele não podia correr o risco de dar um beijo de despedida em Hiei ou então o jovem Shuuichi Minamino seria dado como desaparecido no meio de um jantar com a família. Enquanto voltava para o restaurante Kurama criou um buquê de rosas e o amarrou com o caule flexível de uma outra planta que criou.

Quando chegou na mesa encontrou sua família já preocupada. Ele demorara quase meia hora naquela ida ao banheiro.

- Shuuichi eu já estava preocupada. Onde você estava? - Shiori perguntou.

- Eu fui rápido ao banheiro e em seguida saí para comprar isso. - Enquanto falava mostrou o buquê escondido. - Eu me lembrei que não havia dado nada de especial para a senhora nesse dia tão feliz.

Shiori ficou emocionada com o presente do filho. Ela abraçou Kurama com todo o carinho.

- Nós realmente ficamos preocupados. - Hatanaka começou a falar. - Só não fomos te procurar no banheiro por causa da confusão que aconteceu lá.

- Confusão?!?! - Um Shuuichi Minamino muito "curioso" perguntou.

- É sim niichan, uma mulher correu para chamar o gerente dizendo que tinha um casal transando num dos reservados do banheiro feminino.

- Banheiro feminino?!?! - Na confusão ele nem prestou atenção no banheiro que o Koorime tinha escolhido.

- É sim. - Shuuichi continuou. - Só que não tinha ninguém lá. O gerente ficou uma fera por causa do alarme falso. Eu acho que aquela mulher nunca mais vai pisar aqui de novo. Você devia ter visto a confusão, foi muito engraçado. Se você visse a cara da mulher depois que o gerente brigou com ela.

- Shuuichi!!! Não é bonito rir dos outros assim.

- Desculpe Kaasan.

O jantar continuou num clima de paz e harmonia. Shiori olhava para o filho mais velho sem entender para onde tinha ido toda aquela apreensão que ele tinha no começo do jantar. Ela havia sido substituída pela mais pura felicidade. Não importava para onde a apreensão havia ido. O que importava é que seu querido filho estava feliz de novo. Isso coroava aquele jantar festivo. Sem perceber ela começou a sorrir.

- Está sorrindo de que Kaasan? - Kurama não conseguiu deixar de perguntar.

- É porque estou muito feliz meu filho.

A felicidade de sua mãe, a alegria de sua família e seu demônio de fogo esperando para mais uma noite de loucura... não havia mais nada que Kurama pudesse pedir. Somente que aquele jantar terminasse o mais rápido possível. Ele estava doido para voltar para os braços de seu Koorime...
 
 
 


Por Saechan,abril/2000.
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