Labirinto de Pandora
 
por Graciela Naguissa
  

Cap.8  - Maçã de Afrodite


Meu coração batia enlouquecido com ódio, mágoa e aflição.

"Obrigação". Foi assim que Kurama pensava que era meu motivo.

Aquilo ecoou dentro de mim como rejeição. Rejeição da minha ajuda, da minha aproximação.

Eu só quero ajuda-lo. Compartilhar do peso que carrega em suas costas, ainda mais agora, no estado que ele tava.

Era como se ele tivesse duvidado das minhas intenções, da minha sinceridade e dos meus sentimentos.

Não to fazendo isso por obrigação!! Não é porque Kurama salvou minha vida naquela batalha maldita!!

Me lembrei dos olhos cheios de temor quando o agarrei pelos ombros impulsionado pela indignação.

Senti que quase ia chorar e apertei o canto dos meus olhos pra conter as lágrimas. Seria muito estranho eu chorar agora.

Traído!! Era assim que eu me sentia.

Mas então porque sinto tanta culpa? Porque meu coração tá gemendo de tanta dor?

As palavras de Feilong veio à minha cabeça. Será que eu amo Kurama como ele tinha me dito? É por isso que eu o beijei ontem daquele jeito...ou é apenas minha imaginação?

É por pura amizade que eu to me sentindo assim?

Parei no meio do corredor junto com um longo suspiro. Passei a mão no cabelo ainda com a expressão fechada. Olhei pelo ombro além das minhas costas, mas como já previsto, nem sinal do rapas de cabelos vermelhos.

Olhei pro teto por alguns segundos.

Deixei escapar mais um suspiro, agora de desistência, que ecoou pelo corredor e instantes depois dei meia volta.

Procurei sue reiki e me assustei a senti-lo ainda no mesmo lugar da nossa discussão.

Ao caminhar até lá avistei um vulto agachado no chão, entre o vermelho das folhas que a tempo já tinham se separado das arvores.

"...Kurama?"

Ao chegar perto dele chamei seu nome.

"Cê tá bem?"

Agachei ao lado dele que continuava de cabeça baixa. Suas mãos enxugaram seu rosto.

Ao erguer sua face, inalei espantado vendo um rastro deixadas por lágrimas que tinham escorrido pelo seu rosto pálido. Seus olhos estavam inchados. Seus olhos cor de esmeralda ainda estavam lacrimejando.

Não conseguindo agüentar, mais uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

Kurama a enxugou com força usando a palma da sua mão.

Agora sim me sentia o pior ser de mundo. Era muito mais claro que a razão dele chorar estava em mim.

"Me desculpa, tá. Eu não queria te magoar."

Tentei falar com a voz mais gentil possível que acabou ficando um pouco rouca.

Seus olhos tremeram, e ao fechar suas pálpebras, seus cílios caíram com tamanha delicadeza igualando-se com a de uma pluma, fazendo que o líquido que se estalava no esmeralda de seus olhos escorrerem.

"Me desculpe. Por favor."

Estendi meus dedos, que trêmulos enxugaram as lágrimas que escorriam pela pele macia como seda, fazendo-me deslumbrar de tanta beleza.

"Yusuke..."

"...n?"

"Não morra por mim."

Sussurrou ele ainda de olhos fechados.

"Por favor, não morra por mim..."

Sussurrou novamente, fazendo-me cair no precipício do arrependimento ao ver a verdadeira razão de Kurama ter tido teimado daquele jeito e tentado me impedir de sair à caça daquele youkai.

"...Quem disse que eu vou morrer?"

Murmurei tão baixinho quanto ele. O Kurama que estava aqui parecia frágil como uma peça de cristal, a ponto de cada movimento em falso poderia faze-lo desmoronar.

"Você é um meio youkai nato, tanto de corpo quanto de alma. Acabará perdendo sua metade se for atingido pela maldição..."

Kurama abriu os olhos, olhando-me com um olhar profundo de dor e preocupação.

"Se você tá vivo, pode ser que eu também sobreviva..."

"Não, Yusuke..."

Balançou sua cabeça. Seus cabelos moveram-se em leveza.

"Eu estou morrendo..."

"!!"

A mão fria do temor tocou meu peito fazendo-me arregalar os olhos. Meu raciocínio parou negando as palavras que partiram dos lábios levemente com a coloração rocha.

"...Ku-rama..."

"...A sombra não pode existir sem a luz tanto com não existe a luz sem as sombras. Estou me enfraquecendo pouco a pouco..."

Continuou a murmurar.

"Se alguém tem de morrer, que seja apenas eu e não você..."

"Porque você não..."

"Porque eu não lhe disse?"

Kurama tirou as palavras da minha boca. Eu respondi balançando a cabeça em afirmativa.

"...Você já tinha feito tudo que estava ao seu alcance para me ajudar. Ainda mais..."

Ele mostrou um sorriso triste, como se risse de si mesmo. Estendendo sua mão, tocou agora na minha face, enxugando-me uma única lágrima que escorria.

"...Eu não queria te ver assim..."

Várias cenas emergiram e após desapareceram em minha memória.

