Saudades
 
Por Yukina-chan


I - Algo Precioso
 
 

O dia transcorria tedioso, como de costume no Ningenkai. O koorime remexeu-se novamente no galho de árvore. Que este mundo fosse calmo as vezes era legal, mas parado durante mais de um dia... Era realmente demais tedioso...

Domingo era assim! A raposa dizia que todos haviam ido para o litoral por alguma razão que não lembrava neste instante, porém sabia que era besteira.

Olhava para o céu quando, percebeu que este ficara mais escuro de repente. Algumas pessoas passavam mais apressadas pela praça. Ainda faltava um tempo para a hora de sua raposa ir para casa, não teria muito o que fazer no pequeno apartamento, com o telefone chato tocando. Ainda mais para escutar aquelas nigens que não largavam do pé de Kurama, felizmente Hiei havia dado um jeito naquela outra droga que transmitia todos os recados desavergonhados.

Ficava em estado de fúria cada vez que era acordado com as vozes irritantes falando mil absurdos, só faltavam vir pelo telefone para falar pessoalmente. O Youkai perguntava-se se por um acaso não existia uma nigen com voz razoavelmente aceitável. Oh! Ele podia lembrar apenas de duas Shizuru e keiko. Shizuru era interessante, nem grave, nem aguda, de certo modo era agradável. Keiko até que passava, exceto quando gritava "Yusukeeee" bem atrás do grupo de rapazes, seus tímpanos iam no céu e voltavam, ainda mais que era muito sensíveis aos sons.

Hiei suspirou longamente ao lembrar da bela voz de seu amante. Adorava quando aquela voz macia e amável chamava seu nome ou quando entonava uma música, fosse qual fosse, do Mundo dos Homens ou Makai, sempre perfeita a harmonia. Outro longo suspiro fez seu peito subir e descer muito devagar.

Contava as horas para estar com sua raposa outra vez...

Um amplo estrondo anunciou que uma tempestade estava à caminho. Quando percebeu que sua árvore tremia. De princípio lentamente, mas aumentou até que perdeu o equilíbrio. Estava tão distraído que não tivera tempo para uma reação.

O chão ainda tremia. O que era isso? Nunca tinha visto ou melhor, sentido algo igual, tudo parecia tremer, pessoas gritavam pelas ruas, atirando-se no chão e pondo as mãos na parte de trás da cabeça, os carros eram parados e seus motoristas faziam a mesma coisa. Era um caos, viu pessoas gritando pelas janelas dos prédios e correndo das casas.

 

 

Não demorou até perceber que o tremor sumia... Nada demais havia acontecido, só uma casa velha que estava por ali havia caído com a vibração do tremor. Fora isso, parecia tudo normal. As pessoas levantavam e iam embora como se quase nada houvesse acontecido.

Um ataque de um youkai poderoso!

Seu coração doeu, seu corpo fora tomado por um medo repentino. Preocupação com Kurama. Tentou levantar-se enfim, mas uma dor terrível subiu por seu membro, fazendo-o cair sobre os joelhos aos pés da árvore. Tinha que sair dali, precisava socorrer sua raposa. De repente aquele inúteis do Reikai ou até mesmo os soldados de Mukuro haviam falhado na defesa da passagem entre os mundo, então reparou não havia sinal algum de youki, em um canto que fosse.

Levantou-se se apoiando no tronco da árvore. Concentrando-se o pouco que pôde, tentou contato com a raposa, mas não conseguiu um sinal que fosse, não conseguia pensar direito. Por que Kurama tinha de fazer um extra logo neste dia? Um Domingo!

A dor estava melhorando, suspirou fundo, tinha de sair bem rápido de lá. Kurama poderia precisar de sua ajudar e não estava disposto a falhar com seu amante desta forma.
 
*************
 

Dava graças pelo parque ser próximo ao apartamento.

