Conveniência |
Convém que o sonho tenha margens de nuvens rápidas e os pássaros não se expliquem, e os velhos andem pelo sol, e os amantes chorem, beijando-se, por algum infanticídio. Convém tudo isso, e muito mais, e muito mais... E por esse motivo aqui vou, como os papéis abertos que caem das janelas dos sobrados, tontamente... Depois das ruas, e dos trens, e dos navios, encontrei casualmente a sala que afinal buscava, e o meu retrato, na parede, olhará para os olhos que levo. E encolherei meu corpo nalguma cama dura e fria. (Os grilos da infância estarão cantando dentro da erva...) E eu pensarei: "Que bom! nem é preciso respirar!..." Cecília Meireles |
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