Morrer, o Kurama...?

A dor dentro do meu peito aumentava a cada instante, como se uma adaga em chamas tivesse cravado no meu peito.

Num impulso, aninhei o rapaz de cabelos vermelhos ao meu peito. Kurama paralisou-se arregalando seus olhos em espanto.

"Yusuke..."

Kurama, sentindo-se desconfortável, mexeu-se entre meus braços que o abraçava firmemente.

"Eu vou ir, Kurama..."

"Mas...!!"

"Eu preciso ir..."

"Mas Yusuke, você não...!!"

Kurama tentou continuar, mas parou suas palavras quase tocando na palavra que tinha me irritado meia hora atrás.

"Não é por obrigação..."

Sussurrei em seus ouvidos. Kurama ergueu seu rosto, mostrando seus olhos da mais fina esmeralda perturbados com minhas palavras e tentando-me fazer desistir de sua própria vida.

Realmente eu devo ser o cara mais burro do mundo, que só percebe seus próprios sentimentos à marra...

Ensaiei um sorriso terno, colocando nele tudo aquilo que fluía dentro de mim.

Era uma burrada imensa não ter tido descoberto isso até agora...

"É porque eu preciso de você..."

Os olhos de Kurama tremeram em espanto, fazendo-me voltar em si e ver o que eu tinha dito de embalo da minha descoberta. Soltando-o rapidamente, voltando meu olhar pra um outro lugar qualquer.

"Err, bem...O quê eu...Queria dizer é que...Bem, não é bem isso...e..."

Senti meu rosto corar em instantes até as orelhas.

Burro, burro, burro!!! Mal viu que gosta dele e já qué acabar com tudo!!!

Um alerta gigante tocava dentro de mim. Eu tinha que de algum jeito arrumar as coisas e retirar o que eu mesmo disse. Mas quanto mais eu tentava abrir a bocas, mais eu gaguejava.

"É que, ahhh..."

Quando tentei continuar, um dedo fino e delicado tocou nos meus lábios fazendo-me calar.

Olhando um pouco com receio pra ele, vi que seus olhos olhavam para meus lábios, e aproximando-se cada vez mais, e mais, até tocarem um no outro...

Um beijo leve...Que logo se separou, fazendo-me olhar pasmo para o rosto de Kurama que inclinou a cabeça, logo aproximando seus lábios agora no meu ouvido.

"Eu também te amo..."

Arregalei meus olhos ainda mais. Não conseguia acreditar que eu tinha escutado mesmo o que eu escutei agora, a voz aveludada e apaixonada.

Quando Kurama recuou, deu pra ver sua expressão tímida, que logo se tornou em um sorriso exuberante.

Eu ainda não acreditava até que seus lábios tocaram novamente nos meus. Sua língua, ainda um pouco hesitante, tocando nos meus lábios, que logo se abriram pra amparar sua carícia.

Eu era guiado, pouco a pouco, puxando-lhe a cintura, fazendo-o levantar-se nos joelhos, para que eu recebesse a carícia e o doce dos seus lábios por cima.

Minha mão direita, ao encontrar a fenda lateral da sua túnica, infiltrou-se para dentro, para me deleitar do toque macio da sua pele que se aquecia pouco a pouco, enquanto suas mãos roçavam meus cabelos e aprofundava o beijo cada vez mais.

A vontade de provar aquele corpo esguio ai se aumentando, fazendo-me desviar meus lábios dos lábios quentes e ofegantes, lambendo sua pele delicada, chegando até seu pescoço.

Lambendo o pomo de Adão quase que invisível, encontrei uma pequena mancha vermelha. Marca da noite passada...

"Kurama..."

"n...?"

Kurama respondeu ofegante.

"Então foi besteira agente ter parado ontem na metade, não foi?"

Fui desabotoando a túnica, deixando exposto o peito e os mamilos rosados.

"...E o quê você fez depois daquilo?"

Kurama baixou a cabeça mostrando um sorriso malicioso, fazendo-me corar mais um pouco, mas logo devolvi um sorriso com tom maroto.

"Quer que eu te mostre usando seu corpo?"

Kurama corou mais ainda, fazendo-me rir do seu rosto pra depositar um beijo na sua bochecha e depois lambe-la.

"Yusuke..."

"...Que foi?"

"Quer continuar, aqui, mesmo?"

"Porque?"

"...Pode ser que, alguém... venha para cá."

"Deixa pra lá. Eu proibi que todos chegassem perto da torre do Feilong."

"E, se...hn...O Feilong, vier para...Cá,?"

Cada vez mais a voz de Kurama se tornava rouca, se transformando em gemidos desconsolados, que falava pra eu parar mas na verdade pedia o contrário. Eu me deliciava com a situação, até que...

"Mestre Yusuke!! Aonde o senhor esta?!"

.....................

"Droga!!!"

Quando Kurama se levantou, grunhi de raiva por ter sido perturbado num momento desses.

Kurama, meio que conformado, devolveu com o ombro. De qualquer modo, era certo que não daria pra continuar desta vez.
 
 

CONTINUA