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    António Ferreira  

HISTÓRICO
Maio • 2001

BIBLIOGRAFIA

Breve História da Literatura Portuguesa, Texto Editora, 1999

A.J. BARREIROS, História da Literatura Portuguesa, Editora Pax, 11ª ed.

 
   

Os dados biográficos relativos a António Ferreira são bastante escassos. Nasceu em Lisboa em 1528. Era filho de um dependente do duque de Coimbra, D. Jorge, filho bastardo do rei D. João II.

Fez os estudos preparatórios no Colégio das Artes, em Coimbra, frequentando depois Cânones (Leis) na Universidade, onde chegou a ser professor em 1554.

Em 1556 era Desembargador da Casa do Cível em Lisboa, quando casou a primeira vez com D. Maria Pimentel. Viúvo pouco depois, contraiu segundas núpcias em 1564 com D. Maria Leite.

Chegou a viver algum tempo na região de Mirandela, onde o sogro tinha propriedades. Morreu em 1569, vítima da peste.

Foi em Coimbra que se familiarizou com as ideias humanistas e a estética renascentista. Nessa altura leccionavam na universidade alguns humanistas célebres, como Diogo de Teive e Jorge Buchanan. Através deles, das suas leituras, e do contacto com outros poetas contemporâneos (Sá de Miranda, Diogo Bernardes, Pero de Andrade Caminha...) adquiriu uma sólida formação humanista, mas principalmente um conhecimento profundo da estética classicista.

Foi também no ambiente coimbrão, onde as representações teatrais eram relativamente frequentes, que se familiarizou com o teatro clássico, tendo escrito duas comédias e a mais perfeita tragédia clássica da literatura portuguesa – Castro. Tal como o título indica, o assunto desta tragédia são os amores atribulados de D. Pedro e D. Inês de Castro. Este tópico tinha sido introduzido na literatura por Garcia de Resende, nas suas Trovas à Morte de D. Inês de Castro. António Ferreira retomou-o e deu-lhe a forma superior de tragédia. Depois disso, muitos outros escritores, desde o século XVI até à actualidade, tomaram como tema esse episódio. O próprio Camões reconheceu as suas potencialidades e compôs com ele um dos episódios mais conhecidos d' Os Lusíadas.

Embora Sá de Miranda tenha sido o introdutor em Portugal da estética renascentista, António Ferreira foi seguramente o principal teorizador. Nas cartas, escritas em verso branco e dirigidas aos seus correspondentes, defende algumas das ideias mestras da literatura renascentista: valor da razão, que deve ser o principal guia do comportamento humano; busca permanente da perfeição formal, tomando como mestres os clássicos da Antiguidade; necessidade de elaboração de uma grande epopeia nacional, capaz de, à semelhança dos gregos e romanos, afirmar perante o mundo o valor dos portugueses; defesa acérrima da aurea mediocritas como o estilo de vida mais adequado, pela sua calma, simplicidade e ausência de ambições desmedidas – tal como Sá de Miranda, contrapunha a vida austera do campo à agitação e corrupção da cidade.

Como poeta, cultivou as principais formas renascentistas: além da carta, já citada, o soneto, a ode, a elegia, o epigrama...

BIBLIOGRAFIA

  • Castro (tragédia)
  • Bristo (comédia)
  • Cioso (comédia)
  • Poemas Lusitanos (poesia)