Índice

 


Orientações metodológicas

ÍNDICE
Hábitos de estudo
Ler de forma activa
Preparar provas de avaliação

DOWNLOAD
Se quiser pode importar este documento no formato WORD 97. Depois de descarregado terá que descomprimi-lo.

HISTÓRICO
Setembro • 1999

HÁBITOS DE ESTUDO Início

É verdade que não aprendemos todos da mesma maneira, mas não é menos verdade que nem sempre a nossa forma de estudar é a mais adequada. O tempo dedicado ao estudo é importante, mas nem sempre o resultado é proporcional ao número de horas de trabalho. É que estudar muito não é o mesmo que estudar bem.

Para ser eficaz, o estudo deve ser feito de forma metódica. O modo como se estuda, o local e as condições em que se estuda, o tipo de registos que se faz (ou não se faz!) determina a quantidade e a qualidade da informação retida, bem como o modo como ela se organiza na nossa mente.

Apesar de não haver receitas universalmente eficazes para bem estudar, visto que aquilo que funciona com algumas pessoas não funciona tão bem com outras, vejamos rapidamente algumas regras básicas.

 

LER DE FORMA ACTIVA Início

Comece por uma leitura rápida

A leitura eficaz de um texto ou de um conjunto de textos processa-se em duas etapas distintas.

Numa primeira etapa, lê-se "por alto", faz-se uma leitura rápida, dando particular atenção a títulos, esquemas, anotações e frases em destaque. O objectivo é saber de que assunto se trata e identificar os elementos mais importantes ou mais interessantes do texto.

Depois de obter uma visão geral do assunto, chega o momento de ler "em profundidade". Nesta segunda etapa, o leitor aproxima-se do texto, de forma cuidadosa e crítica, para compreender melhor o que se diz e como se diz. A compreensão do texto é fundamental para elaborar correctamente esquemas ou resumos e para fazer bons comentários.

Consulte o dicionário (geral e/ou especializado)

A ignorância das palavras constitui o primeiro obstáculo à compreensão de um texto. Por isso, o estudante deve consultar o dicionário, sempre que encontre palavras desconhecidas cujo significado não pode descobrir pelo contexto.

Divida o texto em blocos

A não ser que se trate de um texto muito pequeno, é sempre possível distinguir nele várias partes, cada uma delas com uma certa unidade de sentido. Convém reler cada uma dessas unidades separadamente, procurando destacar a(s) ideia(s) principal(ais). Por vezes o próprio livro já explicita essa divisão; nesse caso, é só respeitá-la.

Faça sublinhados e anotações

Fazer sublinhados e anotações é um processo de leitura activa que desperta a atenção e facilita a captação das ideias. Além disso, sublinhados e anotações são auxiliares preciosos para tirar bons apontamentos e rever matéria.

Os sublinhados são muito úteis: obrigam-nos a uma leitura mais atenta e permitem pôr em destaque os aspectos fundamentais de um texto. Com eles as revisões tornam-se mais rápidas e produtivas.

A arte de sublinhar está na capacidade de seleccionar o essencial. Sublinhar tudo é tão inútil como não sublinhar nada. Aconselha-se ao leitor que sublinhe, de preferência, definições, fórmulas, esquemas, termos técnicos ou outras expressões que sejam a chave da ideia principal.

Erros a evitar:

-Excesso de sublinhados (mais uma vez, sublinhar tudo é não sublinhar nada);
-Sublinhado por impulso (assinalar a primeira frase que nos desperta a atenção pode ser um erro).

Procedimentos:

-Fazer uma primeira leitura, para apreender a ideia geral do texto;
-Numa segunda leitura, sublinhar as ideias que consideramos fundamentais;
-Se necessário, usar dois tipos de sublinhado (recto e ondulado, por exemplo), um para as ideias mais importantes, outro para aspectos secundários.

As anotações são reacções do leitor, escritas à margem dos textos. Essas anotações podem expressar-se através de palavras ou pequenas frases que resumam a ideia central de um parágrafo. As anotações devem constituir uma espécie de sumário do fragmento e podem chamar a atenção para outra parte do livro, relacionada com o assunto que está a ser tratado. Não se esqueça que o uso de abreviaturas facilmente compreensíveis facilita a redacção de notas.

Os sublinhados e anotações completam-se mutuamente.

Elabore esquemas e resumos

Os bons estudantes conhecem as vantagens de elaborar esquemas e resumos das suas leituras. Esquemas e resumos facilitam a aprendizagem e permitem revisões rápidas antes das provas.

Os esquemas permitem visualizar facilmente o conteúdo de um texto. São ideais como "auxiliares de memória", mas podem perder o sentido com o decorrer do tempo. Daí que os resumos se tornem mais aconselháveis, uma vez que neles se condensam as ideias essenciais, usando frases bem articuladas.

Um bom resumo é a reconstrução abreviada do texto original, por palavras próprias, seguindo o plano e o pensamento do autor. Isto exige a identificação e o registo das ideias de cada parágrafo.

Resumir não é comentar. Um bom resumo diz apenas, com brevidade, clareza e rigor, o que disse o autor do texto. O comentário vai além do resumo, na medida em que implica:

-compreender a ideia central do texto e os argumentos utilizados pelo autor para defesa dos seus pontos de vista;
-situar o texto na obra do autor e no seu contexto histórico, cultural ou filosófico;
-apreciar o valor das ideias apresentadas, comparando-as, por exemplo, com as ideias defendidas por outros autores a respeito do mesmo assunto.