Conseguira andar sem mancar pela rua, preferiria morrer a dar este espetáculo pelo Ningenkai, mas a que preço? Tinha de morder o lábio inferior para não gemer, andava lentamente, pisando o mais fraco possível. Tentava pensar que encontraria sua raposa em casa, dizendo que não tinha muita coisa para terminar no trabalho então chegou cedo e que sentia muito por aquilo, então o ruivo cuidaria de seu pé, e ambos poderiam ser muito felizes para o resto do dia, pelo menos por este pequeno tempo.

Como Hiei queria isso. Entrar e escutar a voz maravilhosa de sua raposa...

Entrou na droga do "caixão coletivo" para ir logo ao seu andar. Estava tão ansioso que nada importava.

Abriu a porta muito lentamente. Temeroso por encontrar seu ninho vazio

Podia imaginar a voz de Kurama. Olhou pela sala. Nada, nem sinal de raposa por ali. Imaginava o som de louça vindo da cozinha, seu nome sendo chamado com insistência, perguntando mil coisas, se havia ficado no parque, por que demorara tanto, se estava com fome, o que achara de sua primeira experiência com terremoto, mas sabia que era tudo invenção de sua mente atordoada... Espera! "Terremoto"?

As mãos carinhosas de Kurama seguraram as de Hiei, puxando-o mais para junto, olhando um pouco preocupado para os olhos vermelhos, beijando a ponta do nariz e fazendo uma breve carícia sobre os lábios pequeninos do koorime com os seus. Levou uma de suas mãos ao rosto que estava ficando meio corado pela forma com que a raposa olhava-o, analiticamente. A mão desceu até pescoço fazendo Hiei arrepiar-se todo com o toque tão sutil. A raposa agarrou o youkai erguendo-o em seus braços e sentou-o no sofá, ajoelhou-se em frente a Hiei, estudou as faces de seu amado por um instante, antes de começar seu pequeno serviço médico. Kurama levantou-se e inclinando-se, pegou o Koorime em seu colo. Hiei resmungou, mas o youko ignorou, já era demais Ter ido do parque para o prédio naquelas condições.

Zelosamente, Hiei foi depositado sobre o lençol claro. O ruivo começou a despir seu amantezinho, primeiro a camisa escura, o koorime arrepiou-se com a brisa fria que soprava pela janela, seu mamilo ficou ereto no mesmo instante e com um sorriso matreiro a raposa observou o quanto gostava dos mamilos de Hiei, principalmente deste jeito. Eram tão pequeninos, rosadinhos e perfeitinho. Depois continuou sua serie de elogios, descendo pela barriguinha bem definida, fazendo pequenas voltas entorno do umbigo com a ponta do indicador. Seu olhar era carinhoso e extremamente lascivo.

Hiei arqueou-se levemente, uma súbita onda de prazer cortou todo seu corpo. A raposa estava fazendo seu joguinho outra vez, pois bem, teria tudo que desejasse!

A mão pequena de Hiei entrelaçou-se nos fios vermelhos e muito sedosos de Kurama. Sorrindo timidamente para a raposa cheirou bem profundamente o aroma de rosa. Brincalhão, Kurama deu uma lambidinha na ponta do nariz arrebitado de seu amante.

Aproximou-se mais inclinando-se sobre o colo de Hiei até este ficar apoiado sobre os antebraços. Então um pequeno gemido foi soprado por entre os lábios pequenos do youkai, seu pé estava sendo forçado contra a cama. Carinhosamente Kurama ajeitou-se, afastando as pernas de Hiei em seguida ficando entre elas.

Indicou com seu jeito peculiar que queria um beijo. Ambos trocaram um beijo longo e molhado, muito terno.

Kurama levou uma mão ao cabelo e procurou por uma semente no meio deles. Uma pequena plantinha cresceu na sua palma, entrelaçando suas raízes pelos dedos esguios escutou um suspirar alto quando Hiei deixou-se cair sobre a cama, relaxando um pouco. Hiei rolou para o lado com cuidado. Podia ver as folhas secas balançando-se ao vento e a maioria delas indo embora pelo ar, o outono já chegara de vez; uma paz enchendo seu ser por completo tornava-se mais intensa. Estava tudo bem, sua raposa salva, cuidando de seu ferimento... Mal podia acreditar que tudo estava em tão perfeita ordem em sua vida, nunca fora assim, não achava em si resposta para tanta alegria e satisfação.

