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Espada entre flores, rochedo nas águas, assim firmes, duras, entre as coisas fluídas, fiquem as palavras, as vossas palavras.
Pois se por acaso dentro dos sepulcros acordassem as almas e em sonhos confusos suspirassem rumos de histórias passadas e houvesse um tumulto de ânsias e de lágrimas,
- lembrassem as lágrimas caídas no mundo nas noites amargas cercadas dos muros das vossas palavras. Todas as palavras.
Nos espelhos puros que a memória guarda, fique o rosto surdo, a música brava do humano discrurso. De qualquer discurso.
Só de morete exata sonharão os justos, saudosos de nada, isentos de tudo, pascendo auras claras, livres e absolutos, nos campos de prata dos túmulo fundos.
No meio das águas, das pedras, das nuvens, verão as palavras: estrelas de chumbo, rochedos de chumbo. A cegueira da alma. O peso do mundo.
Adeus, velhas falas e antigos assuntos!
Cecília Meireles |
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