O Almirante Doenitz e suas matilhas

Fabrizzio B. Dal Piero

O Almirante Doenitz foi o criador da tática que se denominou "matilha de lobos". Foi impossível colocá-la em prática no começo da guerra pelo escasso número de unidades submersíveis. Em 1941, entretanto, ao aumentar o número das unidades em operações, as "matilhas de lobos" entraram em ação, ainda em forma incipiente. A tática consistia no seguinte: o serviço de patrulha, ou um submarino em operações, comunicava ao comando central (com base em terra) a posição do comboio inimigo avistado, seu rumo e velocidade. Em seguida, o comando, depois de estudar sobre os mapas as localizações das diversas unidades submarinas, transmitia às mais próximas do comboio à ordem de reunir-se e atacar de forma simultânea.

Desta forma logrou-se um grande número de afundamentos e até a devastação de comboios inteiros. Ao começar a aplicação da nova tática, os submarinos atacavam individualmente, apenas era avistado o comboio. Posteriormente, aperfeiçoado o sistema, faziam-no quando a "matilha" estava reunida e recebia a ordem do comando central de levar avante o ataque. Todo o grupo se lançava, então, simultaneamente, de diversos ângulos, torpedeando grande número de barcos ao mesmo tempo, dificultando assim enormemente a tarefa dos navios da escolta. As ações mais importantes levadas a cabo por "matilhas" de submarinos germânicos foram as realizadas pela "matilha" Vorwartz; entre os dias 31 de setembro e 2 de outubro de 1942 realizou repetidos ataques contra o comboio SC-97, que se dirigia à Grã-Bretanha, proveniente do porto canadense de Sidney. Os barcos aliados eram em número de 58 e foram avistados pelo submarino "tipo VII" U-609, que deu o alarma geral.

Em seguida, os 13 submarinos que integravam a "matilha" atacaram o comboio, atingindo com seus torpedos 11 barcos, sete dos quais foram a pique, com um total de 50 247 toneladas. A ação foi finalmente interrompida ante os repetidos ataques da aviação aliada. No dia 30. de novembro desse mesmo ano, a "matilha" Veilchen, alertada pelo submersível U-522, atacou outro comboio proveniente do Canadá, o SC-107, formado por 39 barcos aliados. A ação se prolongou durante seis dias e, em encarniçados ataques, os submarinos alemães, 15 ao todo, torpedearam 16 barcos, dos quais 15 foram engolidos pelas águas, num total de 82 817 toneladas. No dia 26 de dezembro, os "lobos" voltaram a se lançar sobre a presa. Os grupos Spitz e Ungestum atacaram o comboio ONS-154, que navegava da Grã-bretanha para o Canadá. Ao receber o alerta do submarino U-260, 18 submersíveis torpedearam o comboio, atingindo 16 barcos e afundando 14, com um total de 109 893 toneladas.

No transcorrer da ação, um dos submarinos foi posto a pique pelas cargas de profundidade. Os demais submarinos tiveram que suspender o ataque em virtude da espessa névoa que envolveu a zona de luta. No mês de fevereiro de 1943 outras duas "matilhas", a Pfeil e a Haudegen, integradas por 21 submarinos, atacaram o comboio SC-118 (Canadá-Grã-Bretanha), formado por 61 transportes e 12 naves de escolta. Outra vez a tática produziu os seus frutos. Foram atingidos 16 barcos no decorrer de cinco dias de luta incessante, e deles 13 naufragaram, com um total de 59 765 toneladas.

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