Então sentiu o toque suave do ruivo puxando o pequenino pé para si e depositando-o muito suavemente sobre o próprio colo. Uma sensação gelada atingiu sua pele provocando arrepios em todo seu corpo. Buscou os olhos verdes de seu amante, mas não os encontrou. O ruivo fitava atenciosamente aquele pé.

Um longo suspiro escapou de seus lábios. Hiei afundou mais a cabeça contra o travesseiro fofo, tentando esquecer do pequena dor provocada pela mão tão carinhosa da raposa, o mais leve toque era o suficiente, contudo somente relaxava.

O ruivo deitou-se ao lado de Hiei que aconchegou-se mais. Ambos ficaram em silêncio, não precisavam falar, queria apenas ficar ali, um perdido no calor do outro. Kurama virou um pouco o rosto para fitar seu koorime, este moveu seus olhos flamejantes e perdeu-se no verde da raposa.

A mão macia do ruivo deslizou pelo braço pálido do demônio do fogo e num afago suave, movimentou-se em vai e vem que fazia Hiei ronronar, então fechar os olhos.

A raposa virou de lado, passando um braço sob a cabeça de seu namorado e o outro envolvendo a cintura esguia. Aproximou o nariz do cabelo espetado para aspirar o aroma que dele emanava. Depois recostou seu rosto na maciez negra de fios brancos entremeados. Hiei suspirou deixando sua mão acomodar-se na curva da coluna do youko.

Mas isso não ficou assim durante muito tempo, voluptuosamente a pequenina mão desceu um pouco mais, buscando pelas nádegas volumosas do youko. Contudo, este, muito carinhosamente, afastou a mão e murmurando palavras doces no ouvido de Hiei pediu para o youkai descansar um pouco, pois havia "treinado" demais para um Domingo como aquele.

Adoraria sair para um passeio com seu youkai, mas como este estava meio impossibilitado, poderia inventar alguma outra coisa para fazer no apartamento. Era um pouco difícil, por causa do koorime mesmo, pois não era apreciador de muita coisa.

Kurama virou para encarar o youkai que estava de olhos fechados. Distraiu-se observando os traços delicados dos lábios, as sobrancelhas finas e o pequeno nariz arrebitado, tão perfeito. Porém, o koorime abriu seus olhos em busca das esmeraldas do ruivo. Um ficou preso no olhar do outro, não conseguiam mais parar de fazer "estudos" mútuos.

Estavam totalmente absortos que mal perceberam quando se uniram em um beijo apaixonado. A língua da raposa foi o que fez Hiei acordar do transe temporário então, Kurama percebeu que seu namorado observava o céu ao invés de seus belos olhos, no mesmo instante uma curiosidade tomou conta de si; já havia reparado nisso, não era a primeira vez que trocavam carinhos enquanto o demônio do fogo olhava por aquela janela.

Arfaram ao afastarem-se e cuidadosamente o quase humano apoiou seu queixo sobre as mãos depositadas encima do peito forte youkai.

Hiei não respondeu, apenas fechou os olhos fingindo sono.

A raposa não falou. Inclinou-se sobre o demônio e beijou ternamente a bochecha fofa. Não entendia, mas percebia claramente que aquele era mais um dos segredos de seu amado e como sempre, daria tempo, apenas isso...

E sorrindo gentilmente Kurama respondeu: - Quando você quiser...

 

CONTINUA


Yukina-chan
Jan-01

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Esses personagens não pertencem a mim , a séria Yu Yu Hakusho é propriedade de Yoshihiro Togashi, Jump Comics, Studio Pierrot, Fuji TV e Sueisha.