 

PREPARAR PROVAS DE AVALIAÇÃO Início

Tire apontamentos das aulas

Um texto pode sempre ser relido, mas as exposições orais normalmente são únicas. Por isso é importante tirar notas durante as aulas.

O aluno deve registar sempre os esquemas, as sínteses, os comentários e as indicações bibliográficas que o professor apresenta na aula. Não vale a pena tentar escrever todas as palavras do professor. É mais eficaz anotar as ideias, por palavras próprias.

Procedimentos:

-Ficar atento e distinguir o essencial do acessório;
-Usar uma escrita sintética (telegráfica) para poupar tempo;
-Sempre que possível recorrer a abreviaturas;
-Registar com cuidado os esquemas e sínteses, se os houver;

Muitas vezes, o aluno precisa de completar ou esclarecer o que escreveu nas aulas. Esse trabalho de reescrita deve ser feito o mais cedo possível, quando a matéria ainda está fresca, para que os apontamentos fiquem prontos a usar, no momento das revisões finais.

Estude com regularidade

Estudar à última da hora, sob pressão, não é um método seguro. É uma prática traiçoeira que, em vez de facilitar a aprendizagem, favorece as confusões. Quando surgem dúvidas, não há hipótese de esclarecê-las. Além disso, o aluno que estuda na véspera horas seguidas, sem intervalos, vai cansado para os testes, correndo o risco de interpretar mal as perguntas e baralhar as respostas.

Os alunos responsáveis estabelecem prioridades e preparam-se com tempo. Na véspera dos testes, limitam-se a fazer uma revisão final.

Verifique se sabe a matéria

Antes de realizar uma prova, o estudante deve proceder a uma cuidadosa auto-avaliação para verificar se sabe, de facto, a matéria. Uma coisa é julgar que sabe e outra é saber mesmo. Importa que ele confirme se compreendeu e sabe explicar, por palavras próprias (oralmente ou por escrito), as ideias essenciais.

Ao tomar consciência dos seus pontos fracos, o aluno está a tempo de dar uma nova passagem pela matéria e evitar surpresas desagradáveis. Ao verificar que domina os assuntos, o aluno reforça a sua autoconfiança, encarando assim os testes com maior tranquilidade.

Preste atenção às perguntas

Quando se enfrenta uma prova escrita, a primeira coisa a fazer é ler todo o enunciado e respectivas instruções. Com uma visão global do teste, é mais fácil tomar decisões sobre a forma de organizar as respostas e distribuir o tempo.

Cada pergunta merece uma leitura atenta para que não haja dúvidas sobre o que se pede. Questões complexas exigem ainda maior cuidado. É essencial responder concretamente ao que é pedido.

Perante perguntas que exigem desenvolvimento, convém fazer uma lista de tópicos orientadores da resposta. O estudante que estrutura as suas respostas, com base em tópicos, não se perde em repetições ou divagações.

Verbos utilizados com maior frequência nas provas de avaliação:

Avaliar
Caracterizar
Comentar
Comparar
Criticar
Definir
Demonstrar
Discutir
Distinguir
Enunciar
Explicar
Fundamentar
Identificar
Interpretar
Justificar
Relacionar
Mostrar o valor ou validade.
Pôr em evidência os elementos principais ou distintivos.
Explicar, tomando posição fundamentada.
Apresentar semelhanças e diferenças.
Dar opinião pessoal. Tomar posição, a favor ou contra
Dar o significado exacto.
Apresentar provas.
Defender ou atacar. Criticar.
Mostrar as diferenças
Dizer qual é ou quais são, de forma breve. Indicar.
Clarificar o sentido. Desenvolver, para tornar inteligível.
Mostrar as bases.
Dizer quem é ou o que é.
Esclarecer o sentido. Fazer um comentário crítico.
Dizer porquê. Apresentar provas.
Estabelecer ligações.

Fundamente as opiniões pessoais

Os professores apreciam mais os testes que revelam originalidade na forma de transmitir os conhecimentos.

Ser original não significa necessariamente dar opiniões pessoais. A experiência aconselha mesmo a que o estudante não expresse opiniões, desde que não lhe sejam pedidas. Se tiver de as expressar, é importante que as fundamente com factos ou argumentos convincentes.

Argumentações pobres e afirmações levianas desvalorizam os testes. O estudante terá vantagem em defender os seus pontos de vista numa linguagem moderada, baseando-se, sempre que possível, em autoridades reconhecidas na matéria: "Tendo em conta a opinião de... Parece-me que..."

Um comentário é tanto mais apreciado quanto mais fundamentado e menos dogmático for.

Respeite as regras da escrita

Muitas vezes, os testes mostram que os alunos não trabalharam o suficiente ou estudaram sem método. Outras vezes, há confusões, porque os alunos não respeitam as regras da escrita. Usam palavras cujo sentido não dominam ou constroem frases demasiado longas, sem a adequada pontuação.

Um caminho seguro para construir textos inteligíveis e agradáveis é optar por palavras bem conhecidas. Também as frases curtas se tornam preferíveis, na medida em que são menos traiçoeiras para quem escreve e menos fatigantes para quem lê.

Não basta ter ideias. É preciso ser capaz de transmiti-las com clareza e rigor.


Alberto Antunes, António Estanqueiro, Mário Vidigal (adaptado)
Ser em Português - 10º B, Areal Editores (adaptado)